As Relações Comerciais entre Brasil e China

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SIMPÔSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJA
As Relações Comerciais entre Brasil e China
Simone Chiquinelli
Estudante do 8º Semestre de Administração em Comércio Exterior da Faculdade Anchieta
Félix Alfredo Larrañaga
Professor dos Cursos de Administração e Comércio Exterior
Faculdade Anchieta – Campus São Bernardo do Campo
[email protected]
Este Simpósio tem o apóio da Fundação Fernando Eduardo Lee
Resumo
O Brasil e a China são duas das principais economias em desenvolvimento, em
termos populacionais, territoriais e encontram-se entre as maiores do mundo.
As relações comerciais sino-brasileiras desenvolvem-se em ritmo acelerado, devido à abertura comercial de ambos os países e a uma enorme população incorporando-se ao mercado de consumo. A China apresenta um notável crescimento econômico, que provoca novas oportunidades para ambos os parceiros.
A presente análise baseia-se na premissa de que se trata de duas grandes potências econômicas que têm muito a oferecer uma a outra, embora o Brasil exporte para a China produtos de baixo valor agregado, como matéria-prima e
semi-manufaturados, e por outro lado importe principalmente manufaturados.
O artigo conclui que o comércio bilateral pode se aprofundar consideravelmente, ainda que o maior volume seja e continue sendo favorável a China.
Palavras–chave: Brasil. China. Importações. Exportações. Desenvolvimento.
Seção 1 – Curso de Administração de Empresas
Apresentação: oral
1. Introdução
Segundo Furlan e Felsberg (2005,p.15), mesmo sendo concorrentes em muitos
setores, a economia chinesa e brasileira, possuem particularidades a serem exploradas. O crescimento da economia chinesa tem aberto novas perspectivas
para o consumo doméstico, uma oportunidade para os produtos brasileiros
com grande potencial como automóveis, produtos de informática, serviços relacionados a telecomunicação e, especialmente, commodities.
A China vem crescendo em ritmo acelerado e representa um papel cada vez
mais importante nas relações comerciais com países em desenvolvimento. A
abertura da economia chinesa, o intercâmbio comercial expressivo e inédito
com o Brasil, as recentes parcerias bilaterais em diversos setores chamam a atenção para áreas de nossa economia e comércio exterior.
O objetivo desta pesquisa é realizar uma análise comparativa do comércio bilateral entre ambos os países, com a finalidade de estimar sua tendência.
A China é um país muito populoso, o que aumenta o consumo de alimentos e
produtos como o café, suco de laranja, castanha de caju, móveis de madeira,
couro entre outros. Então por que os chineses compram esses itens de outros
países e não do Brasil?
As parceiras estratégicas com a China são uma maneira de recuperar o tempo
perdido e o ensejo de se engajar no gigantesco mercado chinês, oferecendo produtos de qualidade e de tecnologia em setores específicos e deficientes como
programas de software para sistemas bancários, maquinas de uso agrícola, indústria aeronáutica, setores onde o Brasil é muito competitivo.
Utilizou-se uma metodologia qualitativo-descritiva que usou dados, informações
e estatísticas pertinentes ao tema, de fontes confiáveis tais como a Funcex,
MDIC, WTO, MRE, e Internet.
O artigo inclui esta introdução, na segunda seção trata o referencial teórico. A
seção três apresenta a metodologia da pesquisa, na seção quatro aponta os resultados e discussão, e a seção cinco apresenta a conclusão. O trabalho se
completa com uma ampla bibliografia.
2. Fundamentação teórica
Principais dados do Brasil
Conforme dados da publicação CIA Factbook1, a República Federativa do Brasil, capital Brasília, está localizado na América do Sul, possui uma área total de
8.514.215,3km² e 7.491km de costa marítima. A população está estimada em
191.908.598 (perfil de 2008), sua moeda oficial é o Real, enquanto o Dólar e o
Euro são usados para o comércio exterior e outras transações. Em 2008 o PIB
foi de US$ 1,936 trilhões. Seus principais portos marítimos são: Paranaguá, Rio
Grande, Santos, São Sebastião e Tubarão.
