RESUMO O presente trabalho visa mostrar os principais

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Revista Filosofia Capital
ISSN 1982 6613
Vol. 11, Edição 18, Ano 2016.
A HERMENÊUTICA HUMANISTA DE PALMER:
INTERPRETAR, COMPREENDER E TRADUZIR
THE HUMANISTIC HERMENEUTICS OF PALMER:
INTERPRETATION,
UNDERSTANDIG
AND
TRANSLATION
BERGAMO, Maurício Sérgio1
RESUMO
O presente trabalho visa mostrar os principais argumentos de Richard Palmer à interpretação, à
compreensão e à tradução de textos literários, sob o caráter humanista. Abordando aspectos que
tratam sobre a Hermenêutica fenomenológica, as referidas explicações serão oferecidas pela
Hermenêutica, obra na qual Palmer dedica-se em mostrar que a Hermenêutica não é uma tarefa
exclusiva de textos bíblicos. Todavia, Palmer também assevera que a busca pelo significado
humano nas análises hermenêuticas fenomenológicas, são auxiliadas pelos conhecimentos da
História enquanto disciplina. Assim, ele é levado a considerar, como elemento fundamental da
prática da Hermenêutica, a interpretação, a compreensão e a tradução do elemento humano. Com
o auxílio da História enquanto disciplina capacidade em tornar o passado vivo no presente, a
proposta hermeneuta de Palmer pressupõe a desmitologização das obras literárias. Para isso, é
preciso que o exegeta siga algumas regras importantes e, perceba as obras literárias como um
elemento vivo e dinâmico eficazes em resgatar as várias e as diversas constituintes dos períodos
históricos remotos. Entretanto, o exegeta, no curso que o leva à interpretação, a compreensão e a
tradução do elemento humano, depara-se com alguns empecilhos que tendem a tornar obscura e
ofuscada, a busca pelos valores de verdades das sentenças literárias.
Palavras-chave: Interpretar. Compreender. Traduzir.
ABSTRACT
This paper aims to show the main arguments of Richard Palmer, over the interpretation,
understanding and translation of literary texts under humanist character. Addressing aspects that
deal with the phenomenological hermeneutics, these explanations will be offered by
Hermeneutics, work which the hermeneut is dedicated to show that the Hermeneutics is not an
exclusive task to biblical texts. Nevertheless Palmer also shows that the search for the human
meaning in phenomenological hermeneutic analysis is also helped by the knowledge of history as
a discipline. Thus he is led to consider as a fundamental element of the practice of hermeneutics,
the interpretation, the understanding and the translation of the human element. He is suported for
History discipline qualified at to live for past in presente. To this, is necessary for exegete follow
some important rules and understand this literary works as alive element and dinamic is an
efficient at rescue the various and diverses components of the remote historical periods. However,
the exegete come cross for interpretation, comprehension and translation for human element,
encounter difficulties they tend obscure render and overshadow, the find for values and truths of
literary works.
Keywords: Interpretation. Understanding. Translation.
1
Graduado em Licenciatura em Geografia (2010) pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões
- Campus de Erechim. Pós Graduado (Lato Sensu) em História da Ciência (2013) pela Universidade Federal da
Fronteira Sul - Campus Erechim. Pós Graduado (Lato Sensu) em Epistemologia e Metafísica (2014) pela Universidade
Federal da Fronteira Sul - Campus Erechim. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/1954351797130326.
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Introdução
Por ser um termo que leva a
derivações que polemizam as discussões, os
homens que estudaram a Hermenêutica, os
hermeneutas, buscaram na raiz da língua
grega e da língua latina, a fim de dar
consistência às exposições, sentidos
correspondentes ao termo. A Hermenêutica
é considerada, por alguns, um instrumento
metodológico, já por outros, uma ciência
autônoma do saber humano, qualificada em
auxiliar
à
compreensão
fiel
das
representações literárias.
Em um primeiro momento, para
evitar que o leitor fique confuso pela falta
de conteúdo e clareza desses escritos, nossa
intenção consiste em expor argumentos
referentes à interpretação do vocábulo, as
possibilidades de entendimento e as
polêmicas existentes em torno do termo
“hermenêutica”.
Investigando no âmbito da linguagem
as origens do termo "hermenêutica",
Ferraris (1988), na obra Historia de la
Hermenéutica,
discorda
do
exame
linguístico da palavra apresenta por Karoly
Kerényi, na obra Os Deuses Gregos.
Kerényi (1998) afirma que a palavra grega
hermenéia, a qual originou a expressão
"hermenêutica" da língua portuguesa,
remete à Hermes, deus grego das
comunicações, que tinha o papel de
simplesmente transmitir com as mesmas
palavras o conhecimento que recebia.
