Valorização do cardiologista de SP: prioridade em 2013

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em
destaque
PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DA SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO – ANO VIII – N0 1 – JANEIRO/FEVEREIRO 2013
Valorização do
cardiologista de
SP: prioridade
em 2013
• Contagem
regressiva para o
XXXIV Congresso
• Clube de benefícios
SOCESP: bons descontos
em produtos e serviços
• Estudo mapeia risco
cardiovascular de população
com mais de 80 anos
4 XXXIV Congresso da SOCESP
6 Vantagens – Clube de Benefícios
7 Atualização – Reciclagem em Cardiologia
8 Pesquisa – Risco cardiovascular
9 Políticas Públicas – Carta do RJ
11 Sua Carreira – Lei Seca
12 Gestão Pública – Empresas equilibradas
13 Defesa profissional – Valorização
15 Serviço
16 Regionais – Campinas/Marília
17 Estudo multicêntrico – Emapo
18 Surpreenda-se
19 Agenda
20 Multidisciplinar
Um ano de
desafios e avanços
As perspectivas para 2013 são as melhores,
quando pensamos na cardiologia de São Paulo.
Estamos investindo em novos estudos, como
o que mapeia o risco cardiovascular na população com mais de 80 anos e na consolidação
do Emapo, projeto de avaliação perioperatória
que permite registrar pacientes e reunir banco
de dados individual.
Simultaneamente, seguimos com as ações
para qualificar ainda mais nossas ferramentas
científicas. O Curso Nacional de Reciclagem passa
por um processo de rejuvenescimento, que pretende torná-lo mais dinâmico, interativo, enfim,
com uma programação e didáticas bem focadas
nas necessidades de revisão do conhecimento da
especialidade atualmente.
Melhor ainda são as notícias do Congresso
SOCESP. Em sua XXXIV edição, um dos focos é
estimular a formação de médicos centrados na
prevenção desde a infância, para que, independentemente da especialidade ou área de atuação, estejam sempre atentos à oportunidade de destacar
estes cuidados durante a assistência à população.
Teremos também em nosso evento mais tradicional um inédito Encontro Estadual de Serviços
de Cardiologia Pediátrica, para a integração e troca
de experiências. É apenas uma das novidades que
você conhecerá nas próximas páginas.
Ao sócio da SOCESP, boas notícias na área de
serviços. Agora, você tem um Clube de Benefícios para comprar com descontos e vantagens
nas melhores lojas do Brasil, de automóveis a
eletrônicos.
Por fim, entro no assunto que será nossa
prioridade em 2013: a defesa profissional do cardiologista. Já começamos a fechar, com as demais
entidades estaduais e nacionais, a estratégia para
o movimento deste ano. As reivindicações para a
saúde suplementar são contratos com cláusulas de
reajustes anuais, honorários mínimos de R$ 90,00;
recomposição de todos os procedimentos, tendo
como base de cálculo a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos. Exigimos
respeito dos planos de saúde e convênios.
Temos até uma linha de ação, que você
conhecerá em detalhes nas próximas páginas,
incluindo a possibilidade de iniciar uma série de
protestos, com a suspensão por tempo determinado do exame ergométrico.
Vamos em frente. Obrigado.
editorial
ÍNDICE
Carlos Magalhães,
Presidente
da SOCESP
S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
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socesp em foco
Contagem regressiva pa
Tudo pronto para mais um grande encontro
científico promovido pela SOCESP. De 30 de maio
a 1º de junho, no Transamérica Expo Center, na
capital paulista, você será testemunha presencial
da excelência do XXXIV Congresso da SOCESP,
cujo tema central é Ampliando os Horizontes na
Prevenção Cardiovascular.
As discussões terão o intuito de destacar o
grande consenso atual de desviar um pouco o
foco da doença cardiovascular já instalada para a
prevenção e os cuidados integrados.
Ieda Jatene, presidente do congresso, argumenta que essa iniciativa põe a SOCESP ao lado das principais entidades médicas mundiais, incentivando a
formação de especialistas centrados na prevenção
desde a infância, para que, independentemente da
especialidade ou área de atuação, estejam sempre
atentos à oportunidade de destacar estes cuidados
durante a assistência à população.
