Ano XXXII | ed. 360 | Mar | 2015 CONGRESSOS DE GESTÃO TÊM INSCRIÇÕES ABERTAS Projetos Instruir e Bússola aumentam Redes sociais transformam gama de serviços aos associados relações com pacientes Páginas 4 e 5 Páginas 8 e 9 Editorial A RESPOSTA QUE QUEREMOS Foto: NEUZA NAKAHARA Quinze de março de 2015 ficou na história do país e, principalmente, do Estado de São Paulo. Nós, paulistas, em peso fomos às ruas, na capital e no interior, para mostrar ao Governo Federal nosso desagrado com a máquina instalada há 12 anos cuja engrenagem é um projeto de poder que corroeu a capacidade produtiva do Brasil. E, embora os dados sejam divergentes, milhares de pessoas se vestiram de verde e amarelo e saíram de suas casas para manifestar insatisfação e desejo por mudanças. Não havia bandeiras de partidos políticos. Eram pequenos os palanques. E, neles, não houve espaço para a manifestação de ideologias políticas. Predominou a imagem da multidão pacífica, porém indignada. A resposta que esperávamos, no entanto, não veio. O povo mal havia dispersado nas ruas, e dois ministros de Estado foram aos microfones apresentar seus balanços oficiais. Naquele momento, compreendi que o governo não havia entendido nada. Ou que se fingiu de morto, fez que não entendeu. Pior: precipitou-se, com medo de afundar mais na lama da crise institucional em que vive, e saiu dizendo que a maioria das pessoas que estava nas ruas não era eleitor da Dilma. Comprometeu-se de boca com uma reforma política feita pelos próprios políticos, anunciou nos dias subsequentes que investiria mais na comunicação do Governo Federal com São Paulo, e lançou às pressas um pacote anticorrupção que mais parece piada pronta. Não era isso que esperávamos, presidente Dilma. Gostaríamos, pra começar, que fossem anunciadas medidas concretas de corte de gastos. Pra quê tantos ministérios, tantos assessores, carros oficiais, hospedagens em hotéis de luxo? Com que moral a Presidente da República pode ir à TV pedir ao povo brasileiro paciência e colaboração quando a máquina pública está inchada, e quando o governo entende que gastar mais em publicidade para melhorar a comunicação com a população paulista vai resolver os graves problemas instalados? Não é a nossa percepção que está equivocada, senhora presidente. São os fatos, escancarados no noticiário, que nos escandalizam. E não haverá campanha de marketing capaz de reverter esta realidade indigesta. Enquanto não temos mudanças efetivas, seguimos trabalhando, na tentativa de construir um sistema de saúde equânime, e de qualidade. A despeito do que está aí, seguimos com nossos objetivos. Porque a perseverança é característica inerente de nosso povo. Daí a importância de anunciar mais um ano de uma parceria longeva com a Hospitalar, a maior feira da América Latina e um dos maiores fóruns de saúde do mundo. Estaremos lá, em maio, aliando tradição e modernidade, por meio de nossos Congressos de Gestão e uma infinidade de atividades. Num ambiente democrático, verdadeiramente participativo, e disposto a construir uma economia sólida. Mesmo que a duras penas. Mesmo que na contramão do discurso oficial. presidente Yussif Ali Mere Jr SINDHOSP - Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo • Diretoria | Efetivos • Yussif Ali Mere Jr (presidente) • Luiz Fernando Ferrari Neto (1o vice-presidente) • George Schahin (2o vice-presidente) • José Carlos Barbério (1o tesoureiro) • Antonio Carlos de Carvalho (2o tesoureiro) • Luiza Watanabe Dal Ben (1a secretária) • Ricardo Nascimento Teixeira Mendes (2o secretário) / Suplentes • Sergio Paes de Melo • Carlos Henrique Assef • Danilo Ther Vieira das Neves • Simão Raskin • Irineu Francisco Debastiani • Conselho Fiscal | Efetivos • Roberto Nascimento Teixeira Mendes • Gilberto Ulson Pizarro • Marina do Nascimento Teixeira Mendes / Suplentes • Maria Jandira Loconto • Paulo Roberto Rogich • Lucinda do Rosário Trigo • Delegados representantes | Efetivos • Yussif Ali Mere Jr • Luiz Fernando Ferrari Neto | Suplentes • José Carlos Barbério • Antonio Carlos de Carvalho • Escritórios regionais • BAURU (14) 3223-4747, [email protected] | CAMPINAS (19) 3233-2655, [email protected] RIBEIRÃO PRETO (16) 3610-6529, [email protected] | SANTO ANDRÉ (11) 4427-7047, [email protected] | SANTOS (13) 3233-3218, [email protected] SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (17) 3232-3030, [email protected] | SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (12) 3922-5777, [email protected] | SOROCABA (15) 3211-6660, [email protected] JORNAL DO SINDHOSP | Editora – Ana Paula Barbulho (MTB 22170) | Reportagens – Ana Paula Barbulho • Aline Moura • Fabiane de Sá • Rebeca Salgado • Elcio Cabral | Produção gráfica – Ergon Art (11) 2676-3211 | Periodicidade Mensal | Tiragem 15.000 exemplares | Circulação entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal | Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSP R. 24 de Maio, 208, 14o andar, São Paulo, SP, CEP 01041-000 • Fone (11) 3224-7171, ramais 390 e 391 • www.sindhosp.com.br • e-mail: [email protected] 2 | Jornal do SINDHOSP | Mar 2015 Política Sem reforma ministerial Após a crise vivida entre o ex-ministro da Educação, Cid Gomes, e a Câmara dos Deputados, em 18 de março, a presidente Dilma Rousseff afirmou que não fará reforma ministerial em seu governo. Segundo ela, não há “perspectiva” para alterar “nada nem ninguém” e eventuais mudanças serão “pontuais”. Questionada sobre se o Ministério da Educação será “devolvido” ao PT ou “entregue” ao PMDB, Dilma respondeu que não incluirá a pasta na divisão partidária do governo, já que, segundo ela, trata-se de um dos ministérios “mais importantes do país”. Dilma voltou a dizer que o Brasil tem “todas as condições” de superar as dificuldades e afirmou que reforma ministerial não é uma “panaceia” e não resolverá os problemas do país. Pacote anticorrupção em xeque Publicidade, de novo? Envolvida em denúncias de corrupção que repercutem internacionalmente, a Petrobrás chegou a veicular uma peça publicitária na qual afirma que vai superar qualquer desafio. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), no entanto, decidiu por maioria de votos que a Petrobras deve alterar a propaganda da empresa que fala sobre “superação”. A decisão foi em 12 de março, e ainda cabe recurso. Na campanha “Petrobras – Ontem, hoje e sempre superando desafios”, no ar desde o final de janeiro, a estatal afirma que “hoje os desafios são outros. Por isso, estamos aprimorando a governança e a conformidade na gestão”. O processo foi aberto no Conar após denúncia do deputado federal José Carlos Aleluia (Democratas-BA). O parlamentar pedia a suspensão da propaganda, com base no artigo 23 do Conar, que ressalta a im- Foto: GIRO ABC O PMDB, partido decisivo para que a base aliada do governo se mantenha com a maioria nas casas legislativas, tem jogado duro. O líder da legenda na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani, considerou que o pacote anticorrupção, entregue pela presidente Dilma Rousseff, não será uma prioridade de sua bancada – a com maior número de parlamentares. O deputado defende, sim, a reforma ministerial. Disse inclusive que a ideia é reduzir de 39 para 25 o número de pastas ministeriais. Picciani acredita que esta iniciativa será reconhecida pela sociedade como um esforço do governo em reduzir custos e promover mudanças, de fato. E afirmou que o Brasil já conta com leis anticorrupção, responsáveis inclusive pelas denúncias, investigações e prisões em curso, no país. posicionamento oficial. Em São Paulo, no entanto, Dilma só teve 35,69% dos votos no segundo turno. Mais um ministro pede demissão O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann, pediu demissão no último dia 25. Em documento que circulou entre petistas e que chegou às mãos do jornal O Estado de S. Paulo, em 18 de março, oriundo da própria Comunicação Social, admite-se que o governo tem adotado uma comunicação “errática” desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff. O texto aponta como saída para reverter o quadro pós-manifestações de 15 de março o investimento maciço em publicidade oficial em São Paulo. No dia seguinte à divulgação do documento, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o teor do mesmo não foi debatido pelo governo, e que não é portância de um anúncio “não abusar