O Brasil é um dos países mais privilegiados devido a sua

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REB Volume 5 (3): 77- 91, 2012
ISSN 1983-7682
.
Revista Eletrônica de Biologia
_______________________________________________________________
Notas Etnobotânicas Sobre Flora Apícola em Fragmentos de Mata Atlântica
Inseridos nas Comunidades Circunvizinhas à Reserva Florestal de Dois
Irmãos, Recife -PE
Ethnobotanical Notes About the Bee Flora in Fragments of the Atlantic Rain
Forest Insert Nearby of the Forest Reserve of Dois Irmãos, Recife - PE
Plínio Gomes Pereira Júnior1; Taciana de Amorim Silva2; Suzene Izídio da Silva3;
Mestre em Genética; 2 Mestre em Genética e Evolução; 3 Doutora em Botânica;1,3
Universidade Federal Rural de Pernambuco; 2 Universidade Federal do Amazonas
1
e-mail contato: [email protected]
Resumo
As abelhas tem grande importância ecológica por polinizar plantas, aumentando a
produtividade e a diversidade genética das populações. Além de ser utilizado pelo homem
para produção de alimento, mel. Devido ao crescimento desordenado das grandes
cidades, muitas comunidades surgem em torno de biomas como a Mata Atlântica, como
ocorre no bairro de Dois Irmãos, Recife-PE. Apesar de morar próximo deste ecossistema,
a maioria das pessoas desconhece o potencial apícola das plantas da região. O grande
número de fonte artificiais de matéria prima utilizado na produção de mel, como o lixo
orgânico proveniente das lanchonetes do Campus da UFRPE, provavelmente tem feito as
abelhas reduzirem a frequencia de visitas as plantas da Reserva Florestal de Dois Irmãos.
Palavras Chaves: abelhas, flora apícola, plantas melíferas, etnobotânica, mata
atlântica
Abstract
Bees have a big ecologic importance by pollinate plants, increasing the genetic diversity of
population and productivity. Besides to be used for honey and food production by humans.
Due to disordered growth of big cities, many communities rising around biomes as Atlantic
Rain Forest like in Dois Irmãos, Recife-PE. Despite living near this ecosystem the majority
of people unknown the apiarist potential plants of region. The big number of artificial
resources used to honey production, as de organic garbage from snack bars around
77
PEURF Campus, probably is decreasing the frequency of visits to plants of Forestall
Reserve of Dois Irmãos by bees.
Key-Words: bees, apiarist flora, honey producer plants, ethnobotany, Atlantic rain
forest
1. Introdução
O conjunto das plantas que são úteis para as abelhas quer como
fornecedoras de néctar, de pólen ou de ambos é conhecido como flora apícola ou
plantas melíferas (KERR; AMARAL, 1960), sendo de grande importância da
identificação e caracterização da flora apícola, reconhecida devido aos benefícios
práticos gerados no planejamento de uma apicultura e meliponicultura racionais
(CASTRO, 1994).
As abelhas são os principais agentes polinizadores dos vegetais, que em
troca produzem substâncias adocicadas atraindo as abelhas, as quais levam em
seus pêlos o pólen dessa planta florífera. O pólen é importante para o
desenvolvimento da colméia, pois é a fonte principal de proteína das abelhas, logo
ao garantir o desenvolvimento da família, as abelhas também perpetuam a
espécie vegetal (SOUZA et al., 2007).
A interação entre as abelhas e plantas garantiu aos vegetais o sucesso na
polinização cruzada, que constitui numa importante adaptação evolutiva das
plantas, aumentando o vigor das espécies, possibilitando novas combinações de
fatores hereditários e aumentando a produção de frutos e sementes (COUTO, R.
H. N.; COUTO, L. A., 2002).
Segundo Tol (1961), a melhor pastagem para as abelhas é constituída
pelos terrenos abandonados, onde florescem quase o ano todo, algumas das
espécies silvestres que neles vegetam.