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S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA
O XXXIV Congresso da SOCESP sediará inédito
Encontro Estadual de Serviços de Cardiologia Pediátrica, dirigido a especialistas de todo o Brasil, para
a integração e troca de experiências.
“Ao longo de todo o dia 31 de maio, sexta-feira,
discutiremos casos, alternando a participação de
serviços do interior e da capital. Essa atividade é
pioneira e certamente atrairá os profissionais ligados
às cardiopatias congênitas”, avalia Ieda Jatene.
FÓRUM DE PREVENÇÃO
Realizado paralelamente às demais atividades
científicas do congresso, o Fórum de Prevenção
Integrada reunirá representantes de diversos
segmentos para a discussão de ações de aprimoramento da prevenção cardiovascular.
O intuito, destaca Mauricio Wajngarten, coordenador da Comissão Científica do Congresso e do
ara o XXXIV Congresso
Fórum, é contribuir para a melhoria na
prevenção das doenças cardiovasculares, por meio de reuniões periódicas.
“O fórum terá não apenas especialistas e estudiosos do assunto,
que detêm conhecimento científico para melhorar a prevenção,
mas também representantes
de esferas políticas e pessoas ligadas à mídia, que
contribuirão com propostas claras para esse
aprimoramento. Cada
etapa resultará em um
documento com propostas da SOCESP para
melhorar a saúde cardíaca
dos cidadãos brasileiros”,
explica Wajngarten.
Esse documento será
amplamente divulgado
para a comunidade e encaminhado às autoridades para
que possam orientar futuras ações
de saúde pública. Neste primeiro
encontro, o mote dos debates será
o público infantil.
“Desejamos que o debate seja,
sobretudo, construtivo e objetivo, evitando um
catastrofismo de divulgação de coisas ruins e
discussões estéreis.”
O fórum terá caráter permanente e promoverá,
a cada reunião, o acompanhamento daquilo que já
foi discutido em outras etapas e das ações tomadas
a partir delas. Assim, será possível avaliar, elaborar
e questionar novas recomendações antes de partir
para outros tópicos.
PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA
A programação já está totalmente finalizada,
conforme informa Miguel Moretti, o outro coordenador da comissão cientítica. Segundo ele, em
breve, a grade completa será divulgada no site e
por meio de mala direta aos associados, para que
possam começar a se programar.
“Focados em nosso dia a dia, os temas falam a
língua do cardiologista e são voltados para as necessidades tanto daquele que faz consultório como
para os de atividade acadêmica”, afirma Moretti.
Para atender a todas as necessidades desses
profissionais, a comissão organizadora destacou
alguns pontos de suma importância, incluindo
discussões sobre revascularização do miocárdio
e o melhor momento para a sua indicação, uso
de medicamentos na hipertensão e até mesmo
situações como aquela em que os resultados de
exames diagnósticos não batem com a impressão
clínica do cardiologista sobre o paciente.
“Para isso, contaremos com renomados profissionais locais e também com convidados do
American College of Cardiology e da American
Heart Association.”
Outros pontos altos do congresso, destaca
Moretti, serão o Fórum de Ciência Básica, com foco
na medicina translacional, e uma sessão especial
sobre mitos e verdades da atividade física e da reabilitação cardiovascular na prevenção de doenças
cardiovasculares.
“Também merecerá atenção especial o debate
sobre a utilização de dispositivos de circulação
cardíaca assistida, que é um tema bastante em
alta hoje em dia.”
CERTIFICAÇÃO DIGITAL
Já instituída em empresas da área da saúde, chegou a vez também de os cardiologistas adotarem a
certificação digital. Trata-se de documentos eletrônicos (e-CPF e e-CNPJ) que asseguram a integridade
das informações e a autoria das transações feitas nos
meios virtuais, como, por exemplo, a emissão de
atestados médicos. Esses certificados, exigidos na
entrega de DMED (Declaração de Serviços Médicos
e de Saúde), DIRF (Declaração do Imposto Retido
na Fonte) e a DIPJ (Declaração de Informações
Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica), também já
são obrigatórios para a emissão de guias do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) referentes
a funcionários de clínicas e consultórios.
