SIMPÔSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJA As Relações Comerciais entre Brasil e China Simone Chiquinelli Estudante do 8º Semestre de Administração em Comércio Exterior da Faculdade Anchieta Félix Alfredo Larrañaga Professor dos Cursos de Administração e Comércio Exterior Faculdade Anchieta – Campus São Bernardo do Campo [email protected] Este Simpósio tem o apóio da Fundação Fernando Eduardo Lee Resumo O Brasil e a China são duas das principais economias em desenvolvimento, em termos populacionais, territoriais e encontram-se entre as maiores do mundo. As relações comerciais sino-brasileiras desenvolvem-se em ritmo acelerado, devido à abertura comercial de ambos os países e a uma enorme população incorporando-se ao mercado de consumo. A China apresenta um notável crescimento econômico, que provoca novas oportunidades para ambos os parceiros. A presente análise baseia-se na premissa de que se trata de duas grandes potências econômicas que têm muito a oferecer uma a outra, embora o Brasil exporte para a China produtos de baixo valor agregado, como matéria-prima e semi-manufaturados, e por outro lado importe principalmente manufaturados. O artigo conclui que o comércio bilateral pode se aprofundar consideravelmente, ainda que o maior volume seja e continue sendo favorável a China. Palavras–chave: Brasil. China. Importações. Exportações. Desenvolvimento. Seção 1 – Curso de Administração de Empresas Apresentação: oral 1. Introdução Segundo Furlan e Felsberg (2005,p.15), mesmo sendo concorrentes em muitos setores, a economia chinesa e brasileira, possuem particularidades a serem exploradas. O crescimento da economia chinesa tem aberto novas perspectivas para o consumo doméstico, uma oportunidade para os produtos brasileiros com grande potencial como automóveis, produtos de informática, serviços relacionados a telecomunicação e, especialmente, commodities. A China vem crescendo em ritmo acelerado e representa um papel cada vez mais importante nas relações comerciais com países em desenvolvimento. A abertura da economia chinesa, o intercâmbio comercial expressivo e inédito com o Brasil, as recentes parcerias bilaterais em diversos setores chamam a atenção para áreas de nossa economia e comércio exterior. O objetivo desta pesquisa é realizar uma análise comparativa do comércio bilateral entre ambos os países, com a finalidade de estimar sua tendência. A China é um país muito populoso, o que aumenta o consumo de alimentos e produtos como o café, suco de laranja, castanha de caju, móveis de madeira, couro entre outros. Então por que os chineses compram esses itens de outros países e não do Brasil? As parceiras estratégicas com a China são uma maneira de recuperar o tempo perdido e o ensejo de se engajar no gigantesco mercado chinês, oferecendo produtos de qualidade e de tecnologia em setores específicos e deficientes como programas de software para sistemas bancários, maquinas de uso agrícola, indústria aeronáutica, setores onde o Brasil é muito competitivo. Utilizou-se uma metodologia qualitativo-descritiva que usou dados, informações e estatísticas pertinentes ao tema, de fontes confiáveis tais como a Funcex, MDIC, WTO, MRE, e Internet. O artigo inclui esta introdução, na segunda seção trata o referencial teórico. A seção três apresenta a metodologia da pesquisa, na seção quatro aponta os resultados e discussão, e a seção cinco apresenta a conclusão. O trabalho se completa com uma ampla bibliografia. 