Hermenéia, por sua vez, possui três
derivações: hermenéus, hermeneutés e
hermeneutiké, as quais, na língua latina,
têm a mesma raiz: sermo. Sermo equivale
na língua portuguesa a "relatório" e é
considerada por Ferraris (1988, p. 09) sem
"ninguna relación linguistico-semántica –
aparte la semejanza fonética – con
Hermes".
Embora o fonema hermenéia e o de
suas derivações estejam próximos do
fonema Hermes, Ferraris (1988) mostra
que, outra tentativa de alcançar a exatidão
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do significado da palavra e a pragmática do
vocábulo, apresentada por August Boeckh,
em sua Encyclopädie, também não logrou
êxito. Este compreendeu o termo hermenéia
como "elocução" e "a ser compreendido".
Porém, o objetivo de seu esboço filológico
teve pretensão de se voltar exclusivamente
à investigação literária de documentos
sagrados,
limitando,
reduzindo
e
restringindo, segundo Ferrariz (1988), a
tarefa dos exegetas.
Na obra Hermenêutica, de Richard
Palmer, percebe-se a aproximação do ponto
de vista exposto por Ferraris (1988). Palmer
(2006), assim como Ferraris (1988), elenca
a necessidade de uma Hermenêutica fora de
um contexto exclusivamente teológico e,
desse modo, ambos se contrapõem à
perspectiva de Kerényi (1998) e de Boeckh
(1886).
Investigando a natureza do termo,
Palmer (2006) revela que a palavra grega
mais próxima de “Hermes” é hermeios,
cujo verbo é hermeneuein e o substantivo
hermenéia. Desse modo, seu ponto de vista
se contrapõe à perspectiva de Kerényi
(1998). Para este, é hermenéia, não
hermeios que, em última instância, deu
origem à expressão "hermenêutica".
Palmer (2006) justifica sua colocação
afirmando que, os gregos atribuíam a
Hermes a descoberta da linguagem e da
escrita, as quais, além de serem ferramentas
necessárias para a compreensão humana
alcançar o significado das coisas e oferecer
movimento ao conhecimento, são temas da
investigação Hermenêutica. Assim, ele
expõe que a mensagem do destino trazida
por Hermes – hermeneuein – possibilitava
às pessoas descobrirem as coisas e, na
medida em que desvelassem o significado
dos enunciados divinos, as proposições se
transformavam em meios de explicação da
realidade.
Assim, levada até sua raiz grega mais
antiga, as origens das actuais palavras hermenêutica - e - hermenêutico - sugere
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o processo de tornar compreensível,
especialmente enquanto tal processo
envolve a linguagem, visto ser a
linguagem o meio por excelência neste
processo (PALMER, 2006, p. 24).
Outro
significado
do
termo
"hermenêutica" que é refutado por Palmer
(2006) por se aproximar das exposições de
Kerényi (1998) e de Boeckh (1886), é o que
aparece, do seguinte modo, no Webster
Third New International Dictionary:
"Estudo dos princípios metodológicos de
interpretação e compreensão; hermenêutica
especifica: o estudo dos princípios gerais de
interpretação bíblica" (PALMER, 2006, p.
16).
Essa significação que está próxima do
ponto de vista de Kerényi (1998) e de
Boeckh (1886), por não ter caráter
filosófico, se distanciando, portanto, da
perspectiva de Ferraris (1988) e de Palmer
(2006), também é presente no contexto
apresentado por Japiassú; Marcondes
(2006, p. 130) no Dicionário Básico de
Filosofia com as seguintes palavras:
O termo [hermenêutica] originalmente
teológico, designando a metodologia
própria à interpretação da Bíblia:
interpretação ou exegese dos textos
antigos, especialmente dos textos
bíblicos [e], qualquer técnica de
interpretação.
Essa
palavra
é
frequentemente usada para indicar a
técnica de interpretação da Bíblia.
Refutando as exposições de Kerényi
(1998), Boeckh (1886) e dos autores do
Dicionário Básico de Filosofia, Palmer
(2006) propõe uma Hermenêutica com
caráter filosófico. Para isso, sua proposta
tem no cerne do projeto a noção de
interpretação, termo fundamental que,
conforme suas amostras, será o palco da
compreensão.
As objeções do projeto de Palmer
(2006) se aproximam do significado de
Hermenêutica – ainda que superficialmente
– exibido pelo Dicionário Houaiss Conciso
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que, é o seguinte: "Hermenêutica: [...]
interpretação do sentido das palavras nos
textos [...] arte de interpretar [...] relativo a
interpretação,
próprio
para
fazer
compreender [...]. Arte de descobrir o
sentido
exato
de
um
texto"
(HOUAISS:VILLAR, 2011, p. 496).