Os atuais meliponíneos formam um grupo, cujos indivíduos dependem mais
das características climáticas e florísticas de suas respectivas regiões de origem.
A favor dessa hipótese está o fato de que, das mais de 300 espécies de
meliponíneos conhecidas, pelo menos 100 estão em perigo de extinção devido à
78
destruição de seus habitats pelo homem (KERR, 1996). Alguns exemplos
conhecidos mostram como é complexo e essencial para a manutenção do
equilíbrio de comunidades o mutualismo estabelecido entre abelhas e plantas
(COUTO, 1998).
Muitos estudos têm apontado o importante papel dessas abelhas como
polinizadores de várias espécies de plantas neotropicais (FRANKIE et al. 1976;
FREITAS 1997; GOTTSBERGER et al. 1988), incluindo plantas produtoras de
óleo, como espécies de Malpighiaceae (RÊGO; ALBUQUERQUE 1989; FREITAS
et al., 1999) e Scrophulariaceae (VOGEL; MACHADO, 1991).
A comunidade do entorno da Reserva Florestal de Dois Irmãos, apresenta
indícios de possui uma considerável flora apícola que se utilizam da vegetação
rasteira para produzir mel, é provável que estas abelhas tenham como centro de
origem a Mata Atlântica e que também visitem as plantas nativas da Mata para
coletar pólen néctar ou outra substância relevante no processo de fabricação do
mel. Nesse contexto salienta-se que o potencial econômico da flora local é
altamente significativo. Portanto buscou-se através da pesquisa etno-botânica o
enriquecimento do conhecimento sobre a flora apícola local, identificando e
caracterizando as espécies nativas da Mata Atlântica citadas pela população.
2. Metodologia
2.1 Local
A reserva de Mata Atlântica de Dois Irmãos, Recife-PE ocupa uma área de
398,7ha entre as latitudes 08º00’00”S e longitude de 34º56’00”W. A vegetação é
do tipo Floresta Ombrófila Densa (IBGE, 1992), constituindo um importante
remanescente do conjunto de florestas costeiras. O clima é do tipo As, tropical
quente e úmido com chuvas de outono e inverno, segundo as classificação de
Koppen. No período de março até agosto ocorrem excessos hídricos, com
pluviosidade mensal entre 206 e 400mm. (GUEDES, 1992). Circunvizinha a esta
79
reserva desenvolveu-se as comunidades do Sítio dos Pintos e Córrego da fortuna
(Figura 1), fundadas a mais de 70 anos, apresentavam, até então, cerca de 5.200
habitantes, a grande maioria pertencentes a uma classe social baixa (informações
cedidas pela ex-presidente da Associação Comunitária de Sítio dos Pintos, Maria
de Lourdes da Silva Batista). Algumas residências ainda apresentam resquícios de
Mata Atlântica em seus quintais. Grande parte da região é composta por
pequenas e médias áreas descampadas, sem utilização, que sofreram fortemente
influência antrópica, e que apresentam predominância de vegetação rasteira
composta por ervas, pequenos arbustos e árvores.
Figura 1. Mapa da área
A pesquisa de campo foi realizada nas Comunidades de Sítios dos Pintos e
Córrego da Fortuna em Dois Irmãos, Recife-PE. Utilizou-se a metodologia
etnobotânica de questionário semi-estruturado para se obter informações relativas
a flora apícola do local. Foi aplicado um questionário, com perguntas e respostas
objetivas em 8 residências próximas da mata, nos dias 16 e 23 de março e 13 e
abril de 2002.
2.2 Coleta de dados
80
As espécies de plantas indicadas pela população foram fotografadas e
coletadas para posterior identificação em laboratório.
A coleta procedeu
manualmente com auxílio de um canivete coletando-se tanto a flor como uma
parte
da
folhagem,
o
material
foi
envolvido
em
Jornal, identificado para montagem das exsicatas com as seguintes informações:
coletor, data, numeração da planta, áreas características do solo e da planta. Em
seguida a espécime foi prensada e submetida a uma estufa a 60ºC por 48 horas.