Para sanar todas as dúvidas sobre o tema e
também adquirir os certificados digitais, a SOCESP
contará com um estande exclusivo no congresso.
Assim, entre uma aula e outra, você poderá resolver
mais esta questão.
GRANDES DESTAQUES
Uma das ideias que provavelmente será um
grande atrativo para todos os participantes virá no
último dia do congresso.
“Uma sessão final de grandes destaques será
realizada no sábado, 1º de junho, com a participação de todos os coordenadores, para a abordagem
dos principais tópicos debatidos ao longo do
encontro. Todos os coordenadores das diferentes
áreas farão, nesta oportunidade, um resumo de
alguns minutos, de tudo o que foi discutido de
importante em sua área”, revela Ieda Jatene.
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vantagens
Clube de benefícios
SOCESP: bons descontos
em produtos e serviços
Os médicos associados à SOCESP acabam
de receber um presentão. Falamos da plataforma on-line do Clube de Benefícios, que oferece
descontos especiais em serviços, produtos,
atrações culturais e de lazer. As vantagens se
estendem a uma vasta rede de parcerias com
empresas de grande porte, como Submarino,
Polishop, Walmart, Ponto Frio, Sony e muitas
outras. Isso, sem falar que também há previsão
de facilidades em montadoras de veículos e
concessionárias renomadas, de marcas famosas:
Land Rover, BMW, Mini (do Mini Cooper), Fiat,
Renault, Volkswagen e Peugeot.
“Temos tabelas de 6 até 20% de desconto.
Aliás, por solicitação da SOCESP, procuramos
colocar dentro do portal descontos fora do
convencional, realmente importantes”, comenta
Nívea Raio, diretora comercial da 1000 Vantagens, empresa contratada pela Sociedade para
administrar a plataforma.
Mais do que um portal estático, espera-se que
o Clube de Benefícios preencha as necessidades
do perfil dos especialistas, compradores altamente
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S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
seletivos. A ideia é que encontrem variedade e
qualidade de consumo.
Não é somente na plataforma do Clube de
Benefícios SOCESP que as lojas virtuais dos parceiros oferecem os descontos. Eles valem para
os estabelecimentos físicos, além de academias,
universidades, teatros e alguns cinemas. Para
melhorar, agora em março, as vantagens se multiplicarão, abrangendo planos odontológicos, valealimentação, vale- refeição, combustível, farmácia,
gift card, health care e muito mais.
Para obter acesso ao pacote de benefícios e
serviços oferecidos pelo Clube de Benefícios, basta
que o associado entre, com seu login e senha, no
link “Lazer & Serviços”, no portal www.socesp.org.br.
Para garantir a comodidade do usuário, ao receber
o cartão de benefícios, também acompanhará um
fôlder de boas-vindas com as melhores ofertas.
“A ideia é mostrar, de uma forma bem expressiva, o quanto eles são bem- vindos”, diz Nívea. “Foi
uma orientação da diretoria da SOCESP, e vamos
cumpri-la à risca, buscando, todos os dias, novas e
melhores vantagens para os associados.”
Em sua vigésima segunda edição, o Curso Nacional de Reciclagem em Cardiologia da SOCESP
adquire novo formato, com o intuito de se tornar
ainda mais dinâmico e produtivo. Os blocos temáticos das distintas áreas, essenciais à boa prática da
especialidade, se encerrarão sempre com “sessões
interativas”, para que a audiência possa testar os
conhecimentos adquiridos e partilhar experiências
com os palestrantes.
“Serão apresentadas algumas questões e a
plateia votará de forma eletrônica. A seguir, as
respostas serão comentadas pelos palestrantes
que compuserem a sessão. Nesse momento, o
público poderá participar de uma forma ativa, para
tirar dúvidas, fazer questionamentos e comentar
experiências”, revela Fernanda Consolim-Colombo,
diretora científica da SOCESP. “Esse remanejamento
do curso contribuirá sem dúvida para a melhor
apreensão do conteúdo do curso.”
