INFORMÁTICA EDUCATIVA: UM CURRÍCULO EM CONSTRUÇÃO

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INFORMÁTICA EDUCATIVA: UM CURRÍCULO EM CONSTRUÇÃO: ESCOLAS COM
E SEM CURRÍCULO
Ranailda Soares de Sousa Lopes1
Genilda Gusmão de Oliveira2
Márcia Anita Silva de Oliveira Pereira3
RESUMO
Compara as regras utilizadas nos laboratórios de informática nas escolas que tem a disciplina
inclusa no currículo e nas escolas que tem o laboratório, mas não tem a disciplina informática
educativa no currículo da instituição. Com este comparativo, pode-se fazer pensar nos pontos
positivos e negativos que se destacam nas duas situações. Foi realizada uma metodologia de
pesquisa exploratória – qualitativa. Avalia a qualidade e a necessidade do currículo de
informática nas escolas para uma aprendizagem significativa. Conclui que a valorização do
docente de informática, a interdisciplinaridade da informática com outras disciplinas e as
políticas públicas de inclusão do currículo de informática é crucial para uma aprendizagem
significativa.
Palavras-chave: Informática Educativa - Currículo – Política da Informática
1 INTRODUÇÃO
Este presente artigo tratará dos problemas da construção dos currículos de informática
e sua práxis nas escolas. Algumas escolas que tem currículo de informática em seu
1
2
3
Especialista em Educação Infantil e Séries Iniciais com Ênfase em Alfabetização pelo Centro de
Ensino Superior Fabra. Licenciatura Plena em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior Fabra.
Bacharel em
Administração de Empresas pela Universidade Potiguar. Contato:
[email protected].
Pós-graduanda em Sociologia e Filosofia pelo Centro de Ensino Superior Fabra. Licenciatura Plena
em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior Fabra. Bacharel em Direito pela CESESB - Centro
de Ensino Superior do Extremo Sul da Bahia. Contato: [email protected].
Especialista em Educação Infantil e Séries Iniciais com Ênfase em Alfabetização pelo Centro de
Ensino Superior Fabra. Licenciatura Plena em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior Fabra.
Bacharel
em
Direito
pelo
Centro
Universitário
Augusto
Motta.
Contato:
[email protected].
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.
regimento interno, não aproveitam todas as possibilidades de aprendizagem, tanto
para o aluno como para o professor que esta disciplina oferece no uso das Tecnologias
de Informação e Comunicação (TIC’s) no laboratório de informática. E as escolas que
não tem currículo de informática em seu regimento, possui o laboratório de informática
apenas como uma ferramenta técnica, de pouca aprendizagem significativa.
Diante dessa problemática estaremos realizando uma pesquisa, buscando abordar os
conceitos que podem gerar esses conflitos e direcionar para uma construção positiva
na aplicação de metodologias dos currículos de informática em algumas escolas com e
sem currículo de informática no ensino fundamental e médio no estado do Espírito
Santo.
Serão analisadas e expostas, citações de pensadores desta área, assim como
vivências de observação em escolas, tentando comparar a metodologia de ensino em
escolas privadas e públicas referente a este assunto que é de suma importância para a
educação dos indivíduos, visto que estamos vivendo na era da tecnologia, onde não se
pode mais fugir desta realidade e onde todos os profissionais de educação precisam
se adequar para que seus alunos possam ser melhores acompanhados e instruídos
nas escolas.
Serão citadas as teorias de pensadores como Santos (2003), Oliveira (2009), Kloch
(2010) e Tajra (2011).
Os objetivos são: compreender os conceitos e as aplicações da informática na
educação, assim como entender a relação entre a tecnologia e educação e os
ambientes e projetos de informática e analisar o uso desta disciplina como currículo
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nas escolas privadas e nas públicas. Como também conhecer um pouco da política da
informática educativa na educação brasileira.
2 POLÍTICA DA INFORMÁTICA EDUCATIVA NO BRASIL
Segundo Oliveira (2009, p. 9),
A denominação Tecnológica Educacional (TE), não despontou no Brasil com
uma única conceituação. Desde sua chegada, os educadores depararam com
diferentes conceitos que se caracterizam pela compreensão diferenciada do
papel dos instrumentais tecnológicos no processo educativo.