Histórico da Evolução da Economia Brasileira
O Brasil tornou-se uma nação independente em 1822, e uma república em
1889, após três séculos sob o domínio de Portugal. Entre 1969 e 1973, a exportação de soja impulsionou a economia, que passou pelo chamado milagre econômico, com o PIB (produto interno bruto) crescendo a taxas elevadas de até
14% anual. A industrialização continuou concentrada no Rio de Janeiro e São
Paulo, o que atraiu uma grande massa de trabalhadores principalmente do
nordeste.
Com a crise do petróleo em na década de 1970, o Brasil passou por um longo
período de instabilidade monetária e de recessão com altos índices de inflação.
A partir do Governo Collor a economia se abriu e se manifestou um salto quali1 www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook
2
tativo na produção de bens agrícolas, chegando a liderança mundial em vários
produtos.
No ano 2004, o Brasil começou a crescer devido às exportações e acompanhou
a economia mundial. Hoje o Brasil é visto pelo mundo como um país de grande
potencial como a Rússia, Índia e China. Sua política externa prioriza alianças
entre países em desenvolvimento para negociar com países ricos.
Atualmente possui uma economia forte e sólida, superando os outros países da
América do Sul, ao mesmo tempo em que expande sua presença nos mercados
mundiais. O país é um grande produtor de minerais, produtos agrícolas e manufaturados.
Principais dados da China
Consoante aos dados da publicação CIA Factbook2, a República Popular da
China, capital Pequim, está localizada no continente asiático, possui uma área
total de 9.596.960 km² e 14.500 km de costa marítima. Sua população está estimada em 1,37 bilhões de habitantes (estimativa de julho de 2008), seu PIB
chegou a US$ 3,38 trilhões em 2008, sua moeda oficial é o Yuan, mas também
se utiliza o Dólar para negociações internacionais. Seus principais portos são:
Dailan, Ningbo, Shangai, Quingdao, e Tianjin.
Histórico da Evolução da Economia Chinesa
De acordo com o site Indexmundi.com3, no século XIX e início do XX, a China
passou por uma guerra civil, que ocasionou perdas militares, ocupação estrangeira, escassez de alimentos e má condição de vida da sua população. No final
dos anos 70, sua economia mudou de um sistema central para uma economia
aberta e voltada ao comércio internacional.
Isso resultou em um rápido crescimento do setor privado e sua inserção na economia global, com liberação dos preços, descentralização fiscal, maior autonomia para empresas estatais, criação de um sistema bancário diversificado,
bem como um rápido crescimento do setor não estatal, abertura do comércio
externo e investimentos.
Segundo a mesma fonte a China, em geral, utiliza-se da venda de participações
minoritárias em bancos estatais para investimentos estrangeiros, ao mesmo
tempo em que manteve sua moeda estreitamente ligada ao dólar. Em 2008,
aumentou seu poder de compra e mostrou-se como a segunda maior economia
do mundo atrás dos Estados Unidos.
Os investimentos diretos de capital estrangeiro subiram quase US$ 84 bilhões e
cerca de 7.000 empresas domésticas chinesas já somaram US$ 118 bilhões em
investimentos domésticos e em mais de 173 países e regiões ao redor do mundo. As províncias costeiras têm seu desenvolvimento econômico mais acelerado
que as do interior, mais de 200 milhões de trabalhadores rurais e seus dependentes foram redistribuídos em zonas urbanas para estimular o emprego.
2 www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook
3 www.indexmundi.com
3
O Governo chinês intensificou seus esforços para melhores condições ambientais, criação de uma política nacional para alterações climáticas, pretende ainda adicionar a capacidade de produção energética a partir de outras fontes de
energia e investimentos para a produção de novas tecnologias. No final de
2008, a China comemorou o 30º aniversário de reformas econômicas, com a
procura de acordos e novos parceiros, para a exportação de seus produtos.