Após a secagem, o material foi transferido para uma cartolina e cosido com cordão
(preparação de exsicatas). As plantas foram identificadas e catalogadas no
Herbário da UFRPE (PEUFR). As abelhas citadas pela população também foram
coletadas e identificadas taxonomicamente, compondo a parte etnoentomológica
da pesquisa.
3. Resultados e Discussão
O público entrevistado foi composto em sua maioria de mulheres (62,5%), a
faixa etária variou de 21 a 65 anos. Todos pertencentes a classe C (pobre), onde
75% afirmaram haver muitas abelhas no local, embora houvesse maior número
anteriormente. As espécies mais citadas foram: aripuás (Trigona spinipes
FABRICIUS, 1793) (37,5%), abelha-mosquito (Plebeia Droryana FRIESE, 1900)
(25%), africana (Apis mellifera LINNEAUS, 1758) 12,5% e a urucu (Melipona
scutellaris LATREILLE, 1811) (12,5%). Souza e colaboradores (2005) em um
levantamento de abelhas no Campus da UFBA observaram que T. spinipes
tiveram ocorrência comum tanto no ambiente urbano, quanto no ambiente natural
tendo uma ocorrência cosmopolita, estando presentes em quase todo o território
brasileiro. Nos estudos de Cascaes (2008), a abelha africanizada, Apis mellifera
representou 20,6% dos indivíduos amostrados. As abelhas eussociais nativas
foram representadas por apenas duas espécies, Plebeia droryana e Trigona
spinipes, que juntas corresponderam a 14,5% dos indivíduos coletados.
81
Metade dos entrevistados afirmou, observar frequentemente as abelhas e
62,5% disseram nunca terem sido ferruados por abelhas. A maioria (87,5%)
afirmou ter plantas em seu quintal e que estas são comumente visitadas pelas
abelhas. Apenas 12,5% informaram observar abelhas em uma planta medicinal,
chambá (Justicia pectoralis JACQ).
Foram citadas como plantas freqüentemente visitadas por abelhas, 22
espécies de ampla ocorrência na região. Das quais apenas 13 são nativas, sendo
10 da mata atlântica (tabela 1). Somente 7% das plantas da Floresta Atlântica são
visitadas intensamente por abelhas nativas, 77% da plantas são visitadas com
menor freqüência e 16% das plantas não são visitadas por estas abelhas. O
processo de polinização realizado pelas abelhas indígenas diminui o isolamento
reprodutivo vegetal, resultando num aumento da biodiversidade (CAMARGO;
KERR, 1984).
Tabela 1. Composição da Flora Apícola Nativa da Mata Atlântica, freqüentes em
comunidades adjacentes a reserva Florestal da Mata de Dois Irmãos Recife-PE.
Família
Nome Científico
Nome Vulgar
Ocorrência
Acanthaceae
Justicia pectoralis Jacq
Chambá
Nativa da Amazônia
Campos e dunas da Costa Norte do
Anacardiaceae
Anacardium occidentale L.
Cajueiro *
País, principalmente Piauí e Maranhão
1
Nativa do sudeste asiático ocorrendo
como invasora na Caatinga e Mata
Anacardiaceae
Mangifera indica L.
Mangueira
atlântica
Musaceae
Musa paradisíaca L.
Bananeira
Natural do sudeste da Ásia e Índia
Heliconiaceae
Heliconia psitacorum
Paquevira
Nativa das matas Neotropicais
Ruscaceae Liliaceae
Dracenea fragans
Pau-santo
Nativa da Africa
Nativa
Polygonaceae
Antigonon leptopus
Mingué
do
México,
usada
na
ornamentação de jardins
Do RJ até RS na Floresta Pluvial
Myrtacae
Psidium guajava L.
Goiabeira
Atlântica
1
Região Amazônica até a Bahia na
Bexaceae
Bixa orelana L
Urucum
LeguminosaeCaesalpinoidea
Floresta Pluvial
1
Do CE ao RS na Floresta Pluvial
Caesalpinea echinata Lam.
