ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMILENHOSAS DE UVA DO PORTAENXERTO “IAC 572 JALES” UTILIZANDO BACTÉRIAS RIZOSFÉRICAS E ÁCIDO INDOL BUTÍRICO ROOTING OF SEMI-WOODY CUTTINGS OF GRAPE OF THE ROOTSTOCK IAC 572 “JALES" USING RHIZOSPHERE BACTERIA AND INDOLE BUTYRIC ACID RESUMO: O objetivo do presente trabalho do presente trabalho foi avaliar o enraizamento de estacas semilenhosas de uva do porta-enxerto IAC 572 “Jales” utilizando bactérias rizosféricas e ácido indol butírico. Foram utilizadas estacas lenhosas, retiradas de plantas matrizes livres de vírus. As mesmas foram submetidas à estratificação em água, que consistiu em imergir as estacas em água durante 24 h, em ambiente sombreado. Após este procedimento, foram tratadas na parte basal durante 1 minuto em solução de AIB (2000 mg L-1) e inoculação com rizobactérias UCCB6 e UCCBci1.1.6, isoladas de rizosfera de Brachiaria decumbens e de Citrus limonia Osbeck, respectivamente. O plantio foi realizado deixando-se duas gemas abaixo da superfície do substrato e três gemas acima da superfície. Após 60 dias avaliou-se: porcentagem de estacas enraizadas, porcentagem de estacas mortas, número de folhas, massa fresca e seca das raízes e das brotações. Verificou-se que a utilização de ácido indol butírico na concentração de 2000mg L-1 e da rizobactéria UCCBci1.1.6, influenciaram positivamente no enraizamento, enquanto que a estratificação em água por 2h não teve efeito no enraizamento das estacas. A brotação foi superior nas estacas tratadas com as rizobactérias UCCBci1.1.6 e UCCBb6. Palavras-chave: vitis, bactérias promotoras do crescimento de plantas, fitorreguladores ABSTRACT The aim of this work was to evaluate the rooting of semi-woody cuttings of grape of the rootstock IAC 572 "Jales" using rhizosphere bacteria and indole butyric acid. Woody cuttings were used, taken from virus free stock plants. They were subjected to water stratification, which consisted of immersing cuttings in water for 24 hours in shaded environment. After this procedure, they were treated in the basal part during 1 minute in solution AIB (2000 mg L-1) and inoculation with rhizobacteria UCCB6 and UCCBci, isolated from rhizosphere of 1.1.6 Brachiaria decumbens and Citrus limonia Osbeck, respectively. The planting was carried out leaving two buds below the surface of the substrate and three gems above the surface. After 60 days, it was assessed: percentage of rooted cuttings, percentage of dead cuttings, and number of leaves, fresh and dry mass of roots and shoots. It was found that the use of indole butyric acid on concentration of 2000mg L-1 and of rhizobacteria UCCBci1.1.6, influenced positively on rooting, while water stratification for 2 hours had no effect on rooting of cuttings. Budding was higher in the cuttings treated with rhizobacteria UCCBci 1.1.6 and UCCBb6. Key words : vitis, plant growth promoting bacteria, phytoregulators 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos o cultivo de uvas no Brasil vem crescendo, principalmente pelos avanços tecnológicos na produção, assim como pela possibilidade de exportação, tratando-se de uma importante atividade para a sustentabilidade de pequenas propriedades, as quais produzem uvas de mesa e para processamento. As novas tecnologias utilizadas para o cultivo permitiram oferecer produtos de qualidade ao consumidor (MELLO, 2013). No Brasil, os vinhedos são formados, em sua maioria, mediante o processo de enxertia por garfagem, realizada no campo, durante o inverno. Os porta-enxertos são obtidos por estaquia lenhosa diretamente no local definitivo do vinhedo ou em recipientes, com posterior plantio no campo (PIRES & BIASSI, 2003). 