da confiança do consumidor, não explorar sua falta de experiência ou de conhecimento e não se beneficiar de sua credulidade”. Segundo o deputado, a campanha trata o escândalo de corrupção na empresa como exemplo de desafio a ser superado. “Não é desafio, são atos ilícitos que demandam rigorosa apuração e punição dos envolvidos”, argumentou. A veiculação da propaganda ficaria proibida até que a alteração no vídeo fosse feita, ou que uma sentença diferente revertesse a decisão do Conselho. No início de março, a Petrobras divulgou o balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014, inicialmente previsto para ser publicado em novembro passado. Sem mencionar as possíveis baixas contábeis em função da Operação Lava Jato, o documento aponta um lucro líquido de R$ 3,087 bilhões no período, resultado que indica queda de 38% em comparação com o segundo trimestre de 2014. Mais médicos Em resposta às denúncias que vieram à tona contra o Mais Médicos, o Conselho Federal de Medicina se pronunciou, exigindo apuração dos fatos. De acordo com reportagem veiculada pelo Jornal da Band em 17 de março, há uma trama entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) para acobertar a intenção de favorecer Cuba por meio do Programa Mais Médicos. O áudio consiste numa conversa entre a coordenadora do programa pela Opas, Maria Alice Barbosa Fortunato, e funcionários do ministério. Maria Alice alerta: “Se a gente coloca ‘governo cubano’, se o nosso documento é público, qualquer pessoa vai entender que a gente está driblando a coisa de fazer acordo bilateral e pode dar uma detonada.” Maria Alice deixa claro que não quer que a sociedade brasileira saiba que o programa é, basicamente, um acordo entre Brasil e Cuba (acordo bilateral). Para esconder este fato e tirar o foco de Cuba, ela sugere que o governo inclua médicos de outros países, mas em números muito baixos. “A gente pode colocar neste T.A. (termo de ajuste) Mercosul e Unasul, que vai dar, digamos, dois milhões (de reais) para tirar o foco de Cuba e incluir países do Mercosul e Unasul”, diz a funcionária da Opas. A gravação também mostra que o Brasil lavou as mãos quanto ao confisco, pelo governo cubano, da maior parte do pagamento aos médicos. Para o CFM, as gravações merecem análise detalhada a fim de esclarecer os fatos, punir os responsáveis e corrigir as distorções existentes, caso sejam confirmados abusos. O CFM reafirma sua posição crítica com respeito ao Programa Mais Médicos – manifestada desde seu anúncio - por entender que se trata de iniciativa com evidente intenção política, visando o êxito eleitoral em curto prazo e em detrimento de legítimos e relevantes interesses sociais. Resultado de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou, recentemente, falhas apontadas a partir de dados coletados entre julho de 2013 e março de 2014. Entre os problemas, estão os equívocos no sistema de supervisão e tutoria da iniciativa, que, no período avaliado, permitia distorções na prática; o despreparo dos portadores de diplomas de medicina obtidos no exterior para atender a população; o impacto limitado e negativo do Programa que, segundo mostra o TCU, em 49% dos primeiros municípios inseridos teve o total de médicos diminuído e, em outros 25% o volume de consultas reduzido. Mar 2015 | Jornal do SINDHOSP | 3 Em dia INSTRUIR É EXPANDIDO PARA TODO O ESTADO DE SP PROJETO PRESTA INFORMAÇÕES CONTÁBEIS, FISCAIS E TRIBUTÁRIAS Fotos: DIVULGAÇÃO as áreas contábil fiscal, pessoal e societária, como a escolha do melhor regime tributário; desenquaTodos os anos as empresas têm responsabilidades fisdramento da sociedade uniprofissional; emissão de notas fiscais a operadoras e seguradoras de planos cais, tributárias, contábeis e trabalhistas a cumprir. São taxas, de saúde; recolhimento de impostos, contribuições e demais encargos; declarações fiscais periódicas, contribuições, impostos, obrigações novas de escrituração como a DIRPJ, DITR, Dmed, Caged, Rais, DMS, entre outras; e elaboração de folha de pagamento. contábil, fiscal, dúvidas societárias que, muitas vezes, somenOs estabelecimentos de saúde em dia com o Sindicato também podem obter orientações te o contador ou o escritório contratado não dão conta de específicas para o setor, como redução de carga tributária para o segmento; aplitoda demanda. Na tentativa de auxiliar as cabilidade da lei 12.973/2014, que altera a legislação tributária federal do IRPJ, da empresas nessas questões, o SINDHOSP e CSLL, do PIS e da Cofins, com a introdução de novos regimes aplicáveis ao lucro a FEHOESP elaboraram o Projeto Instruir: real presumido e arbitrado; e quais procedimentos adotar em relação a fiscalizaum plantão de dúvidas e de orientações ções. ”Começamos divulgando o projeto-piloto para a base do SINDHOSP mais para quentões contábeis na área da saúde. próxima à sede. Depois para a região do ABC. Mas no fim de janeiro, começou a O projeto-piloto teve início em 18 de procura pelos estabelecimentos das demais bases territoriais do Sindicato. Com novembro de 2014 e foi disponibilizado iniisso, ainda na primeira fase, já ampliamos o atendimento aos associados dos escialmente aos associados e contribuintes do critórios regionais, do interior e da Baixada Santista”, conta a gerente. Sindicato da capital paulista, grande São PauO consultor contábil parceiro do Projeto Instruir é Massao Hashimoto. Selo. “Tínhamos a informação, por meio de gundo ele, nos três meses do projeto-piloto as principais dúvidas foram as que ennossos escritórios regionais, da necessidade volvem questões tributárias, principalmente sobre a adesão ao Simples Nacional. da categoria por serviços contábeis específiDúvidas tributárias são maioria, “Como coincidiu com o período do fim de ano, um momento sempre complicacos do setor, por ser um segmento diferensegundo Massao Hashimoto do para as organizações, a maioria das consultas foi sobre as questões tributárias, ciado até na contabilidade. Quando foi criaprincipalmente sobre aderir ao não ao regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização da a Célula de Fortalecimento Sindical, formada pelos líderes de tributos aplicável às micro e pequenas empresas (Simples), e como fazê-la. Foram muitas perguntas das entidades para fortalecer os sindicatos e a Federação, respor e-mail, atendimentos por Skype. Nos casos mais complexos, agendamos o plantão presencial, pois gatamos o projeto pensado há algum tempo de oferecer um nele há possibilidade de apresentar documentos que podem ser avaliados”, explica. A opção pelo lucro trabalho de esclarecimento na área contábil”, explica a gerente presumido e pelo lucro real também foi uma dúvida recorrente entre as empresas que participarem do executiva de Finanças do SINDHOSP, Denise Macedo Bezerra. programa (veja na versão digital do Jornal do SINDHOSP as principais obrigações contábeis para 2015). O serviço funciona em forma de plantão, em que uma vez por semana – todas as terças-feiras -, um profissional BALANÇO contratado fica à disposição dos gestores, administradores, Foram 60 atendimentos desde a segunda quinzena de novembro até o dia 10 de março - prigerentes de estabelecimentos de saúde e até dos contadomeira fase do projeto-piloto -, que obtiveram alto índice de avaliação. “Inicialmente, tivemos dificulres e escritórios de contabilidade interessados pelo atendidade para chegar ao público-alvo que realmente trata desses assuntos contábeis e fiscais dentro das mento por telefone, via Skype ou pessoalmente, na sede do empresas. Mas com a divulgação pelo site, folders, comunicados eletrônicos e o trabalho feito por SINDHOSP. Também são realizados atendimentos on-line a telefone, aos poucos, o retorno foi acontecendo e começamos a ser procurados até por quem não qualquer dia e horário pelo e-mail [email protected]. estava dentro do escopo do SINDHOSP”, conta Denise. As consultas presenciais devem ser agendadas previamente Para Hashimoto, o sucesso do projeto está no tipo de serviço ofertado, um diferencial para o por e-mail ou pelo telefone (11) 3226-9455. mercado. “O SINDHOSP está no caminho certo porque o Instruir dá a opção para as empresas No plantão, podem ser sanadas dúvidas que englobam ouvirem uma segunda opinião, e isso não quer dizer que os seus contadores não são bons. Mas é que esses profissionais, muitas vezes, não têm o