PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO PRÁTICAS ALTERNATIVAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA COORDENAÇÃO: Profa CONCEIÇÃO CLARETE XAVIER DECAE/ LAPED / CECIMIG/ NEPPCOM/ FAE – UFMG PROFESSORES PARTICIPANTES: ALESSANDRA FERNANDES DE DEUS1 ÉRICA PATRÍCIA TEIXEIRA2 SCHIRLEI LUIZ DE SÁ 3 OBJETO: PRÁTICAS MATEMÁTICA ALTERNATIVAS DE ENSINO EM AULAS DE INTRODUÇÃO O ensino/ aprendizagem da matemática é um desafio à eficácia e competência pedagógica da escola. As últimas avaliações nacionais do ensino fundamental e médio vêm demonstrando os baixos índices de acertos dos alunos nas provas de matemática em diferentes regiões do Brasil. A população, de um modo geral, em seu cotidiano, demonstra a pouca eficácia de seu aprendizado escolar na área de matemática ou em outras áreas de conhecimento que demandam conhecimentos matemáticos. Nas diferentes situações que se apresentam e que exigem algum raciocínio acadêmico mais elaborado a população apresenta dificuldades de ordem conceitual ou de aplicação de saberes matemáticos escolares. PINTO E MELO ( 2003, p. 12) afirmam que: Explicações para o fracasso do processo de ensino/ aprendizagem da matemática têm sido objeto de diversas pesquisas: são inúmeros os professores desta matéria, em todas as redes de ensino, que se queixam com freqüência dos resultados de seu ensino, sendo a matemática tradicionalmente considerada um conteúdo difícil de ser entendido por um grande número de indivíduos independentemente de origem social ou econômica. Entretanto, diferentes segmentos de educadores, ao compartilharem um certo desconforto com o não aprendizado da Matemática promovem formas alternativas de ensino dessa disciplina. Podemos observa-lo nas diferentes regiões, em área rural ou urbana do país, como por exemplo o Projeto Educação Formal e Periferia no Rio Grande do Sul, 1 Professora de Metodologia da Matemática /UNIPAC - Sabará Professora de Matemática do ensino fundamental e médio da Rede Pública - Vespasiano 3 Professora de Matemática do ensino fundamental e médio da Rede Pública - Vespasiano 2 ou ainda o projeto O ensino- aprendizagem da matemática e a pedagogia do texto. Assinalamos ainda a existência de outros projetos, alguns de teor transdisciplinar e que se desenvolveram de forma anônima depois que os Parâmetros Curriculares Nacionais fizeram a proposta pedagógica de Temas Transversais. Aqui tomaremos por Prática Alternativa, uma forma inovadora de promover o aprendizado da matemática e que não se enquadre nas formas tradicionais de ensino como a transmissão de conhecimentos através de aulas expositivas e de realização de listas de exercícios individualmente e/ou em grupo, os quais são solicitados em prova como forma de avaliação. Tais práticas, se aprofundarmos mo olhar, se inserem como propostas que se fundamentam num referencial de complexidade e numa perspectiva de transdisciplinaridade. Sabemos que diferentes propostas alternativas de ensino de matemática obtêm sucesso relativamente ao alcance de um bom nível de aprendizagem mas logo ficam relegadas ao esquecimento por falta de uma sistematização mais elaborada por parte de seus proponentes, geralmente professores e pedagogos, ou mesmo de uma divulgação adequada entre os pares através de encontros que promovam uma troca de experiências. Assim, outros educadores ficam privados de conhecer prática pedagógicas bem sucedidas e que poderiam apontar caminhos eficazes nos processos de ensino-aprendizagem da matemática. Desde o primeiro semestre de 2005 um grupo de educadores matemáticos que atuam no ensino fundamental, médio e ensino superior, vêm se reunindo regularmente na Faculdade de Educação/ UFMG sob a orientação da Profa.. Dra. Conceição Clarete Xavier para discutir e refletir sobre questões relativas ao não-aprendizado e o fracasso nos processos de ensino/ aprendizagem da Matemática.4 Nesses encontros os educadores trazem suas angústias ante aos problemas relativos aos processos de ensino e aprendizagem da matemática em todos os níveis de ensino, mas também buscam encontrar caminhos que possam apontar uma eficácia pedagógica diante do problema. Os sub - temas discutidos se estendem ao currículo, às práticas em classe e à formação continuada do professor. Esses encontros e trocas vêm contribuindo sobremaneira para o aprimoramento de nossa prática e do grupo enquanto profissionais comprometidos com uma Educação Matemática de melhor qualidade. Estamos em fase final de preparação de um artigo contendo algumas de nossas reflexões sobre : “Matemática: o ensino, a aprendizagem e a construção de saberes com base na experiência social”, onde buscamos apresentar um pouco de nossas preocupações e reflexões relativas ao tema na partir de nossa vivência em classe. Assim, surge a proposta desse projeto, no qual buscamos, através de uma pesquisa científica conhecer práticas alternativas de ensino de Matemática que se desenvolvam nas diferentes redes de ensino, em diferentes regiões do país, assim como uma maior sistematização de outras práticas já constituídas. Sabemos que interessantes projetos institucionais de ensino, como por exemplo a Escola Plural, a Escola Cidadã e outros, surgiram de práticas desenvolvidas por diferentes grupos de educadores, espalhados por realidades distintas e que foram sendo sistematizadas. Esses projetos, algumas vezes, desenvolvidos de forma precária em difíceis condições de realização, funcionavam até