Até 2012, os módulos complementares, que
já tinham como objetivo maior interatividade
da plateia, aconteciam no último dia do Curso
de Reciclagem e eram sempre optativos. Agora, as “sessões interativas” estarão inseridas na
programação, estimulando o debate entre os
participantes e a mesa.
“Mais do que simplesmente assistir à aula, a
interatividade despertará a atenção de quem está
recebendo a informação, atribuindo ao indivíduo
um papel ativo na dinâmica do evento.”
A reestruturação do formato do curso busca
deixar os temas menos áridos, permitindo ao
congressista adotar uma visão de aplicabilidade
da teoria exposta.
“O conteúdo é denso e sempre será focado na revisão de todos
os temas importantes da cardiologia. O
que muda é a forma como este será
apresentado”, pondera Fernanda.
atualização
Nasce um novo
Curso Nacional de
Reciclagem em Cardiologia
pacientes cardiopatas ou que se interessam pela
área, como clínicos gerais ou endocrinologistas.
Também é indispensável para que médicos recémformados ou estudantes que aspiram à cardiologia
tenham maior contato com a área. Serão dias de
imersão em todo o conteúdo da especialidade,
atualizando e oferecendo ferramentas para um
maior embasamento à prática diária.
SERVIÇO
O curso de reciclagem é coordenado por
Carlos Magalhães, presidente da sociedade; João
Fernando Monteiro Ferreira, diretor de publicações;
Francisco Antonio Helfenstein Fonseca, vicepresidente; e Fernanda Consolim Colombo, diretora
científica. Ocorre de 13 a 17 de julho, no Centro
de Convenções Rebouças, em São Paulo, capital.
Sócios da SOCESP e da Sociedade Brasileira de Cardiologia têm desconto. Mais informações no portal
www.socesp.org.br ou com o Departamento de
Eventos da SOCESP em (11) 3179-0039.
ACREDITAÇÃO
O Curso Nacional de Reciclagem
em Cardiologia segue as diretrizes da
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC),
valendo pontos na revalidação do Título de
Especialista em Cardiologia. Além disso, é
aberto não apenas a cardiologistas, mas também aos demais profissionais que atuam com
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pesquisa
Estudo mapeia risco cardiovascular
de população com mais de 80 anos
Tendo em vista a possibilidade de promover
boa saúde aos idosos, a SOCESP realiza projeto
que visa identificar as características cardiovasculares após os 80 anos de vida. A motivação é
a necessidade social, além da clínica, conforme
esclarece Andrei C. Sposito, diretor de promoção
e pesquisa da Sociedade.
“O estudo é pioneiro, único na área, justamente
por causa da faixa etária. Hoje, todos os dados
aplicados a esta camada da população são extrapolados de pesquisas com pessoas mais jovens.
Mesmo com a previsão de aumento de 25 vezes
desse grupo de idosos até 2050, inexiste informação específica”, informa Sposito.
O trabalho vai ao encontro de uma tendência em escala mundial: a do envelhecimento da
população associado a fatores como o avanço da
medicina, melhorias nas condições de saneamento
nas cidades e diminuição da taxa de fecundidade.
Serão acompanhados idosos ativos e autônomos
na realização de tarefas e até mesmo em planejamentos a longo prazo.
AMOSTRAGEM
O chamado“estudo de amostragem populacional”
é composto de algumas etapas. A primeira consiste em
visitar, por meio de sorteio, cerca de 10 mil domicílios
cujos moradores tenham 80 anos ou mais.
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S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
“O projeto ainda está em fase de planejamento”,
explica Sposito. “Mas espera-se que esta triagem
sirva para avaliar, por meio de um check-up cardiovascular extremamente detalhado, feito em
mil participantes (500 homens e 500 mulheres), a
presença dos fatores de risco.”
Tabagismo, hipertensão, diabetes e outros elementos relacionados a problemas cardíacos serão
investigados, bem como o tratamento e a atenção
que os participantes lhes têm disposto.
