XVI Congresso Catarinense de Medicina 1806-4280/05/34 - S 2/45 Arquivos Catarinenses de Medicina Arquivos Catarinenses de Medicina - V. 34 - Supl. nº. 2 de 2005 - S 45 RESUMO Perfil epidemiológico dos pacientes submetidos à colecistectomia no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen Guzela R, Zanela HM, Moritz Neto AI, Moritz JE, Moura Junior JR, Galindo Filho G, Bernhardt JA Introdução: a litíase biliar representa uma desordem poligenética que afeta mais de 30 milhões de americanos e resulta em mais de 750 mil colecistectomias ao ano nos EUA (NAKEEB et al., 2002). Já em outro estudo estimou-se que a prevalência de litíase biliar nos EUA seria de 20 milhões de casos, correspondendo à cerca de 10% da população adulta e que a incidência anual seria de 1 milhão de casos (VANEK et al., 1995). Os gastos, nos EUA, relacionados com as complicações da doença litiásica biliar, consomem cerca de U$ 6,5 bilhões por ano (SHAFFER, 2005). Os fatores de risco para a litíase biliar incluem dentre outros: idade, sexo, paridade e obesidade. A história familiar de litíase biliar tem sido identificada como fator de risco sugerindo que a genética contribui para a formação dos cálculos (NAKEEB et al., 2002). Ainda Nakeeb et al. (2002) demonstraram que o sexo feminino apresenta um risco relativo para a formação de cálculos biliares sintomáticos de 8,8 (p<0.003). A observação de que a litíase biliar ocorre mais no sexo feminino, é provavelmente devido a alguns fatores exclusivos das mulheres, principalmente a gravidez, mas também, ao uso de hormônios e à duração do período fértil (JORGENSEN; JENSEN, 1991). Vanek et al. (1995) estudaram 537 pacientes que foram submetidos à colecistectomia, e encontraram uma predominância no sexo feminino englobando 75% da amostra, do mesmo modo, Pouvourville et al. (1997) estudando 96 casos, também encontraram 75% da amostra pertencente ao sexo feminino. Outro fator relacionado ao sexo feminino, que também contribui para a formação dos cálculos biliares, é a paridade. Segundo Shaffer (2001) a maior incidência de 1. Universidade do Vale de Itajaí - Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen - Itajaí - SC. cálculos biliares durante a gravidez pode ser explicada pelo desenvolvimento (durante a gestação) da lama biliar (uma mistura de partículas que são precipitadas da bile), que em alguns casos, podem formar os cálculos biliares. A idade acima dos 50 anos, como fator de risco isolado, proporciona um risco relativo de 2,5 (p<0,001) (NAKEEB et al., 2002). Para Jorgensen e Jensen (1991) a prevalência de cálculos biliares aumenta com a idade e é maior em mulheres do que em homens. Já Haque et al. (2004) afirmam em sua pesquisa que a idade média dos pacientes submetidos à colecistectomia devido à doença calculosa biliar foi de 41,86 anos. A obesidade é amplamente aceita como fator de risco na formação dos cálculos biliares. Para Nakeeb et al. (2002) a obesidade, com índice de massa corpórea (IMC) > 30 Kg/m2 confere risco relativo de 3,7 (p<0.001) para a ocorrência de calculose biliar. Já Mendez-Sanchez et al. (2005) concluíram em sua pesquisa que as doenças da vesícula biliar estavam fortemente relacionadas com a presença da síndrome plurimetabólica (cujo um dos componentes é a obesidade). Bisgaard et al. (2001) constataram, com a análise de 52 casos, que o IMC médio dos pacientes situou-se no intervalo de 26 – 27 Kg/m2. Objetivo: definir o perfil epidemiológico dos pacientes acometidos pela doença calculosa biliar que necessitaram de tratamento cirúrgico. Participante e Métodos: pacientes submetidos a colecistectomia, com doença litiásica biliar confirmada, no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen (HMMKB), em Itajaí – SC, totalizando 66 pacientes. Foi aplicado ao paciente o termo de consentimento informado, no qual aquele autorizava o uso e seus dados para os fins da pesquisa. Foi então aplicado um questionário ao paciente onde buscávamos informações como sexo, idade, paridade (no caso de ser mulher), profissão e os mesmos foram submetidos à medida de peso e estatu45 46 Arquivos Catarinenses de Medicina - V. 34 - Supl. nº. 2 de 2005 - S XVI Congresso Catarinense de Medicina ra. Os dados foram coletados no período de março de 2004 a março de 2005 e analisados de forma aritmética. Resultados: da amostra analisada notamos uma acentuada diferença em relação ao sexo, sendo que 77,28% (n = 51) eram mulheres e 22,72% (n = 15) eram homens (Tabela 01). Tabela 03: Distribuição dos pacientes submetidos à avaliação da dor pós-operatória, quanto à idade, no período de março de 2004 a março de 2005, no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen. Faixa etária em anos Tabela 01: Distribuição dos pacientes submetidos à avaliação da dor pós-operatória, quanto ao sexo, no período de março de 2004 a março de 2005, no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen. Sexo Número % Masculino Feminino 15 51 22,72 77,28 Total 66 100,00 Foi pesquisado o número de gestações em cada paciente do sexo feminino participante da pesquisa. Das 51 mulheres avaliadas, 03 (5,88%) eram nuligestas, 08 (15,68%) tinham apenas um filho, 27 (52,93%) tinham entre 2 e 4 filhos e 13 (25,48%) tinham mais de 04 filhos (Tabela 02). Tabela 02: Distribuição das pacientes submetidas à avaliação da dor pós-operatória, quanto ao número de gestações, no período de março de 2004 a março de 2005, no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen. Número de gestações Número de pacientes % 0 I II III IV V VI VII XIII 3 8 7 14 6 4 5 3 1 5,88 15,68 13,72 27,45 11,76 7,84 9,80 5,88 1,96 Total 51 100,00 Número de pacientes % Até 20 21 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 e mais 1 6 14 17 15 10 3 1,51 9,09 21,21 25,75 22,72 15,15 4,54 Total 66 100,00 Os pacientes tiveram o seu índice de massa corpórea (IMC) calculado e posteriormente classificado por intervalos, tendo sido encontrados os seguintes resultados: apenas 21 pacientes (31,81%) apresentavam-se na faixa de IMC considerada normal (18,5 – 24,99 Kg/m2), enquanto que, 45 pacientes (68,19%) contavam com algum grau de sobrepeso/obesidade (Tabela 04). Tabela 04: Distribuição dos pacientes submetidos à avaliação da dor pós-operatória, de acordo com o índice de massa corpórea (IMC), no período de março de 2004 a março de 2005, no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen. Classificação Intervalo de IMC (em Kg/m 2 ) Normal Sobrepeso Grau I Sobrepeso Grau II Obesidade Grau I Obesidade Grau II Obesidade Grave Total A Tabela 03 divide a amostra em faixas etárias. Os dados obtidos foram os seguintes: apenas 07 pacientes (10,60%) contavam com menos de 30 anos, 46 pacientes (69,68%) contavam com idades entre 31 e 60 anos e 13 pacientes (19,69%) contavam com idade superior a 60 anos. 46 18,50 25,00 27,50 30,00 35,00 Acima Número de pacientes – 24,99 – 27,49 – 29,99 – 34,99 – 39,99 de 40,00 66 % 21 26 11 7 1 —- 31,81 39,39 16,66 10,60 1,51 —- 100,00 Conclusão: os resultados encontrados corroboram com a literatura mundial em todos os fatores de risco para doença calculosa biliar estudados. Descritores: 1. Colecistetomia; 2. Litíase biliar. Referências Bibliográficas 1. Bisgaard T, Kehlet H, Rosenberg J. Pain and convalescence after laparoscopic cholecystectomy. Eur J Surg 2001; 167:84-96. XVI Congresso Catarinense de Medicina 2. 3. 4. 5. Haque Z, et al. 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