1 Engª Agrª, Mestranda em Fitotecnia, Depto de Agricultura (DAG)

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Efeito do ácido indolbutírico sobre estacas de
Tibouchina cf. moricandiana Baill.
Ribeiro1, M. de N. O; Paiva 2, P. D. de O.; Silva 3, J. da C. B.; Paiva 4, R.
1
Engª Agrª, Mestranda em Fitotecnia, Depto de Agricultura (DAG), Universidade Federal de
Lavras (UFLA), Caixa Postal 3037, CEP: 37200-000, Lavras-MG,
2
Engª Agrª, Drª, Profª Adj., Depto de Agricultura (DAG), Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Lavras-MG.
3
Graduado em Ciências Agrárias, Centro Federal Tecnológico (CEFET-MA), Lavras-MG.
4
Engº Agrº, Ph.D, Prof. Adj. Depto de Biologia (DBI), Universidade Federal de Lavras
(UFLA), Lavras-MG.
Correio eletrônico: [email protected]
Introdução
O gênero Tibouchina, conhecido popularmente como quaresmeira, pertencente à família
Melastomataceae. Sua floração coincide com a Quaresma, daí vem seu nome popular. Esta
família não tem grande valor econômico, seus usos incluem ornamentais (Tibouchina),
frutos comestíveis (Bellucia), madeira para construção (Astronia), tintas (Bellucia) e servem
como indicadoras de poluição. As espécies mais conhecidas são árvores de até 12 m e
arbustos de cerca de 2 m, que surgem tanto na vegetação espontânea quanto em jardins e
parques, são nativos do Brasil e freqüente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas
Gerais, Bahia, Santa Catarina e Pará (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2004). A espécie
em questão se diferencia de outras espécies de quaresmeiras por suas flores terem
coloração “vinho” intenso, as quais nas outras espécies normalmente são arroxeadas, sendo
assim, apresenta características ornamentais interessantes para uso em projetos
paisagísticos. A propagação das quaresmeiras pode ser feita através de sementes ou
estacas, porém, as sementes são muito pequenas, semelhantes à areia fina, não tolerante
ao armazenamento e com baixa taxa de germinação.
As plantas ornamentais podem ser multiplicadas por duas vias: multiplicação
vegetativa e por sementes. A primeira forma tem sido preferencialmente utilizada para a
maioria das espécies ornamentais (BARBOSA, 2003). Esse tipo de propagação tem sido
usado para multiplicar plantas que não produzem sementes botânicas ou sementes com
baixa viabilidade, em pequeno número, ou ainda, para acelerar a produção de mudas de
espécies que apresentam problemas de germinação, como aquelas que produzem
sementes dormentes. A propagação vegetativa em plantas ornamentais pode ser realizada
via estaquia, enxertia, mergulhia, estolões, bulbos, divisão de touceiras e por cultura de
tecidos. O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito de diferentes concentrações de ácido
indolbutírico e tempos de imersão sobre as estacas e a formação de mudas de Tibouchina
cf. moricandiana.
Material e metodos
O trabalho foi realizado, em casa-de-vegetação equipada com sistema de nebulização
intermitente, no Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Foram utilizadas estacas de ramos de Tibouchina cf. moricandiana, retiradas de matrizes
adultas do Viveiro de Plantas Ornamentais da referida Universidade. As estacas medianas e
apicais, obtidas após a coleta dos ramos, constituíram dois experimentos separados. Nas
estacas medianas (terço médio do ramo) realizou-se um corte transversal abaixo da gema,
na base, e em bisel na parte superior; e nas estacas apicais (parte apical do ramo) foi
realizado apenas um corte transversal abaixo da gema localizada na base. Padronizadas
com três nós e um par de folhas, sendo estas cortadas pela metade. Posteriormente, as
estacas foram tratadas com solução de ácido indolbutírico, nas concentrações de 0, 500,
1000 e 2000 mg.L-1 em diferentes tempos: 0, 1 e 5 minutos. O tratamento testemunha
2
constituiu-se de imersão da base das estacas em água destilada. As estacas, após a
imersão, foram colocadas em bandejas de polipropileno de 72 células contendo areia como
substrato. Os experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado
com 8 repetições e 10 estacas por parcela, constituindo fatorial simples 4 (concentrações de
AIB) x 3 (tempos de imersão). O material foi mantido em casa-de-vegetação com
nebulização intermitente. Os resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando
o software Sisvar (FERREIRA, 2000). O período experimental teve duração de 56 dias, ao
final do qual avaliou-se: porcentagem de enraizamento, altura da planta, número de folhas
formadas, número de brotos e comprimento dos brotos para estacas apicais. Para estacas
medianas avaliou-se: porcentagem de enraizamento, altura da planta, número de brotos,
comprimento dos brotos e o comprimento da maior raiz.
Resultados e discusäo
Para Tibouchina cf. moricandiana, o uso do regulador de crescimento AIB não influenciou o
enraizamento, pois as estacas usadas como testemunha também tiveram boa formação de
raízes. Para esta espécie houve 94% de enraizamento, tanto para estacas apicais, como
para estacas medianas. Maior altura das plantas em estacas apicais (3,9 cm) foi obtida com
a concentração de 1700 mg.L-1 de AIB em 1 minuto de imersão das estacas. Maior altura
das plantas em estacas medianas (8,8 cm) foi obtido com 1437,5 mg.L-1 de AIB em 1 minuto
de imersão das estacas.
