A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO PRODECOOP E PROCAP-AGRO E O CRESCIMENTO DAS COOPERATIVAS AGROINDUSTRIAIS DA REGIÃO SUL WILIAN PADILHA1 Resumo: Na década de noventa as políticas de crédito foram inexpressivas para atender a demanda das cooperativas agropecuárias brasileiras. A falta de recursos para investimentos fez com que o setor abandonasse projetos de expansão e industrialização. Nos anos 2000, houve a retomada das políticas de financiamento, com destaque para criação de programas específicos para capitalização das cooperativas: o PRODECOOP e PROCAP-AGRO, que aplicaram entre 2003 e 2014 R$ 19 bilhões na modernização produtiva e comercial do setor. Os recursos concentraram-se na região Sul, onde o cooperativismo passou por um intenso processo de verticalização. O BNDES se destacou nesse processo como principal agente na distribuição do crédito para investimento. Palavras-chave: Cooperativas agroindustriais; Políticas de crédito; Região Sul. Abstract: In the nineties credit policies were meaningless to meet the demand of Brazilian agricultural cooperatives. Lack of funds for investments caused the industry to abandon projects of expansion and industrialization. In the 2000s, there was a resumption of funding policies, with emphasis on creation of specific programs for capitalization of cooperatives: PRODECOOP and PROCAP-AGRO, who applied between 2003 and 2014 R$ 19 billion in the modernization of the productive and commercial sector. The resources were concentrated in the South, where the cooperative went through an intense process of verticalization. The BNDES stood out in this process as the main agent in the distribution of credit for investment. Key-words: Agroindustrial cooperatives; Credit policies; South Region. 1 – Introdução A política de crédito faz parte da história do cooperativismo agropecuário brasileiro, principalmente a partir da década de 1970, quando os recursos oficiais foram fundamentais para o surgimento, crescimento e consolidação de cooperativas como complexos agroindustriais. No final dos anos oitenta e nos anos noventa a crise mundial, somada a recessão interna brasileira, desencadeou políticas de ajuste econômico, com aumento dos juros e corte dos recursos de financiamentos públicos. No caso das cooperativas, os recursos do crédito diminuíram para R$ 32 bilhões na década de 1990, contra R$ 109 bilhões dos anos oitenta (BACEN, 2014). Novas mundanças políticas no inicio dos anos 2000 fizeram o crédito rural voltar a crescer. O valor repassado as cooperativas aumentou para R$ 61,9 bilhões, 1 Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal De Santa Catarina. Email de contato: [email protected] 6187 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 93% a mais que no decênio anterior. Nesse contexto dois programas se destacaram no financiamento do setor: o PRODECOOP e PROCAP-AGRO, aplicarando entre 2003 e 2014 cerca de R$ 19 bilhões (MAPA, 2015). Os programas foram fundamentais para processo de reestruturação produtiva das cooperativas, destinando recursos para investimentos produtivos e capital de giro. O reflexo foi um novo ciclo de crescimento do cooperativismo no pós-2000: de 2000 a 2012 o número de cooperativas agropecuárias no país cresceu de 1.411 para 1.561, os sócios aumentaram de 831 mil para 1 milhão e os empregados de 108,2 mil para 164,2 mil. As exportações do setor evoluíram de US$ 760 milhões em 2000 para US$ 6 bilhões em 2013 (OCB, 2015). O objetivo do trabalho é analisar a evolução do PRODECOOP e PROCAPAGRO, mostrando a participação do Sul na tomada de recursos e os principais investimentos realizados pelas cooperativas regionais após 2003. A metodologia utilizada envolveu pesquisa, coleta e processamento de dados estatísticos e análise de bibliografias relacionadas à temática. Os indicadores das cooperativas e das políticas de crédito provêm do BACEN, MAPA e BNDES. 