Os avanços políticos que foram alcançados com a retomada da abertura política em
1979, tais como reforma dos exilados políticos, eleições diretas em todos os níveis e
liberdade sindical, não garantiram a existência da democracia social no Brasil.
Para compreender melhor o assunto abordado neste artigo, será mencionada a política
de informática educativa no Brasil, trazendo citações de alguns pensadores no
decorrer do conteúdo apresentado.
Em 1984, foi aprovada a lei da informática pelo Congresso Nacional. Segundo Oliveira
(2009), foi mais bem definido o modelo brasileiro de desenvolvimento de sua indústria
de informática, esta lei determinou preservação do mercado para as indústrias
nacionais durante oito anos, até conquistarem a maturidade e pudessem competir com
a produção estrangeira. Esta decisão logo apresentou resultados, pois, antes mesmo
de 1984, a produção brasileira de produtos eletrônicos já se colocava entre as que
mais cresciam no cenário mundial.
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Um ponto considerado como difícil na implementação da política brasileira de
informática, foi a formação dos recursos humanos.
Trazendo o pensamento de Oliveira (2009, p. 27), a respeito da implantação desta
política temos,
Como forma de contribuir nesta perspectiva, o setor da educação foi escolhido
como um dos prioritários para a garantia da Política Nacional de Informática. A
partir daí, surge um novo capítulo na história da educação brasileira,
caracterizado por ações do governo federal visando levar computadores as
escolas públicas da educação básica, constituindo assim, a política brasileira
de informática educativa.
Já segundo Tajra (2011, p. 27), “o interesse que o governo Brasileiro tinha na reserva
de mercado era desenvolver uma política com características independentes. É notório
que a detenção do conhecimento das áreas tecnológicas é determinante para o
domínio do poder. Quem detém conhecimento detém poder”.
O governo brasileiro neste momento estava muito preocupado na concorrência com os
outros países, onde o conhecimento e investimento tecnológico também estavam
sendo realizada, a implantação da política brasileira de informática trazia perspectivas
de crescimento não só na educação, como na economia. Os docentes teriam que estar
se aperfeiçoando e investindo em formação, para acompanharem tais evoluções na
educação.
Nesta perspectiva e segundo Brandão (apud KLOCH, 2010, p. 10),
A aproximação entre informática e educação reflete, em uma primeira análise
um processo natural dentro de uma sociedade definida como pós-industrial ou
informacional. Revelam-se, no entanto, complexidades que acompanham o
próprio processo de informatização da escola, como a formação docente para
esta nova realidade, as contribuições para relação ensino e aprendizagem, o
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intercâmbio dos conteúdos trazidos pelos recursos informatizados e as
questões de cultura, dentre outras.
Com estas ações do governo voltadas a educação, começou a se observar uma
mudança na política da informática no Brasil, pode se visualizar melhor estes
momentos e estas ações com suas respectivas datas conforme tabela abaixo.
TABELA 1 - Ações do Governo Voltadas a Educação
Datas
1965
1971
1972
1977
1979
1984
1985
Ações
O Ministério da Marinha brasileira tinha interesse em desenvolver um
computador com “Know-how” próprio.
O Ministério da Marinha, por intermédio do Grupo de Trabalho Especial
(GTE) e o Ministério do Planejamento tomaram a decisão de construir um
computador para as necessidades navais no Brasil.
As questões de importações da informática foram trasnferidas para a
Coordenação de Atividades de Processamento Eletrônico (CAPRE), ligada
ao Ministério de Planejamento.
Primeiro confronto entre o Brasil e interesses estrangeiros, pela falta de uma
definição explícita da reserva de mercado em relação aos mini e
microcomputadores – IBM e Burroughs.
As ações de CAPRE foram transferidas para a Secretaria Especial de
Informática (SEI) Ligada ao Conselho de Segurança Nacional (CSN). Esta
decisão acarretou inúmeras discussões pelo fato de a CSN estar ligada às
opressões da ditadura militar.
É aprovada a lei de informática, a qual impôs restrições ao capital
estrangeiro, tornou legal a aliança do Estado com o capital privado nacional.
Essa lei tinha uma maturidade, visando à competitividade internacional.