2. Fundamentação teórica Principais dados do Brasil Conforme dados da publicação CIA Factbook1, a República Federativa do Brasil, capital Brasília, está localizado na América do Sul, possui uma área total de 8.514.215,3km² e 7.491km de costa marítima. A população está estimada em 191.908.598 (perfil de 2008), sua moeda oficial é o Real, enquanto o Dólar e o Euro são usados para o comércio exterior e outras transações. Em 2008 o PIB foi de US$ 1,936 trilhões. Seus principais portos marítimos são: Paranaguá, Rio Grande, Santos, São Sebastião e Tubarão. Histórico da Evolução da Economia Brasileira O Brasil tornou-se uma nação independente em 1822, e uma república em 1889, após três séculos sob o domínio de Portugal. Entre 1969 e 1973, a exportação de soja impulsionou a economia, que passou pelo chamado milagre econômico, com o PIB (produto interno bruto) crescendo a taxas elevadas de até 14% anual. A industrialização continuou concentrada no Rio de Janeiro e São Paulo, o que atraiu uma grande massa de trabalhadores principalmente do nordeste. Com a crise do petróleo em na década de 1970, o Brasil passou por um longo período de instabilidade monetária e de recessão com altos índices de inflação. A partir do Governo Collor a economia se abriu e se manifestou um salto quali1 www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook 2 tativo na produção de bens agrícolas, chegando a liderança mundial em vários produtos. No ano 2004, o Brasil começou a crescer devido às exportações e acompanhou a economia mundial. Hoje o Brasil é visto pelo mundo como um país de grande potencial como a Rússia, Índia e China. Sua política externa prioriza alianças entre países em desenvolvimento para negociar com países ricos. Atualmente possui uma economia forte e sólida, superando os outros países da América do Sul, ao mesmo tempo em que expande sua presença nos mercados mundiais. O país é um grande produtor de minerais, produtos agrícolas e manufaturados. Principais dados da China Consoante aos dados da publicação CIA Factbook2, a República Popular da China, capital Pequim, está localizada no continente asiático, possui uma área total de 9.596.960 km² e 14.500 km de costa marítima. Sua população está estimada em 1,37 bilhões de habitantes (estimativa de julho de 2008), seu PIB chegou a US$ 3,38 trilhões em 2008, sua moeda oficial é o Yuan, mas também se utiliza o Dólar para negociações internacionais. Seus principais portos são: Dailan, Ningbo, Shangai, Quingdao, e Tianjin. Histórico da Evolução da Economia Chinesa De acordo com o site Indexmundi.com3, no século XIX e início do XX, a China passou por uma guerra civil, que ocasionou perdas militares, ocupação estrangeira, escassez de alimentos e má condição de vida da sua população. No final dos anos 70, sua economia mudou de um sistema central para uma economia aberta e voltada ao comércio internacional. Isso resultou em um rápido crescimento do setor privado e sua inserção na economia global, com liberação dos preços, descentralização fiscal, maior autonomia para empresas estatais, criação de um sistema bancário diversificado, bem como um rápido crescimento do setor não estatal, abertura do comércio externo e investimentos. Segundo a mesma fonte a China, em geral, utiliza-se da venda de participações minoritárias em bancos estatais para investimentos estrangeiros, ao mesmo tempo em que manteve sua moeda estreitamente ligada ao dólar. Em 2008, aumentou seu poder de compra e mostrou-se como a segunda maior economia do mundo atrás dos Estados Unidos. Os investimentos diretos de capital estrangeiro subiram quase US$ 84 bilhões e cerca de 7.000 empresas domésticas chinesas já somaram US$ 118 bilhões em investimentos domésticos e em mais de 173 países e regiões ao redor do mundo. As províncias costeiras têm seu desenvolvimento econômico mais acelerado que as do interior, mais de 200 milhões de trabalhadores rurais e seus dependentes foram redistribuídos em zonas urbanas para estimular o emprego. 