Divididos estrategicamente, os participantes
do estudo serão direcionados de acordo com a
classe econômica e gênero.
“A preocupação com a divisão fundada na ideia
de estrato social baseia-se na premissa de que
aqueles mais bem amparados do ponto de vista
financeiro muito provavelmente seriam mais bem
amparados do ponto de vista clínico, tendo maior
facilidade de acesso a convênios, medicamentos
e condições de trabalho mais favoráveis à idade,
assim, a divisão garantiria a existência de grupos
representativos de todas as classes (A, B, C, D e E).”
Sposito não descarta, no entanto, que ao final
do estudo não sejam encontradas grandes diferenças entre as classes estudadas.
ETAPAS
Contemplando toda a cidade de São Paulo, a avaliação terá um desenrolar de cinco anos, nos quais todos aqueles que fizeram o check-up serão assistidos e
devidamente orientados. Os participantes receberão
feedbacks que incluem materiais didáticos, informação
quanto à prevenção dos males que os acometem na
idade avançada e acompanhamento médico.
“A expectativa é identificar quais são as características responsáveis por prover maior longevidade
aos indivíduos de idade avançada, bem como os
elementos mais associados a problemas cardíacos
nessa camada da população.”
“Pensando em medidas preventivas que
se antecipem aos problemas diagnosticados
é que será possível estabelecer estratégias e
políticas de saúde pública”, pondera Sposito.
“Precisamos definir quais são as características
que colocam os idosos em risco para saber o
que a medicina pode fazer de melhor para eles.
Esperamos terminar este estudo com metas
que possam ser implantadas socialmente, base
para qualquer estratégia de prevenção. Afinal, o
que temos feito é cuidar dessas pessoas a partir de
estudos feitos em indivíduos mais jovens.”
políticas públicas
Entidades médicas mundiais
elaboram a Carta do Rio de Janeiro
Documento, liderado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia,
busca reduzir em 25% a mortalidade em todo o mundo até 2025
Lideradas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia no III Brasil Prevent / I América Latina Prevent,
realizado no Rio de Janeiro, de 30 de novembro a
2 de dezembro de 2012, importantes sociedades
de cardiologia de todo o planeta elaboraram a
Carta do Rio de Janeiro. Trata-se de documento
que estabelece estratégias para campanhas de
prevenção de doenças cardiovasculares no Brasil,
na América Latina e no mundo.
O objetivo é reduzir em 25% a mortalidade até
2025, referendando a meta global estabelecida na
Assembleia Mundial de Saúde (WHA), em consonância com a Reunião de Alto Nível das Nações
Unidas sobre Prevenção e Controle das Doenças
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). As entidades
buscam alterar o atual perfil epidemiológico
destas doenças, que são responsáveis por cerca
de 17 milhões de mortes ao ano no mundo, 315
mil delas somente no Brasil.
Segundo a Carta do Rio de Janeiro, em 2008, 36
milhões (63%) das mortes globais foram causadas
por DCNT, das quais 9 milhões ocorreram antes
dos 60 anos de idade. Além disso, quase 80% das
principais doenças crônicas (29 milhões) ocorreram
em países de baixa e média renda.
O documento reconhece, porém, que as doenças cardiovasculares continuarão sendo a principal
causa de morte no mundo, cerca de 7,3 milhões/
ano, número que deverá superar 23,6 milhões até
2030, especialmente na América Latina, onde cerca
de 40% das mortes ocorrem durante os anos mais
produtivos de vida.
Assinado pelos presidentes Jadelson P. Andrade (Sociedade Brasileira de Cardiologia), Donna K.
Arnett (American Heart Association), Fausto Pinto
(European Society of Cardiology), Sidney C. Smith
Jr (World Heart Federation) e Daniel Piñero (Interamerican Society of Cardiology), o texto fornece
uma visão geral das doenças cardiovasculares e
traça ações estratégicas para reduzir a prevalência
de fatores de risco que contribuem para a alta
mortalidade e morbidade. Também participaram
de sua elaboração Carlos Alberto Machado, Gláucia
Maria M. Oliveira, Hans F. Dohmann, Luiz Alberto P.