Faltam recursos humanos capacitados para o sistema de ciência e
tecnologia. A partir daí, o governo passou a intensificar os investimentos na
área de educação de 1º e 2º graus.
Fonte: TAJRA (2011, p. 26).
Na década de 1980, os países do primeiro mundo transformaram a inclusão dos
computadores nas escolas numa questão problemática nacional. Segundo Tajra
(2011), em 1983 53% das escolas dos EUA já utilizavam computadores com grande
apoio de empresas privadas que atuavam nesta área.
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Diante deste panorama, o governo brasileiro iniciou várias ações no sentido de
instalar computadores na área educacional de 1º e 2º graus da rede pública, visando
assim como outros países, a melhoria da qualidade das escolas, de tal forma que
fosse possível garantir aos alunos o acesso ao conhecimento de uma tecnologia
utilizada na sociedade moderna.
Segundo Oliveira (2009, p. 29), em 1981, “como forma de introduzir a comunidade
educacional nessa discussão, foi realizado, em Brasília, o I Seminário Nacional de
Informática na Educação organizado pela SEI, pelo MEC e pelo CNPQ”. Passando a
representar o marco inicial das discussões sobre informática na educação,
envolvendo, dessa vez, pessoas ligadas diretamente ao processo educacional.
Para se ter uma visão mais resumida e clara sobre as ações da política da
informática na Educação no Brasil e para analisar melhor os passos que o governo
Brasileiro deu em relação a esta política, verifique o quadro seguinte:
TABELA 2 - Tabela das ações da Política de Informática no Brasil
Datas
1979
1980
1981
Ações
A SEI efetuou uma proposta para os setores: educação, agrícola, saúde e
industrial, visando à viabilização de recursos, computacionais em suas
atividades.
A SEI criou uma Comissão Especial de educação para colher subsídios,
visando gerar normas e diretrizes para a área de informática na educação.
I Seminário Nacional de Informática na Educação (SEI, MEC, CNPQ) –
Brasília. Recomendações: que as atividades da informática educativa sejam
balizadas dos valores culturais, sociopolíticos e pedagógicos da realidade
brasileira; que os aspectos técnico-econômico sejam equacionados não em
função das pressões de mercado, mas dos benefícios socioeducacionais; não
considerar o uso dos recursos computacionais como nova panaceia para
enfrentar os problemas de educação e a criação de projetos piloto de caráter
experimental com implantação limitada, objetivando a realização de pesquisa
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sobre a utilização da informática no processo educacional.
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Datas
1982
1983
1983
1984
1986
1987
Ações
II seminário Nacional de Informática na Educação (Salvador), que contou com
a participação de pesquisadores das áreas de educação, sociologia,
informática, psicologia.
Recomendações: que os núcleos de estudos fossem vinculados às
universidades, com caráter interdisciplinar, priorizando o ensino de 2º grau,
não deixando de envolver outros grupos de ensino; que os computadores
fossem um meio auxiliar do processo educacional, devendo se submeter aos
fins da educação e não determiná-los; que o seu uso não deverá ser restrito a
nenhuma área de ensino; a priorização da formação do professor quanto aos
aspectos teóricos, participação em pesquisa e experimentação, além do
envolvimento com a tecnologia do computador e, por fim, que a tecnologia a
ser utilizada seja de origem nacional.
Criação da CE/IE – Comissão especial de Informática na educação ligada à
SEI, CSN e à Presidência da República. Desta comissão faziam parte
membros do MEC, SEI, CNPQ, Finep e Embratel, que tinham como missão
desenvolver discussões e implementar ações para levar os computadores às
escolas públicas brasileiras.
Criação do Projeto Educom – Educação com Computadores. Foi a primeira
ação oficial e concreta para levar os computadores até as escolas públicas.
Foram criados cinco centros piloto, responsáveis pelo desenvolvimento de
pesquisa e pela disseminação do uso dos computadores no processo de
ensino-aprendizagem.
Oficialização dos centros de estudo do Projeto Educom, o qual era composto
pelas seguintes instituições: UFPE(univ. federal de Pernambuco), UFRJ (Univ.
Fed. Rio de Janeiro), UFMG ( Univ. Federal de Minas Gerais), UFRGS (Univ.