2 – PRODECOOP O PRODECOOP foi criado em 2003 e desde então tem sido a principal política de investimento para as cooperativas agropecuárias. Os recursos destinamse a investimentos em infra-estrutura e modernização de sistemas produtivos e de comercialização, como: instalação, ampliação e modernização de indústrias ligadas ao processamento e beneficiamento vegetal (fibras, cereais, oleaginosas, legumes, vegetais, ervas, frutas, sucos, grão em geral), animal (carnes suína, aves, pescados, ovos, leite e couro), indústrias de produção de álcool, açúcar e biodiesel, fábrica de rações, fertilizantes, Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS), etc. A Tabela 01 demonstra a evolução dos recursos aplicados pelo PRODECOOP considerando o ano-agrícola (que vai de 1º de julho a 30 de junho do ano seguinte).2 2 A preferência por apresentar os dados dessa forma deve-se organização das políticas agrícolas, que seguem o ano-agrícola. 6188 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Tabela 01: Evolução dos recursos, juros e operações do PRODECOOP Valores em Milhões de R$ Corrigidos – IGP-DI (06/2014). Fonte: Estatísticas e Dados Básico de Economia Agrícola, MAPA/2015. A soma do valor total aplicado pelo PRODECOOP entre 2003 e 2014 é de R$ 8,8 bilhões. O auge do programa, considerando os valores aplicados, foi de 2007/08 a 2010/11, com R$ 4,6 bilhões, 52,2% do total observado. O maior valor foi em 2009/10 com R$ 2 bilhões, seguido de queda nos anos seguintes: em 2010/11 decréscimo de 41% e 62% em 2011/12. A diminuição dos valores nesses anos deve-se a três fator principais: a ascensão do PROCAP-AGRO, que possuí recursos para outras finalidades (esse programa será apresentado no próximo sub-item), o surgimento de programas de investimentos que as cooperativas também tinham acesso,3 e a própria diminuição no ritmo de investimento das cooperativas. A taxa de juros é um fator importante dos recentes programas de crédito. No caso do PRODECOOP, inicialmente era de 10,75% ao ano, diminuindo para 8,75% e 6,75% em 2007/08 e 5,5% em 2012/13. As taxas ficaram abaixo dos juros do mercado e em alguns casos foram até negativas descontando a taxa de inflação. 3 PSI-BK que tem juros de 2,5% ao ano, PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns), que possuí juros de 3% ao ano e o PRONAF Agroindústria com juros de 2% ao ano (BNDES, 2015). 6189 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Isso, somado aos períodos de carência e longos prazos de pagamento, incentivou a tomada de recursos por parte das cooperativas agropecuárias. Em 2007/08, por exemplo, na queda na taxa de juros do programa para 6,75% a aplicação dos recursos aumentou 113%, de R$ 373 milhões para R$ 796 milhões, e 60% em 2008/09, de R$ 796 milhões para R$ 1.2 bilhões. O mesmo pode ser observado em 2012/13, quando a queda para 5,5% fez com que os recursos crescessem 37% e 20% em 2013/14. Com relação as operações, o programa somou 3.689 contratos. De 2007 até metade de 2010 houve aumento no número de operações, atingindo 514 contratos em 2009/10, maior número registrado. Contudo, a partir deste ano, assim como nos valores as operações também declinaram, chegando a 176 entre 2011/12. Calculando a média dos valores das operações, as melhores médias são em 2010/11 com R$ 3,5 milhões por contrato, 2009/10 com R$ 3,1 milhões e 2008/09 com R$ 1,9 milhão. A maior parte dos recursos foram direcionados para região Sul do país, que concentrou entre 2003 e 2012 cerca de 82% do valor total do programa. A Tabela 02 apresenta a evolução do PRODECOOP nos estados do Sul. Tabela 02: Evolução do PRODECOOP no Sul do Brasil – 2003/12 ¹ Participação (%) do Sul do total do PRODECOOP. Valores em Milhões de R$ Correntes. Fonte: MAPA. Na média, os estado do Sul representaram 82% do valor do PRODECOOP, chegando próximo dos 90% em alguns anos. O estado que mais se destacou foi Paraná, que somou R$ 2,95 bilhões entre 2003 e 2012, correspondendo a 55% do total. Em 2011 e 2012 o estado teve a maior participação percentual: 64% e 68%. 