2 Existem diversos tipos de porta-enxertos, cada um com característica própria, o que permite a sua recomendação para uma região específica com finalidade específica (PIRES & BIASSI, 2003). O porta-enxerto IAC 572 – “Jales” (Vitis caribaea x Vitis riparia x Vitis rupestris 101 – 14), conhecido em muitas regiões como “Tropical sem vírus” é atualmente um dos porta-enxertos mais utilizados nas regiões produtoras de uva para mesa, podendo ser utilizado para variedades como Itália, Rubi, Benitaka, Niagara, Red Globe, entre outras (NACHTIGAL, 2001). De modo geral, os porta-enxertos de videira não apresentam dificuldades de enraizamento devido a característica herdada de seus progenitores Vitis riparia e V. rupestris, que enraízam facilmente (WILLIAMS & ANTCLIFF, 1984). No entanto, os híbridos enraízam com maior dificuldade como por exemplo o porta-enxerto 43 (BOTELHO et al., 2005) A propagação por estaquia baseia-se no princípio de que é possível regenerar uma planta a partir de uma planta-mãe pela dediferenciação dos tecidos. Para este processo podem ser empregadas estacas herbáceas, quando não possuem tecidos lignificados; lenhosas, quando os tecidos são lignificados; e semi-lenhosas ou semi-herbáceas quando são colhidas no início da lignificação (FACHINELLO et al., 2005). A propagação por estaquia pode ser realizada a campo, diretamente no local definitivo, o que exige maiores cuidados, ou em recipientes individuais. A utilização de recipientes individuais permite a possibilidade de selecionar as estacas que apresentarem melhor padrão de enraizamento, resultando em maior uniformização das mudas no campo (FACHINELLO et al., 1995; PIRES & BIASSI, 2003). A rapidez no processo de produção de mudas e a sua qualidade desperta o interesse dos produtores, observando-se que o enraizamento satisfatório das estacas é garantia do bom desenvolvimento da muda no vinhedo (ROBERTO et al., 2006). O enraizamento das estacas pode ser influenciado por fatores internos tais como: a variabilidade genética, condição fisiológica da planta matriz, tipo de estaca, idade da planta, balanço hormonal e externos como a temperatura, luz, umidade, substrato, condicionamento (FACHINELLO et al., 1995; NACHTIGAL & PEREIRA, 2000). O adequado manejo desses fatores permitirá maior probabilidade de sucesso na produção de mudas por estaquia (ROBERTO et al., 2006). No entanto, os porta-enxertos de videira, de um modo geral, não apresentam grandes dificuldades de enraizamento quando propagados por meio de estaquia lenhosa (PIRES & BIASSI, 2003). Segundo THOMAS & SCHIEFELBEIN (2002) uma série de mudanças morfológicas está associada com a formação das raízes em estacas, entre elas a formação ou não de calos, o desenvolvimento do primórdio radicular e a emergência da raiz. A formação de raízes adventícias é um processo complexo e depende de fitorreguladores endógenos, do nível de carboidratos, da presença ou ausência de gemas dormentes e emergência de brotações (SMART et al., 2003). Os carboidratos são importantes por ser fonte de carbono para síntese de substâncias essenciais à formação de raízes. Estacas com concentrações elevadas de carboidratos normalmente apresentam maiores taxas de enraizamento (SMART et al., 2003). Características anatômicas podem influenciar no enraizamento, como a disposição das fibras do floema secundário, permanência de fibras do floema primário, raios estreitos e elementos de vaso de menor diâmetro (MAYER et al., 2006). Algumas técnicas aplicadas antes o processo de estaquia, como a estratificação das estacas em água e a aplicação de reguladores de crescimento, como o ácido indolbutírico, podem melhorar o enraizamento, permitindo a formar mudas de videira de melhor qualidade (MONTEGUTI et al., 2008). A fim de aumentar a porcentagem de enraizamento de estacas dos porta-enxertos tem se empregado reguladores de crescimentos sintéticos do grupo das auxinas que são essenciais no processo de enraizamento, possivelmente por estimularem a síntese de etileno, favorecendo a emissão de raízes (PASQUAL et al., 2001, NORBERTO et al., 2001). Na estaquia, a auxina natural, produzida nas folhas e nas gemas, move-se para a parte inferior da planta, aumentando a sua concentração na base do corte, junto com os açúcares e outras substâncias nutritivas (ZUFFELLATO-RIBAS & RODRIGUES, 2001). 