O Brasil e a China na Organização Mundial do Comércio
De acordo com Amaral (2004, p.73), a OMC (Organização Mundial do Comércio), foi fundada em 1995, com o intuito de levar aos países uma nova cooperação na economia mundial com grandes inovações. É o principal órgão internacional de regulamentação comercial e através de negociações multilaterais, espera-se uma evolução no comércio internacional com a finalidade da liberação
do comércio mundial.
É na OMC, que os países membros apontam suas questões e preocupações em
relação às políticas comerciais de seus parceiros econômicos, bem como regula
as relações comerciais por meio do cumprimento de seus acordos, que podem
ser multilaterais e plurilaterais. Os multilaterais são diretamente vinculados a
OMC e os países membros da organização devem aceitar os termos sem exceção, já os acordos plurilaterais são facultativos, os países podem aderir a eles
ou não.
Amaral ressalta ainda que a OMC conte com 149 países membros que por sua
vez se dividem em três grupos conforme seu nível de desenvolvimento econômico: Países desenvolvidos, países em desenvolvimento e países menos desenvolvidos. Os países menos desenvolvidos e em desenvolvimento têm vantagens e
garantias maiores, pois o desenvolvimento global é também um dos fatores preponderantes da organização.
Conforme dados do site BBC Brasil.com4, a OMC aprovou em 11 de dezembro
de 2001, o ingresso da China na organização, após uma longa negociação, tornando-se membro efetivo. O Brasil se engajou na entidade com sua criação por
ser membro do GATT. Isso veio auxiliar o poder de negociação com países em
desenvolvimento em busca de maior acessibilidade aos mercados do primeiro
mundo.
O primeiro acordo do Brasil com a China, foi a Convenção de Arbitramento, seguindo com outros acordos de cooperação científica, tecnológica, educacional,
transportes marítimos, e o mais atual é o protocolo sobre cooperação em energia e mineração celebradas em 19/02/2009, entre outros.
O Brasil e a China no Comércio Exterior
O Comercio Exterior é a troca de bens e serviços realizada entre fronteiras territoriais ou internacionais. Conforme dados do Consulado Geral da Republica
Popular da China no Rio de Janeiro5, no final da década de 70, a política esta4 OMC aprova a entrada da china. Disponível em: www.bbc.co.uk/portuguese/economia/omc
5 Abertura ao estrangeiro. Disponível em: www.consulado-china-rj.org.br
4
tal da China concentrou-se na abertura ao comércio exterior, estabeleceu zonas
econômicas e áreas litorâneas. Nos anos 80, abriu 14 cidades litorâneas com o
intuito de captar investimentos e recursos externos, para um maior desenvolvimento tecnológico e econômico. Nos anos 90, abriu mais 13 cidades e estabeleceu mais de 20 pontos estratégicos de base tecnológica.
Segundo o Consulado, atualmente exporta produtos primários, combustíveis,
manufaturados, aparelhos elétricos e eletrônicos, bebidas, etc. Seus principais
parceiros econômicos são: A União Européia, Estados Unidos, Japão, Austrália,
Rússia, Índia e Brasil.
Conforme o site Portal Brasil Escola6, até 1960, o Brasil exportava apenas produtos primários como algodão, cacau, fumo, açúcar, madeira, carne e café, o
que representava 70% de suas exportações.
O Comércio Exterior Brasileiro despontou a partir de 2003, com fases de altos e
baixos no agro-negócio, porém o minério de ferro e o petróleo cresciam em vendas. O Brasil buscou então fortalecer seus laços de amizades com países que
poderiam impulsionar sua economia, bem como acordos bilaterais ou multilaterais com a China, Índia, Ásia, África, países do oriente médio entre outros.