Pau-Brasil
Atlântica,
sendo
particularmente
82
encontrado no sul da Bahia
Leguminosae-
1
Originária da África e trazida para o
Caesalpinoidea
Tamarindos indicaL.
Tamarineira
nordeste no século 19
Malvaceae
Hibiscus rosa-sinensis L.
Papoula
Originária da Ásia
De MG ao RS na Floresta Semi-
Myrtaceae
descídua no Planalto e na bacia do Rio
Eugenia uniflora L.
Pitangueira
Paraná
Leguminosidae-
De SP até RS principalmente na Floresta
Inga sp.
Mimosidae
1
Ingazeiro
Pluvial Atlântica
1
Todo País em várias formações vegetais,
principalmente em várzeas úmidas ou
Genipa americana
Rubiaceae
Jenipapo
encharcadas
1
MG, MS, SP até o RS, principalmente na
Myrciaria trunaflora Berg.
Myrtaceae
Rhamnidium
Rhamnaceae
Jaboticabeira
elaeocrpus
Reiss.
1
Mata Pluvial Atlântica
De PE ao RS na Floresta Pluvial
Azeitona **
Atlântica
1
Nordeste do país (Piauí até o norte de
Joazeiro
ou Minas Gerais), na Caatinga e campos
Rhamnaceae
Ziziphus joazeiro Mart.
Juazeiro
abertos do polígono da seca
Olacaceas
Ximenia sp.
Ameixa amarela
Cosmopolita Tropical
Oriunda
da
França
trazida
Oxalidaceae
Averrhoa carambola L.
Caramboleira
Pernambuco em 1817
Oxalidaceae
Averrhoa bilimbi L.
Imbiriba
Originária da Ásia (Índia e Malásia)
para
Centro-sul do país e região amazônica,
Pouteria
Sapotaceae
ramiflora
Radlk
(Mart.)
principalmente
Massaranduba
na
floresta
semi-decídua
*Embora o cajueiro seja mais comum em áreas de restingas, também faz parte do ecossistema
Mata Atlântica.
** Não nativa, porém bastante citada.
1
Segundo Lorenzi (2008)
Os resultados apresentados na tabela 1 demonstram que há uma
preferência das abelhas pelas famílias botânicas Myrtaceae (goiabeira, pitangueira
e jabuticabeira), seguida da família Rhamnaceae (azeitona e juazeiro),
Anacardiaceae (cajueiro e mangueira) e Oxalidaceae (caramboleira e imbiriba).
Collevatti, (1995) obteve resultados semelhantes para a flora visitada por T.
83
latifoliada
spinipes no estado de São Paulo, destacando a família Myrtaceae e Legunimosae
e Palmae.
As abelhas dependem da vegetação nativa e/ou introduzida para garantir a
sobrevivência de seus enxames garantindo reserva de mel e pólen. Estudos
realizados por diversos pesquisadores evidenciam a importância da preservação
das condições ambientais e da utilização desses insetos como polinizadores,
potencializando a qualidade e quantidade econômica de diversas culturas (SOUZA
et al., 2007).
Crane (1983), citou o urucum (Erocus sp) como planta melífera. Kerr (1960)
citou em seu quadro de plantas melíferas, tanto nativas como exóticas, as
seguintes espécies: pau-brasil, pitangueira, ingá mirim e goiabeira. Camargo
(1972), cita em sua lista de plantas apícolas o cajueiro, a mangueira, o pau-brasil,
o ingá, a goiabeira, a pitangueira e juazeiro.
A pitangueira segundo Schimer (1985), é ótima para estimular o
desenvolvimento de enxames, pois floresce de junho a agosto, um pouco antes da
primavera, onde a maioria das plantas floresce, sendo uma das poucas a fornecer
néctar naquela temporada. O mesmo descreve o ingá como um exímio fornecedor
de néctar, onde no outono aparece uma sudação que destila um líquido doce de
suas ramas, descendo por fios e colhido pelas abelhas.