6190 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Santa Catarina somou R$ 776 milhões (13% do total no período) e Rio Grande do Sul somou R$ 709 milhões (12% do total). Além desses, destacaram-se o Espírito Santo com R$ 524 milhões (8,8%) e São Paulo com R$ 479 milhões (8,1%). Entre 2008 e 2009 houve elevado crescimento da aplicação dos recursos. No Paraná o aumento foi de 289 para 690 milhões de reais, correspondendo a 138%. Em Santa Catarina os valores aumentaram de R$ 120 para R$ 173 milhões, cerca de 45% e no Rio Grande Sul de R$ 146 para R$ 151 milhões, 3,4% a mais. No Sul um dos agentes mais importantes na distribuição de recursos do PRODECOOP foi o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Entre 2006 e 2012 o banco aplicou R$ 2,3 bilhões, equivalente a 45% do total do programa nesse período. 3 – O PROCAP-AGRO O Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias – PROCAPAGRO – surgiu em 2009, tendo como principal objetivo promover a recuperação e a reestruturação patrimonial das cooperativas agropecuárias/agroindustrial através do saneamento financeiro por meio da integralização de quotas-parte e financiamento de capital de giro para atender as necessidades operacionais (BNDES, 2015). Dentre as finalidades, destaca-se o financiamento do capital de giro, que é onde se concentra a maior parte dos recursos. Legalmente, o montante de recursos destinados ao financiamento do capital de giro está limitado em 80% do volume total do programa, cabendo ao BNDES o controle desse limite. Em 2011/12, por exemplo, dos R$ 2 bilhões previstos para o PROCAP-AGRO, R$ 1,4 bilhões era para capital de giro (70%) e R$ 600 milhões para cotas-partes e saneamento financeiro (30%). Em 2014/15, o total do programa é de R$ 3 bilhões, sendo R$ 2,55 bilhões para capital de giro (83%). Como as cooperativas agropecuárias assumem o papel de repassadoras de recursos de terceiros a seus associados, o endividamento dessas empresas tende a ser elevado. As operações de antecipação de recursos demandam grandes volumes de capital de giro (ALVES, 2003). 6191 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO A criação do PROCAP-AGRO em 2009 foi também uma resposta à crise internacional, que diminuiu o fluxo de capital para financiamento privado. Isso limitou os recursos de capital de giro disponibilizado por empresas de comercialização de insumos e cereais ligadas ao capital financeiro internacional. Assim, o contexto da crise, somado ao crescimento econômico das cooperativas, pressionaram o governo para criar uma linha que atendesse a demanda do setor para formação de capital de giro. A Tabela 03 demonstra a evolução dos valores, juros e contratos do PROCAPAGRO entre 2009 e 2014. Tabela 03: Evolução dos recursos, juros e operações do PROCAP-AGRO Valores em Milhões de R$ Corrigidos – IGP-DI (06/2014). Fonte: Estatísticas e Dados Básico de Economia Agrícola, MAPA/2015. O volume de recursos aplicados pelo PROCAP-AGRO entre 2009 e 2014 foi de R$ 10 bilhões. Sendo que 2010/11 e 2011/12 somam R$ 5,7 bilhões, 58% do total. Com relação às operações, no período houve 2.508 contratos, com destaque para 2010/11 e 2011/12 com 1.568 operações, 62% do total. Em 2012/13 a queda mais acentuada nos contratos e valores deve-se ao aumento na taxa de juros para o capital de giro. Até então, a taxa era de 6,75% passando para 9% ao ano. No ano seguinte, a taxa retorna a 6,75%, o novamente os recursos aumentam. Os juros de 5,5% ao ano a partir de 2012 são para integralização de quotas-parte do capital social. Comparado com as aplicações do PRODECOOP no mesmo período, que foi de R$ 5,2 bilhões, o volume alocado pelo PROCAP-AGRO foi 92% maior. A Tabela 04 demonstra a distribuição dos recursos em 