2 www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook 3 www.indexmundi.com 3 O Governo chinês intensificou seus esforços para melhores condições ambientais, criação de uma política nacional para alterações climáticas, pretende ainda adicionar a capacidade de produção energética a partir de outras fontes de energia e investimentos para a produção de novas tecnologias. No final de 2008, a China comemorou o 30º aniversário de reformas econômicas, com a procura de acordos e novos parceiros, para a exportação de seus produtos. O Brasil e a China na Organização Mundial do Comércio De acordo com Amaral (2004, p.73), a OMC (Organização Mundial do Comércio), foi fundada em 1995, com o intuito de levar aos países uma nova cooperação na economia mundial com grandes inovações. É o principal órgão internacional de regulamentação comercial e através de negociações multilaterais, espera-se uma evolução no comércio internacional com a finalidade da liberação do comércio mundial. É na OMC, que os países membros apontam suas questões e preocupações em relação às políticas comerciais de seus parceiros econômicos, bem como regula as relações comerciais por meio do cumprimento de seus acordos, que podem ser multilaterais e plurilaterais. Os multilaterais são diretamente vinculados a OMC e os países membros da organização devem aceitar os termos sem exceção, já os acordos plurilaterais são facultativos, os países podem aderir a eles ou não. Amaral ressalta ainda que a OMC conte com 149 países membros que por sua vez se dividem em três grupos conforme seu nível de desenvolvimento econômico: Países desenvolvidos, países em desenvolvimento e países menos desenvolvidos. Os países menos desenvolvidos e em desenvolvimento têm vantagens e garantias maiores, pois o desenvolvimento global é também um dos fatores preponderantes da organização. Conforme dados do site BBC Brasil.com4, a OMC aprovou em 11 de dezembro de 2001, o ingresso da China na organização, após uma longa negociação, tornando-se membro efetivo. O Brasil se engajou na entidade com sua criação por ser membro do GATT. Isso veio auxiliar o poder de negociação com países em desenvolvimento em busca de maior acessibilidade aos mercados do primeiro mundo. O primeiro acordo do Brasil com a China, foi a Convenção de Arbitramento, seguindo com outros acordos de cooperação científica, tecnológica, educacional, transportes marítimos, e o mais atual é o protocolo sobre cooperação em energia e mineração celebradas em 19/02/2009, entre outros. O Brasil e a China no Comércio Exterior O Comercio Exterior é a troca de bens e serviços realizada entre fronteiras territoriais ou internacionais. Conforme dados do Consulado Geral da Republica Popular da China no Rio de Janeiro5, no final da década de 70, a política esta4 OMC aprova a entrada da china. Disponível em: www.bbc.co.uk/portuguese/economia/omc 5 Abertura ao estrangeiro. Disponível em: www.consulado-china-rj.org.br 4 tal da China concentrou-se na abertura ao comércio exterior, estabeleceu zonas econômicas e áreas litorâneas. Nos anos 80, abriu 14 cidades litorâneas com o intuito de captar investimentos e recursos externos, para um maior desenvolvimento tecnológico e econômico. Nos anos 90, abriu mais 13 cidades e estabeleceu mais de 20 pontos estratégicos de base tecnológica. Segundo o Consulado, atualmente exporta produtos primários, combustíveis, manufaturados, aparelhos elétricos e eletrônicos, bebidas, etc. Seus principais parceiros