como uma reivindicação por melhores condições de trabalho; Eles eram também uma forma de mostrar que mesmo em precárias condições 4 Trata-se do GEPAEM – Grupo de estudo de práticas alternativas em Educação Matemática. era possível promover o aprendizado e que, ele seria muito mais eficaz se acontecessem melhorias na infra-estrutura física e nas condições de trabalho da instituição.Não vamos, aqui, entrar no mérito e na valoração dos projetos institucionais posteriormente implantados, apenas salientamos a importância que pequenos projetos, ora desenvolvidos de forma rudimentar, podem adquirir num contexto escolar se lhes oportunizarmos melhores condições de realização. Assim, heroicamente, em diferentes regiões do país, grupos de educadores promovem a aprendizagem nas mais adversas condições de infra estrutura e até mesmo de material humano. Seria oportuno questionar: - num momento em que, diante das avaliações institucionais, tanto se fala em não aprendizado da matemática, em que o fracasso escolar no ensino dessa disciplina evidencia-se, como esses educadores, mesmo em difíceis condições, promovem aprendizagens significativas e eficazes junto a diferentes realidades? - O que diferencia a sua prática pedagógica? - Como é a relação desses professores com os alunos? - Como esse trabalho é visto pela instituição? E pela comunidade escolar? E pelos pais dos alunos? - Quais são os seus parâmetros de atuação? - Que caminhos de eficácia eles apontam? - O que esses educadores têm a nos dizer sobre o seu cotidiano na sala de aula? - E sobre a formação continuada: Eles apresentam necessidade de desenvolve-la? Quais seriam as suas demandas relativas a esse aspecto? As respostas a tais indagações e o resgate de tais práticas, poderiam nos indicar fecundos caminhos para uma reflexão sobre os processos de ensino – aprendizagem. Segundo BERNARDO (1991, V.1, p. 86): Uma teoria é sempre teoria de uma prática e não de qualquer realidade social que transcenda o processo dessa prática, nem dessa realidade enquanto não praticada. O homem não reflete sobre o mundo, mas reflete a sua prática sobre o mundo. Enquanto educadores matemáticos, o nosso compromisso se dá com o segmento populacional excluído do conhecimento matemático, a nossa proposta se concretiza enquanto uma busca de parâmetros que possam nos levar à prática mais profícuas em seu ensino e aprendizado.Assim inspirados em FIORENTINI, GERALDI e PEREIRA (2000) que produziram uma cartografia dos trabalhos acadêmicos na área de Educação Matemática no Brasil entre 1970 e 1995, nos propormos a produzir uma “cartografia das práticas em sala de aula” em Belo Horizonte, incluindo municípios da grande BH no período entre os anos de 2006 e 2008. O prazo exíguo se deve à fluidez com que essas práticas se estabelecem e se esvaem. Esse projeto de pesquisa abre também uma vertente na extensão e busca uma pareceria com o CECIMIG ( Centro de Ciências de Minas Gerais) e do NEPPCOM (Núcleo de estudos e pesquisas do pensamento complexo), no estudo da Complexidade, enquanto reflexão e ferramenta de pesquisa e para a realização de oficinas de socialização do conhecimento a ser sistematizado nessa pesquisa junto a professores das diversas redes de ensino. Ao desenvolver esse projeto de pesquisa e extensão, que se caracteriza enquanto uma “cartografia” da prática docente em matemática, objetivamos dar a oportunidade de acesso a outros educadores que militam na sua sala de aula, ora em total isolamento, de participarem de um coletivo que talvez viva as mesmas dificuldades que eles enfrentam em sua prática cotidiana. Assinalamos, numa outra vertente, a importância dessa proposta junto aos educandos que não conseguem se adequar aos esquemas tradicionais de ensino/aprendizagem da matemática e que logram frustrações em seu aprendizado ou carregam verdadeiros traumas relativos ao seu desempenho nessa disciplina acompanhados de baixa auto- estima quanto ao aspecto cognitivo. SANTOS (1992) afirma que ao se alterarem as estratégias de ensino ( o como se ensina), o conteúdo ( o quê se ensina), também poderá ser visto de outro modo e ganhar nova significação. Dessa forma, esse projeto amplia seu campo, pois também poderá contribuir para um avanço pedagógico nessa perspectiva. Acreditamos que contribuiremos para o avanço das pesquisas em Educação Matemática em duas “frentes” inter- ligadas: a promoção de uma melhoria na qualidade do ensino de matemática e a formação continuada do professor. Estes se constituem os objetivos que almejamos alcançar. OBJETIVOS - - - Pesquisar práticas alternativas de ensino de matemática no ensino fundamental, identificando diferentes propostas de organização de atividades de ensino em Sistematizar e divulgar conhecimentos pedagógicos relativos à formas alternativas de se ensinar matemática em escolas de ensino fundamental, médio e superior. Iniciar, partir dos dados coletados, a construção de um espaço para experimentação de novas práticas de ensino de matemática – um laboratórioonde se promova a experimentação e a discussão de novas práticas de ensino de matemática. OBSERVAÇÃO Agregados a esse projeto se desenvolvem mais dois projetos: 1- Um projeto de Iniciação Científica da bolsista Ana Paula Pedersoli, sob a orientação da Profa. Conceição Clarete Xavier que investiga a relação afetividade – aprendizagem da Matemática . 2- O projeto do bolsista ( PET) Leandro Botrel sobre a relação solidariedade – aprendizado.