Federal do Rio grande do Sul) e Unicamp (Univ. Est. De Campinas). Os
recursos financeiros para esse projeto eram oriundos do Finep, Funtevê e do
CNPQ.
eCriação do Comitê Assessor de Informática para Educação de 1º e 2º
graus (Caie/Seps) subordinado ao MEC, tendo como objetivo definir os rumos
da política nacional de infomática educacional, a partir do Projeto Educom. As
suas principais ações foram: realização de concursos nacionais de softwares
educacionais; redação de um documento sobre a política por eles definida;
implantação de Centros de Informática Educacional (CIEs) para atender cerca
de 100.000 usuários, em convênio com as Secretarias Estaduais e Municipais
de Educação. Definição e organização de cursos de formação de professores
dos CIEs e efetuar a avaliação e reorientação do Projeto Educom.
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Datas
Ações
1987
Elaboração do Programa de Ação Imediata em informática na Educação, o
qual teve, como uma das suas principais ações, a criação de dois projetos:
Projeto Formar que visava à formação de recursos humanos, e o Projeto
Cied que visava à implantação de Centros de Informática e Educação. Além
destas duas ações, foram levantadas as necessidades dos sistemas de
ensino, relacionadas à informática no ensino de 1º e 2º graus, foi elaborada a
Política de Informática na Educação para o período de 1987 e 1989 e, por fim,
foi estimulada a produção de softwares educativos. O projeto Cied
desenvolveu-se em três linhas: Centros de Informática na Educação Superior
(Cies), Centros de Informática na Educação de 1º e 2º Graus e Especial (Cied)
e Centros de Informática na educação Técnica (Ciet)
Criação do Proinfo, projeto que visava à formação de Núcleos de Tecnologias
Educacionais (NTEs) em todos os estados do País. Esses NTEs serão
compostos por professores que devem passar por uma capacitação de pósgraduação referente à informática educacional, para que possam exercer o
papel de multiplicadores desta política. Todos os estados receberão
computadores, de acordo com a população de alunos matriculados nas
escolas com mais de 150 alunos.
1995
Fonte: TAJRA (2011, p. 28).
Entre todos os projetos de informática educativa, o PROINFO – Programa Nacional
de Informática na Educação é considerado o mais ambicioso, impulsionando pelo
governo federal, conforme comentário do Tajra (2011, p. 31).
O PROINFO abrange o ensino fundamental e médio em cada unidade de federação,
Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE). Estes núcleos darão apoio na
informatização das escolas, auxiliando não só com o processo de informatização
das escolas, como na incorporação, planejamento da nova tecnologia, no suporte
técnico e na capacitação dos professores e das equipes administrativas da escola.
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3 IMPLANTAÇÃO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA NAS ESCOLAS COM E SEM
CURRÍCULO NO REGIMENTO ESCOLAR
Os procedimentos usados nas escolas públicas para obter o laboratório de
informática estão descritos no site do MEC (Ministério da Educação) no programa
PROINFO, onde existe um manual com todas as instruções de como cada prefeitura
pode fazer seu cadastro para receber o laboratório nas escolas. Alguns critérios
principais foram observados, como que a escola deve ter mais de 30 alunos
matriculados, energia elétrica e o município deve aderir ao cadastro fornecido pelo
programa para preencher todos os requisitos, como também adquirir as cartilhas de
instalação e estrutura física mínima necessária para receber os micro-computadores.
As escolas foram pré-selecionadas de acordo com o Censo Escolar e o IDEB do
Município, com prioridade para as que tiveram o IDEB abaixo de 2. Na sequência,
ingressaram na seleção os municípios que enviaram a documentação do ProInfo
(Termo de Adesão).Para pré-selecionar escolas, foram triadas informações do
Sigetec, que é alimentado com os dados do Censo Escolar preenchidos pela própria
escola. Portanto, caso haja alguma escola que atenda aos critérios de seleção e que
não esteja na lista de seleção, deve-se fazer uma solicitação ao MEC, para que ela
seja inserida na distribuição (somente o MEC insere escolas na seleção) (BRASIL,
2012).