Ainda conforme o mesmo site, hoje o Brasil exporta produtos industrializados e
semi-manufaturados como calçados, suco de laranja, têxteis, óleos, bebidas, alimentos industrializados, produtos químicos, aparelhos mecânicos, e outros,
tendo como principais parceiros comerciais: União Européia, Estados Unidos
da América, Argentina, Japão, Paraguai, Uruguai, México, Chile, China, Taiwan, Coréia do Sul e Arábia Saudita.
O Comércio Bilateral entre Brasil e China
Os dados do Conselho Empresarial Brasil e China7 mostram que a China passou a ser o segundo maior parceiro comercial do Brasil em 2008. O comércio
sino-brasileiro apontou recordes de US$ 36,4 bilhões superando os US$ 30,8
bilhões formalizados com Argentina. O comércio chinês com os Estados Unidos
atingiu US$ 53,0 bilhões.
Nesse mesmo período, as exportações brasileiras para a China chegaram a US$
16,4 bilhões, valor esse aproximadamente 52,6% maior do apurado em 2007,
correspondente a quase 8,3% das exportações do Brasil ao mundo.
As importações brasileiras procedentes da China aumentaram 58,8% com um
valor total de US$ 20,0 bilhões, aproximadamente 11,5% das compras totais
brasileiras do exterior, de acordo com a tabela 2, que mostra que entre janeiro e
dezembro de 2008, o Brasil acumulou um déficit no saldo comercial de US$ 3,6
bilhões com a China, com uma variação de 94,5% comparado a aquele do ano
2007. Esses valores equivalem aos totais das exportações, menos as importações, confirmando que o Brasil comprou mais do que vendeu para a China.
6 Comércio Exterior no Brasil. Disponível em: www.portalbrasilescola.com
7
CEBC - Secretaria Executiva do Conselho Empresarial Brasil e China. Disponível em: http://www.cebc.org.br
5
Tabela 2 Intercâmbio Comercial Brasil-China em US$ FOB Milhões
Fonte: Disponível em: www.cebc.org.br
O gráfico 1, mostra que a China se destacou em 2008, como o segundo maior
parceiro comercial do Brasil em termos de corrente de comércio e importações.
Gráfico 1 Exportações brasileiras por destino 2008 - Importações brasileiras por destino 2008.
Fonte: Disponível em: www.cebc.org.br
No ranking de maiores compradores de produtos brasileiros quem ganhou destaque foi a Argentina, com 9%, já os Estados Unidos permaneceram como maior importador das vendas brasileiras com 14% e como maior fornecedor do país, representando 15% no total de compras do Brasil no exterior.
Exportações brasileiras para a China
6
Conforme o Conselho Empresarial Brasil e China8, as vendas brasileiras para a
China caíram significativamente no último trimestre de 2008, devido ao desaquecimento da demanda chinesa, queima de estoque de algumas empresas,
desvalorização de commodities (produtos básicos como grãos), e crise de liquidez internacional, principalmente em novembro, com uma queda de 30,1%
comparado ao mesmo mês em 2007. Porém, no cálculo anual, as exportações
brasileiras para a China cresceram 52,6% se equiparado a 2007, atingindo cifras de US% 16,4 bilhões.
Tabela 3 Principais produtos exportados para a China – Janeiro a Dezembro de 2008/2007.
2008
2007
US$
FOB
Produtos ou Grupos de
Produtos
milhões
9.9
Carne e produtos lácteos
US$ FOB
Kg (000)
2.251.8
milhões
17.50
5.324.1 11.823.573.0 2.831.86
Soja
Kg (000)
Var.
FOB
(%)
13.590.4 43.30
10.071.882.2
Var.