3 O ácido indol butírico (AIB) é a principal auxina de uso geral, devido a não ser tóxica para a maioria das plantas, mesmo em altas concentrações, é bastante efetiva para um grande numero de espécies e relativamente estável que o ácido indol acético, sendo pouco suscetível à ação dos sistemas de enzimas oxidativas de auxinas a inativa lentamente (PIRES & BIASSI, 2003, BOTELHO et al., 2005). Em estacas semi-lenhosas o AIB vem sendo estudado em diferentes concentrações e tempo de imersão, a fim de determinar o método de aplicação assim como a concentração a ser empregada na produção de estacas de videira (CHALFUN et al., 2002, MONTEGUTI et al., 2008). Além da utilização do AIB para melhoria do enraizamento, outras técnicas podem ser empregadas como a aplicação de fertilizantes orgânicos e rizobactérias promotoras do crescimento de plantas. Estas bactérias colonizam as raízes e promovem o crescimento de plantas em atividades não simbióticas (VESEY et al., 2003). As rizobactérias promotoras do crescimento vegetal podem ser utilizadas para tratamento de sementes, explantes e mudas micropropagadas, incorporadas ao substrato de plantio, tratamento de estacas, tubérculos e raízes, pulverizações na parte aérea incluindo folhagem e frutos e em pós colheita. Tanto a produção de mudas quanto à produção agrícola, podem estar influenciadas de forma diferente pelos micro-organismos presentes no solo (MARIANO et al., 2004). O objetivo do presente trabalho foi avaliar o enraizamento de estacas semilenhosas do porta-enxerto IAC 572 “Jales” utilizando bactérias rizosféricas e ácido indol butírico 2. MATERIAL E METODOS O experimento foi desenvolvido na Faculdade de Ciências Agrárias, Unicastelo, Campus Fernandópolis. A região encontra-se localizada a 20º 16’ 50” de latitude sul, longitude de 50º 17’ 43” de longitude oeste e 20° 18’ 05” de latitude argiloso vermelho-amarelo eutrófico abrúptico a moderada textura areno/média e relevo suave ondulado e ondulado. (OLIVEIRA et.al.,1999). Foram utilizadas estacas lenhosas de videira do porta-enxerto IAC 572 “Jales”, retiradas de plantas matrizes livres de vírus, em 21 de junho de 2010. O preparo das estacas consistiu em um corte reto na base logo abaixo de um nó, com eliminação das folhas, e com aproximadamente 25 cm de comprimento, com diâmetro de 0,5 a 1,0 cm, contendo 5 gemas. As estacas foram submetidas à estratificação em água, que consistiu em imergir as estacas em água durante 24 h, em ambiente sombreado. Após a estratificação em água, foram tratadas na parte basal durante 1 minuto em solução de AIB (2000 mg L-1) e inoculação com rizobactérias UCCBb6 e UCCBci11.6, isoladas de rizosfera de Brachiaria decumbens e de Citrus limonia Osbeck (limão cravo), respectivamente, pertencentes ao Laboratório de Microbiologia de Unicastelo, Campus de Fernandópolis. O inoculante bacteriano foi preparado utilizando caldo Triptecaseina Soja (TS, Oxoid®) para o crescimento das bactérias, cultivadas individualmente sob agitação orbital e incubadas a 35oC por 72h. Como substrato foi utilizada uma mistura de solo peneirado:casca de arroz:casca de café (3:1:1), disposto em sacos plásticos perfurados (18 x 30 cm). Os tratamentos constituíram-se de: 1subastrato (testemunha), 2- AIB 2000 mg L-1, 3- rizobactéria UCCBci11.6 (108 UFC), 4rizobactéria UCCBb6 (108 UFC). O plantio foi realizado deixando-se duas gemas abaixo da superfície do substrato e três gemas acima da superfície. Após o plantio, os sacos plásticos foram deixados em bancadas em condições de casa de vegetação. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e 10 repetições. A irrigação foi realizada com água corrente, quando necessário. Após 60 dias da instalação do experimento foram avaliados os seguintes parâmetros: porcentagem de estacas enraizadas, onde foram consideradas estacas enraizadas aquelas que apresentavam pelo menos uma raiz de 1cm, porcentagem de estacas mortas, massa fresca e seca das raízes e das brotações (g), número de folhas. Os dados obtidos foram submetidos a analise da variância e a comparação das médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o “software” SAS- Statistical Analyses System – SAS. 4 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A porcentagem de estacas enraizadas foi superior naquelas que receberam tratamento com AIB e com a rizobactéria UCCBci1.1.6, verificando-se 100% de enraizamento. As estacas tratadas com a rizobactéria UCCBb6 apresentaram 75% de enraizamento enquanto que a testemunha apresentou 50% de estacas com raízes (figura 1). Estes resultados estão de acordo com os obtidos por FARIA et al. (2007), ao avaliar o efeito de diferentes concentrações de AIB em estacas semilenhosas do porta enxerto de videira `IAC 572-Jales’, verificaram que AIB nas concentrações de 1500 e 2000 mg L-1 induziu o enraizamento em 96,8% das estacas. No entanto VILLA et al., 2003 observaram baixas porcentagens de enraizamento (56,73%) quando as estacas lenhosas