Além
da
interpretação,
a
compreensão será considerada por Palmer
(2006) componente indispensável para
fundamentar uma Hermenêutica filosófica,
voltada a considerar as obras literárias, a
intenção dos autores em escrevê-las e a
percepção que cada pessoa tem das
representações literárias, como elementos
indissociáveis de um conjunto. Sua
proposta recebe méritos filosóficos com
orientação e abordagem fenomenológica
que, acabam por submeter à noção de
interpretação e compreensão de uma
concepção realista, à crítica radical.
A
concepção
realista
de
Hermenêutica considera as representações
literárias separadas, tanto das intenções dos
autores como das percepções do conteúdo
por parte dos leitores. Ou seja, o propósito
do autor e a captação do assunto dos
leitores estão distantes, para a concepção de
Hermenêutica realista, da obra literária.
Palmer (2006) afirma que a tarefa de
um interprete realista consiste em penetrar,
por meio da leitura, nos escritos vistos
como um ser autônomo, acabado e
impotente em carregar vestígios históricos e
elementos da racionalidade humana. Isso
ocasiona a separação entre sujeito e objeto e
ao mesmo tempo, propicia, fundamento
filosófico à interpretação literária.
O ponto de partida da perspectiva de
Palmer (2006) tem por referência os
projetos hermenêuticos de Heidegger e de
Gadamer que foram influenciados pelo
humanismo e pelo Romantismo e, que
conectaram a tarefa hermenêutica ao
universo da linguagem e do lógos.
Sob esse panorama, a Hermenêutica
assume caráter filosófico/fenomenológico,
pois, ao se deter nas análises das prestações
linguísticas das pessoas que falam e
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escrevem, ou a mesma língua ou língua
distinta, deve "interpretar [também] una
sonata al violín (en la medida en que la
música se entiende como un lenguaje),
interpretar un libro [e] interpretar un
sueño"2, devido ao fato, de tais atividades
estarem ligadas ao elemento humano, à
racionalidade e à linguagem.
Externamente à concepção de
Hermenêutica realista, a fenomenologia
disponibiliza o ímpeto de um avanço
teórico na prática da interpretação literária.
Na crítica ao realismo, a interpretação
literária fenomenológica realça a relação
dos elementos, pressupostos e ideias com a
perspectiva científica e, revela que a
interpretação literária desabou em um modo
científico de pensar a Hermenêutica, pelo
qual fica ausente a objetividade operatória,
a conceitualização estética e a ausência do
sentido histórico.
Ou seja:
O texto é analisado numa total separação
relativamente
a
qualquer
sujeito
percepcionante, e a análise é considerada
como sentido virtualmente sinônimo de
interpretação. [...] [Essa situação]
promove realmente a própria irrelevância
[da interpretação literária] (PALMER,
2006, p. 18).
A interpretação literária não pode,
para Palmer (2006), ser avaliada pelos
parâmetros científicos, pois, as variáveis
científicas excluem a possibilidade das
representações literárias serem consideradas
como um universo aberto ao diálogo. As
obras vistas através dos parâmetros
científicos se igualam a objetos de análise,
comparadas
com
dados
científicos
manipuláveis que disfarçam a natureza do
mundo vivido. "Contudo, as obras literárias
serão consideradas mais perfeitamente não
enquanto objetos de análise, mas como
textos que falam criados por seres
humanos" (PALMER, 2006, p. 19).
Todas as obras literárias devem
2
Cf. FERRARIS, Historia de la Hermenéutica, trad.
Jorge Pérez de Tudela. Madrid: Akal , p. 09.
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decifrar traços humanos, alcançados por
meio da interpretação e da compreensão. A
Hermenêutica fenomenológica, portanto,
utiliza métodos aplicados às obras literárias
para descrever modos de compreensão
históricos e humanistas.
Sendo a interpretação elemento
primordial e o caminho da compreensão do
projeto fenomenológico hermenêutico, o
qual se desvia de uma perspectiva
científica, pois, enquanto saber autônomo
não trabalha com objetos redutíveis à
análises generalizadas de dados, vejamos o
que Palmer (2006, p. 20) entende por essa
noção:
Desde que acordamos de manhã, até que
adormecemos, estamos a interpretar. Ao
acordar, olhamos para o despertador e
interpretamos
o
seu
significado:
lembramos em que dia estamos e ao
compreender o significado desse dia
estamo-nos já a lembrar do como nos
situamos no mundo e dos planos de
futuro que temos, levantamo-nos e temos
que interpretar as palavras e os gestos das
pessoas que contactamos na nossa vida
diária. A interpretação é, portanto, talvez
o acto essencial do pensamento humano;
na verdade, o próprio facto de existir
pode ser considerado como um processo
constante de interpretação.
Consoante à exposição realizada até o
momento, a interpretação não é restrita ao
mundo da linguagem. Porém, é a linguagem
inserida no tecido social em meio às mais
variadas expressões simbólicas que
possibilitam o homem, através da
comunicação, moldar seu pensamento e a
sua própria visão de homem, interpretando
e compreendendo as várias facetas de vida.
