Campanhas Salariais se aproximam, e luta precisará ir além dos reajustes É hora de defendermos nossos direitos! Integrantes das CTs (comissões de trabalhadores) e das OLTs da PROCEMPA, PROCERGS, SERPRO, DATAPREV e diretor sindical da BB Tecnologia participaram de um seminário organizado pelo Sindppd/RS para debater as campanhas salariais deste ano. Os primeiros a entrarem em campanha serão os colegas da PROCEMPA, do SERPRO e da DATAPREV em Maio. Em Julho, é a vez da PROCERGS e, em Outubro, da BB Tecnologia. Já os colegas das empresas do SETOR PRIVADO seguem com a campanha salarial 2016/2017 em aberto desde Novembro passado devido à intransigência da patronal (SEPRORGS), que se retirou das negociações e não ofereceu nem mesmo a mísera reposição da inflação (8,50%, referente ao INPC). O técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Ricardo Franzoi, apresentou um estudo sobre a situação da economia do país e do estado. Já o assessor jurídico do Sindppd/RS, Délcio Caye, tratou dos impactos das decisões tomadas no STF (Supremo Tribunal Federal) e TST (Tribunal Superior do Trabalho). Do ponto de vista econômico, Franzoi apresentou dados e estimativas do governo e empresários que apontam para uma melhor situação neste ano, já que o PIB deve ter crescimento e a inflação oficial estará mais baixa – estimativa do Banco Central é de que Maio/2017 o INPC feche em 5,27%, quase a metade do apurado para o mesmo mês em 2016. Nesse painel, a projeção das principais entidades empresariais gaúchas apresentada no seminário que aconteceu na terça-feira (24/01), no Sindppd/RS Conquistar avanços? Só com luta dos trabalhadores A inflação reduzida facilita acordos mais rápidos entre patrões e empregados, com reposição da inflação e sem parcelamento, avaliou Franzoi. No entanto, o desafio estará em conquistar outros avanços como aumento real, melhora no auxilio creche e outros, já que ao conseguir a inflação nos salários e nos benefícios, os trabalhadores estão apenas recuperando o poder de compra do último ano. E ainda assim de forma questionável, pois os índices inflacionários do governo federal e do Banco Central não condizem com a realidade vivida pelos trabalhadores no dia a dia. No levantamento da cesta básica feita nacionalmente pelo DIEESE, a de Porto Alegre encerrou 2016 com um aumento médio anual de 8,16%, quase 2% a mais do que a inflação oficial. O feijão teve uma variação média de 79,88%; leite, de 28,44%; e o arroz, de 18,88%. Em Dezembro, a cesta básica da Capital gaúcha totalizou R$ 459,02*, a mais cara do país, até mesmo de São Paulo, onde está o polo da TI e cujo alto custo de vida é usado, especialmente pelos empresários do SETOR PRIVADO, para não querer conceder reajustes salariais decentes aos trabalhadores do RS. Para o DIEESE, os avanços nos ACTs (acordos coletivos) dependerão da mobilização e da luta feita pelos trabalhadores. E quanto mais trabalhador unido e na luta, inclusive nas campanhas salariais, será melhor, apontou o assessor jurídico Délcio Caye. “Os trabalhadores da EPTC, os municipários de Porto Alegre e a PROCEMPA têm data-base em Maio. Por que não fazer ações e mobilizações de forma conjunta?”, sugeriu. * Esse valor de R$ 459,02 é apenas a quantia média necessária para a alimentação de UMA ÚNICA pessoa e compreende APENAS estes itens super básicos: carne/ leite/ feijão/ arroz/ farinha/ batata/ tomate/ pão/ café/ banana/ açúcar/ óleo (azeite)/ manteiga Salários mínimos do governo e o calculado pelo DIEESE: quanta diferença! Assim como a inflação oficial, o salário mínimo brasileiro estipulado pelo governo federal não chega nem perto do VALOR MÍNIMO que as pessoas precisam para