foram tratadas com diferentes concentrações de AIB e ANA. Neste experimento todas as estacas foram submetidas à estratificação em água, técnica que induz a formação de raízes adventícias, no entanto verificou-se que a testemunha apresentou menor média de porcentagem de enraizamento (50%) quando comparada com os demais tratamentos. Estes resultados são contrastantes com os obtidos por ROBERTO et al. (2004) que verificaram que a cv. Jales apresentou diferenças estatísticas significativas em relação à porcentagem de enraizamento, sendo de 100% e 60% quando com estratificação e sem estratificação, respectivamente. Estes autores ainda afirmam que a estratificação em água de estacas do portaenxerto `IAC 572 - Jales’ é fundamental para que haja maior eficiência no processo de enraizamento. a a Tetemunha UCCBci1.1.6 UCCBb6 Acido indol butírico 100 Porcentagem de enraizamento 90 b 80 70 c 60 50 40 30 20 10 0 Figura 1: Porcentagem de enraizamento de estacas semilenhosas de uva do porta-enxerto IAC 572 “Jales” tratadas com bactérias rizosféricas e ácido indol butírico. A maior média para massa fresca e seca das raízes foi observada nas estacas tratadas com 2000 mg L-1 (figura 2). FARIA et al. (2007) avaliaram o enraizamento de estacas semilenhosas do porta-enxerto ‘IAC 572 Jales’ tratadas com AIB e verificaram , também, que a maior média de massa fresca e seca de raízes ocorreu na concentração de 2000 mg L-1. Segundo PASQUAL et al. (2001) e NORBERTO et al. (2001) os reguladores de crescimento sintéticos do grupo das auxinas 5 são essenciais no processo de enraizamento, possivelmente por estimularem a síntese de etileno, favorecendo a emissão de raízes. Tem-se verificado que outros fatores, além das auxinas, participam na formação de raízes adventícias das estacas, tais como: a variabilidade genética, condição fisiológica da planta matriz, tipo de estaca, idade da planta, balanço hormonal e externos como a temperatura, luz, umidade, substrato, condicionamento, (FACHINELLO et al., 1995; NACHTIGAL & PEREIRA, 2000), e rizobactérias promotoras do crescimento vegetal (MARIANO et al., 2004). O adequado manejo desses fatores permitirá maior probabilidade de sucesso na produção de mudas por estaquia (ROBERTO et al., 2006). A inoculação das estacas com a rizobactéria UCCBci1.1.6 proporcionou bom enraizamento das estacas, mostrando que a rizobactéria influenciou positivamente na formação de maior número de raízes, o qual refletiu em maior massa, porem não diferindo estatisticamente do tratamento com AIB (figura 2). As estacas inoculadas com a rizobactéria UCCBb6 apresentaram resultados intermediários diferindo estatisticamente dos demais tratamentos. Provavelmente estes resultados foram obtidos em razão de algumas rizobactérias são capazes de produzir ácido indol acético (AIA), fitohormônio que atua na formação de raízes laterais e pêlos radiculares aumentando a absorção de nutrientes (SCHLINDWEIN et al., 2008). Por outro lado sabe-se que a resposta das plantas à inoculação com RPCPs é um fenômeno complexo que resulta da combinação de mecanismos que afetam vários aspectos da nutrição mineral, do metabolismo do carbono e do desenvolvimento radicular das plantas (MATELIN & TOURAINE, 2004). As condições ambientais (solo, clima, fertilização, etc.) e as características dos microrganismos nativos e introduzidos são fatores determinantes para a sobrevivência e atividade na rizosfera das RPCPs (KZODROJ et al., 2004). a 500 Massa das raízes (mg) 450 a 400 Tetemunha UCCBci1.1.6 UCCBb6 Acido indol butírico 350 b 300 250 a a c b 200 c 150 100 50 0 Massa fresca Massa seca Figura 2: Massa fresca e seca das raízes de estacas semilenhosas de uva do porta-enxerto IAC 572 “Jales” tratadas com bactérias rizosféricas e ácido indol butírico. Quanto à porcentagem de brotação das estacas verificou-se que 100% apresentaram brotos, independente dos tratamentos avaliados. Verificando-se nos tratamentos testemunha e inoculados com a rizobactéria UCCBb 6 a porcentagem de brotação foi superior a de enraizamento que correspondeu a 50% e 75% respectivamente (figura 1). A brotação ocorreu provavelmente pelo consumo das reservas das estacas, independente do enraizamento das mesmas (MONTEGUTI et al., 2008). Segundo OLIVEIRA et al. (2005) é necessário um retardo na brotação em relação ao enraizamento, diminuindo o estresse fisiológico devido a estaca permanecer longo tempo sem raiz. Em relação ao número de folhas produzidas nas estacas verificou-se maior quantidade naquelas inoculadas com as rizobactérias UCCBci1.1.6 e UCCBb6 (figura 3). 