conhecimento necessário para atender satisfatoriamente a empresa de saúde. A nossa atuação é como um terceiro, alheio ao relacionamento contratado e contratante, porque não temos o conflito de interesse: nem do lado do empresário, dono do negócio, e nem do contador.” E foi por isso que, mesmo com uma divulgação direcionada para médias e pequenas empresas, a procura pelo plantão do Instruir aumentou, chegando às demais regiões do Estado de São Paulo, fora do escopo do SINDHOSP. E para atender esta nova demanda, o projeto está sendo ampliado, a partir de abril, para os demais sindicatos da FEHOESP: SindJundiaí, SindMogi das Cruzes, SindhosPru, SindRibeirão e SindSuzano. “Os canais de atendimento serão os mesmos: presencial (agendado), por e-mail, telefone e Skype. E o objetivo é fidelizar o cliente com a oferta de serviços diferenciados e qualificados para que ele saiba que se precisar de informações e orientações, terá com quem contar”, explica a gestora administrativa-financeira da FEHOESP, Nívia Oliveira Cavalcante Conceição. Denise Bezerra e NívIa Conceição, do SINDHOSP e da FEHOESP “Temos consciência de que o Projeto Instruir é uma semente que está sendo plantada, e o seu fruto será colhido quando as empresas associadas precisarem de mais dados e informações”, finaliza. 4 | Jornal do SINDHOSP | Mar 2015 Em dia PROJETO BÚSSOLA COMEÇA SEMINÁRIOS INSTRUTIVOS Foto: DIVULGAÇÃO A primeira edição do Projeto contou com oito clinicas No ano de 2014, a busca pela acreditação e gestão da qualidade foram os motes dos partiparticipantes. Dividido em três etapas, assim como acontecipantes do Projeto Bússola. A aceitação das clínicas fez com que o projeto se consolidasse e, em cerá neste segundo ano de Bússola, o programa incluiu uma 2015, iniciasse seu segundo ano de auxílio para a certificação de qualidade. Através da parceria entre fase de diagnóstico, efetuada por uma acreditadora creSINDHOSP, FEHOESP e a Organização Nacional de Acreditação (ONA), os primeiros seminários denciada à ONA diretamente em cada clinica participante, de sensibilização, que visam apresentar a edição 2015 do programa aos interessados, já começaram seguida por módulos de capacitação ministrados pela ONA ser realizados. Os eventos serão realizados até maio com algumas novidades, por exemplo a inclupor meio do IEPAS. As visitas para acreditação foram a últisão das clínicas de diagnóstico como elegíveis para participarem do projeto. ma etapa. Concluídas as três fases, que duraram em torno de O primeiro seminário ocorreu em 17 de março no auditório do SINDHOSP e contou com sete meses, as clínicas participantes partiram para a implanta40 representantes de clínicas. Com o tema “A Gestão da Qualidade, a Segurança do Paciente e a ção dos novos procedimentos. Acreditação em Saúde”, a superintendente da ONA, Maria Carolina Moreno, buscou explicar aos Encerrando o primeiro seminário, Yussif Ali Mere Jr, prepresentes a necessidade de aprimorar temas tão importantes na prestação de serviços de saúde. “A sidente do SINDHOSP e da FEHOESP, destacou a credibiliqualidade é algo variável e que necessita de planejamento, por isso é sempre tão difícil implemendade e a importância do Bússola. “As nossas três entidades tá-la. Na saúde, o desafio vai além: se você atende bem um paciente, ele naturalmente vai comentar estão voltadas exclusivamente para melhorar o setor saúde com algumas pessoas sobre o seu estabelecimento, mas, se você por acaso falhar em algum dos e a qualidade assistencial. Acreditamos que a qualidade pode processos, rapidamente terá seu nome divulgado nas redes sociais e outros meios para o maior ser a solução para os inúmeros desafios do setor de saúde número de pessoas possível”, explicou. hoje. Ela é o caminho para a sustentabilidade”, afirmou. A implantação de um processo de gestão da qualidade, de acordo com a superintendente Podem participar dos seminários instrutivos sóda ONA, traz para a instituição a reorganização dos processos e atividades, redução de custos, cios-proprietários e gestores administrativos e/ou de diminuição de retrabalho, motivação dos colaboradores, maior envolvimento dos líderes e mais qualidade das clínicas associadas e/ou contribuintes do interação entre as equipes multiprofissionais. “As organizações têm a possibilidade de desenvolver SINDHOSP e demais sindicatos da FEHOESP (Sindhosuma política de segurança do paciente, estabelecer estratégias, medir desempenho e identificar Pru, SindMogi das Cruzes, SindRibeirão, SindSuzano e oportunidades de melhoria”, acrescentou. SindJundiaí), que atendam a todos os critérios relacionaUm dado preocupante, levantado por Maria Carolina, é o índice de erros que costumam acondos a seguir: ser pessoa jurídica legalmente constituída tecer dentro das unidades de saúde. Trazendo um estudo feito pelo Institute of Medicine (IOM) no há mais de um ano com CNPJ, CNES, alvará sanitário e ano 2000 a partir da revisão de milhares de prontuários em Nova York, Colorado e Utha, estimoulicença de funcionamento; atuar nas especialidades clínica se que entre 44 e 98 mil norte-americanos morrem a cada ano devido a incidentes relacionados médica geral, alergologia, angiologia, cardiologia, vascular, aos cuidados de saúde, sendo que cerca de 50% destes foram considerados evitáveis. Na realidade cirúrgica, dermatologia, endocrinologia, gastroenterolobrasileira, abordando dados de 2014 do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), gia, ginecologia, infectologia, oncologia, oftalmologia, orem 3,7% das internações ocorreu algum tipo de evento adverso, com 13,6% deles levando o patopedia, otorrinolaringologia, pediatria, pneumologia, urociente ao óbito. logia, vacinação e diagnósticos por imagem e reprodução “O Brasil ainda está bem atrasado nesta questão. Enquanto há países que trabalham há mais assistida; a estrutura da clínica não pode estar classificada de 11 anos em programas específicos de qualidade, o nosso Programa Nacional de Segurança do como consultório ou como hospital dia no CNES e nas Paciente, que já começa errado, abordando somente hospitais, é um bebê engatinhando. Além disdocumentações formais. so, para um gestor, é mais fácil colocar a culpa por um evento adverso em um funcionário do que Confira a agenda dos próximos seminários e acesse a firepensar o processo de trabalho, que pode estar falho em algum ponto” , alertou Maria Carolina. cha de inscrição no site do SINDHOSP, www.sindhosp.com.br Com a Instrução Normativa no 52 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estabelece regras para a divulgação dos instrumentos de qualificação que os serviços de saúde possuem e que as operadoras são obrigadas a destacar para seus clientes e usuários, a pressão pela acreditação tem ficado cada vez mais frequente. Segundo o CNES, dos cerca de 280 mil estabelecimentos de saúde existentes no Brasil, apenas 422 são acreditados pela ONA, por exemplo, uma das poucas certificadoras em saúde existentes no Brasil. “A cada dia novas regras e obrigatoriedades vão surgindo, e é por isso que decidimos aprimorar o Projeto Bússola para atender a crescente demanda de mercado”, afirmou Marcelo Gratão, gestor do Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (IEPAS), durante apresentação em São Paulo. Uma nova Instituição Acreditadora Credenciada (IAC) foi apresentada como parceira do Projeto Bússola para 2015. Trata-se da Fundação Vanzolini, que será responsável pelas visitas de diagnóstico organizacional junto à ONA. “Prestamos aqui um papel de responsabilidade social perante nossos associados, oferecendo o processo de acreditação por um valor um terço menor do que o praticado no mercado, e incluindo inúmeros benefícios Barbério, Maria Carolina, Yussif e Gratão, durante seminário como auxílio mensal aos interessados através de módulos práticos com especialistas em acreditação”, explicou Gratão. Mar 2015 | Jornal do SINDHOSP | 5 Manchete CONGRESSOS BRASILEIROS DE G Fotos: LEANDRO GODOI Num ano de tensão na política e na economia, a sobrevivência dos sistemas de saúde, tanto o SUS quanto o complementar, estará no centro das discussões da 22a Feira Internacional de Produtos, Equipamentos, Serviços e Tecnologia para Hospitais, Laboratórios, Farmácias, Clínicas e Consultórios – a Hospitalar 2015. E, para manter a tradição de fomentar o conhecimento, a Feira anuncia extensa