COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE INTERPOLAÇÃO NA GERAÇÃO DE MODELOS DIGITAIS DE ELEVAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM ÁREA NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ, SANTA CATARINA Derik König [email protected] Curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina Resumo A importância da representatividade de um Modelo Digital de Elevação (MDE) vem crescendo com as necessidades de estudos que permitem a compreensão da dinâmica espacial de fenômenos relacionados à temática dos Desastres Naturais. No presente estudo avaliou-se a acurácia de medição em relação à superfície real dos Modelos Digitais de Elevação gerados através dos interpoladores Spline, TOPOGRID e TIN (Triangular Irregular Network), para uma área localizada no município de São José, Santa Catarina, com o objetivo de evidenciar o método de interpolação mais adequado para a área de estudo. O Modelo Digital de Elevação avaliado como mais representativo, em termos de acurácia de medição em superfície real, nas condições impostas, foi o gerado pelo interpolador TOPOGRID, baseado no algoritmo ANUDEM. Palavras-chave: Modelo Digital de Elevação; interpoladores; representatividade. Eixo de inscrição: Eixo 14 – Geoprocessamento e aplicações Abstract The importance of the representativity of a Digital Elevation Model (DEM) is growing with the needs of studies that allow the comprehension of the spatial dynamics of phenomena related to the Natural Disaster thematic. In the present study the measuring accuracy in relation to real surface was evaluated for the Digital Elevation Models generated through the interpolators Spline, TOPOGRID and TIN (Triangular Irregular Network), for an area localized in the municipality of São José, Santa Catarina, with the objective of evidencing the most suited interpolation method for the area of study. The Digital Elevation Model evaluated as the more representative, in ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1794 terms of measuring accuracy in real surface, in the conditions established, was the generated by the interpolator TOPOGRID, based in the algorithm ANUDEM. Keywords: Digital Elevation Model; interpolators; representativity. 1. Introdução A emergência de estudos ambientais na última década fez-se acompanhada da crescente utilização multidisciplinar do geoprocessamento. Tendo-se em vista a busca da qualificação de análises ambientais, a escala de mapeamento de feições e fenômenos espacializáveis vem sendo ressaltada como um fator de forte impacto na leitura dos mesmos (BRAVO e SANTIL, 2013). Os Modelos Digitais de Elevação servem de substrato para geração de muitos produtos diversificados no meio do geoprocessamento, necessários e desejáveis para efetuação de análises integradas. A avaliação do nível de acurácia de medição de superfície real de modelos gerados mediante a utilização de algoritmos que, com base na distribuição espacial de dados de entrada, estipulam valores para locais sem dados, é um tema de relevância neste contexto. Com base em diversas recomendações bibliográficas, visa-se testar a qualidade de Modelos Digitais de Elevação gerados mediante os interpoladores Spline, TOPOGRID e TIN (Rede Irregular de Triângulos), através da extensão 3D Analyst do programa ArcGIS 10.0, para área contida no município de São José em Santa Catarina, área esta geomorfologicamente dividida em dois compartimentos: mais acidentada e mais aplainada. Elaboraram-se os modelos utilizando-se os dados da Base Cartográfica Oficial do município de São José, definindo-se como critério de avaliação da acurácia em superfície real a altimetria de Pontos de Controle. Tendo em vista que com abundância de dados diversos métodos de interpolação tendem a produzir resultados semelhantes (BURROUGH e MACDONELL, 1998 apud FERNANDES e MENEZES, 2005), fez-se um recorte dos dados da base cartográfica, contendo curvas de nível com equidistância vertical de 1m e 3100 pontos cotados, utilizando-se para a geração dos Modelos Digitais de Elevação as curvas de nível com equidistância vertical de 10m e 310 pontos cotados com o fim de buscar a atuação mais pronunciada dos processos de interpolação. Desta forma, através de medidas de desvio em relação a pontos de controle, procurou-se avaliar o melhor desempenho de interpolação para uma área com conformação geomorfológica dual. 2. Objetivos Avaliar, através de medidas de desvio em relação a Pontos de Controle, dentre os métodos visados, o melhor desempenho de interpolação para geração de Modelo ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1795 Digital de Elevação, em termos de acurácia de medição em superfície real, para área no Município de São José, Santa Catarina, com conformação geomorfológica dual. 3. Localização da Área de Estudo A área de trabalho localiza-se Município de São José, estado de Santa Catarina (Figura 1), apresentando uma extensão de 16,453km² e amplitude altimétrica de 330m. Tal delimitação buscou integrar em sua extensão um comportamento geomorfológico dual para avaliação do interpolador mais adequado para geração de um Modelo Digital de Elevação representativo nesse contexto espacial. Figura 1. Localização da Área de Estudo no Município de São José, Estado de Santa Catarina, Brasil 4. Materiais ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1796 4.1. Programas ArcGIS 10.0. 4.2. Referência Cartográfica Base Cartográfica Oficial do Município de São José na escala 1:2000, Sistema de Projeção UTM Datum SAD69 Zona 22S. 5. O Modelo Digital de Elevação e o papel dos interpoladores em sua geração 1797 A emergência de estudos ambientais que utilizam o método integrativo na geração de análises é crescente nos últimos anos. Da mesma forma é crescente o requerimento de materiais que representem de maneira satisfatória, em contextos de estudos, as características diversas do ambiente, de preferência em um formato numérico para fins de processamento computacional. Neste contexto destaca-se o Modelo Digital de Terreno. O Modelo Digital de Terreno (MDT) pode ser definido como a representação matemática, em coordenadas X, Y e Z, da superfície e que compreende atualmente não só a feição altimétrica do terreno como demais fenômenos de distribuição contínua no espaço (ROCHA, 2007). Por isso a nomenclatura mais identificadora e precisa, conforme Olaya (2011), de Modelo Digital de Elevação, para designação de modelo representativo de altimetria do terreno. O Modelo Digital de Elevação (MDE) é uma categoria de representação espacial em meio digital que identifica em seu próprio nome a variável de distribuição contínua em uma extensão espacial (OLAYA, 2011). Pode apresentar a variável numérica altimétrica ordenada tanto através de uma malha regular retangular, gerada através de interpoladores como Vizinho mais Próximo, Spline, Kriging ou TOPOGRID, onde cada elemento da matriz encontra-se associado a um valor numérico (ROCHA, 2007) ou através de uma rede irregular, como a Rede Irregular de Triângulos (TIN) (FERNANDES e MENEZES, 2005). De forma geral, o processo de geração de um MDT passa por três etapas (ROCHA, 2007): a aquisição de dados; a edição de dados e a geração propriamente dita do Modelo Digital do Terreno. Para geração do MDE, face, geralmente, à presença irregularmente distribuída no espaço de dados de elevação, faz-se necessário a utilização de métodos que estimem, a partir da distribuição dos dados existentes, valores coerentes para espaços com ausência dos mesmos. Tais métodos de estimação são os interpoladores. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 Os interpoladores são, de forma geral, utilizados em aplicações de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para estimar condições que existem em lugares nos quais não foram feitas observações ou registro de dados, seguindo a regra da similaridade por proximidade atribuída a Tobler (LONGLEY et al., 2005). O MDE, gerado por processos de interpolação, constitui-se como base de geração de muitos outros produtos de elevada importância para a identificação e caracterização de padrões de uma área tais como mapas hipsométricos ou de declividade. Também serve de base para a geração automática de hidrografia, através da indicação da direção e acumulação do fluxo hídrico propiciado pela própria estrutura de dados. De acordo com Olaya (2011) o MDE é a peça chave para análises geomorfométricas. Deste modo, seja por si ou por seus derivados, a importância de um MDE torna-se perceptível enquanto fator de delimitação e compreensão de fenômenos espaciais que impactam atividades humanas. Sendo um modelo, ele constitui uma representação matemática da superfície real e como tal apresenta deficiências inerentes ao processo de estimação de valores para áreas localizadas em que não houve levantamento de dados. Apesar de haver a emergência de processos de levantamento em campo que acompanham uma trajetória de densificação de dados aumentando o nível de representatividade de modelos gerados (LIDAR – Light Detection and Ranging), os processos de interpolação não perderam sua utilidade, compondo ainda parte, neste novo contexto, do processo de