INCLUSÃO E ALTERIDADE: O LUGAR PARA A PSICOSE E AUTISMO INFANTIS Andréia Moessa de Souza Coelho Inara Silva Rodrigues Paulo Ricardo Ross Amanda Mauda Pâmela Dalalibera Gabrielle de Rocco Tema amplamente debatido na atualidade, a Inclusão Escolar é objeto de diversos estudos, pesquisas, e publicações tanto de educadores quanto de psicólogos e psicanalistas (JERUSALINSKY, 2004; KUPFER, 2000; 2006; MEIRA 2001; ASSALI, 2007; SCHORN, 2008; TOLEDO, 2006; 2008). • Atualmente, existem as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB); a Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994); a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (BRASIL, 1993) e, recentemente, a Educação Inclusiva: documento subsidiário à política de inclusão, que buscam assegurar que todas as crianças sejam atendidas pela educação, preferencialmente no ensino regular. • Todavia, trata-se de um tema bastante atual pois até o inicio da década de 1990, antes da Declaração Mundial sobre Educação para Todos, a inclusão escolar não recebia tanta atenção e visibilidade. A psicanalista Anamaria Vasconcelos (2008), exemplifica os debates que ocorrem com teor de estranheza e desconhecimento: “São varias as questões que orbitam em torno da inclusão. Costumo ouvir, por parte de alguns educadores, questionamentos marcados pela estranheza e essa questão, como: “ Inclusão? Falta muito para isso acontecer...”; Como podemos fazer inclusão se não entendemos nada desse transtorno que afeta essa criança?”; Como você é a favor dessa tal inclusão que querem que façamos?” Frases como essas revelam o desconhecimento que paira sobre esse discurso. É como se houvesse uma etapa, um patamar chamado inclusão, pronto e ideal para chegar. Mas ele chegará? Lamento, mas penso que isso não existira nunca. O conflito, a dor. a incerteza e a angústia farão sempre parte daqueles que lidam com a educação, com a criança e com a diferença”. Como seria possível trabalhar invertendo questões como: • Inferiorização; • Vitimação • Exclusão social Que a pessoa com deficiência é socialmente submetida? • Tendo em vista essa necessidade, diversos educadores, psicólogos, médicos reportam-se ao conhecimento cientificamente acumulado para enfrentar a realidade de se deparar com a própria falta. • Andréa Maia Assali (2007), trás à tona a perspectiva de que o contexto social de cada país modula os questionamentos dos educadores. Sendo assim, cada país teria suas próprias questões e pertinências, de acordo com a visibilidade que o assunto recebe na localidade. • O texto utiliza como visão teórica para falar sobre o autismo, a psicanálise. • Considerando que a inclusão escolar dessas crianças é uma questão além do direito. Afinal, trata-se de favorecer um lugar de sujeito para aqueles que apresentam falhas na constituição das possibilidades de se situar na linguagem. O discurso médico-científico e outras possibilidades • O discurso médico-científico situa-se no diagnóstico e no prognóstico, em que se supõe possível determinar até onde o sujeito pode ou não se desenvolver, o que acaba por confundir pais e outros profissionais que porventura venham a trabalhar com essas crianças. • Para Kupfer (2007, p.2), “o conhecimento científico de que dispõem é supostamente amplo, abrangentemente e totalizante o suficiente para avaliar as condições de vida futura de uma criança. Com este enorme poder nas mãos, podem decidir até onde a criança irá se desenvolver”. • Jerusalinsky (2004) diz que o que marca o ritmo do desenvolvimento de uma criança é o desejo do OUTRO. • Sendo assim, a criança investida pelo saber médico-científico, fica destinada a corresponder a essa verdade que lhe é dada por seu diagnóstico. Como poderia ousar ser diferente? • Valorização do saber científico. Um lugar para as crianças autistas e psicóticas • A escola para psicóticos e autistas, não favorece apenas suas aprendizagens, mas principalmente, e como parte de um tratamento e uma inserção social. • Kupfer (2000), caracteriza a instituição escolar como um lugar de abertura para o sujeito, de transformações e exercício da diferença, não separando assim as crianças com necessidades especiais das demais. • Essa dimensão patológica deverá ser trabalhada oferecendo a oportunidade de construção de laços sociais justamente onde elas encontram obstáculos. Ou seja, se já padecem de falta de um lugar onde possam construir sua identidade, por força de sua particular história, na escola não poderíamos reforçar esse mesmo quadro, sob o risco de tirar uma ultima instância para tal possibilidade. • Uma importante experiência no Brasil é a Préescola Terapêutica Lugar de Vida. Trata-se de uma instituição escolar que recebe crianças psicóticas e autistas e trabalha com o suporte da teoria psicanalítica. • A grande contribuição da Educação Terapêutica é a tentativa de trabalho com os educadores para que possam lidar com a falta, colocada quase sempre como falta de conhecimento técnico. Dar lugar para o não saber • No momento em que propomos um lugar de Identificação para as crianças, apontamos a possibilidade do não-saber totalizador do lado dos educadores, pois seria essa a atitude que permite a inauguração deste lugar. • Prescindindo do anteparo técnico para se relacionar com elas, o educador lidará com a própria falta, provavelmente reportando-se a sua infância. • A partir desse desejo infantil pela investigação é que o professor poderá se colocar como aprendente, aquele que buscará conhecer cada um de seus alunos, ainda que alguns não busquem ser conhecidos e se mantenham passivos, com olhares que nos atravessam e falas carentes de sentido. Pedro e a professora: uma relação revista Considerações Finais • Ainda existe um certo preconceito e desconhecimento sobre o assunto; • Existe o embate entre o conhecimento médico-científico com demais áreas; • E a falta do entendimento e aparato do assunto para os professores.