Maior número de brotos em estacas apicais (1,5) foi obtido independente da
concentração de AIB e do tempo de imersão das estacas. Maior número de brotos em
estacas medianas (1,8) foi obtido na concentração de 1214,7 mg.L-1 de AIB em 1 minuto de
imersão (Figuras 1 e 2). Segundo MITRA & BOSE (1991), existem respostas diferentes
entre espécies e variedades da mesma espécie quanto à utilização de reguladores de
crescimento. Isto pode ser devido ao balanço endógeno entre auxinas/citocininas, pois um
equilíbrio da relação em favor das citocininas provoca o início do desenvolvimento das
brotações. Nesse processo, poderia haver uma diminuição da relação C/N, onde a auxina
atuaria aumentando a redistribuição e a utilização de nitrogênio, visto que tanto para a
iniciação dos primórdios radiculares como para as brotações, há necessidade de nitrogênio.
2,0
Número de brotos
Número de brotos
2,0
1,5
1,0
2
2
Y0 minutos = -5E-07x + 0,0008x + 1,186 R = 0,77
Y1 minuto = -4E-07x2 + 0,0011x + 0,761 R2 = 0,88
2
2
Y5 minutos = -3E-07x + 0,001x + 0,689 R = 0,99
0,5
1,5
1,0
2
2
2
2
Y1 minuto = -7E-07x + 0,0017x + 0,739 R = 0,98
0,5
Y5 minutos = -6E-07x + 0,0015x + 0,759 R = 0,92
0,0
0,0
0
500
1000
1500
2000
1 minuto
500
1000
1500
2000
AIB (mg L )
AIB (mg L )
0 minutos
0
-1
-1
5 minutos
Fig. 1 - Número de brotos em estacas apicais de
quaresmeira
(Tibouchina
cf.
moricandiana)
independente
das
concentrações de AIB e do tempo de
imersão.
1 minuto
5 minutos
Fig. 2 – Concentrações do ácido indolbutírico (AIB)
em 1 minuto de imersão sobre o número de
brotos
em
estacas
medianas
de
quaresmeira
(Tibouchina
cf.
moricandiana).
Maior comprimento dos brotos em estacas apicais (4,0 cm) foi observado na
concentração de 1750 mg.L-1 de AIB em 1 minuto de imersão das estacas. Maior
comprimento dos brotos em estacas medianas (1,6 cm) foi obtido com 1071,4 mg.L-1 de AIB
em 5 minutos de imersão das estacas (Figuras 3 e 4). A emissão e alongamento de
brotações não devem ser relacionados com o enraizamento, pois muitas vezes, os brotos,
3
Comprimento dos brotos (cm)
Comprimento de brotos (cm)
ao invés de contribuir, prejudicam a iniciação radicular à medida que estas passam a
competir por reservas contidas endogenamente na estaca. Isto faz com que todas as
reservas sejam destinadas à formação dos brotos em detrimento das raízes, provocando a
desidratação do material propagativo através da transpiração, principalmente, estacas que
iniciam o processo de brotação antes da iniciação radicular (FACHINELLO et al. 2005).
5,0
4,0
3,0
2,0
2
2
2
2
Y1 minuto = -1E-06x + 0,0035x + 1,059 R = 0,73
1,0
Y5 minutos = -2E-06x + 0,0049x + 0,777 R = 0,99
0,0
0
500
1000
1500
2000
AIB (mg L-1 )
1 minuto
5 minutos
Fig. 3 - Efeito das concentrações de ácido indolbutírico
(AIB) sobre o comprimento dos brotos de
estacas apicais de quaresmeira (Tibouchina cf.
moricandiana) em 1 minuto de imersão
2,0
1,5
1,0
Y1 minuto = -5E-07x2 + 0,0012x + 0,792 R2 = 0,76
Y5 minutos = -7E-07x2 + 0,0015x + 0,816 R2 = 0,71
0,5
0,0
0
500
1000
1500
2000
-1
AIB (mg L )
1 minuto
5 minutos
Fig. 4 - Efeito das concentrações de ácido indolbutírico
(AIB) sobre o comprimento dos brotos de estacas
medianas de quaresmeira (Tibouchina cf.
moricandiana) em 5 minutos de imersão.
As mudas, depois de enraizadas, foram transferidas para vasos com substrato.
Observou-se nessa fase bom pegamento das mudas formadas de estacas apicais com
100% de enraizamento e, morte de 100% das mudas oriundas de estacas medianas, o que
evidencia a necessidade de outros estudos para mais esclarecimentos.
Conclusoes
1) Para o enraizamento desta espécie recomenda-se a utilização de estacas apicais;
2) Não há necessidade da aplicação de AIB para esta espécie;
3) Na fase de transferência para vasos, não houve pegamento das mudas oriundas de
estacas medianas.
Referencias bibliograficas
Fachinello, J.C.; Hoffmann, A.; Nachtiga, J.C.; Kersten, E. Propagação vegetative por estaquia. In:
Fachinello, J.C.; Hoffmann, A.; Nachtiga, J.C. (Eds). Propagação de plantas frutíferas,
Brasília: Embrapa, 2005. p. 69-108.
Ferreira, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO
ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45.,
São Carlos, 2000. Anais..., São Carlos: UFSCar. 2000. p. 255-258.
Grande enciclopédia barsa 3ª ed. São Paulo: Barsa Planeta Internacional Ltda, v. 12, 2004, p.135.
Mitra, S.K; Bose, T.K. Metabolic changes during adventitious root formation in Ethrel and IBA treated
cutting of Litchi. The Indian Journal of Horticulture, Bangalore, v. 48, n. 2, p. 105-7. 1991.
Barbosa, J.G. Crisântemo: produção de mudas – cultivo para corte de flor – cultivo em vaso – cultivo
hidropônico. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003. 234p.
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