programação científica, com destaque para os Congressos Brasileiros de Gestão – organizados pelo Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde (IEPAS), e realizados pela Federação e pelo Sindicato Yussif Ali Mere Jr preside o CISS dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paupelo segundo ano lo (FEHOESP e SINDHOSP), pela Confederação Nacional da Saúde (CNS) e pela Federação Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (FENAESS). Serão dois congressos neste ano, o 10o Congresso Brasileiro de Gestão em Clínicas de Serviços de Saúde e o 9o Congresso Brasileiro de Gestão em Laboratórios Clínicos. Os eventos acontecerão simultaneamente, em 20 de maio, nas salas anexas à Feira, no mezanino do Expo Center Norte (veja a programação resumida, no box). Para participar dos Congressos, realizados durante o dia todo, é preciso ter feito inscrição prévia. Além dos tradicionais e sempre concorridos congressos, neste ano o IEPAS inova e oferece também sessões de workshops em seu stand, num espaço pensado para a realização de aulas rápidas – com duração de uma hora cada – e abordando temas essenciais para a atuação dos prestadores de serviços em saúde. Nos dias 19, 21 e 22 de maio serão ministrados 10 workshops, distribuídos ao longo do horário de funcionamento da Feira, sobre: “Vantagens e desafios do processo de qualidade”, “Desafios de um atendimento com excelência”, “Relacionamento com o cliente através das ferramentas de marketing 2.0”, “Gerenciamento de Custos para área da Saúde”, “Recuperação tributária”, “O impacto do eSocial na área da Saúde” e “Consequências para Segurança Ocupacional com a implantação do eSocial”. As inscrições para os workshops poderão ser feitas somente no local, diretamente no stand do IEPAS, que estará no espaço “Hospitais Lounge”. A localização exata e mais informações sobre a programação estão disponíveis no site www.iepas.org.br. Lá também é possível efetuar inscrição para os Con- Visualização em 3D do stand do IEPAS, novidade na Hospitalar deste ano 6 | Jornal do SINDHOSP | Mar 2015 gressos de Gestão, conhecer em detalhes quem integra as Comissões Científicas e outras informações. Para o presidente do IEPAS, José Carlos Barbério, a realização dos Congressos e, este ano, dos workshops, vem cumprir um dos papéis estabelecidos pelos pilares estratégicos do Instituto, que é o de fomentar o conhecimento no setor. “As Comissões Científicas, responsáveis pela elaboração dos programas, estão sempre atentas a temas considerados importantes no plano de gestão em saúde. Repete-se, assim, anualmente, a nossa oportunidade de renovar e atualizar propostas de fundamental interesse”, define. Segundo ele, os workshops ainda servirão como um termômetro para que novos cursos e palestras sejam pensados para serem desenvolvidos ao longo do ano, conforme a participação e o interesse da categoria. O mercado da saúde tem passado por transformações, e na visão do gestor do IEPAS, Marcelo Gratão, as empresas estão proativas na busca por novos processos e atentas ao cenário tributário. “A cada ano buscamos atualizar o setor sobre temas pertinentes à saúde. Há demandas pela área tributária e regulamentações que ainda causam dúvidas. Nosso papel é orientar o associado em prol de uma cadeia produtiva e assertiva.” CONGRESSO INTERNACIONAL A área da saúde está na fronteira de uma nova revolução tecnológica, assim como já aconteceu em setores como a indústria automobilística e o sistema bancário, onde o ser humano foi gradativamente substituído por equipamentos eletrônicos e computacionais, com ganhos de agilidade, custos e eficiência. Por isso, o Congresso Internacional de Serviços de Saúde (CISS) terá como tema, neste ano automação e robótica, com ênfase na automação da gestão hospitalar, dos processos cirúrgicos e cuidados críticos e intensivos. Pelo segundo ano consecutivo, Yussif Ali Mere Jr, que é presidente do SINDHOSP e da FEHOESP, foi convidado para presidir o CISS. Ele explica que o evento pretende traçar objetivos factíveis para nosso sistema de saúde. Para Yussif, as tecnologias constituem parte indispensável. “No entanto, em um contexto no qual os recursos econômicos são limitados, a correta incorporação e difusão das tecnologias demonstram ser um desafio não só para o Brasil, mas para todos os envolvidos em saúde pública e privada”, afirma. O presidente chama a atenção para a necessidade de os profissionais da saúde, acima de tudo, sa- Manchete GESTÃO TÊM INSCRIÇÕES ABERTAS berem sobre os doentes. “Tratar de vidas humanas significa tratar de seres humanos e, portanto, saber sobre as doenças é muito importante, é indelegável por parte dos profissionais de saúde. Falar da substituição de um cirurgião por um robô é desconhecer a condição imperativa da interação homemmáquina, a fim de atingir os resultados satisfatórios”, diz. Ainda pouco familiar à maioria dos hospitais brasileiros, a discussão tratará de como, quando e com que aporte de recursos essas novas tecnologias deverão incorporar-se efetivamente ao universo hospitalar, tomando como base as experiências de países e de empresas que já vivenciam esta realidade. Os temas das palestras são: “Como a automação e a robótica afetarão o setor de saúde no Brasil e no mundo?”, “Como a automação pode melhorar o processo cirúrgico?”, 10O CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO EM CLÍNICAS DE SERVIÇOS DE SAÚDE 9h: Modelos Societários / Lucro Presumido / Lucro Real / Super Simples / E-Social – Qual o melhor? Análise de diversos cenários relacionados ao faturamento, pagamento de prestação de serviços, distribuição de lucros, entre outros, de forma a auxiliar os presentes na escolha do tipo de empresa mais adequada para cada realidade, tanto em termos tributários (lucro presumido, real, Super Simples) quanto societários (distribuição de lucros, pró-labore, despesa com repasses etc.). 10h50: A Importância do Fluxo de Caixa e da Gestão de Custos no processo de decisão Para que a empresa sobreviva com resultados positivos rumo à perenidade, os instrumentos de controle econômicos e financeiros são imprescindíveis. A gestão do caixa de forma dinâmica e eficiente pode contribuir sensivelmente nas finanças da empresa. Informação de custos que proporcione dados para o gerenciamento e controle, formação de preços e conhecimento dos custos e resultados dos serviços, por cliente, por profissional, podem ser o grande diferencial para a sustentabilidade da instituição. 13h30: A aplicação do Marketing Digital como ferramenta para capacitação e fidelização de clientes Apresentará os conceitos de marketing digital no mercado de saúde com o objetivo de se conseguir novos pacientes e de fidelizar de forma proativa os pacientes já existentes. 15h30: Choque de Gerações e a Geração de Distraídos As empresas brasileiras estão se deparando com novos contextos nos quais fazer a gestão das pessoas tem se tornado algo cada vez mais complexo. Administrar o comportamento da nova geração de profissionais, que desafia o padrão das relações organizacionais, é um exercício constante para os gestores. Um convite para repensar nossas atitudes, pessoais e organizacionais, a fim de garantir que as diferenças de visões e de conduta somem ao invés de dividir. 9O CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO EM LABORATÓRIOS CLÍNICOS Congressos de Gestão, ano passado, lotaram auditórios “Como a automação pode transformar o processo de cuidados críticos e intensivos?”, além de apresentações sobre a experiência da automação e da robótica nos hospitais e no sistema de saúde da Suécia, da Coreia do Sul, da Itália e do Reino Unido. Para encerrar o CISS, haverá uma palestra magna proferida pelo renomado publicitário Nizan Guanaes, que é sócio e co-fundador do Grupo ABC de Comunicação, holding que reúne 18 empresas nas áreas de publicidade, marketing, conteúdo e entretenimento. O Grupo ABC é o maior conglomerado de comunicação da América Latina e o 18o maior grupo de comunicação do mundo, segundo ranking do Advertising Age. Os organizadores estimam que a Hospitalar deva receber, durante os quatro dias, mais de 90 mil visitas profissionais, com destaque para dirigentes de hospitais, clínicas e laboratórios, médicos, enfermeiros, distribuidores, compradores internacionais e outros profissionais da saúde em busca de novidades e tendências do setor. 