Kg (%)
-83.4
88.0
17.4
433.754.4 160.7
62.1
Óleo de Soja
829.9
703.029.5
318.34
Tabaco
367.3
54.329.3
271.34
55.568.4
35.4
-2.2
Granito
75.4
454.580.6
67.87
482.582.4
11.1
-5.8
4.886.10 96.358.044.8 3.710.29 105.025.713.2
31.7
-8.3
Minério de Ferro
284.7
714.382.5
97.62
1.702.50
2.900.342.5
839.94
Produtos Químicos
120.2
62.705.9
156.90
98.523.2
-23.4
-36.4
Couros e peles
376.4
110.015.3
491.55
145.185.4
-23.4
-24.2
Madeira papel e celulose
741.9
1.284.498.5
444.83
917.794.7
66.8
40.0
521.10
246.544.8
346.38
411.903.4
50.4
-40.1
293.0
31.529.3
235.26
30.607.6
24.5
3.0
Aparelhos Eletrônicos
88.4
4.887.2
60.25
5.924.5
46.6
-17.5
Peças p/ veículos e tratores
25.0
3.186.5
45.64
6.470.3
-45.2
-50.8
Outros Minerais
Petróleo bruto e seus derivados
Manufaturados
Máquinas
353.895.0 191.7 101.9
2.185.122.1 102.7
32.7
Fonte: Disponível em: www.cebc.org.br
A tabela 3 aponta que os três principais produtos brasileiros exportados para a
China foram os óleos de soja, com um aumento de 62,1% e os petróleos e seus
derivados com um crescimento importante em volume em 32,7%. Isso elevou a
participação do total exportado para 77,7% contra 71,6% apurados em 2007.
O minério de ferro teve uma redução de 8,3% em volume face ao ano anterior,
as exportações de carnes e laticínios por sua vez, tiveram quedas significativas
8
CEBC - Secretaria Executiva do Conselho Empresarial Brasil e China. Disponível em: http://www.cebc.org.br
7
em volume e valor em 2008, e poderão apresentar números mais favoráveis em
2009, devido a continuação do processo de negociação de abertura para a entrada de carne de frango brasileira, conforme dados da tabela 3 e estatísticas
da Revista Macro China.
O Conselho Empresarial Brasil e China ressalta que se estima um fluxo maior
no crescimento dos investimentos da China a partir de junho, principalmente
no setor da construção, com o intuito de amenizar os efeitos da crise no país, o
que poderá concorrer para o aumento das exportações brasileiras de minério de
ferro para a China.
As importações brasileiras da China
As importações brasileiras da China em 2008 chegaram a US$ 20 bilhões, com
um crescimento de 58,8% em relação a 2007. No mesmo período, a participação dos produtos chineses no total importados pelo Brasil, aumentou 11,5%,
conforme a tabela 4.
Tabela 4 Principais importações brasileiras da China 2007 - 2008
2008
US$
FOB
Produtos ou Grupos de Produtos
Carvão
milhões
2007
US$
FOB
Kg (000)
milhões
Kg (000)
Var.
FOB
(%)
Var.
Kg
(%)
625.3 1.265.202.2
239.0 1.321.990.7
161.6
-4.3
Produtos Químicos Orgânicos e Inorgânicos
2.196.4 1.621.611.7
1.286.5 1.667.915.0
70.7
-2.8
Têxteis e Vestuário
1.404,0
312.762.1
992.3
253.139.9
41.50
23.6
228.5
18.944.6
154.9
13.984.2
47.50
35.5
3.712.1
460.978.2
2.345.9
330.043.3
58.20
39.7
Bombas, Válvulas e Eletrodomésticos
317.6
63.555.0
216.0
46.612.9
47.1
36.3
Setor de Máquinas e Equipamentos
264.1
69.876.4
108.7
36.304.0
142.9
92.5
Indústria Têxtil, Máquinas e Aparelhos
154.4
25.252.3
90.5
15.682.0
70.7
61.0
Indústria de Metal, Máquinas e Equipamentos
223.0
52.367.9
109.0
32.012.7
104.6
63.6
Conversores Elétricos, Geradores
318.9
29.756.8
213.7
24.159.8
49.2
23.2
81.6
12.513.6
42.5
6.545.9
91.9
91.2
Fornos e Aquecedores Elétricos
193.7
50.296.6
178.9
54.026.5
8.3
-6.9
Aparelhos Elétricos de Telefone
1.984.0
19.644.4
1.283.1
12.813.8
54.6
53.3
Aparelhos para radiodifusão
931.0
47.559.7
583.7
37.316.9
59.5
27.4
Peças e Equipamentos para Veículos e Tratores
555.7
160.137.8
246.7
103.280.4
125.2
55.1
Brinquedos
327.3
58.182.1
257.0
49.604.2
27.3
17.3
Calçados
Máquinas Mecânicas, aparelhos e peças
Aparelhos Eletrônicos
Fonte: Disponível em: www.cebc.org.br (Adaptada pela autora).