Mattos e Stephan Gielen.
A Carta do Rio de Janeiro será publicada como
artigo especial nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia e em jornais e revistas científicas das sociedades
médicas que a apoiam, como acontece com a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
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políticas públicas
Principais deliberações
Trabalhar coletivamente em defesa das metas
globais para prevenção e controle de DNT,
abrangendo o uso de
medicamentos e dos
principais fatores de risco
para prevenir infarto agudo
do miocárdio e acidentes
vasculares encefálicos.
Implementar políticas públicas para prevenção e controle
das DCNT na população em geral e nos grupos
específicos, no Brasil e nas Américas, para atingir
a meta global de redução de 25% na mortalidade
prematura até 2025.
Defender coletivamente o controle das DCNT,
incluindo-as em discussões de fóruns nacionais e
internacionais.
Trabalhar na redução da mortalidade, morbidade e incapacidade causadas pelas DCNT,
por meio de ações conjuntas de prevenção e
promoção da saúde, associadas com diagnóstico
precoce e tratamento.
Fornecer o mais alto nível de educação médica
continuada e conhecimento científico para os profissionais de atenção primária, cardiologistas, enfermeiros intensivistas e outros profissionais de saúde.
 Agir sobre os determinantes sociais que
influenciam os fatores de risco para DNT, por
meio de políticas governamentais para promover
ambientes físicos e sociais adequados para a redução da exposição ao risco, facilitando a adoção
de hábitos saudáveis por parte da população,
em ambientes escolares, de trabalho e de lazer,
espaços urbanos e outros.
Atuar com os governos para o desenvolvi-
mento e aplicação de um programa de prevenção
cardiovascular nos países, estabelecendo formas de
avaliação dos resultados junto à população.
Treinar e qualificar os profissionais de saúde
para o tratamento das emergências cardiovasculares e encorajar os leigos a obter técnicas e
competências em ressuscitação cardiopulmonar
utilizando protocolos estabelecidos pelas sociedades científicas.
 Desenvolver projetos colaborativos que
apoiem a abordagem “curso de vida”, que enfatiza
a promoção da saúde e estratégias de prevenção
para minimizar o risco de DNT em todos os estágios da vida.
Mobilizar os meios de comunicação para levar
informações contínuas sobre a importância das
doenças cardiovasculares, seus principais fatores de
risco e formas de prevenção, ampliando a divulgação para a população, com o intuito de evitar sua
ocorrência e ressaltar a importância do diagnóstico
precoce para reduzir a mortalidade.
Implementar ações para aquisição de informação epidemiológica, incluindo mortalidade e morbidade cardiovascular, execução e manutenção de
registros já existentes em alguns dos signatários,
visando ao desenvolvimento de estratégias que
promovam o planejamento das ações de saúde.
Criar um fórum internacional de discussão
permanente para monitorar as ações voltadas para
prevenção, diagnóstico e tratamento dos fatores de
risco cardiovascular na América Latina.
Estabelecer campanhas de prevenção cardiovascular, promovendo esforços consistentes para
obter a meta de redução de 25% da taxa de mortalidade até 2025. As campanhas devem envolver
os fatores de risco cardiovascular especificados nas
diretrizes e pela Organização Mundial da Saúde.
O problema no Brasil
“Estima-se que a redução de 10% da
taxa de mortalidade causada por doença
isquêmica do coração e acidente vascular
encefálico geraria uma economia estimada
em US$ 25 bilhões por ano para os países de
baixa e média rendas.”
No Brasil, as DCNT são um problema de
saúde de grande magnitude, correspondendo
a 72% das causas de morte, especialmente doenças cardiovasculares (31,3%), câncer (16,3%),
doenças respiratórias crônicas (5,8%) e diabetes
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S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
(5,2%), afetando indivíduos de todos os níveis
socioeconômicos e, mais especificamente,
aqueles que pertencem a grupos vulneráveis,
como os idosos e as pessoas com baixos níveis
educacional e econômico.