Uma
interpretação
e
uma
compreensão de cunho fenomenológico
acerca das obras literárias escapam dos
parâmetros do conhecimento científico,
foge da existência de um mundo de
conceitos fixados, para encontrar-se com o
mundo histórico e com a experiência
pessoal de quem está no mundo, nosso
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próprio ser-no-mundo.
Isso indica a necessidade de uma
investigação dos princípios que oferecem à
Hermenêutica, considerada originalmente
em sua natureza por "Hermeios", caráter
filosófico e, portanto, fenomenológico.
Diante disso, vejamos, na próxima etapa
deste artigo quais são as principais
orientações que, enquanto campo de saber
autônomo, a Hermenêutica deve seguir para
se
fundamentar
histórica
e
humanisticamente.
Orientações para uma hermenêutica
humanista: interpretar, compreender e
traduzir
Palmer
(2006)
afirma
que,
"hermeneuein" e "hermenéia" possuem três
orientações para fins explicativos, os quais,
estão ligados diretamente ao elemento
humano: 1) exprimir em voz alta, ou seja,
dizer; 2) explicar, como quando se explica
uma situação e 3) traduzir, como na
tradução de uma língua estrangeira.
Cada uma dessas orientações que,
apontam respectivamente a uma recitação
oral, a uma explicação racional e a tradução
de uma língua para outra, sugere, para que a
Hermenêutica se aposse dos traços
humanos em seu escopo de investigação, o
tornar interpretado e compreensível o
elemento humano. Assim, "[...] A tarefa da
interpretação deverá ser, tornar algo que é
pouco familiar, distante e obscuro em algo
real, próximo e inteligível" (PALMER,
2006, p. 25).
Os três diferentes aspectos para fins
explicativos
da
forma
verbal
"hermeneuein", dizer, explicar e traduzir,
merecem explicações minuciosas para que
o processo interpretativo acople em
conjunto,
a
compatibilidade
das
representações literárias e as manifestações
vitais.
"A primeira orientação fundamental
do sentido de hermeneuein é exprimir,
afirmar ou dizer" (PALMER, 2006, p. 25).
"Hermeneuein" como “dizer” pressupõe
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que, o ato de falar, - o dizer, tal qual fazia
Hermes proclamando mensagem das
divindades aos humanos, como fazem os
poetas recitando narrativas e os artistas
cantando ao público canções - forneça
indícios
para
a
Hermenêutica
fenomenológica investigar a interpretação e
a compreensão da representação humana.
Seja a comunicação entre deuses e
pessoas ou entre pessoas e pessoas, na
forma lírica de proclamar poesias ou na
melodia das canções, as palavras ditas,
expressam, segundo Palmer (2006), por um
lado o poder da linguagem falada e por
outro a fraqueza da linguagem escrita.
Na leitura das obras literárias a
dificuldade do leitor alcançar o sentido das
representações, acontece, por ficar ausente
a ênfase do discurso, que é potencializada
pelos aspectos fisionômicos do autor e
pelas indicações da tonalidade de voz,
consistindo nisso, o que torna o processo
interpretativo da escrita mais obscuro e
menos poderoso do que o da fala.
São as expressões corporais que
manifestam os pensamentos e os
sentimentos, revelados exteriormente pela
fisionomia dos gestos e pela tonalidade da
palavra falada que, atribuem à arte da
oratória, o fato de ser mais poderosa do que
a linguagem escrita. Ou seja, é a conjuntura
da performance de quem recita uma
narrativa ou apresenta uma peça musical
que possibilita o público alcançar o sentido
das frases.
A problemática existente em torno da
compreensão da linguagem escrita emerge
anteriormente a interpretação. Para não
arruinar totalmente a função interpretativa
das obras literárias, Palmer (2006) defende
que toda a leitura silenciosa de um texto
deve ser interpretada silenciosamente e
considerada pelo exegeta como uma forma
disfarçada de quem ouve a leitura em voz
alta, se aplicando, assim, os princípios da
compreensão oral à compreensão escrita.
Para isso, o interprete literário deve,
primeiramente, através da leitura silenciosa,
perceber o texto como um ser que possui
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um conjunto de arranjos e intenções. Na
medida em que o interprete avalia o
conteúdo textual e os elementos conceituais
das obras, que são essencialmente suas
ferramentas, ele possibilita um contexto
significativo, o qual, posteriormente à
leitura, resulta em uma performance oral
referenciada ao que leu, permitindo, assim,
através do dizer, a interpretação e a
compreensão de quem ouve.
Anteriormente ao discurso explicativo
do sujeito falante, que deve ser construído
pela racionalidade interina e em
concordância com as regras gramaticais que
se manifestam no mundo exterior através
do efeito sonoro da fala, pressupõe-se que
ele, através da interpretação oriunda da
leitura da obra, compreenda o conteúdo. A
interpretação pertence tanto a este por via
visual – leitura das representações literárias
– como àqueles que ouvem sua explicação.