Máquinas, aparelhos mecânicos e elétricos correspondem a 50% das compras
com destaque para equipamentos para a construção civil. Esse aumento nas
8
importações de máquinas, nada mais é do que o reflexo do ritmo da expansão
da economia brasileira, já os calçados, brinquedos e têxteis foram responsáveis
por 9,8% das importações, como mostra a mencionada tabela.
Com o impacto da crise financeira internacional e seus conseqüentes efeitos
sobre a economia brasileira, as compras desaceleraram significativamente em
torno de 30% se comparados aos anos 2006 e 2007.
Em 2008, os bens de capital permaneceram como os principais produtos chineses importados pelo Brasil, com quase 36% de participação, e devido a baixos
preços, ajudou a indústria nacional a aumentar sua competitividade. Já os insumos para indústria e agricultura, registraram uma grande participação. Porém os bens de consumo não duráveis tiveram queda de 7% na participação
com base no ano anterior.
3. Procedimentos metodológicos
Esta é uma pesquisa quantitativo-descritiva baseada em dados estatísticos de
algumas entidades e organizações como a Funcex (Fundação Centro de Estudos
do Comércio Exterior), MDIC (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior), WTO (World Trade Organization), MRE (Ministério das Relações Exteriores), CIA Factbook e a Secretaria Executiva do Conselho Empresarial Brasil e China (CEBC).
Problema de Pesquisa: Análise comparativa do comércio bilateral entre Brasil
e China.
Hipótese: O comércio bilateral deverá continuar aumentando em favor da China.
4. Resultados e discussão
O levantamento de dados inclui o comércio bilateral do período de 1988-2008,
desagregando-se bens de capital, intermediários, duráveis e não duráveis. Eles
foram detalhados nas tabelas 5 e 6 e os gráficos 2 e 3.
Observando a tabela 5, constata-se que as exportações brasileiras para a China, sempre foram tímidas. Entre 1988 a 1991, houve uma queda nas exportações de mais de 300%. De 1992 a 1995, houve um aumento de 260%, porém as
exportações oscilaram sempre, em termos percentuais. Nos últimos anos, por
exemplo, de 2007 para 2008, o aumento foi de 148%.
O gráfico 2, indica que no período entre 1988 e 2008, apenas os bens intermediários tiveram destaque nas exportações, chegando-se a US$ 14.249,5 milhões
de dólares; em segundo lugar os bens de capital, com valores de US$ 336,3 milhões de dólares, seguidos pelos bens de consumo não duráveis que atingiram
US$ 111,5 milhões e os bens de consumo duráveis que não ultrapassaram os
US$ 1,3 milhões.