econômicos são: A União Européia, Estados Unidos, Japão, Austrália, Rússia, Índia e Brasil. Conforme o site Portal Brasil Escola6, até 1960, o Brasil exportava apenas produtos primários como algodão, cacau, fumo, açúcar, madeira, carne e café, o que representava 70% de suas exportações. O Comércio Exterior Brasileiro despontou a partir de 2003, com fases de altos e baixos no agro-negócio, porém o minério de ferro e o petróleo cresciam em vendas. O Brasil buscou então fortalecer seus laços de amizades com países que poderiam impulsionar sua economia, bem como acordos bilaterais ou multilaterais com a China, Índia, Ásia, África, países do oriente médio entre outros. Ainda conforme o mesmo site, hoje o Brasil exporta produtos industrializados e semi-manufaturados como calçados, suco de laranja, têxteis, óleos, bebidas, alimentos industrializados, produtos químicos, aparelhos mecânicos, e outros, tendo como principais parceiros comerciais: União Européia, Estados Unidos da América, Argentina, Japão, Paraguai, Uruguai, México, Chile, China, Taiwan, Coréia do Sul e Arábia Saudita. O Comércio Bilateral entre Brasil e China Os dados do Conselho Empresarial Brasil e China7 mostram que a China passou a ser o segundo maior parceiro comercial do Brasil em 2008. O comércio sino-brasileiro apontou recordes de US$ 36,4 bilhões superando os US$ 30,8 bilhões formalizados com Argentina. O comércio chinês com os Estados Unidos atingiu US$ 53,0 bilhões. Nesse mesmo período, as exportações brasileiras para a China chegaram a US$ 16,4 bilhões, valor esse aproximadamente 52,6% maior do apurado em 2007, correspondente a quase 8,3% das exportações do Brasil ao mundo. As importações brasileiras procedentes da China aumentaram 58,8% com um valor total de US$ 20,0 bilhões, aproximadamente 11,5% das compras totais brasileiras do exterior, de acordo com a tabela 2, que mostra que entre janeiro e dezembro de 2008, o Brasil acumulou um déficit no saldo comercial de US$ 3,6 bilhões com a China, com uma variação de 94,5% comparado a aquele do ano 2007. Esses valores equivalem aos totais das exportações, menos as importações, confirmando que o Brasil comprou mais do que vendeu para a China. 6 Comércio Exterior no Brasil. Disponível em: www.portalbrasilescola.com 7 CEBC - Secretaria Executiva do Conselho Empresarial Brasil e China. Disponível em: http://www.cebc.org.br 5 Tabela 2 Intercâmbio Comercial Brasil-China em US$ FOB Milhões Fonte: Disponível em: www.cebc.org.br O gráfico 1, mostra que a China se destacou em 2008, como o segundo maior parceiro comercial do Brasil em termos de corrente de comércio e importações. Gráfico 1 Exportações brasileiras por destino 2008 - Importações brasileiras por destino 2008. Fonte: Disponível em: www.cebc.org.br No ranking de maiores compradores de produtos brasileiros quem ganhou destaque foi a Argentina, com 9%, já os Estados Unidos permaneceram como maior importador das vendas brasileiras com 14% e como maior fornecedor do país, representando 15% no total de compras do Brasil no exterior. Exportações brasileiras para a China 6 Conforme o Conselho Empresarial Brasil e China8, as vendas brasileiras para a China caíram significativamente no último trimestre de 2008, devido ao desaquecimento da demanda chinesa, queima de estoque de algumas empresas, desvalorização de commodities (produtos básicos como grãos), e crise de liquidez internacional, principalmente em novembro, com uma queda de 30,1% comparado ao mesmo mês em 2007. Porém, no cálculo anual, as exportações brasileiras para a China cresceram 52,6% se equiparado a 2007, atingindo cifras de US% 16,4 bilhões. Tabela 3 Principais produtos exportados para a China – Janeiro a Dezembro de 2008/2007. 