Dentre as plantas citadas por Lima (1983) para incremento da pastagem
apícola incluem-se o pau-brasil, a pitangueira e o caju. Evangelista-Rodrigues e
colaboradores (2003) Observaram em seu estudo de plantas visitadas por
Melipona scutellaris , que houve visitas de outras espécies de abelhas nas
plantas. As espécies mais freqüentes foram: Arapuá (Trigona spinipes), Cupira
(Partamona Cupira), Trigona ou Jataí da Terra
(Paratrigona subnuda),
Africanizada (Apis mellifera), Mirim (Plebéia sp.) e algumas solitárias. De acordo
com Free (1970) e Kevan e Baker (1983), citados por Carvalho et al. (1995), a
variação no número de espécies coletadas nas plantas pode estar relacionado,
diferentes fatores, tais como: eficiência dos atrativos florais, abundância dos
84
recursos fornecidos, adaptação da morfologia da flor ao visitante, preferência
alimentar do visitante, competição e condições climáticas.
Segundo Lima (1983), em sua monografia intitulada “Contribuição ao
estudo das plantas melíferas do campus da UFRPE, através de análise
palinológica, atrativos florais e condições de vida”, a prevalência de abelhas para
coleta de néctar e pólen recaem sobre as plantas arbóreas. O que justifica a
citação por parte da comunidade de árvores de grande porte como maçaranduba,
ingazeiro e juazeiro nos resultados da pesquisa etnobotânica.
Neste trabalho foi relatado por um dos entrevistados, uma espécie de
abelha de tamanho médio e coloração escura que perfurava o mangará
(inflorescência) das bananeiras. Em outra residência o entrevistado se queixou do
estrago que as “aripuás” (T. spinipes) causavam em suas fruteiras incluindo a
mangueira, a pitangueira. O que corrobora com Lima (1983), onde ela relata que
nas plantas da espécie Eugenia uniflora L. (pitangueira) da família das Myrtaceae,
as abelhas do gênero Trigona sp. foram observadas perfurando o frutos. Melo et
al. (1997), trabalhando em pomar de acerola (Malpighia glabra L.) na região
Nordeste, observou que durante os períodos seco e chuvoso a Trigona spinipes
foi o polinizador mais instável em suas visitações. Silva et al. (2001) estudando a
biologia reprodutiva de etnovariedades de mandioca observou em campo que a
flor de mandioca é visitada pela abelha irapuá (Trigona spinipes)
Maia (2004), cita ameixa (Ximenia americana L.), juazeiro (Ziziphus joazeiro
Mart.), dentre outras plantas representantes da caatinga como fonte de néctar e
pólen e abrigo para as abelhas em diferentes épocas do ano.
De acordo com os resultados obtidos na pesquisa etno-entomologica, as
cores preferidas das flores visitadas de acordo com as plantas citadas pelos
entrevistados são: 45,4% branca, 27,4% amarela, 13,6% vermelha e 13,6% rosa.
Segundo Malerbo (1992), as abelhas africanizadas da região agrícola de
Jaboticabal-SP, freqüentam mais flores de coloração branca (52.2%), seguida das
de coloração amarela (26.1%), rosa (13.0%) e laranja (8.7%). Essa divergência de
resultados pode ser explicada pela especificidade da flora de cada região.
85
Enquanto em São Paulo, pesquisou-se numa região agrícola com predominância
de cultivares como cana de açúcar, trigo dentre outros, no Recife trabalhou-se
com a opinião da comunidade que se localizava na borda de uma Reserva de
Mata atlântica. Lima (1987) afirma que entre as planta nécto-poliníferas, as mais
visitadas pelas abelhas foram as que possuíam flores amareladas e odores mais
fortes.
Além disso, o processo de urbanização produz mudanças profundas na
composição florística local, ocasionando maior freqüência de transformações
súbitas e imprevisíveis, que podem exercer influências preponderantes sobre as
populações de abelhas sem ferrão (LAROCA et al., 1982).