8h50: Talkshow: Agências Reguladoras - Contratualização A recente aprovação da Lei 13.003 pela ANS, assim com a sua regulamentação, já se constituiu num marco para o sistema de saúde suplementar, onde são constantes as queixas de todos os envolvidos. A lei renovou as esperanças de prestadores de serviços de saúde, especialmente os laboratórios clínicos, que passaram a contar com a certeza da reposição financeira de seus custos, e esperam mais reconhecimento pela qualidade dos serviços que prestam. Passados alguns meses da regulamentação, representantes da ANS e do setor laboratorial discutirão os benefícios e seus impactos no mercado. 10h35: Palestra: Gerenciamento de Talentos Em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, a busca por um melhor posicionamento no mercado passa por vários fatores, dos quais um dos principais é a produtividade, seja industrial ou em serviços. Para atingir isso, o talento humano é a peça fundamental, principalmente quando o foco é na prestação de serviços. O Brasil tem cada vez mais dificuldade de formar e reter mão de obra especializada, e o medo de um apagão faz as empresas do setor repensarem a forma de estruturar e reter seus talentos. É neste contexto que vamos discutir como uma pequena e média empresa pode fazer uso de ferramentas e processos para mitigar este problema. 13h20: Mesa-redonda: Novo Cenário Tributário - Custos e Fiscal A competitividade de um laboratório clínico depende diretamente da rentabilidade, que se vincula à relação entre receitas e custos. Atualmente as receitas são limitadas pela força associativa dos clientes, portanto, a sobrevivência imediata depende da gestão eficiente dos custos. Palestra I: Metodologia de Custos Palestra II: Enquadramento no Simples – Lucro Real ou Presumido 15h05: Palestra: Tecnologias que estão reinventando a medicina laboratorial As Tecnologias de Informação e Comunicação que estão transformando a cadeia de saúde (eHealth) e o seu impacto no setor de Medicina Laboratorial. Obstáculos e oportunidades para provedores de serviços de patologia clínica com os avanços de Digital Pathology. Mar 2015 | Jornal do SINDHOSP | 7 Em dia O PODER DAS REDES SOCIAIS NA SAÚDE Foto: THINKSTOCK Foto: DIVULGAÇÃO O médico Drauzio Varella é dos bons exemplos de proNuma pesquisa divulgada em junho de 2014, pela comScore – portal que mede a audiência fissional que sabe se comunicar com o público. Valendo-se na internet – o Brasil está em quinto lugar no total de internautas do planeta, com 68,1 milhões de de sua notoriedade na TV, ele também embarcou nas redes usuários, um crescimento de 11% em relação a 2013 (considerando apenas acessos via PCs). Persociais. Hoje, é um dos que mais possui seguidores, ultrademos somente para China (354,6 milhões), EUA (194,7 milhões), Índia (80,1 milhões) e Japão (73 passando 1,5 milhão de fãs no Facebook. Em sua página, ele milhões). Na América Latina, somos campeões de audiência: 40% dos internautas estão no Brasil. fala sobre oncologia, posta dicas sobre como se hidratar e Os brasileiros ficam 29,7 horas/mês online, contra 21,9 na média latino-americana e 20,4 entre os prevenir doenças, e sobre as novidades no tratamento da argentinos. Aids. Nessa mesma linha seguem outros especialistas, como Fato é que as pessoas estão mais conectadas a cada ano, em grande parte por conta da estrao ginecologista Renato Kalil e o endocrinologista Alfredo tosférica expansão dos smartphones e a multiplicação de equipamentos considerados portáteis, Halpern. como os tablets, o que possibilita estar online por mais tempo, em qualquer lugar. Pesquisa rea“O fato é que é inevitável que a informação de saúde lizada pela Fecomércio RJ/Ipsos, em setembro do ano passado, aponta que do total de usuários via internet assuma cada vez mais imporbrasileiros na internet, 84,2% têm a finalidade de acessar as redes sociais. O Brasil tância. Isto é bom e ruim. É ruim porque é o terceiro país no mundo que passa mais tempo conectado à rede mundial de qualquer um pode disseminá-la. O bom computadores e navegar nas redes sociais é a atividade que mais consome esse é que informações sérias podem ajudar tempo (há 89 milhões de brasileiros no Facebook). Estudos americanos recentes pessoas a entender mais de saúde e todemonstraram que mais de 80% dos internautas também usam a internet para mar providências para mantê-la o melhor buscar informações sobre saúde e que uma em cada três pessoas busca seus possível. Por isso, os profissionais de saúsintomas no Google antes mesmo de marcar consulta com um médico. de, as empresas sérias e comprometidas e Para se aproximar de pacientes e consumidores que possuem sede de ino próprio governo devem, cada vez mais, formação e obter mais agilidade na solução dos seus problemas, fabricantes de ocupar este espaço, observar e participar remédios, planos de saúde, laboratórios, hospitais e profissionais de saúde têm de debates neste meio”, alerta a jornalista apostado nas redes sociais como canal para facilitar os cuidados. Segundo a méespecializada em saúde, Luciana Oncken, dica intensivista Mariana Perroni, que possui o blog Palpitação e perfil homôBruna é portadora de Esclerose que possui uma empresa de comunicação nimo no Facebook, empresas e médicos ainda precisam perceber o potencial Múltipla e mantém um blog responsável pela administração de redes das novas tecnologias digitais e entender que elas vão muito além da presença sociais como as do médico Alfredo Halpern. nas redes sociais e da adoção do prontuário eletrônico. Ela cita grandes organizações, como Mayo A médica Mariana Perroni acredita que o interesse pelo Clinic, Cleveland Clinic e Stanford, que começaram a pavimentar esse caminho há uma década e tema “saúde” sempre existiu. E que se intensificou com a consagraram-se como líderes dessa revolução digital. “Agora, com o tema recebendo mais destafacilidade de acesso à informação. “Os pacientes se tornaque no Brasil, o setor de saúde tem a oportunidade de recuperar o atraso, e reconhecer o potencial ram mais empoderados. Começaram a trocar informações do digital em melhorar o cuidado e reduzir custos por meio de ferramentas que permitem agilizar sobre saúde, tratamentos ou patologias em seu círculo de processos, promover maior engajamento com pacientes, reduzir falhas de comunicação e o custo amigos e conhecidos, por meio das redes sociais. É uma de diagnósticos e tratamentos”. consequência esperada.” 8 | Jornal do SINDHOSP | Mar 2015 ENGAJAMENTO Além de estarem conectadas o tempo todo e da necessidade de obter informações, as pessoas fazem parte de grupos ou comunidades, segundo Luciana, porque recebem atenção. “O meio eletrônico permite isso, mesmo que a distância. Aproxima pessoas que podem não ter nada em comum, a não ser uma doença. É o meu caso com o diabetes”, conta. A jornalista mantém um blog - o Viver com Diabetes (http://vivercomdiabetes.com/) - há quase dez anos, onde conheceu e se aproximou de pessoas que muito provavelmente nunca encontraria, não fosse a internet. “Saímos inclusive do virtual para encontros presenciais que enriquecem a nossa experiência, a nossa vivência e os nossos cuidados com a saúde. Somos um grupo de pacientes que trata a questão do diabetes com muita responsabilidade, atentos às evidências científicas. Exigimos tratamentos cada vez mais adequados dos diversos setores. O meio digital facilitou essa conexão e nos transformou em agentes de mudança, nos empoderou. Não enxergo outra forma de se fazer isso, não fosse o avanço das redes sociais”, afirma. Realidade também vivida pela publicitária e blogueira Em dia Foto: DIVULGAÇÃO Foto: OSMAR BUSTOS INFORMAÇÃO CONFIÁVEL de Porto Alegre (RS), Bruna Rocha Silveira, portadora de esEstatísticas demonstram que 90% das pessoas confiam nas informações sobre saúde que seus clerose múltipla. Desde 2009 ela mantém o blog Esclerose contatos compartilham nas redes, segundo Mariana Perroni. Mais: 41% delas afirmam que as redes Múltipla e Eu (http://esclerosemultiplaeeu.blogspot.com. afetam suas escolhas de médico, hospital ou laboratório. ”Isso demonstra o poder das mídias sociais br/) para troca de informações, diagnósticos e tratamenem propagar um nome tanto de forma positiva quanto negativa. Por isso, é crucial que cada institos. “Quando criei o blog, queria encontrar outras pessoas tuição estabeleça diretrizes