Assim é também com a compreensão, dada
diretamente da obra ao leitor e da
explicação
do
leitor-discursivo
aos
ouvintes. Esse panorama fundamenta o
círculo hermenêutico e nos leva a
considerar em acordo com Palmer (2006, p.
29) o seguinte:
A interpretação oral ajuda a crítica
literária a lembra-se da sua intenção
secreta, quando considera (de um modo
mais consciente) a definição da existência - de uma obra, não como uma
coisa estática e conceitual, não como uma
- essência - atemporal que se coisificou
enquanto conceito expresso por palavras,
mas antes como uma existência que
realiza o seu poder de existir enquanto
acontecimento oral no tempo. A palavra
tem que deixar de ser palavra (i.e. visual
e conceptual) e tornar-se - evento -; a
existência de uma obra literária é uma palavra evento - que acontece enquanto performance - oral. (PALMER, 2006,
29).
Essa situação nos conduz a "[...]
segunda orientação significativa de
hermeneuein como é explicar. A
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interpretação como explicação dá ênfase ao
aspecto discursivo da compreensão, mais
do que para sua dimensão expressiva"
(PALMER, 2006, p. 30).
As palavras utilizadas racionalizadas
responsáveis por clarificar as sentenças do
mundo, portanto, estão vinculadas a
"Hermeneuein" como explicar e, repousa na
presunção de ser uma tarefa posterior à
função de dizer, a qual, é a primeira
orientação à Hermenêutica fenomenológica.
A segunda orientação – como
explicar – por ser uma etapa posterior ao
dizer, exige mais complexidade nas
operações mentais quando comparadas ao
dizer, tanto de quem elabora as sentenças,
como daqueles que ouvem. Com efeito,
para o enunciado ser significativo, ele
depende, antes de tudo, de seu valor de
verdade.
Assim como as mensagens trazidas
por Hermes levavam enunciados que
precisavam ser explicados para justificar
situações da realidade, as proposições
explicativas declaradas pelo sujeito falante
que, podem ter referência tanto a um escrito
literário como a um objeto de investigação,
para serem significativas, dependem do
valor de juízo. É a valoração de juízo que
atribui a "Hermeneuein" como explicar o
fato dela ser mais complexa do que o dizer.
Aqueles enunciados que buscam
exprimir a verdade através de juízos
proposicionais
requerem
mais
complexidade nas operações mentais do
que aqueles que se aproximam da falsidade.
Isso porque, para alcançar o valor de
verdade no discurso explicativo, é
necessário que o falante justifique
diccionalmente o conteúdo conceitual
interpretado e compreendido nos escritos,
através de gesticulações explicativas que
induzam o público ouvinte à compreensão.
No entanto, o valor de juízo está mais
próximo da compreensão do que a
interpretação. Porém, não há como emitir
valor de juízo sem passar pela
interpretação. Ou seja: para a enunciação do
juízo poder ser considerada verdadeira
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pelos ouvintes, o sujeito operante do
discurso deve, por suas operações mentais,
justificar sua afirmação explicando
diccionalmente às proposições de sua
oratória. O esquema é o seguinte:
Figura 1 - Valoração do juízo
Fonte: Os autores.
A direção indicada pelas setas mostra
o caminho que a explicação deve seguir.
Ligada aos processos mentais, desde seu
ponto de origem – interpretação – até sua
finalidade – tornar significativos os juízos
pelo valor de verdade – a explicação, para
ser significativa, tem que necessariamente
ser interpretada e compreendida como
verdadeira, tanto a quem lê a obra e se põe
a explicar como àqueles que ouvem as
justificações diccionais do conteúdo
conceitual.
Consoante à exposição de Palmer
(2006) que, considera o telos do discurso o
valor de verdade da compreensão, Castro
(2008) exibe que, a linguagem é
impregnada por vícios comuns devido ao
fato de existirem mais coisas do que
palavras.
Essa
situação
oferece
equivocidades que podem tornar o discurso
insignificante, portanto falso.
Aplicando a exposição de Castro
(2008) que mostra a existência de palavras
idêntica que se referem a coisas distintas,
ao panorama de Palmer (2006) que defende
o valor de verdade das proposições ditas
através da explicação racional-verbal,
concorda-se em considerar a existência de
algumas regras de discurso que auxiliam a
interpretação e a compreensão em busca do
valor de verdade.
A sintaxe, elemento que organiza a
frase e que possibilita o discurso
proposicional explicativo alcançar o valor
de verdade através da compreensão, é
considerada por Marcondes (2005) como o
princípio que examina a relação entre os
signos. No entanto, a sintaxe é pressuposta
pela semântica.