Em relação às características florais que mais atraem os insetos, 100% dos
entrevistados disseram que era o cheiro das flores. Collevatti (1995) ressalta que
as abelhas são muito sensíveis ao cheiro, pois conseguem distinguir algumas
substâncias aromáticas presentes no néctar que podem atrair ou repelir as
abelhas.
No que diz respeito ao período do dia em que as flores são mais visitadas
62.5% das pessoas entrevistadas optaram pelo período da manhã, 25% disseram
que as abelhas freqüentam as flores o dia inteiro, e 12.5 % optaram pela tarde.
Segundo Collevatti (1995), o fator predominante na preferência da abelha é a
concentração de açúcar no néctar (sacarose) pois quanto mais concentrado maior
será a produção de néctar, este por sua vez pode ter sua concentração duplicada
ou triplicada a medida que o dia avança, dependendo da temperatura. Por tanto
podemos citar 3 característica que influenciam a definição de hora de visitação: A
preferência da espécie, cada espécie possui uma exigência diferente quanto a
concentração; a concentração do néctar na planta; e as condições climáticas da
região.
Quanto a intenção das abelhas visitarem as flores, 50% dos entrevistados
disseram que as abelhas iriam pegar o néctar, 37.5% disseram que iriam coletar o
pólen e 12,5 % disseram que as abelhas iriam coletar resinas e fibras. Abelhas da
tribo Centridini visitam flores para obter óleo, pólen, néctar e resinas, recursos
86
necessários à sua manutenção e atividade reprodutiva (ROUBIK, 1989; VINSON
et al. 1996). Nenhum dos entrevistados considerou a possibilidade da abelha
pegar tanto o néctar quanto o pólen em uma flor. Além disso, as abelhas podem
preferir determinada fonte em detrimento de outra, em vista da facilidade de
coleta, da qualidade e da quantidade dos recursos tróficos fornecidos e a da
interação com os competidores, o que pode explicar o número reduzido de plantas
visitadas (EVANGELISTA-RODRIGUES et al., 2003).
4. Conclusão
A maioria das pessoas entrevistadas nas comunidades circunvizinhas à
Reserva Florestal de Dois Irmãos não conhecia plantas nativas da mata que
fossem, por algum motivo, visitadas por abelhas, exceto as frutíferas de seus
quintais, demonstrando desconhecer o potencial melífero das plantas nativas.
As abelhas preferem plantas de porte arbustivo ou arbóreo com flores de
colorações claras, como branca ou amarelada e odor forte.
O número reduzido de abelhas presentes na comunidade até então, seria a
conseqüência do aumento de lanchonetes, onde é comum observarmos a
presença de abelhas, nos arredores da mata, especialmente no Campus da
UFRPE.
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VOGEL, S.; MACHADO, I. C. S. Pollination of four sympatric species of Angelonia
(Scrophulariaceae) by oil-collecting bees in NE, Brasil. Pl. Syst. Evol., v. 178, p.
153-178, 1991.
90
5. Anexo
5.1 Questionário
Nome:
Idade:
Endereço:
1. Há muitas abelhas nesta área?
2. Você costuma observar as abelhas?
3. Você já foi ou conhece alguém que foi picado por uma abelha?
4. Você tem muitas plantas com flores em seu quintal? Quais são?
5. Você tem em sua casa alguma planta visitada por abelhas?
6. Qual o período do dia que estas flores são mais visitadas?
7. Quais as cores das flores mais visitadas
8. O que você acha que mais chama a atenção dos insetos na flor?
9. O que você acha que elas procuram nas flores?
10. Qual a época do ano que existe mais flores?
11. Você costuma comprar mel?
12. Você conhece alguém que vende mel de abelha?
13. Você sabe dizer se existem colméias nas proximidades, Onde?
14. Você tem alguma planta de uso medicinal no seu quintal? conhece quem
tem?
15. Você já viu alguma abelha pousando em uma planta de uso medicinal?
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