9
Tabela 5 Exportações Brasileiras para China / Valores em US$ milhões FOB
Período
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Bens de
Capital
11,9
10,0
1,6
6,8
9,4
37,8
21,9
38,6
25,4
27,2
20,1
15,3
61,5
128,5
55,7
70,5
142,8
172,0
112,3
127,4
336,3
Bens de
Bens
Consumo
Intermediários Duráveis
674,8
598,9
371,8
217,5
436,2
734,9
781,9
1143,6
1073,0
1034,2
863,9
641,3
962,3
1616,8
2400,5
4376,7
4921,3
5937,5
7369,8
9672,6
14249,5
Bens de
Consumo não
Duráveis
9,0
9,1
5,3
0,0
0,1
0,4
0,5
1,5
0,6
1,4
0,9
0,4
2,8
87,9
33,6
12,8
3,2
2,8
1,6
1,0
1,3
Total
18,1
713,8
10,2
628,2
3,1
381,8
3,3
227,6
14,4
460,1
6,4
779,5
3,6
807,9
18,8 1202,5
14,9 1113,9
25,3 1088,1
19,9
904,8
18,8
675,8
22,6 1049,2
29,2 1862,4
31,2
2521
49,6 4509,6
155,2 5222,5
164,7 6277,0
82,8 7566,5
107,5 9908,5
111,5 14698,6
Fonte: Disponível em: www.funcex.com.br
Gráfico 2 Exportações Brasileiras para China / Valores em US$ milhões FOB
Fonte: Elaboração própria.
10
O gráfico 2 apura a grande variação em relação aos produtos exportados para a
China, sendo que os bens de consumo duráveis e os não duráveis, quase não
aparecem no gráfico, devido aos baixos valores comercializados com o país.
Um levantamento realizado com dados da Funcex, apurou que no total das importações brasileiras provenientes da China no período de 1988 até 2008, os itens destacados foram: bens de capital, intermediários, duráveis e não duráveis, como indica a tabela 6.
Essa tabela demonstra uma variação percentual de mais de 1.400% comparando-se o aumento das importações entre os anos de 1988 a 1994. De 1995 até
2002, as importações sempre seguiram um mesmo padrão, com oscilações moderadas. De 2003 a 2006, o aumento ultrapassou 350%, enquanto que de 2007
para 2008, a variação superou os 1.600%, de compras brasileiras na China.
Tabela 6 Importações Brasileiras provenientes da China / Valores em US$ milhões FOB
Período
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Bens de
Capital
11,9
10,0
1,6
6,8
9,4
37,8
21,9
38,6
25,4
27,2
20,1
15,3
61,5
128,5
55,7
70,5
142,8
172,0
112,3
127,4
336,3
Bens Intermediários
674,8
598,9
371,8
217,5
436,2
734,9
781,9
1143,6
1073,0
1034,2
863,9
641,3
962,3
1616,8
2400,5
4376,7
4921,3
5937,5
7369,8
9672,6
14249,5
Bens de
Consumo
Duráveis
Bens de Consumo não Duráveis
9,0
9,1
5,3
0,0
0,1
0,4
0,5
1,5
0,6
1,4
0,9
0,4
2,8
87,9
33,6
12,8
3,2
2,8
1,6
1,0
1,3
Total
18,1
713,8
10,2
628,2
3,1
381,8
3,3
227,6
14,4
460,1
6,4
779,5
3,6
807,9
18,8 1202,5
14,9 1113,9
25,3 1088,1
19,9
904,8
18,8
675,8
22,6 1049,2
29,2 1862,4
31,2
2521
49,6 4509,6
155,2 5222,5
164,7 6277,0
82,8 7566,5
107,5 9908,5
111,5 14698,6
Fonte: Disponível em: www.funcex.com.br
A representação do gráfico 3, permite analisar que no período entre 1988 e
2008, os bens intermediários, tiveram destaque nas importações brasileiras
provenientes da China, chegando a US$ 12.820,7 milhões de dólares, em segundo lugar aparecem os bens de capital, com um valor de US$ 4.400,2 mi11
lhões de dólares. Em terceiro lugar destacam-se os bens de consumo não duráveis que chegaram a US$ 1.902,5 milhões, seguidos dos bens de consumo duráveis que somaram só US$ 895,3 milhões.
Gráfico 3 Importações Brasileiras provenientes da China / Valores em US$ milhões FOB
Fonte: Elaboração própria.
