Mudanças para uma sociedade que envelhece

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Mudanças para uma sociedade
que envelhece
Changes for an ageing society
O aumento do número de pessoas idosas e a rapidez com que isso vem ocorrendo no Brasil estão bem documentados. Esse fenômeno requer mudanças importantes na sociedade
que façam com que o envelhecimento populacional represente de fato uma conquista,
com inúmeras oportunidades, e não um problema do ponto de vista social e existencial.
A presente edição de Geriatria & Gerontologia ilustra diversos desafios para uma sociedade que envelhece. O primeiro deles é o enfrentamento de condições comuns na idade
avançada e a necessária, mas nem sempre fácil, separação entre o normal e o patológico.
Exemplos dessas condições são o declínio cognitivo e as mudanças no estado nutricional
com o avançar da idade. Quanto ao primeiro, o estudo dos mecanismos associados à
perda de memória em idosos saudáveis é importante para o aprimoramento da acurácia
diagnóstica de condições patológicas altamente prevalentes, como a doença de Alzheimer. Lino et al. identificaram que a evocação livre imediata (EL-i) apresentaria declínio
com o avançar da idade, o qual poderia ser minimizado com a escolaridade. Por sua vez,
Santos et al., em artigo de revisão, destacam as várias alterações da senescência que repercutem sobre o estado nutricional do idoso.
Outro desafio seria a adaptação do ambiente urbano para práticas de promoção de
saúde do idoso. Um estudo por Castinheiras Neto et al. assinala vários obstáculos e riscos
aos idosos para a prática de atividade ao ar livre na orla marítima carioca. A necessidade
de se pensar estratégias urbanas que facilitem e deem segurança à mobilidade dos idosos
é ilustrada pelo estudo de Alencar et al., que observaram níveis relativamente altos de
atividade de caminhada entre mulheres idosas de um município de porte médio.
A estruturação dos serviços de saúde para atender às necessidades da população idosa
tem como ponto de partida o treinamento e a formação de recursos humanos em geriatria e gerontologia. Iniciativas neste sentido estão em curso no país e o estudo por Arruda
et al. apresenta a experiência de capacitação dos profissionais de enfermagem, dentro do
Programa Nacional do Idoso – PNI, no estado da Bahia. Uma medida importante seria
também a implementação de serviços essenciais para o idoso, como os programas de
atendimento domiciliar (PADs), já em desenvolvimento em muitas instituições de referência, e de atenção farmacêutica geriátrica. Nagaoka et al. descrevem as características
clínico-funcionais dos idosos atendidos no PAD vinculado à Universidade Federal de São
Paulo, e Menezes e Sá apresentam os fundamentos de uma proposta para um serviço de
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atenção farmacêutica em âmbito da comunidade, capaz de realizar cuidados e ações educativas, tanto em nível individual quanto coletivo, aos idosos usuários de medicamentos. Por
último, um artigo de revisão por Tamborelli et al. destaca o desafio da atenção ao idoso no
final da vida, bem como as principais estratégias terapêuticas utilizadas pela enfermagem e a
fisioterapia no tratamento da dor em pacientes terminais geriátricos.
Esperamos que esta edição possa representar bem o propósito da revista em publicar
artigos relevantes que contribuam para a promoção do conhecimento na área do envelhecimento humano e a melhoria das práticas voltadas à promoção da saúde do idoso.
Os Editores
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