Nas escolas privadas, podem acontecer duas formas de introdução do laboratório, a
própria escola é que compra os microcomputadores e cuida de toda instalação e
manutenção dos laboratórios com pessoal especializado no assunto ou contrata
uma empresa de Tecnologia, onde neste caso todos os serviços serão terceirizados,
inclusive os professores de laboratório.
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Baseados numa pesquisa exploratória qualitativa, que visa avaliar a qualidade e a
necessidade do currículo de informática nas escolas, realizamos pesquisas
qualitativas em escolas no município da Serra-ES. A fim de analisar o paralelo entre
uma escola com e sem currículo, bem como, se há uma aprendizagem significativa
em ambas as escolas, com e sem currículo de informática.
3.1 A REALIDADE DAS AULAS EM ESCOLAS QUE JÁ POSSUEM CURRÍCULO
DE INFORMÁTICA NO REGIMENTO ESCOLAR
Conforme o Formulário de Pesquisa Exploratória Qualitativa (Anexo A), as três
perguntas
que
envolvem
a
inclusão
do
currículo
de
informática,
a
interdisciplinaridade, as condições dos equipamentos e qualificação do professor,
tiveram resultados de total aceitação por parte dos professores e alunos, bem como
da gestão escolar. Podemos visualizar esta realidade das pesquisas que apontam
apenas 0,14% dos entrevistados que visualizaram dificuldades e/ou melhorias a
serem realizadas.
Foi unânime nas pesquisas das escolas, tanto alunos como professores e equipe
pedagógica, da importância do currículo de informática na escola.
Já há por parte da escola particular com currículo uma conscientização de aquisição
de equipamentos modernos, quantidade adequada ao número de alunos,
planejamento interdisciplinar e qualificação adequada do professor de informática.
As pesquisas demonstraram que esta realidade curricular não condiz com a escola
pública, pois, mesmo havendo currículo de informática na escola pública não há
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equipamentos e manutenção adequada e planejamento interdisciplinar. Pode se
perceber que estas dificuldades são devidas as políticas públicas e não a gestão
escolar.
3.2 A REALIDADE DAS AULAS EM ESCOLAS QUE ATUAM APENAS COMO
SUPORTE E NÃO COMO CURRÍCULO ESCOLAR
Surpreendentemente nas escolas sem currículo 45% dos entrevistados não aprovam
o currículo de informática como disciplina de avaliação na aprendizagem.
Percebemos que este desinteresse por parte dos alunos é devido a uma falta de
conscientização da importância da disciplina de informática no contexto social e
também por ser mais uma matéria a serem avaliados. Já por parte dos professores
há uma resistência em planejar as aulas juntamente com o professor de informática.
De acordo com a justificativa do aluno “A”, é fácil perceber os motivos pelo qual não
há interesse de que a informática seja incluída no currículo escolar: - “ Não. Porque
eu acho que a informática é para nos distrairmos”.
Percebe-se que os 45% que são contra à inclusão da informática no currículo
escolar
refletem em sua maioria, o pensamento desse aluno que não vê esta
disciplina como instrumento pedagógico e sim como distração.
De acordo com as pesquisas realizadas na terceira pergunta do Anexo A, 27% dos
entrevistados tiveram a coragem de criticar as condições do laboratório, a condições
do planejamento escolar e a qualificação do professor de informática. Era evidente
que a escola apresentava dificuldades com a interdisciplinaridade da informática no
currículo escolar, no entanto, 73% dos entrevistados disseram que estava tudo bem.
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Apesar da maioria não criticar o uso do laboratório, percebemos através dos pontos
fracos citados abaixo que essa realidade é retratada com veracidade apenas pela
minoria:
4 PONTOS FORTES E FRACOS DAS AULAS DE INFORMÁTICA COM E SEM
CURRÍCULO EM SEU PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO.
Foram percebidos, nas pesquisas, alguns pontos fortes e fracos na utilização da
informática educativa nas escolas, as maiores dificuldades estão nas escolas onde
não se tem autonomia para utilização dos softwares, já é pré-determinado pela
administração pública, como também a dependência de uma só equipe de
profissionais para solucionar problemas técnicos nos computadores, trazendo assim
uma limitação e às vezes atrasos no funcionamento das aulas devido a esta
dependência.
