Alerta: câncer de testículo é o tipo mais comum entre os homens jovens A incidência mundial desses tumores é de 6 a 11 casos para 100 mil homens. No Brasil, são 2,2 casos a cada 100 mil. A boa notícia é que esse tipo de tumor apresenta alta possibilidade de cura, quando tratada no estágio inicial, pois respondem bem à quimioterapia e radioterapia. Normalmente, ele começa com a presença de nódulos e massas ou com o aumento do testículo, e na grande maioria, não provoca dor o que pode fazer com que o paciente demore a perceber o problema. A realização de exames de prevenção contra o câncer seja de testículo ou de próstata ainda é um tabu, porque ainda existem homens que não incluem uma consulta ao urologista em sua rotina de cuidados com a saúde. Assim como o auto-exame da mama para as mulheres, existe o auto-exame de testículos, fundamental para a detecção de nódulos e tumores em estágio inicial. Ele deve ser realizado todos os meses, após um banho quente – que relaxa a bolsa escrotal e facilita a observação de anomalias. Além disso, é necessário checar se há sensação de peso, dor ou desconforto na bolsa escrotal. “O ideal é que ele se cuide desde a adolescência, período em que a doença pode apresentar os primeiros sinais e sempre que perceber mudanças em seu corpo é fundamental procurar um especialista, pois este tipo de câncer pode passar anos sem apresentar dor e sintomas”, esclarece Dr. Oskar Kaufmann (CRM-SP 104.028), urologista do Hospital do Homem (primeiro centro de referência público de saúde do homem) e do Hospital Israelita Albert Einstein. “O especialista terá condição de detectar anormalidades e encaminhar o paciente a um oncologista, se necessário. É importante saber que o câncer de testículo é agressivo, mas tem elevados índices de cura quando diagnosticado precocemente”, comenta. Por sua baixa incidência e boas chances de cura, o câncer testicular não é tão difundido e nem são feitas tantas campanhas de prevenção. Contudo, ele é um tumor significativo, porque atinge pacientes em plena fase produtiva, podendo comprometer sua vida afetiva, sexual, reprodutiva e econômica. Se não tratado, pode ser letal, como qualquer outro tipo de câncer. Chances de se desenvolver a doença De acordo com o Dr. Kaufmann, alguns indivíduos são mais propensos a desenvolver o câncer testicular: os que sofrem ou sofreram de criptoquidia (quando o testículo não desceu para o escroto) possuem de oito a 40 vezes mais chance de vir a desenvolver câncer no testículo. Também os pacientes com algum tipo de atrofia testicular, por causa desconhecida ou viral, são mais atingidos. Há ainda os indivíduos estéreis ou com dificuldade para ter filhos, também reconhecidamente mais propícios. Sintomas e Diagnóstico Os sintomas, embora não conclusivos, que devem levar o homem a desconfiar de câncer testicular, são, entre outros: aumento no tamanho do testículo; enrijecimento; sensação de peso; dor ou desconforto no testículo ou na bolsa escrotal. O diagnóstico é feito por meio de um exame clínico e ultrassom escrotal que tem alta sensibilidade e mostra toda área nodular hipoecóica. Após realizado o exame físico, são solicitados exames complementares a fim de confirmar o diagnóstico, tais como: 1. Alfa fetoproteina e Beta-HCG que são marcadores tumorais, isto é, substâncias produzidas pelos tumores e que estão aumentadas na sua presença. 8% dos seminomas produzem beta-HCG enquanto que 0% produzem alfa feto-proteina. Os tumores não seminomatosos produzem ambos os marcadores em torno de 60% dos casos. 2. Ultrassom testicular, que mostra o volume e localização do tumor, bem como oferece a imagem do outro testículo. 3. Tomografia abdominal total ou ressonância magnética para pesquisar o retroperitôneo (região localizada atrás da cavidade abdominal) na busca de metástases ganglionares. 4. RX ou tomografia do tórax. O testículo é um órgão composto por diferentes tipos de células, as quais podem gerar diferentes tipos de tumores, cada um com um comportamento peculiar, com maior ou menor malignidade. Os tumores também podem ser compostos por diferentes células. São os tumores mistos. Tratamentos Os cânceres de testículo são quase sempre curáveis quando diagnosticados precocemente. Essa doença pode responder bem ao tratamento quimioterápico mesmo quando já se espalhou para outras partes do corpo. Segundo o Dr. Kaufmann, o tratamento passa por técnicas cirúrgicas, radioterapia e quimioterapia. Em primeiro lugar, explica o médico, é necessário saber qual o tipo de tumor, se seminomatoso, ou se não-seminomatoso. "Em todos os casos, independente do volume de doença, da presença e localização das metástases, sempre o testículo acometido deve ser removido, por meio da cirurgia denominada orquiectomia radical", esclarece o médico. De acordo com os resultados desses exames, é possível avaliar se o paciente tem o tumor só no testículo, por exemplo, e esse dado indicaria como tratamento à remoção cirúrgica do órgão, por meio de uma incisão na virilha, alerta. "Algumas vezes são retirados nódulos linfáticos do abdome, pois, de 20 a 30% destes indivíduos, mesmo com exames tomográficos normais, também apresentam metástases microscópicas no chamado retroperitônio (dentro do abdome, próximo aos rins). Nestes casos, fica também indicada a radioterapia, se o seu tumor for seminomatoso, ou cirurgia ou quimioterapia, no caso dos não-seminomatosos. Chances de Cura O tumor de testículo tem grandes chances de ser curado se tratado cedo. Os índices de cura são maiores à medida que os tumores são menores e com poucas metástases. De acordo com o urologista, "quanto menores os níveis dos marcadores séricos e melhor o estado geral do paciente, maiores são as chances de cura, com várias alternativas terapêuticas". Os pacientes com tumor localizado exclusivamente nos testículos e marcadores de baixos níveis, têm entre 98 e 100% de chances de cura. Prevenção O auto-exame dos testículos é um hábito fundamental na prevenção do câncer de testículos. É fundamental que os homens façam auto-exame testicular mensalmente ou segundo orientação médica. Dr. Oskar Kaufmann (CRM-SP 104.028) - Médico urologista e especialista em cirurgia robótica em urologia. Graduado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e com doutorado pela Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). É membro da Sociedade Brasileira de Urologia, da American Urological Association, da Endourological Society. Acaba de retornar ao Brasil, após o período de um ano de pós-doutorado em Endourologia, Laparoscopia e Cirurgia Robótica pela Universidade da Califórnia, Irvine. Além de integrar o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, e do Hospital do Homem, Dr. Kaufmann possui mais de 30 trabalhos publicados em veículos científicos nacionais e internacionais.