2008 2007 US$ FOB Produtos ou Grupos de Produtos milhões 9.9 Carne e produtos lácteos US$ FOB Kg (000) 2.251.8 milhões 17.50 5.324.1 11.823.573.0 2.831.86 Soja Kg (000) Var. FOB (%) 13.590.4 43.30 10.071.882.2 Var. Kg (%) -83.4 88.0 17.4 433.754.4 160.7 62.1 Óleo de Soja 829.9 703.029.5 318.34 Tabaco 367.3 54.329.3 271.34 55.568.4 35.4 -2.2 Granito 75.4 454.580.6 67.87 482.582.4 11.1 -5.8 4.886.10 96.358.044.8 3.710.29 105.025.713.2 31.7 -8.3 Minério de Ferro 284.7 714.382.5 97.62 1.702.50 2.900.342.5 839.94 Produtos Químicos 120.2 62.705.9 156.90 98.523.2 -23.4 -36.4 Couros e peles 376.4 110.015.3 491.55 145.185.4 -23.4 -24.2 Madeira papel e celulose 741.9 1.284.498.5 444.83 917.794.7 66.8 40.0 521.10 246.544.8 346.38 411.903.4 50.4 -40.1 293.0 31.529.3 235.26 30.607.6 24.5 3.0 Aparelhos Eletrônicos 88.4 4.887.2 60.25 5.924.5 46.6 -17.5 Peças p/ veículos e tratores 25.0 3.186.5 45.64 6.470.3 -45.2 -50.8 Outros Minerais Petróleo bruto e seus derivados Manufaturados Máquinas 353.895.0 191.7 101.9 2.185.122.1 102.7 32.7 Fonte: Disponível em: www.cebc.org.br A tabela 3 aponta que os três principais produtos brasileiros exportados para a China foram os óleos de soja, com um aumento de 62,1% e os petróleos e seus derivados com um crescimento importante em volume em 32,7%. Isso elevou a participação do total exportado para 77,7% contra 71,6% apurados em 2007. O minério de ferro teve uma redução de 8,3% em volume face ao ano anterior, as exportações de carnes e laticínios por sua vez, tiveram quedas significativas 8 CEBC - Secretaria Executiva do Conselho Empresarial Brasil e China. Disponível em: http://www.cebc.org.br 7 em volume e valor em 2008, e poderão apresentar números mais favoráveis em 2009, devido a continuação do processo de negociação de abertura para a entrada de carne de frango brasileira, conforme dados da tabela 3 e estatísticas da Revista Macro China. O Conselho Empresarial Brasil e China ressalta que se estima um fluxo maior no crescimento dos investimentos da China a partir de junho, principalmente no setor da construção, com o intuito de amenizar os efeitos da crise no país, o que poderá concorrer para o aumento das exportações brasileiras de minério de ferro para a China. As importações brasileiras da China As importações brasileiras da China em 2008 chegaram a US$ 20 bilhões, com um crescimento de 58,8% em relação a 2007. No mesmo período, a participação dos produtos chineses no total importados pelo Brasil, aumentou 11,5%, conforme a tabela 4. Tabela 4 Principais importações brasileiras da China 2007 - 2008 2008 US$ FOB Produtos ou Grupos de Produtos Carvão milhões 2007 US$ FOB Kg (000) milhões Kg (000) Var. FOB (%) Var. Kg (%) 625.3 1.265.202.2 239.0 1.321.990.7 161.6 -4.3 Produtos Químicos Orgânicos e Inorgânicos 2.196.4 1.621.611.7 1.286.5 1.667.915.0 70.7 -2.8 Têxteis e Vestuário 1.404,0 312.762.1 992.3 253.139.9 41.50 23.6 228.5 18.944.6 154.9 13.984.2 47.50 35.5 3.712.1 460.978.2 2.345.9 330.043.3 58.20 39.7 Bombas, Válvulas e Eletrodomésticos 317.6 63.555.0 216.0 46.612.9 47.1 36.3 Setor de Máquinas e Equipamentos 264.1 69.876.4 108.7 36.304.0 142.9 92.5 Indústria Têxtil, Máquinas e Aparelhos 154.4 25.252.3 90.5 15.682.0 70.7 61.0 Indústria de Metal, Máquinas e Equipamentos 223.0 52.367.9 109.0 32.012.7 104.6 63.6 Conversores Elétricos, Geradores 318.9 29.756.8 213.7 24.159.8 49.2 23.2 81.6 12.513.6 42.5 6.545.9 91.9 91.2 Fornos e Aquecedores Elétricos 193.7 50.296.6 178.9 54.026.5 8.3 -6.9 Aparelhos Elétricos de Telefone 1.984.0 19.644.4 1.283.1 12.813.8 54.6 53.3 Aparelhos para radiodifusão 931.0 