6 a 7 6 Tetemunha UCCBci1.1.6 UCCBb6 Acido indol butírico a b Numero de Folhas b 5 4 3 2 1 0 Figura 3: Numero de folhas de estacas semilenhosas de uva do porta-enxerto IAC 572 “Jales” tratadas com bactérias rizosféricas e ácido indol butírico. Quando analisadas a massa fresca e seca das brotações (figura 4) verificou-se que as estacas que receberam inoculação com as rizobactérias UCCBci1.1.6 e UCCBb6 atingiram valores superiores aos demais tratamentos. Estes resultados evidenciam o efeito benéfico na promoção de brotação pelas rizobactérias, pois estas bactérias apresentam vários mecanismos que favorecem o desenvolvimento dos vegetais. A promoção do crescimento pode ser de forma direta pela produção de fitohormônios e aumento da disponibilidade de nutrientes pela fixação de nitrogênio atmosférico ou solubilização do fosfato (VESSEY, 2003), oxidação do enxofre e aumento da permeabilidade das raízes (MARIANO & KLOEPPER, 2000). As rizobactérias atuam indiretamente como agentes de controle biológico de doenças, pela competição por nutrientes com o patógeno, produção de sideróforos e antibióticos (CATTELAN, 1999; VESSEY, 2003), e pela resistência induzida (NANDAKUMAR et al., 2001). As estacas tratadas com AIB apresentaram maior acúmulo de massa das brotações que a testemunha. No entanto, VILLA et al. (2003) verificaram que ausência de auxinas nas estacas de videira do porta-enxerto “Riparia de Traviu” proporcionou melhores resultados para massa seca das brotações. BOTELHO et al. (2005) verificaram que estacas herbáceas do porta-enxerto de videira ’43-43” tratadas com AIB apresentaram tendência de redução da porcentagem de brotação, possivelmente porque a auxina sintética mobilizou os nutrientes , inibindo a brotação quando aplicada na base da estaca. Estes resultados são contrários aos obtidos neste trabalho, mostrando a necessidade de estudos para avaliar o tipo de reguladores de crescimento, assim como as concentrações ideais para cada genótipo de videira. 7 a Massa de brotaçoes (mg) 3000 a Tetemunha UCCBci1.1.6 UCCBb6 Acido indol butírico 2500 b a 2000 1500 a c b 1000 c 500 0 Massa fresca Massa seca Figura 4: Massa fresca e seca das brotações de estacas semilenhosas de uva do porta-enxerto IAC 572 “Jales” tratadas com bactérias rizosféricas e ácido indol butírico. Segundo ZUFFELLATO RIBAS & RODRIGUES (2001), as auxinas influenciam no enraizamento, embora não seja a única substância envolvida. Na comparação das estacas inoculadas com a rizobactéria UCCBci1.1.6 com as tratadas com 2000mg L-1 de AIB verificou-se que não houveram diferenças estatísticas significativas quanto ao enraizamento (Figuras 1, 2) , já em relação ao número de folhas e massa das brotações, as estacas inoculadas com ambas as rizobactérias foram superiores as tratadas com AIB (figuras 3, 4 ). As concentrações de auxinas representam um papel importante no enraizamento de estacas de videira, porem devem ser levadas em consideração as concentrações. Segundo TAIZ & ZEIGER (2004) elevadas concentrações de auxinas podem inibir a organização e o crescimento dos primórdios radiculares. 4. CONCLUSÕES De acordo com os resultados obtidos e nas condições em que foram conduzidos os experimentos pode concluir-se que: a utilização de ácido indol butírico na concentração de 2000mg L-1 e a rizobactéria UCCBci 1.1.6, influenciaram positivamente no enraizamento de estacas semilenhosas do porta-enxerto ‘ICA 572 Jales’ e a estratificação em água por 2h não foi eficiente para induzir o enraizamento das estacas. A brotação foi superior nas estacas tratadas com as rizobactérias UCCBci1..1.6 e UCCBb 5. REFERÊNCIAS BOTELHO, R.V.; MAIA, A.J.; PIRES, E.J.P.; TERRA, M.M.; SCHUK, E. Efeitos de reguladores vegetais na propagação vegetativa do porta-enxerto de videira `43-43` (Vitis vinifera x V.rotundifolia). Revista Brasileira de Fruticultura, v.27, n.1, p.6-8, 2005. CATTELAN, A.J. Métodos qualitativos para determinação de características bioquímicas e fisiológicas associadas com bactérias promotoras de crescimento vegetal. 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