Vol. 11, Edição 18, Ano 2016.
“A semântica estuda o significado dos
signos linguísticos, ou seja, seu modo de
relação com os objetos que designam"
(MARCONDES, 2005, p. 09). Portanto,
para que possa haver a interpretação do
dizer é preciso que o falante obedeça à
sintaxe e a semântica de suas proposições,
permitindo, assim, que o ouvinte possa
julgá-las como verdadeiras ou falsas. Se a
justificação dos conteúdos conceituais
pertencentes ao discurso for considerada
verdadeira, o discurso é significativo. Ao
contrário, se a justificação dos mesmos for
avaliada como falsa, o discurso se torna
insignificante.
Qualificando as exposições de Palmer
(2006), Castro (2008) continua expondo
que a fala dos discursos significativos
orientam-se pela episteme, ao passo que as
falas falsas referem-se à doxa. Para
estabelecer distinções entre as duas
operações linguísticas, a que se refere à
episteme sendo, portanto, verdadeira, e a
que se refere à doxa, portanto, falsa, a
autora apresenta alguns critérios para
nortear a busca pela verdade em um
discurso proclamado.
Os critérios apresentados por Castro
(2008) partem do ponto de vista de
Aristóteles. Segundo a autora, Aristóteles
assume no Órganon a tese convencionalista
da linguagem, ao dizer que as palavras são
símbolos do estado da alma ou das próprias
coisas. Nessa perspectiva, o espírito
humano diante de um objeto, ao reconhecêlo, impõe um sentido, o qual, mediante
palavras passa a ser simbolizado. Pelo fato
de as palavras serem símbolos e não
expressarem diretamente uma realidade a
preocupação fundamental do orador é com
o ouvinte debatedor que o interpreta e busca
compreender a explicação.
"Nesse campo a referência a um
objeto externo é absolutamente secundária.
Uma vez que se tenha imposto um sentido
comum sobre o qual se quer discutir, não há
necessidade de se comprovar sua existência
no mundo" (CASTRO, 2008, p. 170).
Isso se dá pelo fato de o juízo de
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valor que, pode ser julgado como
verdadeiro ou falso, ser derivado
diretamente das palavras do discurso, e não
do objeto designado na realidade. O que
está em jogo é o valor de verdade ou
falsidade do discurso, não do estatuto
ontológico dos objetos. Assim, "O que
importa no diálogo não são as coisas, mas a
concordância do ouvinte debatedor com o
que está sendo dito" (CASTRO, 2008, p.
172).
Nesse ponto, percebe-se que para o
sujeito explicar a compreensão de uma obra
literária, após interpretá-la conforme a
apresentação de Palmer (2006), o conteúdo
conceitual das representações literárias no
âmbito da linguagem discursiva, enquanto
objetos de uma realidade objetiva, não
precisam estar enquanto seres que
afeccionam empiricamente quem ouve,
interpreta e busca compreender o discurso.
Outro critério apresentado por Castro
(2008) na busca da verdade no discurso,
também é de Aristóteles - Analíticos
Posteriores - e, consiste, na fala discursiva
não ser apenas a fala de algo mas a fala
sobre algo. Contrariamente à exposição
anterior, segundo a qual o valor de
julgamento se refere ao proferimento, nessa
perspectiva o valor do juízo refere-se ao
que está fora da linguagem, i.e, ao objeto.
Aristóteles
(1995)
considera
como
pressuposto da demonstração do objeto a
seguinte situação:
O ponto de partida [nesse caso] consiste
em exigir que o adversário [quem
explica] diga que algo é ou que não é
(ele, de fato, poderia logo objetar que
isso já é admitir o que se quer provar),
mas que diga algo e que tenha um
significado para ele e para os outros; e
isso é necessário se ele pretende dizer
algo. Se não fizesse isso, ele não poderia
de algum modo discordar, nem consigo
mesmo nem com os outros; mas se [ele]
concede isso, então será possível uma
demonstração
[empírica].
Vol. 11, Edição 18, Ano 2016.
(ARISTÓTELES, 1995, p. 147)3
Percebe-se que os dois critérios na
busca pela verdade no discurso – que se
refere à verdade da proposição e à verdade
do objeto – possuem em sua pauta de
julgamento o conceito "significado".
Palmer (2006) salienta a importância do
contexto no processo explicativo à
compreensão. Para ele, é o contexto
adequado que torna significativo o
acontecer da compreensão explicativa.
Assim, para a explicação se tornar
significativamente compreendida é preciso
que ela esteja em relação com o objeto de
investigação ou com a obra literária e que o
discurso seja proferido em contexto
adequado, de modo a atender as intenções
dos ouvintes. Ou seja, Palmer (2006) atribui
ao contexto da oratória o fato de ela ser
significativa ou não.