4.1 PONTOS FORTES
a)
Utilizado como instrumento didático;
b)
Mais eficiência na aprendizagem dos alunos;
c)
Possibilidade de alcançar o mundo através da internet/pesquisas;
d)
Interação com as outras disciplinas (quando está no currículo);
e)
Aulas mais dinâmicas;
f)
Autonomia dos trabalhos escolares;
g)
Motivação e criatividade, tendo em vista as ferramentas pedagógicas;
h)
Ambiente de autoajuda facilitando a concentração.
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Segundo Tajra (2011), os ambientes de informática contribuem positivamente para
uma aprendizagem significativa, porém é importante que as pessoas envolvidas nos
projetos, estejam abertas a novos desafios.
Isso fica claro no depoimento da pedagoga Arlene Aparecida Leite Nogueira, citada
por Tajra (2011 p. 58), no projeto Meninfor na FUNDHAS.
Trabalhando na área da educação, surgem vários desafios, principalmente devido à
baixa escolaridade. Eu sempre me preocupei com este fato. Uma dificuldade que
sempre sentia é como motivar os alunos para superar estas questões. Como leválos a escrever de uma forma divertida, criativa e com ganhos reais? Quando foi
implantado o Projeto de Informática, fui convidada para atividades que os
adolescentes no Educacional, procurando auxilia-los nas dificuldades que sentiam
na escola ao elaborar seus trabalhos escolares. Comecei a verificar que os
adolescentes se sentiam motivados, quando as atividades que desenvolviam comigo
seriam posteriormente complementadas na sala de informática. Como exemplo,
posso citar a Simone, 15 anos, adolescente de pouca comunicabilidade. Era muito
difícil ouvi-la falar. Lia precariamente, copiava o que estava no quadro, sem entender
direito o que estava fazendo. Começamos a trabalhar em conjunto, eu e a
professora que atuava no ambiente de informática, que também é da área de
Educação, formada em Letras. Simone desenvolvia as atividades comigo depois
digitava-as e fazia inúmeras ilustrações para os seus trabalhos usando os
computadores do ambiente de informática. Começamos a verificar que ela começou
a se interessar, pois via o trabalho terminado, com ordem e capricho, devido aos
softwares utilizados. Hoje, depois de um ano, verificamos que seu relacionamento
com os demais do grupo melhorou. Já conseguimos ouvir mais sua voz e,
principalmente, consegue escrever com copreensão, pois seus textos apresentam
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uma estrutura lógica de pensamento com começo, meio e fim, e o mais importante
de tudo isso é que essa adolescente retornou à escola.
4.2 PONTOS FRACOS
a) Sem internet o avanço é limitado;
b) Quando os professores não têm formação adequada;
c) Quando as aulas não são planejadas para o laboratório, faltando a
interdisciplinaridade entres os conteúdos do currículo da escola;
d) Demora no conserto de computadores com defeito;
e) A manutenção dos equipamentos era precária e monopolizada pelas políticas
públicas (no caso da escola pública)
f)
Não há qualificação adequada do professor de informática bem como não existe
o cargo regularizado pelo município da Serra-ES;
g) Não há quantidade suficiente de computadores em relação ao número de
alunos;
h) Não há cadeiras e mesas apropriadas, no que diz respeito ao layout e
disposição na sala de informática dos alunos e professor.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos que a educação esta caminhando para uma melhoria que se dá a
passos lentos, o governo lança projetos novos, os educadores ao mesmo tempo em
que percebem as novas ferramentas de aprendizagem, também resistem a elas,
alguns por falta de domínio, outros por simples desgaste e cansaço que a profissão
pode trazer com o passar dos anos. A informática educativa veio para ficar e
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.
melhorar a aprendizagem nas escolas, como já foi expresso neste artigo, não há
como fugir dessa realidade tão presente, pois a tendência são que os avanços
tecnológicos tomem conta não só da educação, mais da sociedade como um todo.
Acreditamos que a informática como disciplina no currículo escolar, assim como a
valorização dos professores desta área, é de fundamental importância para uma
melhor qualidade no ensino, seja público ou privado.
