O sumiço das abelhas - IBB

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O sumiço das abelhas
Por Leocádia Schivani – aluna bolsista MEC/SESu – PET
De FRANÇA, M, S, F. “O sumiço das abelhas.” Revista UNESP Ciência, v. 34,
ano 3, p. 24-29, setembro/2012.
Abelhas estão morrendo em diversos locais como Tabatinga, Brotas,
Gavião Paixoto, Boa Esperança do Sul e Iacanga, onde há quase dez anos
fazendeiros lutam contra o “greening”, doença dos laranjais cujo vetor é um
pequeno inseto controlado por neonicotinoides. Mas o produto acaba se
espalhando pelo ar e se depositando nas flores, onde as abelhas coletam o
néctar, acarretando em sua morte, o que prejudica muito os apicultores.
O Ibama suspendeu temporariamente as aplicações dos neonicotinoides
e começou a reavaliar seu uso nas lavouras de todo o país. Outros inseticidas
estão sendo analisados: imidacloprido, tiametoxam, clotianidina e fipronil. O
objetivo dessa reavaliação é definir as medidas que precisam ser adotadas
para reduzir os riscos. No entanto, há pesquisadores que não concordam com
a proibição, alegando ser necessário um estudo do impacto no sistema
produtivo e que o problema não é o uso, mas sim a maneira inadequada com
que o produto é utilizado (avião ou em super dosagens).
Essas técnicas podem matar as abelhas imediatamente, ou deixá-las
confusas, fazendo com que não consigam voltar às colmeias, tornam-nas mais
suscetíveis a vírus e contaminam o mel. As abelhas são responsáveis por pelo
menos 70% da polinização das culturas que servem à alimentação humana.
Seu desaparecimento levaria a perdas de mais de 200 bilhões de dólares por
ano.
Devido a isso, vários estudos estão sendo feitos. Num estudo realizado
pela Universidade de Stirling, foram adicionadas pequenas doses do
imidacloprido à alimentação de 50 colônias de abelhas. A outras 25 colônias foi
dada uma dieta livre do inseticida. Após 6 semanas, as colônias que haviam
sido expostas ao inseticida eram de 8% a 12% mais leves que aquelas livres
da substância (menor quantidade de alimento trazido à colméia e queda no
número de nascimentos de operárias) e a quantidade de rainhas também caiu
de 13 para 1,7. Esta interpretação coincide com os dados do estudo francês
realizado com o tiametoxam. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa
Agrícola (Inra) fixaram chips eletrônicos ao tórax de 653 abelhas, das quais
uma parte recebeu uma dose de inseticida. Observaram que 43% dos insetos
expostos à substância morreram fora da colmeia, supostamente porque se
perderam. Entre as que não receberam o inseticida, 17% morreram fora da
colmeia.
No cérebro, essa classe de inseticida tem ação semelhante a da
nicotina, mas diferente dela, ligam-se ao receptor de forma irreversível,
provocando uma superestimulação neuronal. O objetivo dos pesquisadores é
estabelecer a dose letal destes inseticidas e a partir daí, verificar também seus
efeitos não mortais em abelhas sem ferrão e melíferas.
Segundo os pesquisadores, a perda dos insetos se agrava no país com
a derrubada das florestas e as queimadas, que afetam o desenvolvimento das
colônias de abelhas nativas, muitas delas ainda desconhecidas e não
adaptadas ao manejo. A extinção dessas abelhas pode causar um problema
ecológico de grandes proporções, uma vez que, são responsáveis pela
polinização de parte das plantas nativas de diferentes biomas.
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