viver. De acordo com o DIEESE, se o salário mínimo cumprisse com o que está previsto na Constituição brasileira (garantindo o mínimo para atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família para moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social) deveria estar em R$ 3.856,23 em Dezembro passado. No entanto, no início de Janeiro o Governo Temer reajustou o salário mínimo ABAIXO DA INFLAÇÃO oficial, determinando em R$ 937,00 – aumento foi de 6,47%, enquanto a inflação ficou em 6,58%. Boa parte da população recebe pouco mais, cerca de R$ 1.100,00. Na nossa categoria da TI, temos um bom número de trabalhadores que recebem na faixa dos R$ 1.600,00 a R$ 2.100,00. Nem estamos contando com o fato de que famílias inteiras sobrevivem com o valor mínimo. No RS, falta dinheiro para quem? Especificamente sobre a situação do Estado e dos municípios gaúchos, Ricardo Franzoi apontou que a “falta de dinheiro” tão agitada pelo governador Ivo Sartori e pelos prefeitos se deve basicamente a dois motivos: à falta de receita e às isenções fiscais. A economia do RS é baseada no agronegócio, setor que por sua vez é estruturado nas exportações, cujas isenções alcançam R$ 9 bilhões ao ano. No jornal editado pelo Sindppd/RS sobre a dívida pública do RS, relatamos que em 2014, 65% do total de desonerações (isenção ou redução) de ICMS concedidos pelo governo estadual foi para o grande capital. Apenas 9% foi para as micro e pequenas empresas. Falta dinheiro para quem? Campanhas salariais precisam reforçar a luta contra a retirada de direitos trabalhistas e da Previdência Foi consenso, entre os colegas presentes, que a pequena melhoria na economia (caso se confirme e reflita em acordos mais benéficos aos trabalhadores) não pode nos iludir e tirar nosso foco da luta contra os brutais ataques aos nossos direitos pelos governos e empresários via as reformas da Previdência e trabalhista. E na verdade, os ataques já começaram e terão reflexo nas campanhas da TI deste ano. Segundo o assessor jurídico Délcio Caye, a principal delas é a liminar concedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em Outubro de 2016, que suspende a ULTRATIVIDADE dos acordos e convenções coletivas de trabalho. A ultratividade permitia que, se uma campanha salarial de determinada categoria não fosse encerrada até a data-base, as cláusulas da convenção ou do acordo coletivo anterior continuariam valendo até a assinatura do novo. Agora, com essa liminar, precisaremos incluir cláusulas que garantam a ultratividade nos acordos em que isso não está expresso. Esse é o caso dos acordos da PROCERGS, do SERPRO e da DATAPREV, nos quais não há cláusulas sobre essa questão. Essa situação da ultratividade comprova a tendência, analisou Délcio, de que o STF está surgindo como espaço recursal alternativo ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) pelas empresas. Ao não terem seus desejos atendidos, em alguns casos, pelo TST, empresários estão recorrendo no STF e conseguindo tirar direitos dos trabalhadores. Colegas da TI: neste ano de 2017 que se inicia, nossos desafios são enormes. Além de lutarmos por avanços nas nossas campanhas salariais, teremos que defender com unhas e dentes nossos direitos. Em breve, teremos assembleias nas empresas. Esteja presente desde a primeira! Participe Leia os textos do Sindppd/RS, das CTs e das OLTs! Ajude a divulgar o nosso material! As armas dos trabalhadores são a UNIÃO, a SOLIDARIEDADE e a LUTA. A hora é de nos prepararmos e nos mobilizarmos, para colocarmos nosso bloco na rua COM FORÇA quando for preciso! POR AVANÇOS NAS CAMPANHAS SALARIAIS! NÃO ÀS REFORMAS TRABALHISTA E DA PREVIDÊNCIA! Sindppd/RS