47.559.7 583.7 37.316.9 59.5 27.4 Peças e Equipamentos para Veículos e Tratores 555.7 160.137.8 246.7 103.280.4 125.2 55.1 Brinquedos 327.3 58.182.1 257.0 49.604.2 27.3 17.3 Calçados Máquinas Mecânicas, aparelhos e peças Aparelhos Eletrônicos Fonte: Disponível em: www.cebc.org.br (Adaptada pela autora). Máquinas, aparelhos mecânicos e elétricos correspondem a 50% das compras com destaque para equipamentos para a construção civil. Esse aumento nas 8 importações de máquinas, nada mais é do que o reflexo do ritmo da expansão da economia brasileira, já os calçados, brinquedos e têxteis foram responsáveis por 9,8% das importações, como mostra a mencionada tabela. Com o impacto da crise financeira internacional e seus conseqüentes efeitos sobre a economia brasileira, as compras desaceleraram significativamente em torno de 30% se comparados aos anos 2006 e 2007. Em 2008, os bens de capital permaneceram como os principais produtos chineses importados pelo Brasil, com quase 36% de participação, e devido a baixos preços, ajudou a indústria nacional a aumentar sua competitividade. Já os insumos para indústria e agricultura, registraram uma grande participação. Porém os bens de consumo não duráveis tiveram queda de 7% na participação com base no ano anterior. 3. Procedimentos metodológicos Esta é uma pesquisa quantitativo-descritiva baseada em dados estatísticos de algumas entidades e organizações como a Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), MDIC (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior), WTO (World Trade Organization), MRE (Ministério das Relações Exteriores), CIA Factbook e a Secretaria Executiva do Conselho Empresarial Brasil e China (CEBC). Problema de Pesquisa: Análise comparativa do comércio bilateral entre Brasil e China. Hipótese: O comércio bilateral deverá continuar aumentando em favor da China. 4. Resultados e discussão O levantamento de dados inclui o comércio bilateral do período de 1988-2008, desagregando-se bens de capital, intermediários, duráveis e não duráveis. Eles foram detalhados nas tabelas 5 e 6 e os gráficos 2 e 3. Observando a tabela 5, constata-se que as exportações brasileiras para a China, sempre foram tímidas. Entre 1988 a 1991, houve uma queda nas exportações de mais de 300%. De 1992 a 1995, houve um aumento de 260%, porém as exportações oscilaram sempre, em termos percentuais. Nos últimos anos, por exemplo, de 2007 para 2008, o aumento foi de 148%. O gráfico 2, indica que no período entre 1988 e 2008, apenas os bens intermediários tiveram destaque nas exportações, chegando-se a US$ 14.249,5 milhões de dólares; em segundo lugar os bens de capital, com valores de US$ 336,3 milhões de dólares, seguidos pelos bens de consumo não duráveis que atingiram US$ 111,5 milhões e os bens de consumo duráveis que não ultrapassaram os US$ 1,3 milhões. 9 Tabela 5 Exportações Brasileiras para China / Valores em US$ milhões FOB Período 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Bens de Capital 11,9 10,0 1,6 6,8 9,4 37,8 21,9 38,6 25,4 27,2 20,1 15,3 61,5 128,5 55,7 70,5 142,8 172,0 112,3 127,4 336,3 Bens de Bens Consumo Intermediários Duráveis 674,8 598,9 371,8 217,5 436,2 734,9 781,9 1143,6 1073,0 1034,2 863,9 641,3 962,3 1616,8 2400,5 4376,7 4921,3 5937,5 7369,8 9672,6 14249,5 Bens de Consumo não Duráveis 9,0 9,1 5,3 0,0 0,1 0,4 0,5 1,5 0,6 1,4 0,9 0,4 2,8 87,9 33,6 12,8 3,2 2,8 1,6 1,0 1,3 Total 18,1 713,8 10,2 628,2 3,1 381,8 3,3 227,6 14,4 460,1 6,4 779,5 3,6 807,9 18,8 1202,5 14,9 1113,9 25,3 1088,1 19,9 904,8 18,8 675,8 22,6 1049,2 29,2 1862,4 31,2 2521 49,6 4509,6 155,2 5222,5 164,7 6277,0 82,8 7566,5 107,5 9908,5 111,5 14698,6 Fonte: Disponível em: www.funcex.com.br Gráfico 2 Exportações Brasileiras para China / Valores em US$ milhões FOB Fonte: Elaboração própria. 