de atuação nas redes sociais e treinamento para a equipe responsável, como eu, que vivessem o mesmo problema, que tivessem de forma a garantir que todos estejam na mesma página, sempre prezando pelo conteúdo de quaa mesma idade (21 anos, na época). Também tinha um granlidade, em linguagem transparente e autêntica, obedecendo aos princípios do de desejo de que meus amigos e familiacódigo de ética, e com a participação dos médicos”, ensina Perroni. res entendessem como me sentia. Além No início de março deste ano, a propagação de uma informação equivocada disso, eu queria que, quando as pessoas pela ferramenta Whatsapp demonstrou o poder da tecnologia para disseminar tivessem o diagnóstico de esclerose e fosboatos. Por conta do aumento dos casos de dengue no Estado de São Paulo, sem pesquisar sobre a doença na internet, circulou a informação de que o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus, teencontrassem alguma coisa boa. Porque ria sofrido uma mutação. O antídoto da Secretaria Estadual de Saúde veio pelas quando eu fiz isso, em 2000, encontrei redes sociais. O secretário da pasta, David Uip, postou um vídeo no Facebook, que teria no máximo dez anos de vida e desmentindo o boato. E logo a informação correta estava nos principais jornais que logo estaria totalmente dependente, e na televisão (assista, na edição digital do Jornal do SINDHOSP, ao vídeo de o que não é verdade.” esclarecimento do secretário). Bruna fidelizou muitos seguidores e O Grupo Fleury, pioneiro na utilização de plataformas digitais ao disponibiacredita que o sucesso deve-se ao fato Luciana Oncken ressalta a lizar resultados de exames pela internet já em 1998, também tem história para de o blog estar sempre atualizado com credibilidade dos conteúdos contar quando o assunto é resolver mal entendido via internet. Em 2009, suas informações reais e comuns a muitas marcas já navegavam nas redes sociais, com um modelo de atuação de monitoramento em tempo pessoas que sofrem do mesmo problema. “Eu não escrereal. E foi isso que permitiu que uma reclamação, feita por um cliente com grande poder de engajavo sobre pesquisas que não entendo. Escrevo sobre o que mento em blogs, não se espalhasse como pólvora. “Ingressamos nas redes sociais com um modelo vivo. Acho que é isso que as pessoas querem saber: como de atuação em que monitorávamos posts em tempo real e conseguíamos atuar, quando necessário, é o dia a dia do paciente. Os tratamentos, as pesquisas e os com o cliente ainda em uma de nossas unidades”, destaca a gerente de Comunicação do Grupo exames podem ser explicados pelos médicos, no consulFleury, Thaís Arruda. Para garantir a confiabilidade e a credibilidade das informações nas mídias digitório. Mas nenhum médico consegue explicar uma fadiga tais, o grupo possui uma equipe de profissionais dedicados, que monitora e produz conteúdo. “Desintensa. Nem consegue entender todas as adaptações neta forma, conseguimos efetivamente conversar com nossos fãs. Ninguém fica sem resposta, e cada cessárias nas nossas vidas, e o quanto isso nos afeta. Acho marca tem seu posicionamento digital definido. Temos quase cem mil fãs na nossa página, muitos que me colocar ali em palavras é o que faz o blog ter acesdeles obtidos de forma orgânica. Percebemos que os clientes realmente interagem conosco, chesos”, explica. gam até a falar de assuntos pessoais, o que mostra que nos enxergam realmente como parceiros.” Nessa mesma direção, o Hospital Santa Paula desenvolO SINDHOSP também acompanhou essa tendência e, desde 2011, mantém uma conta no veu o Coneccte (http://www.coneccte.com.br/) – uma rede Twitter (https://twitter.com/sindhosp) com posts relacionados a dicas de saúde, gestão, política, social para promover a troca de experiências entre pacientes questões governamentais e jurídicas. Reformulado em 2013, o Facebook do Sindicato (https:// oncológicos e seus familiares. A plataforma, disponível desde www.facebook.com/sindhosp.sp) conta, aproximadamente, com 1.700 seguidores. A cobertura outubro de 2014, conta com um suporte de informações em tempo real de cursos e eventos possibilitou um aumento no número de curtidas. sobre câncer com o blog dos Médicos e o blog do Instituto de Oncologia Santa Paula. De acordo TENDÊNCIA MUNDIAL com a gerente de Marketing do hospital “A tendência é que a mídia digital continue a se desenvolver. Ela está deie idealizadora da ferramenta, Paula Gallo, xando de ser um complemento para ser um dos principais veículos de comuem quatro meses o Coneccte tem 800 nicação, fornecendo elementos significativos para pesquisa, coleta de dados e pessoas cadastradas e mais de 1.500 posts campanhas, e para a aproximação com o público. É importante que os líderes de conteúdo (de pacientes e da equipe de de saúde compreendam e se envolvam em seu desenvolvimento e utilização”, profissionais e médicos que fazem parte destaca a jornalista Luciana Oncken. do comitê responsável pela atualização). A médica Mariana Perroni compartilha desta visão. “É preciso identificar “A ideia dos posts do comitê é levar inforentre os funcionários do hospital ou empresa aqueles com maior capacidade mações médicas sobre os últimos estudos, de abraçar as novas tecnologias e investir em treinamento para torná-los embaias novidades trazidas de congressos, dicas xadores digitais, no intuito de catequizar e influenciar os demais, promovendo a práticas de nutrição durante o tratamento Mariana Perroni, médica, possui blog e Facebook mudança do mindset da organização.” etc. No entanto, não existe interação entre Uma das mais famosas e antigas organizações de saúde dos Estados Unidos, pacientes e comitê. Todos os conteúdos a centenária Mayo Clinic, publicou o livro “Bringing the Social Media Revolution to Health Care” (Trazendo a são disponibilizados a título de informação e educação.” Revolução das Mídias Sociais para a Saúde – ainda inédito no Brasil). Em formato de coletânea de texA gerente destaca que fontes confiáveis, com base em tos, médicos e gestores da Mayo compartilharam perspectivas e experiências vividas no Facebook, estudos e estatísticas, são fundamentais para o sucesso das Twitter, LinkedIn, blogs e Youtube ao longo de sete anos. São conselhos direcionados tanto para a redes sociais. “A velocidade da informação é tanto para o construção de perfis pessoais de quem atua no setor, quanto para as empresas, com orientação jurípositivo como para o negativo. Por isso a preocupação, no dica e de especialistas da comunicação sobre como se comportar na internet. O trabalho teve início caso do Coneccte, em deixar claro que as trocas nas redes em 2005, ano em que o Centro de Mídia Social do hospital, de forma pioneira no segmento, passou devem acontecer sim, mas que a conversa e a consulta com a investir em ferramentas web para estreitar relacionamento com os pacientes e agentes de saúde. o médico não podem jamais ser abandonadas.” Mar 2015 | Jornal do SINDHOSP | 9 Em dia COMIDA DE HOSPITAL? Foto: TIME COMUNICAÇÃO Foto: DIVULGAÇÃO Todo brasileiro já ouviu falar da expressão “comida de car quais novos condimentos podem ser agregados à produção do prato para torná-lo saboroso. Lia hospital” – a refeição feita sem ou com poucos temperos, assegura: “É possível oferecer refeições de qualidade e diferenciadas sem alto custo para o hospital”. com restrição a alguns alimentos, conforme a necessidade Larissa concorda: “Não se trata da sofisticação do ingrediente, mas sim de atender às necessido paciente. A frase tornou-se sinônimo de refeição pouco dades do paciente”. Ela diz que, atualmente, no Samaritano, o custo com a compra de alimentos é saborosa, pois a imagem de dietas para menor que em 2008 – mesmo com a inflação acumulada nesses sete anos, que foi tratamentos médicos quase sempre esde 50,07% de acordo com o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). teve ligada a experiências gastronômicas A redução de custos se deve, em grande parte, à racionalização da cozinha. ruins. Comida insossa, sem cor, apresenta“Sabemos com antecedência quais são os pedidos, e fazemos a medida certa. Não da de qualquer maneira sobre o prato, e há sobras”, explica Larissa. que ainda por cima chega fria ao quarto. O setor de Gastronomia e Nutrição do Samaritano também adotou técDifícil de engolir, literalmente. nicas que agilizam o trabalho, mantendo a qualidade