Em 2009, trabalhador gaúcho conquistou mais reajustes, mas ganho real foi menor Balanço do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) mostra que o trabalhador gaúcho conseguiu mais reajustes salariais em 2009. No entanto, o aumento nos salários foi menor em comparação a 2008. Segundo o levantamento, 86,6% das negociações salariais resultaram em índices acima do INPC, um dos indicadores que mede a inflação do período. Destes, pouco mais da metade conseguiram até 1% de aumento acima da inflação. Em 2008, os trabalhadores tiveram menos reajustes acima da inflação, 82,1%, mas mais aumentos entre 1% e 3%. O supervisor técnico do Dieese do Rio Grande do Sul, Ricardo Franzoi, avalia que esta diferença se deve à crise financeira, que acabou não afetando as negociações, mas teve impacto nos índices de aumento dos salários. “A concentração dos aumentos é onde aparece o efeito da crise. Tivemos mais aumento de salários, mas os aumentos foram menores”, diz. A rotatividade nas empresas, que é prejudicial ao trabalhador, foi o segundo elemento que ajudou a gerar mais reajustes em 2009. “A crise se abateu sobre o Brasil e os setores de forma heterogênea. A indústria foi mais atingida. Já o comércio e os serviços, setores mais ligados ao mercado interno, que foi o que segurou a economia, sofreram menos. A outra questão é que as empresas acabam fazendo o ajuste da sua folha de pagamento pelo emprego, ou seja, praticando a rotatividade. Ela demite o trabalhador que ganha mais e contrata um trabalhador por um salário menor”, afirma. A rotatividade nas empresas brasileiras é considerada alta. Segundo o Dieese, dos cerca de 40 milhões de trabalhadores com carteira assinada, praticamente quase a metade são substituídos anualmente. Bons ventos para 2010 Ricardo prevê que 2010 será um dos melhores anos para os trabalhadores negociarem reajuste. O saldo de contratações que têm batido recorde nos últimos cinco meses e a expectativa de um PIB entre 5,5% e 6%, diz ele, cria um ambiente econômico favorável a aumentos de salários e também para a redução da jornada de trabalho para 40 horas. “A redução da jornada só consegue se concretizar se há um ambiente de crescimento econômico. Porque a reivindicação dos trabalhadores é a redução da jornada sem redução do salário. Nesses períodos de crescimento econômico é onde tem espaço maior para conseguir a redução da jornada. Até porque é nesse período em que se faz muita hora extra e se aumenta a produtividade”, argumenta.