10 O gráfico 2 apura a grande variação em relação aos produtos exportados para a China, sendo que os bens de consumo duráveis e os não duráveis, quase não aparecem no gráfico, devido aos baixos valores comercializados com o país. Um levantamento realizado com dados da Funcex, apurou que no total das importações brasileiras provenientes da China no período de 1988 até 2008, os itens destacados foram: bens de capital, intermediários, duráveis e não duráveis, como indica a tabela 6. Essa tabela demonstra uma variação percentual de mais de 1.400% comparando-se o aumento das importações entre os anos de 1988 a 1994. De 1995 até 2002, as importações sempre seguiram um mesmo padrão, com oscilações moderadas. De 2003 a 2006, o aumento ultrapassou 350%, enquanto que de 2007 para 2008, a variação superou os 1.600%, de compras brasileiras na China. Tabela 6 Importações Brasileiras provenientes da China / Valores em US$ milhões FOB Período 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Bens de Capital 11,9 10,0 1,6 6,8 9,4 37,8 21,9 38,6 25,4 27,2 20,1 15,3 61,5 128,5 55,7 70,5 142,8 172,0 112,3 127,4 336,3 Bens Intermediários 674,8 598,9 371,8 217,5 436,2 734,9 781,9 1143,6 1073,0 1034,2 863,9 641,3 962,3 1616,8 2400,5 4376,7 4921,3 5937,5 7369,8 9672,6 14249,5 Bens de Consumo Duráveis Bens de Consumo não Duráveis 9,0 9,1 5,3 0,0 0,1 0,4 0,5 1,5 0,6 1,4 0,9 0,4 2,8 87,9 33,6 12,8 3,2 2,8 1,6 1,0 1,3 Total 18,1 713,8 10,2 628,2 3,1 381,8 3,3 227,6 14,4 460,1 6,4 779,5 3,6 807,9 18,8 1202,5 14,9 1113,9 25,3 1088,1 19,9 904,8 18,8 675,8 22,6 1049,2 29,2 1862,4 31,2 2521 49,6 4509,6 155,2 5222,5 164,7 6277,0 82,8 7566,5 107,5 9908,5 111,5 14698,6 Fonte: Disponível em: www.funcex.com.br A representação do gráfico 3, permite analisar que no período entre 1988 e 2008, os bens intermediários, tiveram destaque nas importações brasileiras provenientes da China, chegando a US$ 12.820,7 milhões de dólares, em segundo lugar aparecem os bens de capital, com um valor de US$ 4.400,2 mi11 lhões de dólares. Em terceiro lugar destacam-se os bens de consumo não duráveis que chegaram a US$ 1.902,5 milhões, seguidos dos bens de consumo duráveis que somaram só US$ 895,3 milhões. Gráfico 3 Importações Brasileiras provenientes da China / Valores em US$ milhões FOB Fonte: Elaboração própria. O gráfico 4, esboça claramente a grande variação do comércio bilateral. Nota-se nesse gráfico, a grande divergência que há entre as importações da China, com o que se exporta para o referido país. Relações Brasil-China: Potencial e Perspectivas Furlan e Felsberg (2005,p.15), apontam uma tendência consumista na China para as “novidades”, dentre as que se destacam produtos pouco explorados no mercado chinês, como os cosméticos, bens de capital em geral, combustíveis (como o etanol), alimentos e eletroeletrônicos. As expectativas são positivas para o Brasil, no desenvolvimento de software para sistema bancário chinês, que apresenta sérias deficiências, e também na comercialização de máquinas e equipamentos para agricultura, pois a China vive ainda um atraso tecnológico no campo e o Brasil é muito competitivo neste setor. Existem muitas possibilidades de parcerias sino-brasileira, que merecem destaque, como a Companhia Vale do Rio Doce e a BaoSteel, uma das maiores si12 derúrgicas chinesas e importadora individual de minério do Brasil. A origem da “Harbin Embraer Aircraft Industry” para a produção de jatos na China, uma parceria entre a Embraer e a AVIC II, o setor têxtil e vestuário, pois o Brasil