nutricional dos alimentos. Mas as refeições servidas nos hospitais Uma delas é a sous-vide, termo francês que quer dizer “sob vácuo”. Trata-se privados modernos são a prova de que de um método de cozinhar em sacolas plásticas seladas a vácuo, em baixas passou da hora de rever esse chavão. Há temperaturas, por um tempo maior que o comum. A prática mantém a inteNutrição ganhou força nos cerca de dez anos os profissionais de nutrigridade do alimento, evitando perdas de umidade e sabor. A outra técnica é a hospitais, lembra Larissa ção e da gastronomia vêm mudando o vecook & chill – do inglês, literalmente, “cozinhar & resfriar”. Consiste em resfriar lho conceito de que comida de hospital é horrível e sem graça. ou congelar os alimentos rapidamente logo após a cocção, para evitar a proliferação de bactérias, Por conta disso, grande parte dos hospitais privados contaminação e preservar suas qualidades. do estado de São Paulo está unindo a nutrição à gastronomia. “O nutricionista precisa buscar conhecimento em CARTÃO DE VISITAS gastronomia para participar ativamente do processo de Um estudo realizado por médicos da Universidade de Berna, na Suíça, e publicado na revista treinamento de técnicas culinárias atuais. Já o gastrônomo científica American Journal of Clinical Nutrition, mostra que a internação por si só é um inibidor de necessita entender de nutrição para elaborar receitas sauapetite. O paciente ou não come por causa da doença ou do tratamento (ou de ambos), ou até tem dáveis e nutritivas. Este intercâmbio entre as áreas é essenfome, mas perde a vontade de se alimentar devido ao ambiente hostil. cial para o sucesso desta parceria”, afirma a coordenadora Segundo a coordenadora do Samaritano, a alimentação é um cartão de visitas do hospital. de Gastronomia e Nutrição do Hospital Samaritano de São “Os pacientes podem não entender muito sobre os tratamentos, mas a comida é uma linguagem Paulo, Larissa Lins. Dessa maneira, os hospitais têm buscado universal”, afirma. Por isso, ela implantou um sistema que informa, a cada refeição, quais as principais tornar as dietas mais atraentes e saudáveis, sem descuidar características dos alimentos que os pacientes estão consumindo e o porquê da escolha. “Se a pesde atender às necessidades nutricionais, soa não pode comer sal, por exemplo, enviamos junto à refeição o sal de ervas, que são influenciadas tanto pela intolee um pequeno folheto que explica a opção.” Essa simples atitude dá conforto ao rância (alergia) a algum tipo de alimento paciente, que percebe a importância da nutrição adequada para sua recuperaaté à cultura (vegetarianos, por exemplo) ção, e sente que o alimento foi preparado especificamente para ele. e religião do paciente. Essa humanização Para aprimorar as técnicas culinárias utilizadas na cozinha e intensificar o sado tratamento faz com que o doente fibor das preparações oferecidas aos internados, Larissa contratou a consultoria do que bem nutrido e satisfeito, e a tendênrenomado chef Laurent Suaudeau, conhecido por misturar a clássica cozinha francia é que ele coopere mais com a equipe cesa com ingredientes típicos brasileiros. O francês e sua equipe realizaram o treimédica, o que pode até acelerar a sua namento dos chefs, cozinheiros, nutricionistas e confeiteiros do Samaritano. Derecuperação. pois, houve capacitação para montar um novo cardápio, com mais de 40 opções. A criatividade tem que ser diária, Larissa conta que foi contratada pela A coordenadora conta que o sucesso foi tamanho que o hospital até ganhou garante Lia direção do hospital exatamente com a misum “paciente fixo”: “tem um senhor que programa suas visitas ao hospital para são de modernizar o setor. “Antes, a área de nutrição era pracoincidir com o dia em que servimos Carré de Javali como opção.” Larissa diz que outro prato ticamente esquecida, relegada a um canto qualquer dos hosmuito apreciado pelos pacientes é a Paella Vegetariana (confira receitas em nossa edição digital). pitais. Hoje os administradores entendem sua importância.” Segundo Lia Buschinelli, nutricionista clínica do Grupo NECESSIDADES ESPECÍFICAS Instituto Paulista de Cancerologia (IPC), lidar com a restrição Engana-se quem crê que os departamentos de nutrição dos hospitais têm de se preocupar de alguns ingredientes básicos e, ainda assim, conferir sabor somente com a dieta prescrita – há casos específicos. Dentre as 3.500 refeições servidas diariamenàs preparações é um desafio diário que exige mais criatividate pelo Samaritano a funcionários, doentes e acompanhantes, a parte mais trabalhosa são os 340 de que investimento, além de testes e mais testes para verifileitos, onde ficam os internados. 10 | Jornal do SINDHOSP | Mar 2015 Em dia Larissa, que também é professora da Faculdade São Camilo, explica que o Hospital Samaritano, localizado em Higienópolis, atende muitas pessoas da comunidade judaica, numerosa no bairro. “Os judeus, principalmente os ortodoxos, têm algumas restrições alimentares, a comida deve ser ‘kasher’”, informa. O termo significa “próprio” – no caso, próprio para consumo pelos judeus, de acordo com a lei judaica. Entre os alimentos não-kasher estão a carne de porco, todos os frutos do mar, peixes que não possuem escamas, carne com sangue, e qualquer alimento que misture carne com produtos de origem láctea, como manteiga, leite e queijo. Até mesmo o manuseio de utensílios tem de ser feito de forma diferente. “Para solucionarmos isso, fizemos uma parceria com um restaurante judeu próximo ao hospital”, revela Larissa. Lia Buschinelli, do Instituto Paulista de Cancerologia, é especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição, e em Oncologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Pacientes em tratamento de alguns tipos de câncer não podem consumir alimentos crus e precisam de mais proteína em suas dietas. Segundo Lia, o mais importante é conversar: “No começo de uma internação o prato mais diferente chama a atenção. Mas, quando o doente fica mais tempo internado, o normal é que opte pelo trivial, pela comida mais próxima da que ele come em casa”, assegura. O Hospital Samaritano vai além, e se preocupa até mesmo com “mimos”, produzidos em ocasiões especiais como Páscoa, Dia das Mães e dos Pais, Natal e Ano-Novo, seja do calendá- rio cristão ou judaico, com datas e motivos de comemoração específicos. FUTURO Larissa assegura que o Samaritano continua investindo no setor, e que é chegada a hora de informatizar a área. “Até o final desse ano os pacientes terão um site que contará com muitas informações sobre alimentação, e até mesmo vídeos que demonstrarão como deve ser o procedimento no caso de necessidade de nutrição enteral.” As concorridas receitas do hospital também estarão disponíveis no site. A coordenadora de Gastronomia e Nutrição informa que, num segundo momento, os pacientes poderão escolher as refeições por meio da internet, que já está disponível nos quartos do hospital. “O paciente vai ver as opções de refeição e informações sobre elas pela TV, e poderá escolher o que deseja comer utilizando o controle remoto.” A Divisão de Nutrição e Dietética do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) produz cerca de cinco mil refeições por dia e desenvolve ações de assistência nutricional, ensino e pesquisa. Além disso, possui uma seção de Ensino, Capacitação e Cozinha Experimental, que tem por objetivo aprimorar pessoal e técnicas de trabalho. Dentre as várias atividades, desenvolve programas de educação continuada destinados à Nutrição e Gastronomia. Está previsto para o segundo semestre de 2015 o curso de atualização “Gastronomia Aplicada à Nutrição Hospitalar”. Segundo a coordenadora da divisão, Andréa Luiza Jorge, o público-alvo são nutricionistas, técnicos em nutrição e profissionais interessados em gastronomia hospitalar. O Instituto também oferece o Programa Nutri@ção com Qualidade, que ocorre mensalmente e tem uma hora de duração. Os objetivos são proporcionar conhecimentos em alimentação e nutrição saudável aos colaboradores, como incentivo à qualidade de vida; apresentar conceitos, dicas, mitos e verdades sobre diferentes temas da alimentação; e apresentar alternativas para uma alimentação saudável, equilibrada, criativa e colorida com ilustração de receitas e degustação. A cada dois meses, a Divisão de Nutrição e Dietética realiza