preparação dos dados irregularmente distribuídos adquiridos (GALVANIN e DAL POZ, 2013). Conforme Cuartero et al. (2001, apud PIRES et al., 2005), a comparação de precisão de Modelos Digitais de Elevação gerados mediante diversos métodos de interpolação pode ser feita através de reconhecimento visual, validação cruzada, superposição de curvas de nível, e controle estatístico de pontos de controle, avaliando a presença de erros aleatórios. O nível de representatividade de um MDE, dessa forma, pode ser avaliado mediante o controle estatístico com pontos georreferenciados que detêm valores fidedignos de altitude (Pontos de Controle) e que constituem verdades de campo, mediante seu método de levantamento. De posse desses dados torna-se possível avaliar a acurácia de medição em relação à superfície real de modelos gerados mediante métodos de interpolação. Frente à indicação de utilização contextual de interpoladores por diferentes autores, elegeram-se três para serem comparados entre si para a presente área de trabalho: Spline, TOPOGRID e TIN. O Spline é um interpolador global (ESRI, 2012), presente na extensão 3D Analyst do software ArcView, que gera uma grade retangular regular com tamanho regular de ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1798 pixel (ou célula) que contém associado à sua extensão bidimensional um atributo numérico de elevação. É um interpolador que utiliza as localizações com dados conhecidos como ‘pontos fixadores’ do modelo gerado com a superfície real, adequando uma variação suave de valores para localizações sem dados (Oyala, 2011). Ainda conforme Oyala (2011), os Splines, ou Curvas Adaptativas, são uma família de métodos de interpolação exatos, determinísticos e locais. O método TOPOGRID, do software ArcInfo, permite utilizar uma grande variedade de dados, sejam eles pertencentes às categorias gráficas pontos, linhas ou polígonos, criando uma malha regular retangular a partir de dados distribuídos irregularmente. É baseado no algoritmo ANUDEM desenvolvido por Michael Hutchinson (ESRI, 2012). Permite a construção de Modelos Digitais de Elevação hidrologicamente consistentes ou corretos, podendo utilizar corpos de água (FERNADES e MENEZES, 2005) e assimila de forma inteligente linhas de contorno ou outras feições geomorfológicas como recursos de suavização ou aumento da acurácia do modelo gerado. É um método optimizado que combina a eficiência computacional de interpoladores locais (IDW ou Vizinho mais Próximo) com o desempenho na continuidade de superfícies geradas por interpoladores globais tais como Kriging e Spline (ESRI, 2012). Já a Rede Irregular de Triângulos (TIN), com restrições Delaunay, presente na extensão 3D Analyst do software ArcView, é um interpolador indicado para superfícies acidentadas, sendo recomendado, para este contexto, por diversos autores (FERNANDES e MENEZES, 2005; ROCHA, 2007). Rocha (2007) recomenda o uso de TIN para representação de relevo complexo, incluindo áreas planas, por capturar as particularidades do terreno sem a necessidade de muitos dados para tal. Este interpolador gera um modelo que preserva as características topográficas do terreno e possui a possibilidade de refinamento através da incorporação de linhas de máximo (divisores) e de mínimo (hidrografia) (FERNANDES e MENEZES, 2005), e a possibilidade de incorporação de descontinuidades do terreno (ROCHA, 2007). As estruturas geométricas geradas por este interpolador, conforme Madureira Cruz & Pina (1999 apud ROCHA, 2007), são estruturas vetoriais compostas de arcos que representam a superfície através do conjunto de faces triangulares. Tendo em vista os dados a serem utilizados (curvas de nível e pontos cotados) na geração dos Modelos Digitais de Elevação, pretende-se avaliar o melhor desempenho de método de interpolação em termos de acurácia de medição em relação à superfície real de área contida no Município de São José, Santa Catarina, caracterizada por conformação geomorfológica dual: com zona mais acidentada e zona mais aplainada. A fim de amplificar a diferença resultante do emprego de cada um dos diversos métodos, fez-se um recorte dos dados presentes na base cartográfica oficial do ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1799 Município para a área de trabalho, com o fim de tornar mais discretizável a atuação de cada um dos métodos de interpolação na geração de Modelos Digitais de Elevação. Dessa forma, a avaliação do melhor método de interpolação para a área estudada se dará principalmente em função da diferença de atuação entre os interpoladores, refletido nos modelos gerados pelos mesmos, utilizando a referência à altimetria em superfície real (Pontos de Controle) como parâmetro de aplicação equânime para a avaliação. 