é muito competitivo em fibras naturais como o algodão, no setor da construção civil, onde os brasileiros são experientes e outros setores passíveis de investimentos como couro, calçados, madeira e móveis. Furlan e Felsberg (2005), ressaltam ainda que de um modo geral as relações entre China e Brasil enfrentam algumas dificuldades, como a distância física (dificuldade em matéria de transporte, inexistência de vôos diretos etc.), a barreira idiomática, o desconhecimento mútuo e a falta de informações sobre um e outro país, mas o cenário atual é muito promissor para o estreitamento das relações comerciais para as duas potências. Gráfico 4 Importações X Exportações Brasil e China / Valores em US$ milhões FOB Fonte: Elaboração própria 5. Conclusão A evidência recolhida permite concluir que: 1. O comércio Brasil – China cresceu 20,6 vezes no período de 1988 a 2008. 2. O comércio China – Brasil cresceu 635,5 vezes entre 1988 a 2008. 13 3. O crescimento positivo de ambos os países comprova a tendência de crescimento prevista na hipótese. 4. A taxa de crescimento chinesa é 30,9 vezes maior que a brasileira nesse período, o que comprova que o crescimento é favorável à China, como previsto na hipótese. 5. Comparativamente a evolução das exportações dos dois países, mostra o seguinte desempenho: EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO BILATERAL BRASIL - CHINA BRASIL CHINA Comércio Favorável à China. Bens de Capital. 28,3 vezes 6.286,0 vezes 222,1 vezes Bens Intermediários 21,1 vezes 428,8 vezes 20,3 vezes Bens Consumo Duráveis - 4.476,5 vezes - Bens Cons.Não Duráveis 6,16 vezes 2.717,9 vezes 441,2 vezes Total: 20,6 vezes 635,5 vezes 30,9 vezes Os autores acreditam que se tratando de um assunto apaixonante e de enorme potencial para a economia do país, seria oportuno o desenvolvimento de novos trabalhos que aprofundem a presente pesquisa. Referências bibliográficas AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do. Direito do Comércio Internacional: aspectos fundamentais. São Paulo: Aduaneiras, 2004. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa; 6ª ed. rev. Curitiba: Positivo, 2004. FURLAN, Antônio de Magalhães; FELSBERG, Thomas. Brasil-China: Comércio, Direito e Economia. São Paulo: Lex, 2005. RODRIGUES, André Figueiredo. Como Elaborar Referência Bibliográfica. 4.ed. Rev. e ampl. São Paulo: Associação Editorial Humanistas, 2004. (Coleção Metodologias, v.1). BRASIL. Secretaria Executiva do Conselho Empresarial China-Brasil. Macro China. Rio de Janeiro, ano 4, nº 15, 2009. Disponível em: <http://www.cebc.org.br> Acesso em: 04 abr. 2009. BBC BRASIL –Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/omc> Acesso em: 07 abr. 2009. CEBC - Secretaria Executiva do Conselho Empresarial Brasil e China. Disponível em: <http://www.cebc.org.br> Acesso em: 04 abr. 2009. 14 CONSULADO GERAL DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA DO RIO DE JANEIRO. Disponível em: <http://www.consulado-china-rj.org.br. Acesso em: 14 mar. 2009. FUNCEX - Fundação centro de Estudos do Comércio Exterior. Disponível em: <http://www.funcex.com.br> Acesso em: 10 mar. 2009. INDEX MUNDI - Disponível em: <http://www.indexmundi.com> Acesso em: 14 mar. 2009. MRE - Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: <http://www. mre.gov.br> Acesso em: 02 mar. 2009. PORTAL BRASIL ESCOLA – Disponível em: <http://www.portalbrasilescola.com.htm> Acesso em: 12 abr. 2009. THE WORLD FACTBOOK - Disponível em: <http://www.cia.gov/library /publications/the-world-factbook> Acesso em: 23 mar. 2009. WORLD TRADE ORGANIZATION - Disponível em: <http://www.wto.org/ indexsp.htm> Acesso em: 05 mar. 2009. 15