Oficinas de Culinária de duas horas de duração, voltadas aos pacientes ambulatoriais do HCFMUSP e aos funcionários envolvidos com a assistência nutricional. Essas oficinas pretendem proporcionar conhecimentos em alimentação e nutrição saudável e a associação com a gastronomia no preparo de dietas restritas; promover integração e sociabilidade entre pacientes e colaboradores da área de nutrição, a fim de valorizar o cuidado nutricional; e desenvolver habilidades culinárias no preparo de alimentos adequados às necessidades de cada situação clínica. Mais informações sobre os cursos do HCFMUSP pelo telefone (11) 2661-3130. O Instituto Racine está com inscrições abertas para a terceira turma do Curso Intensivo em Gastronomia Hospitalar, cujas aulas terão início em junho de 2015. Seu objetivo é apresentar conceitos, história, tendências e aspectos práticos da gastronomia hospitalar, com aplicabilidade em diferentes situações clínicas. Para mais informações, acesse www.racine.com.br e selecione a opção Cursos Intensivos. O Senac-SP está com inscrições abertas para o curso livre Nutrição em Hospitais: A Gastronomia como Diferencial. Durante as 30 horas, o participante aprende a planejar ações de implantação da gastronomia no Serviço de Nutrição e Dietética, conhecendo o mercado hospitalar, os diferentes serviços ofertados aos públicos-alvo e a gestão das principais áreas da unidade de alimentação. As aulas são voltadas para pessoas com formação técnica de nível médio em nutrição ou alunos de bacharelado em nutrição e gastronomia. Para mais informações, acesse www.sp.senac.br e vá em Cursos Livres. Mar 2015 | Jornal do SINDHOSP | 11 Foto: THINKSTOCK CURSOS Em dia ENTRE FÁRMACOS, JAZZ E POESIA Foto: NEUZA NAKAHARA ral foi a criação, em 1973, do Centro de Radioimunoensaio de São Paulo (CRIESP), O terno alinhado e o nó impecáque incorporava a utilização de hormônios para resultados mais ágeis em exames vel na gravata revelam um lado pouco laboratoriais. conhecido de José Carlos Barbério, teA pesquisa e o carinho pela USP são latentes na vida do farmacêutico. Em soureiro do SINDHOSP e da FEHOESP 1978, ele se candidatou ao cargo de professor titular da Faculdade de Ciências Fare presidente do Instituto de Ensino e macêuticas, onde, após concurso, integrou o quadro do departamento de AlimenPesquisa na Área da Saúde (IEPAS). Ele tos e Nutrição Experimental, lecionando Metodologia e Aplicações de Radioisótoé vaidoso e revela que desde jovem tem pos. Já em 1982, por indicação do reitor da Universidade, tornou-se diretor, onde paixão por se vestir bem. “Hoje em dia as permaneceu até 1986, data de sua aposentadoria após 35 anos de vida pública. pessoas não ligam mais para essa coisa de A chegada ao SINDHOSP aconteceu de um convite inusitado. “Conhecia o roupa, mas acredito que terno e gravata Dante (Ancona Montagnana, ex-presidente do Sindicato e falecido em 2011) de são indispensáveis”, explica. José Carlos Barbério receberá seu nome, por coisas que eu via vez ou outra na imprensa ou então em conversas Com um sorriso tímido, ele se porta sexto prêmio da carreira, em abril de corredor com pessoas da área da saúde. Numa conversa por telefone, ele me em frente à câmera enquanto vasculha na surpreendeu com o quanto sabia sobre mim e minha história. Veio me visitar memória intacta seus grandes momentos. no CRIESP uma vez e já me convidou para alguns debates do Sindicato. Pouco tempo depois, em Aos 83 anos, Barbério é reconhecido nacionalmente pelo 2003, me tornei coordenador da Comissão de Laboratórios do SINDHOSP e, dez anos depois, pioneirismo na produção de radiofármacos, matéria-prima presidente do IEPAS.” que revolucionou a medicina nuclear no país. Com doutoFora dos balcões de pesquisa, das salas de aula da Universidade e dos escritórios sindicais, José rado em Farmacologia e longa carreira no setor de laboratóCarlos Barbério nutre duas paixões particulares, que também o alimentam: o jazz e a poesia. “Tenho rios, ele se prepara para receber, em 2015, seu sexto prêmio em casa uma coleção com cerca de 600 cd’s e vinis de jazz. Na poesia, destaco Fernando Pessoa, de reconhecimento profissional. Em 27 de abril, Barbério Jorge Amado, Vinícius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade.” Outros hobbies são os passerá homenageado com o Colar do Mérito Industrial Farseios aos domingos no Clube Pinheiros, do qual é sócio há anos, e os jogos do Palmeiras na televisão. macêutico “Cândido Fontoura”, durante solenidade do 82o “Numa família de são paulinos, imagina como é assistir aos jogos?”, brinca. aniversário do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas do EsO farmacêutico também é romântico. O casamento, que completa 56 anos, é motivo de tado de São Paulo (Sindusfarma). emoção. “Casei-me em 1959, precisamente em 29 de maio na Igreja do Convento do Carmo. E “Graças a Deus, o que fiz foi em prol de uma saúde mea gente namora até hoje, tá? Meus filhos e netos sempre nos falam sobre o quanto somos unidos lhor, desenvolvendo metodologias que facilitassem algumas e parceiros neste matrimônio.” O primeiro encontro com a esposa, a pedagoga Maria do Rosário, etapas. Sou muito grato por cada uma das homenagens”, teria sido arranjado por um amigo dos tempos de faculdade. “Foi engraçado, fomos ao Club Homs comenta. Em 2013, o farmacêutico já havia sido laureado durante uma tarde de matinê para dançar. Meu amigo namorava a irmã dela e arrumou o nosso pela entidade, com indicação do então vice-presidente, Lauencontro. Gostei dela assim que a vi, mas não deu certo de começarmos a namorar. Passou um ro Moretto, seu ex-aluno. tempo até termos o segundo encontro, mais uma vez arranjado por amigos. Foi um almoço de A carreira na área da saúde veio do sonho com a Fadomingo. Lembro-me que ela estava mais bonita do que culdade de Medicina. “Na fase pré-vestibular, eu já trabaa primeira vez que a vi.” Da união com Maria, a família Barlhava na USP como assistente dos laboratórios e achava bério cresceu e conta atualmente com quatro filhos (dois que teria certa facilidade em ser aprovado. Mas meu chefe, homens e duas mulheres, gêmeas) e sete netos, aos quais na época, disse que era praticamente impossível continuar ele descreve como “o maior sonho de vida”. trabalhando e ser classificado no curso, já que a própria faE como homenagens fazem parte da vida de José Carculdade barraria a classificação. Minha saída foi entrar em los Barbério, o amor incomensurável pela família também Farmácia e Bioquímica, onde realmente encontrei minha já foi laureado, ficando registrado para sempre no jornal “O paixão profissional.” Estado de S. Paulo”, em agosto de 2012. “Era um domingo Cada detalhe de sua passagem pela faculdade até o pride dia dos pais, não tem como esquecer. Antigamente as meiro convite para integrar o laboratório de radioisótopos, pessoas tinham o costume de tirar retratos que eram publiocorrido em 1957 – um ano após a conclusão de seu curso cados em seus jornais favoritos. Em 1912 meu pai tirou uma –, é contado com brilho nos olhos. E o ano de 1963 marcou o fotografia com o Estadão, e desde então nossa família seminício de uma carreira promissora. Ao lado do químico Emílio pre esteve em contato com a diretoria do jornal para enviarEngelstein e do farmacêutico bioquímico Bruno Struffaldi – mos a foto. Um dia fui surpreendido com uma ligação, peros quais ele saudosamente faz questão de destacar –, reaguntando se eu topava reproduzir a imagem junto com a lizou a primeira produção de radiofármacos. Poucos foram minha família. É claro que topamos na hora, somos uns dos os anos de experimento, e já em 1965 a equipe fornecia os assinantes mais antigos do Estadão, com muito orgulho.” artigos produzidos para todo o país. “Foi um grande salto. Antes do nosso experimento, o SAIBA MAIS: Brasil importava esses materiais e as pesquisas de medicina Acesse a versão digital do Jornal do SIN­DHOSP, na nuclear eram caras. Quando conseguimos produzir o necesPlay Store ou na Apple Store, e assista a trechos da entresário aqui, barateamos o custo e ainda ajudamos a desenvolA família, seu maior orgulho, no Estadão vista concedida por José Carlos Barbério à nossa equipe ver mais não só a Farmácia, mas a Medicina como um todo, de reportagem. alcançando a América do Sul, inclusive.” Um caminho natu12 | Jornal do SINDHOSP | Mar 2015