Qualificando as exposições de Palmer
(2006) sobre o significado, Aristóteles
(1995) não salienta a importância do
contexto de um discurso, mas, a relevância
dos significados dos termos conceituais
utilizados na exposição.
Ao fato do sujeito falante explicar de
modo significativo as terminologias
fundamentais de seu discurso, Palmer
(2006) sugere que, o sujeito discursivo
ofereça aos ouvintes elementos para uma
pré-compreensão da oratória, explicando
qual horizonte pode ser atingindo com sua
fala e como as intenções de suas vidas se
relacionam com as representações literárias.
A pré-compreensão dos ouvintes, por
sua vez, parte da fala não tão óbvia do
sujeito operante. Na medida em que o
discurso
decorre
as
explicações
3
Sabidamente, nessa passagem, Aristóteles inicia a
refutação de quem, porventura, negue o princípio de
não contradição. Não obstante, é digno de nota, que
esse princípio só é princípio da razão porque é
princípio da coisa. Dito de outra maneira, por ser um
dos elementos estruturais fundamentais da realidade
extramental, o princípio de não contradição é,
também, princípio do intelecto. Nesse sentido, a
demonstração desse princípio é, igualmente,
demonstração dos objetos.
Revista Filosofia Capital – RFC ISSN 1982-6613, Brasília, vol. 11, n. 18, p. 23-33, jan/dez2016.
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ISSN 1982 6613
potencializam os elementos conceituais e
oferecem aos ouvintes a possibilidade da
compreensão clara e objetiva.
Entretanto, “Hermeneuein” como
traduzir – terceira orientação para uma
Hermenêutica de caráter humanista – "É
uma forma especial do processo básico
interpretativo [para] tornar compreensível"
(PALMER, 2006, p. 37).
Assim como nas outras orientações,
nesse panorama, Palmer (2006) expõe
problemáticas. Para ele o processo
interpretativo na tradução deve alcançar a
compreensão do elemento humano. E, por
tal motivo, a tradução de uma língua para
outra ou de línguas vernáculas idênticas,
não pode recair em simples exercícios
amparados por ferramentas tecnológicas
que buscam sinônimos.
Para alcançar o elemento humano na
compreensão a tradução deve considerar
que a língua utilizada pelos autores
contenha em si pressupostos culturais.
Além de influenciar a visão de mundo, a
realidade e as percepções, Palmer (2006)
afirma que a língua escrita seja percebida
pelo exegeta como olhos capacitados em
enxergar os conteúdos históricos e os
padrões culturais do período passado em
que a obra foi escrita, no tempo presente.
Diante disso, todas as obras que
foram elaboradas no passado e que
chegaram até o presente vieram, segundo
Palmer (2006), carregadas de aspectos do
tempo, do espaço e da língua cultural
daquele período histórico. Assim, o tradutor
deve, para oferecer caráter humanista à
tradução, procurar compreender o elemento
humano, "enxergar" através da leitura e da
tradução os elementos culturais que
constituíam aquele tempo e aquele espaço
e, que moldavam a língua e conformavam a
visão de uma realidade distante da atual.
A tradução humanista que atribui
caráter fenomenológico à Hermenêutica
deve encontrar-se e fundir-se com o
horizonte da obra do passado que chegou ao
presente. Porém, para que haja essa fusão,
temos que buscar, na tarefa de traduzir,
Vol. 11, Edição 18, Ano 2016.
compreender o elemento humano, o qual,
em momentos remotos, estava inserido em
um contexto, no qual objetos, utensílios e
aparatos eram diferentes dos existentes nos
dias atuais.
A problemática exibida por Palmer
(2006) que se refere a “Hermeneuien”
como traduzir, dá-se pelo fato do processo
tecnológico, que desenvolve, artificializa e
urbaniza, modificar as relações atuais,
quando comparadas às que existiam no
tempo histórico passado. Isso, segundo o
autor, torna obscura a compreensão do
elemento humano, visto que gerações
futuras correm o risco de não conhecer
objetos como carroças, charruas, chicotes
ou odres de vinho que poderiam fazer parte
do contexto histórico em que determinados
autores escreveram suas obras e que, pelo
fruto do desenvolvimento tecnológico,
poderão deixar de existir.
Embora essas dificuldades façam
parte da tradução humanista, Palmer (2006)
defende que para tais empecilhos serem
retirados
pela
busca
literária
da
compreensão humana na tradução, é preciso
que o tradutor desmitologize as obras
passadas.
A desmitologização consiste na tarefa
do tradutor mostrar que as mensagens
trazidas nas obras literárias escritas no
passado não dependem do contexto
histórico em que ela foi escrita. Palmer
(2006) salienta que esse exercício deve ser
guiado pelas seguintes perguntas: Como
devemos compreender a obra passada? O
que é que estamos a tentar compreender?