2010, 2011 e 2012 pelo estado do Sul. 6192 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Tabela 04: Distribuição dos recursos do PROCAP-AGRO por Estados ¹ Participação do estado do total dos recursos do PROCAP-AGRO. Valores Correntes em Milhares de R$. Fonte: MAPA, 2015. No total do Sul, tem-se entre 2010 e 2012 R$ 3,4 bilhões, equivalente a 64,4% do total do PROCAP-AGRO no país. O Paraná concentra maior parte dos recursos, com 35%, equivalente a R$ 1,8 bilhão. O Rio Grande do Sul somou R$ 894 milhões (16,5%) e Santa Catarina R$ 695 milhões (12,9%). Além destes estados, destacam-se São Paulo com R$ 861 milhões (15,9%) e Minas Gerais com R$ 733 milhões (13,5%). No crescimento observado entre 2010 e 2011, o Rio Grande do Sul registrou incremento de R$ 150 milhões, saindo de R$ 244 para R$ 394 milhões (61%). O Paraná cresceu de R$ 787 para R$ 860 milhões, aumento de R$ 73 milhões (9,3%) e Santa Catarina aumentou de R$ 281 para 345 milhões, 65 milhões a mais (22%). Em 2012 a queda nos valores foi geral entre os estados. 4 – BNDES e o financiamento das cooperativas do Sul O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) teve um importante papel na viabilização dos recursos do crédito oficial. Nos últimos anos o banco aumentou sua importância nos investimentos da agricultura de R$ 6,6 bilhões em 2003/04 para R$ 24,9 bilhões em 2013/14. Para as cooperativas o aumento foi de R$ 90 milhões em 2003 para R$ 3,5 bilhões em 2011 (MAPA, 2015). Para demonstrar a importância das políticas de crédito no desenvolvimento das cooperativas da região Sul, foram analisados os financiamentos realizados por algumas empresas junto ao BNDES entre 2003 e 2014. As instituições selecionadas são: Coamo, Lar, C.Vale, Cocamar, Agrária, Frimesa, Copacol e Castrolanda do Paraná e Aurora e Cooperalfa de Santa Catarina. Estas cooperativas estão entre as 6193 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO maiores do Brasil e fornecem boa base de informações para averiguar a importância das políticas públicas no crescimento do setor. A Tabela 5 apresenta os financiamentos e o número de operações realizadas por cada cooperativa entre 2003 e 2014 no BNDES. A maior fonte dos recursos é do PRODECOOP, principal linha de financiamentos para o setor dentro do banco. Tabela 05: Financiamentos das cooperativas junto ao BNDES – 2003/14 Fonte: BNDES, 2015. As cooperativas somaram no período R$ 2,4 bilhões em financiamentos no BNDES. A Copacol, Aurora e Coamo destacaram-se com volumes acima de R$ 400 milhões. Com relação as operações, foram 78 contratos, cerca de 75% realizados após 2008. O novo panorama financeiro, com aumento de recursos, juros baixos e longos prazos de pagamento, incentivou a realização de financiamentos e o conseqüente crescimento do setor. Os investimentos em unidades de armazenagem permitiram a expansão da área de atuação e de coleta de produtos. Os investimentos em industrialização permitiram agregar valor e diversificar a produção, estabilizar e aumentar o faturamento. A Tabela 6 apresenta as finalidades dos financiamentos realizados pelas cooperativas no BNDES. Os contratos foram divididos entre: “Armazenagem” que compreende os recursos destinados a construção, aquisição e ampliação de sistemas de armazenagem e comercialização de grãos; e “Industrialização” que 6194 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO refere-se a construção, modernização, ampliação e aquisição de unidades industriais de diferentes tipos. Tabela 6: Finalidade dos financiamentos das cooperativas com o BNDES – 2003/14 Fonte: BNDES, 2015. Os investimentos das cooperativas somaram R$ 2,39 bilhões, sendo R$ 1,58 bilhão para industrialização (66%) e R$ 808,6 milhões para armazenagem (34%). As empresas que mais investiram em verticalização foram: Aurora R$ 406 milhões, Copacol com 357 milhões e Coamo com R$ 214 milhões. Com relação a armazenagem e comercialização destacaram-se a Coamo com R$ 214 milhões, Lar com R$ 178 milhões e Agraria com R$ 167 milhões. Apenas a Frimesa não investiu em armazenagem de grãos, pois atua especificamente no processamento de carnes e leite. 