Percebemos após as pesquisas, que as escolas que não tem no currículo a
informática educativa, tendo apenas o laboratório como mais uma ferramenta para
os regentes de sala, se assim eles desejarem, pois a maioria não inseriu nos seus
planejamentos a tecnologia fornecida nas escolas, estas não conseguem obter uma
dinâmica e suas aulas trazendo motivação aos alunos, assim como o uso do
laboratório não é direcionado, fazendo com que a maioria dos alunos achem que a
ida ao ambiente informatizado é apenas para distração.
Em nosso entendimento é um desperdício gravíssimo do tempo, espaço e
conteúdos utilizados nos espaços sem currículos, apresentando sem eficácia a
aprendizagem destes alunos. Amarrados à racionalidade cientifica (SANTOS, 2003),
os professores encontram mais dificuldades para incorporar o computador e rede ao
seu fazer pedagógico.
Concluímos também que ao incluir a informática educativa, deve-se sim ensinar o
básico dos softwares administrativos, como editores de textos, planilhas eletrônicas,
slides de apresentação e internet, mais sem usar o método tecnicista, ou seja, ao
ensinar um editor texto, trazer uma atividade que esteja no planejamento da aula e
associar a atividade com as ferramentas administrativas, para assim não fugir do
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foco que é a aprendizagem e integração com o conteúdo planejado pelos regentes
de sala.
Deve-se enfatizar também a questão da valorização do professor de informática
educativa, o reconhecimento deste cargo e a formação adequada para que este
profissional faça a diferença esperada e desejada nesta nova era da educação, uma
era digital.
Finalmente temos como projeto em nossa profissão como docente, que buscaremos
utilizar de forma coerente, os recursos disponíveis para que os alunos possam
aprender com felicidade, motivação e análise crítica do conhecimento adquirido.
6 REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. PROINFO: Programa Nacional de Informática na
Educação. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=462&id=244&option=com_content&view=article>.
Acesso em 02 ago. 2012.
KLOCH, Herminio. Informática básica e tecnologia na educação. Indaial: Grupo
UNIASSELVI, 2010.
OLIVEIRA, Ramon de. Informática educativa: dos planos e discursos à sala de aula. 14.
ed. Campinas: Papirus, 2009.
SANTOS, Boaventura de S. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2003.
TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação. 8. ed.. São Paulo: Érica, 2011.
7 REFERÊNCIAS CONSULTADAS
FABRA. Centro de Ensino Superior Fabra. Normas para elaboração de artigo científico.
Serra, ES: FABRA, 2012.
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.
MATTOS, Cristiane Millan de. A escola como espaço da inclusão digital. Disponível em:
<http://monografias.brasilescola.com/matematica/a-escola-como-espaco-inclusaodigital.htm/>. Acesso em 21 ago. 2012.
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 01, jan./jun. 2013.
ANEXO A - FORMULÁRIO DE PESQUISA EXPLORATÓRIA – QUALITATIVA
Identificação da Pesquisa: Esta pesquisa visa avaliar a qualidade e a necessidade do
currículo de informática nas escolas para uma aprendizagem significativa. Em cada resposta
deve haver pelo menos uma justificativa.
Data da Pesquisa: _____/____/_____
Pesquisa em escola: Com Currículo ( ) - Sem Currículo ( )
Objeto da pesquisa: Aluno ( ); Professor de informática ( ); Professor/outras
disciplinas ( ) Equipe pedagógica.
Questões da pesquisa:
1) Diante do crescimento do uso do computador na vida familiar e profissional, você
acha importante que uma escola tenha aula de informática, como disciplina de
avaliação na aprendizagem do aluno? Justifique sua resposta.
Sim ( )
Não ( )
Justificativa:
2) O uso do laboratório tem contribuído de forma determinante para a aprendizagem?
Isto é, a informática em sua escola através do laboratório e do Professor de
informática, tem sido relevante para aprendizagem e mediação com outras
disciplinas (português, matemática etc.), facilitando a aprendizagem do aluno?
Justifique sua resposta.
Sim ( )
Não ( )
Justificativa:
3) Você acha que as condições do laboratório e das aulas de informática são favoráveis
a aprendizagem e modernas (atendem as necessidades atuais). Isto inclui: o
computador, as condições físicas da sala, os programas utilizados e a qualificação
do professor de informática. Isto é, algumas dessas questões precisam ser
melhoradas? Justifique sua resposta.
. Sim ( ) Não ( )
Justificativa:
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