Até onde temos que penetrar no mundo
histórico do pensamento e da experiência
para poder interpretar, compreender
humanisticamente e traduzir o texto? Será
de algum modo possível encontrar
equivalentes atuais para compreender a
obra escrita no passado?
Essas perguntas que orientam a
Hermenêutica fenomenológica na busca do
elemento
humano,
aliadas
aos
conhecimentos oferecidos pela História
enquanto disciplina, na perspectiva de
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Palmer (2006) traz à tona o perene
significado humano.
Assim, “O significado humano - tem
que ser interpretado em termos de auditores
modernos
(a
fase
explicativa
da
interpretação), e para proceder deste modo
temos que ser mais preciosos na
determinação de como é que uma coisa é
significativa" (PALMER, 2006, p. 38).
Consoante ao exposto, a significação
do humano não é alcançada com
abordagem quantitativa, concentrada em
análises de números, gráficos e imagens.
Essa situação afasta, segundo Palmer
(2006), o conteúdo das obras e os sujeitos
percepcionantes e, torna as obras literárias
escritas nos momentos históricos passados,
sem vida no presente. Ao contrário, é a
relação próxima entre a obra e os leitores
que torna, na tradução, significativamente
humana a compreensão. Para manter
próxima a obra e os leitores, faz-se
necessário que o tradutor "[...] transforme o
que é estranho, incomum e obscuro, em
algo que tenha significado, que fale a
mesma língua." (PALMER, 2006, p. 39). O
tradutor, em tempo presente, ao traduzir as
sentenças literárias deve compreender o
elemento humano, alcançando o sentido da
realidade e o modo de estar no mundo do
autor que escreveu a obra no passado.
Considerações Finais
O processo que empreendemos até
aqui, objetivava, em um primeiro instante,
destacar alguns aspectos referentes ao
termo “hermenêutica”, a saber: as origens
históricas, as polêmicas, os desacordos e as
várias tentativas dos autores em referenciar
ao termo um exercício tanto filosófico
como pragmático.
Analisando
esses
aspectos,
conseguimos ter as ferramentas básicas para
avançarmos e entendermos algumas
orientações para cunhar uma Hermenêutica
Humanista. Tivemos a oportunidade de
acompanhar o modo pelo qual a
Hermenêutica, enquanto disciplina, atribuiu
Vol. 11, Edição 18, Ano 2016.
a seu escopo investigativo a busca pela
interpretação e pela compreensão do
elemento humano, relevando, ainda que
muito superficialmente, os três diferentes
modos operantes da forma verbal
hermeneuein: dizer, explicar e traduzir, os
quais, fornecem indícios para fundamentar
uma
Hermenêutica
de
caráter
fenomenológico.
Mesmo sabedores das limitações de
nosso empenho, temos que considerar que
nossa intenção foi aproximar os escritos de
Aristóteles (1995) e Castro (2008) às
predições proporcionadas por Palmer
(2006). Assim, a postura adotada por nós,
no desempenho dessa tarefa, resulta, em
última instância em hipóteses qualitativas
pois, Aristóteles (384 a.C - 322 a.C) não
conhecera a vertente da HermenêuticaFilosófica proposta por Richard Palmer,
hermeneuta ainda vivo nos dias atuais. Com
efeito, foi a partir dos séculos XIX e XX
que a Hermenêutica desenvolveu-se
paulatinamente com as contribuições de
Schleiermacher, Dilthey, Heidegger e
Gadamer, deixando de ser uma metodologia
sem caráter filosófico, voltada tanto ao
acesso, como ao modo adequado de
interpretação literária.
A partir do que foi desenvolvido é
possível entender melhor quais as
ferramentas metodológicas a serem usadas
em práticas hermenêuticas futuras, para
promover a significação do elemento
humano, nos exercícios de interpretação,
compreensão e tradução de textos literários
escritos em épocas passadas, fazendo assim,
com
que
os
constituintes
da
circunstancialidade extramental possam se
tornar nítidos na medida em que o exegeta
contemporâneo desmitologize a obra,
utilizando-se dos conhecimentos filosóficos
e históricos.
Referências
ARISTÓTELES. Metafísica. Ensaio
introdutório, texto grego com tradução e
Revista Filosofia Capital – RFC ISSN 1982-6613, Brasília, vol. 11, n. 18, p. 23-33, jan/dez2016.
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ISSN 1982 6613
Vol. 11, Edição 18, Ano 2016.
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CASTRO, S. Três formulações do objeto
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Janeiro: Contraponto, 2008
HOUAISS & VILLAR. Dicionário
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Janeiro: Moderna, 2011.
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JAPIASSÚ, H; MARCONDES, D.
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Janeiro: Zahar, 2006.
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Filosofia Contemporânea. Rio de Janeiro:
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PALMER, R. Hermenêutica.
Lisboa/Portugal: Edições 70, 2006.
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