1800 6. Metodologia Para a aplicação pretendida dos métodos de interpolação fez-se, primeiramente, a conversão dos arquivos vetoriais de altimetria Pontos Cotados e Curvas de Nível presentes na Base Cartográfica Oficial do Município de São José, Santa Catarina em formato DGN (ambiente CAD) para formato Shapefile (shp) através da extensão ArcToolBox do programa ArcGIS 10.01. Após a revisão da integridade dos dados transmitidos, passou-se ao processo de edição das tabelas de atributos dos arquivos vetoriais, eliminando-se os campos resultantes da conversão desnecessários para os fins do estudo. Através do Polígono da Área de estudo, delimitado em ambiente SIG ArcGIS 10.0, empregou-se a operação Clip para recorte dos dados da área de interesse. Realizou-se uma extração de feições do arquivo vetorial (shp) Curvas de Nível, selecionando-se as curvas de nível com equidistância vertical de 10m. Para isto, na tabela de atributos do arquivo vetorial (shp) das Curvas de Nível com equidistância vertical original de 1m criaram-se os campos complementares relativos às operações, aplicadas sobre o campo Elevação, consecutivas de divisão de altimetria por 10 (Campo 1), arredondamento do valor de Campo 1 (Campo 2), e Campo 2 – (menos) Campo 1 (Campo 3), para diferenciação entre valores múltiplos de 10 e valores compreendidos entre múltiplos de 10. Dessa forma no Campo Final (3) as feições com altitude múltipla de 10m ficaram caracterizadas com o atributo 0 (zero), passíveis, portanto, de serem selecionadas em conjunto por uma definição de grade de busca e integrarem um novo arquivo vetorial. Para geração dos Modelos Digitais de Elevação na escala 1:25000 em arquivo matricial (Spline e TOPOGRID) foi definido o padrão de resolução espacial de 5m, respeitando-se a acuidade visual relativo à escala. Visando-se a equanimidade de dados de entrada para processamento de modelos através dos diversos interpoladores, o arquivo vetorial Curvas de Nível, com equidistância vertical de 10m, foi convertido para arquivo matricial com célula de resolução geométrica de 5m com 1 Definiu-se como Sistema de Projeção do Projeto o Sistema UTM Datum SAD 69 Zona 22S. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 fim específico de adequação de dados à utilização do método Spline. Após este processo, extraíram-se os centroides de cada célula, com os respectivos atributos de elevação. Para o arquivo vetorial (shp) Pontos Cotados, extraíram-se 10% dos dados disponíveis para a área de estudo, a fim de serem computados conjuntamente às curvas de nível com equidistância vertical de 10m, com fins de utilização dos interpoladores TIN e TOPOGRID, e aos centroides resultantes da conversão para arquivo matricial das Curvas de Nível com equidistância vertical de 10m, com fins de utilização do interpolador Spline. No arquivo vetorial de pontos cotados da área de interesse, oriundos da Base Cartográfica Oficial do Município, criaram-se os campos complementares, na respectiva tabela de atributos, relativos às operações consecutivas de divisão do Número de Identificação (ID de Feição) por 10 e identificação binária de valores inteiros. Desta forma tornou-se possível a seleção, a partir de uma grade de busca, de feições pontuais a cada dez pontos2, resultando no arquivo vetorial Pontos Cotados utilizados como fração de dados de entrada para processamento dos Modelos Digitais de Elevação mediante os três interpoladores. Preparados os dados de entrada (arquivos vetoriais Pontos Cotados e Curvas de Nível), procedeu-se à geração dos Modelos Digitais de Elevação, na escala 1:25000, mediante os métodos de interpolação TIN, Spline e TOPOGRID através da extensão 3D Analyst do programa ArcGIS 10.0. Para os três processos de interpolação foram inseridos os mesmos dados de entrada, havendo a adaptação de extração de centroides a partir das curvas de nível com equidistância vertical de 10m para efetuação do modelo por meio do método Spline. Para geração do MDE como Rede Irregular de Triângulos, foi utilizado o interpolador TIN com restrições Delaunay, a partir dos dados de pontos cotados e curvas de nível. Este interpolador é indicado por diversos autores como o mais ideal para geração de modelos representativos de áreas acidentadas (FERNANDES e MENEZES, 2005). A disposição de facetas triangulares na modalidade utilizada tende a conservar as características topográficas da área em análise (ESRI, 2012) e quanto mais equiláteras forem as faces triangulares, maior é a exatidão de descrição da superfície (ROCHA, 2007). Já o Modelo Digital Elevação processado pelo método Spline, com 5m de resolução espacial, foi gerado a partir dos pontos cotados e dos centroides das células resultantes da conversão para arquivo matricial das curvas de nível utilizadas nos demais métodos. Consiste num método de interpolação de mínima curvatura entre 2 Conforme os valores ordenados de identificação (Chave Primária). ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1801 pontos (ESRI, 2012) e, portanto, em geral, os valores interpolados tendem a apresentar uma distribuição mais suave. Para o presente estudo este interpolador foi utilizado na modalidade Tensionado. O Modelo Digital de Elevação, com 5m de resolução espacial, gerado através do interpolador TOPOGRID3, baseado no algoritmo ANUDEM desenvolvido por Michael Hutchinson (ESRI, 2012), foi gerado a partir dos dados pontos cotados e curvas de nível. A utilização do algoritmo ANUDEM é indicado por Yang et al. (2007) como propiciador de melhor MDE frente ao TIN, com base em análises efetuadas em área de estudo no Platô de Loess Chinês. O TOPOGRID constitui, de modo geral, um método de interpolação capaz de gerar Modelos Digitais de Elevação hidrologicamente consistentes, com a possibilidade de utilizar como feições de entrada ou processamento diversas categorias gráficas complementares para fins de busca de acurácia. Os 728 (setecentos e vinte oito) pontos cotados4 utilizados para avaliação de acurácia vertical de cada Modelo Digital de Elevação foram obtidos, por sorteio, da população total da Base Cartográfica, subtraídos os pontos utilizados na geração dos Modelos. O método de avaliação da acurácia de medição em superfície real dos três modelos gerados foi feito por meio do desvio percentual médio dos valores de elevação de cada MDE em relação aos valores apresentados pelos 728 Pontos de Controle estabelecidos. De posse da diferença de dados de elevação calculou-se também o RMSD (Root Mean Square Difference, Figura 2) para cada modelo gerado. De acordo com Yang et al. (2007) e Niel et al. (2008): Figura 2. Fórmula RMSD em que: é a variável prevista, é a variável observada e é o número de observações. 7. Resultados 3 No presente trabalho este interpolador foi utilizado com parâmetros default. 4 Mínimo amostral aleatoriamente simples, utilizando margem de erro de 2,5m (<10%) e 95% de Grau de Confiança. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1802 Os valores de elevação obtidos para os Pontos de Controle em cada Modelo Digital de Elevação gerado foram registrados e tabulados. A média de desvio percentual destes valores em relação aos dados altimétricos dos Pontos de Controle pronunciou as diferenças de atuação dos métodos de interpolação, discerníveis pelos resultados do RMSD (Figura 3). 1803 Figura 3. Gráficos de RMSD e Desvio Percentual Médio dos Métodos de Interpolação Dentre os interpoladores utilizados, a melhor atuação (Tabela 1) face ao contexto espacial da área de estudo, possuindo características de relevo dual, com zona mais acidentada e zona mais aplainada, no Município de São José, Santa Catarina, foi o método TOPOGRID baseado no algoritmo ANUDEM. O método Rede Irregular de Triângulos (TIN) com restrições Delaunay apresentou o segundo melhor desempenho. Interpolador Spline TIN TOPOGRID Desvio Percentual 3,2901652 2,6526642 0,4244156 2,704706 2,348275 1,738112 Médio RMSD Tabela 1. Desvio Percentual Médio e RMSD dos Métodos de Interpolação 8. Conclusões O método TOPOGRID, baseado no algoritmo ANUDEM, com performances de processamento de interpolador local e a capacidade de geração de superfície contínua de interpoladores globais, mostrou-se, para a área com características mistas de relevo analisada, nas condições do presente estudo, como o melhor método de estimação de altimetria. Em termos de resultados de acurácia de medição em relação à superfície real foi seguido pelo método Rede Irregular de Triângulos (TIN) com restrições Delaunay. 9. Referências ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 BRAVO, João Vitor Meza; SANTIL, Fernando Luiz de Paula. Avaliação da variação dos índices morfométricos de informações extraídas de cartas topográficas e implicações para a leitura do risco a enchentes. Revista Brasileira de Cartografia n.65/5. 2013. P.939-949. Disponível em:<http://www.Isie.unb.br/index.php/rbc/article/view/718/626>, acessado em 25 de Fevereiro de 2014. BURROUGH, P. 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