O gráfico 4, esboça claramente a grande variação do comércio bilateral. Nota-se
nesse gráfico, a grande divergência que há entre as importações da China, com
o que se exporta para o referido país.
Relações Brasil-China: Potencial e Perspectivas
Furlan e Felsberg (2005,p.15), apontam uma tendência consumista na China
para as “novidades”, dentre as que se destacam produtos pouco explorados no
mercado chinês, como os cosméticos, bens de capital em geral, combustíveis
(como o etanol), alimentos e eletroeletrônicos.
As expectativas são positivas para o Brasil, no desenvolvimento de software para sistema bancário chinês, que apresenta sérias deficiências, e também na
comercialização de máquinas e equipamentos para agricultura, pois a China vive ainda um atraso tecnológico no campo e o Brasil é muito competitivo neste
setor.
Existem muitas possibilidades de parcerias sino-brasileira, que merecem destaque, como a Companhia Vale do Rio Doce e a BaoSteel, uma das maiores si12
derúrgicas chinesas e importadora individual de minério do Brasil. A origem da
“Harbin Embraer Aircraft Industry” para a produção de jatos na China, uma
parceria entre a Embraer e a AVIC II, o setor têxtil e vestuário, pois o Brasil é
muito competitivo em fibras naturais como o algodão, no setor da construção
civil, onde os brasileiros são experientes e outros setores passíveis de investimentos como couro, calçados, madeira e móveis.
Furlan e Felsberg (2005), ressaltam ainda que de um modo geral as relações
entre China e Brasil enfrentam algumas dificuldades, como a distância física
(dificuldade em matéria de transporte, inexistência de vôos diretos etc.), a barreira idiomática, o desconhecimento mútuo e a falta de informações sobre um e
outro país, mas o cenário atual é muito promissor para o estreitamento das relações comerciais para as duas potências.
Gráfico 4 Importações X Exportações Brasil e China / Valores em US$ milhões FOB
Fonte: Elaboração própria
5. Conclusão
A evidência recolhida permite concluir que:
1. O comércio Brasil – China cresceu 20,6 vezes no período de 1988 a 2008.
2. O comércio China – Brasil cresceu 635,5 vezes entre 1988 a 2008.
13
3. O crescimento positivo de ambos os países comprova a tendência de
crescimento prevista na hipótese.
4. A taxa de crescimento chinesa é 30,9 vezes maior que a brasileira nesse
período, o que comprova que o crescimento é favorável à China, como
previsto na hipótese.
5. Comparativamente a evolução das exportações dos dois países, mostra o
seguinte desempenho:
EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO BILATERAL BRASIL - CHINA
BRASIL
CHINA
Comércio Favorável à China.
Bens de Capital.
28,3 vezes
6.286,0 vezes
222,1 vezes
Bens Intermediários
21,1 vezes
428,8 vezes
20,3 vezes
Bens Consumo Duráveis
-
4.476,5 vezes
-
Bens Cons.Não Duráveis
6,16 vezes
2.717,9 vezes
441,2 vezes
Total:
20,6 vezes
635,5 vezes
30,9 vezes
Os autores acreditam que se tratando de um assunto apaixonante e de enorme
potencial para a economia do país, seria oportuno o desenvolvimento de novos
trabalhos que aprofundem a presente pesquisa.
Referências bibliográficas
AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do. Direito do Comércio Internacional:
aspectos fundamentais. São Paulo: Aduaneiras, 2004.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa; 6ª ed. rev. Curitiba: Positivo, 2004.
FURLAN, Antônio de Magalhães; FELSBERG, Thomas. Brasil-China: Comércio,
Direito e Economia. São Paulo: Lex, 2005.
RODRIGUES, André Figueiredo. Como Elaborar Referência Bibliográfica.
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14
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THE
WORLD
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Disponível
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WORLD TRADE ORGANIZATION - Disponível em: <http://www.wto.org/ indexsp.htm> Acesso em: 05 mar. 2009.
15
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