6195 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Houve também financiamento de capital de giro por parte da Cooperalfa e C.Vale. É importante frisar que o capital de giro é obtido em diferentes agentes financeiros, tanto públicos como privados, porém, o BNDES é um banco de investimento, por isso a pouca participação nessa modalidade de crédito. Percebe-se que grande parte do crédito foi para a industrialização. Na década de 1990, com a escassez do crédito oficial as empresas tiveram dificuldade de captar recursos para investimentos no mercado, interrompendo os projetos de integração vertical. Muitos desses projetos foram retomados nos anos 2000. Os principais investimentos industriais das cooperativas foram: Copacol: fábricas de rações para peixes e bovinos, frigoríficos de peixes e aves, esmagamento de soja, produção de leitões e alevinos. Aurora: presuntaria, frigorífico de suínos e aves, laticínio e fábrica de lácteos, fábricas de rações para aves. Coamo: moinho de trigo, fábrica de óleo de soja, fiação de algodão e indústria de gorduras vegetais e margarinas. Lar: unidade de produção de pintainhos e beneficiamento de ovos, frigorífico de aves, fábrica de rações e concentrados. Agraria: unidade industrial de produção de grits cervejaria e “flakes” de milho. Castrolanda: frigorífico de suínos, fábrica de rações, processamento de leite “longa vida”, creme de leite e achocolatados. Cooperalfa: beneficiamento de sementes, fábrica de rações para bovinos e aves, laticínios e fábrica de leite em pó. C.Vale: frigorífico de aves. Frimesa: frigorífico de suínos. Cocamar: indústria de fios, central de geração de energia a partir da queima de biomassa. A diversificação industrial, sobretudo na área de alimentos, elevou as vendas das cooperativas selecionadas de US$ 7,8 bilhões em 2003 para US$ 13,8 bilhões em 2013, e seis delas estavam entre as dez maiores empresas ligadas a produção agropecuária do país em 2013 (considerando o volume de vendas) (EXAME, 2015). 5 – Conclusão Além do crédito, outros fatores interferiram no desempenho das cooperativas no período recente, como o aumento nas exportações, crescimento do mercado 6196 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO interno, aumento da produção agropecuária, melhora nas condições de infraestrutura e logística, elevação dos preços dos produtos agrícolas e etc. Contudo, a reestruturação do crédito permitiu que as cooperativas agropecuárias investissem em infra-estrutura produtiva, comercial e na composição de capital de giro, elementos fundamentais para garantir o crescimento das empresas. O Sul concentrou a maior parte dos recursos, demonstrando que o setor está mais presente na região do que nas demais. Como as cooperativas representam mais de 50% do PIB Agropecuário do Sul e uma parte importante da produção agroindustrial, as políticas de crédito para o setor tornam-se automaticamente indutoras do desenvolvimento regional. Referencias Bibliográficas ALVES, André Gustavo. As cooperativas agropecuárias e o BRDE – Histórico, Situação Atual e Perspectivas. Diretoria de Planejamento, BRDE. Novembro/2003. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Anuário Estatístico do Crédito Rural. Brasília: BACEN, vários anos. BNDES. Banco Nacional de Desenvolvimento http://www.bndes.gov.br/, Acesso em abril de 2015. Econômico e Social. BRDE. Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. Relatório de Atividades, vários anos. DELGADO, Guilherme Costa. Capital Financeiro e Agricultura no Brasil: 19651985. São Paulo: Unicamp/Ícone, 1985. EXAME. Maiores e Melhores, 2015. GONÇALVES, José Sidnei. 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