Cerca de 300 mil brasileiros morrem anualmente devido a doenças cardiovasculares,
como infarto, acidente vascular encefálico,
insuficiências cardíaca e renal ou morte súbita, o
que significa 820 mortes por dia, 30 mortes por
hora ou uma morte a cada 2 minutos.
sua carreira
Joel Silva/Folha Imagem
José Luiz Portella
Engenheiro,
ex-secretário estadual
e municipal em São
Paulo, comentarista/
articulista da rádio
CBN, Rede TV
e Folha.com
Lei seca
Sancionada pela presidente Dilma, sem vetos,
em 20 de dezembro de 2012, a nova Lei Seca traz
algumas mudanças.
A multa passou de R$ 957,70 para R$ 1.9515,40
e na reincidência em 12 meses, dobra.
Bom, ficou mais salgada e isso conta bastante.
O aprimoramento mais importante, contudo, é
fazer uma lei mais fácil de operacionalizar.
A lei antiga falava na quantidade de álcool
no sangue de 0,6 gramas de álcool por litro de
sangue, o que implicava a necessidade de medição. Como ninguém é obrigado a produzir prova
contra si mesmo, estabelecia-se a confusão. O
que permitia a impunidade.
No Brasil há quatro maneiras de fazer uma
lei não pegar:
1 – redação confusa, propiciando à defesa uma
série de questionamentos e ao juiz outra série de
interpretações;
2 – punição não especificada. A norma impõe uma conduta, mas não especifica a sanção.
Aconteceu na primeira versão da Lei Pelé. Os
clubes eram obrigados a publicar o balanço anual,
porém não se dizia como e nem a punição para o
infrator. Não funcionava. Quem não cumpria não
era penalizado;
3 – necessidade de regulamentação. A lei é
aprovada , contudo, lá no cantinho de algum parágrafo, consta que precisará ser regulamentada pelo
órgão tal e qual. E fica parada anos e anos sem a
regulamentação. Sem ela, a lei não tem eficácia;
4 – norma difícil de ser aplicada. A lei é feita
sem se pensar na operacionalização. Normalmente é uma manifestação de vontade para
mostrar alguma iniciativa do legislativo, responder a uma questão candente da sociedade, mais
para marcar presença no momento, e seu texto
dificulta a prática.
É o caso da Lei Seca antiga. Como já vimos, a
medida da quantidade de álcool trazia problemas
na operação.
Então, avançamos. A nova lei permite um exame por agente da lei ou profissional qualificado
que pode constatar o estado de embriaguez.
Se o suposto infrator se julgar injustiçado pela
relativa subjetividade do agente pode pedir o
teste de bafômetro para comprovar que não está
alcoolizado. Inverte o ônus da prova.
Tem uma parte que depende da sociedade.
A responsabilidade. Evitar a bebida. O objetivo de
uma lei só é alcançado com a adesão natural da
maioria da sociedade. Nós, cidadãos, precisamos
deixar de pagar para ver.
Os dois avanços na Lei Seca, o endurecimento
da pena e a construção de uma norma mais eficaz
devem servir de exemplo para revermos outras
leis importantes que não pegaram porque são
mal elaboradas.
Texto publicado na Folha.com
“O objetivo de uma lei
só é alcançado com a
adesão natural da maioria
da sociedade. Nós, cidadãos,
precisamos deixar de
pagar para ver"
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gestão pública
Empresas equilibradas
favorecem o crescimento
Antoninho Marmo
Trevisan
Presidente da Trevisan
Escola de Negócios e
membro do Conselho
de Desenvolvimento
Econômico e Social
(CDES) da Presidência
da República
Considerando que o equilíbrio financeiro das
empresas é fundamental para a sustentabilidade
do crescimento econômico, é louvável a iniciativa
do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) de
criar uma comissão para estudar formas de ampliar
e melhorar a formação dos profissionais do setor.
Convidado a participar da iniciativa, uma de minhas
sugestões é estimular as parcerias entre a iniciativa
privada e as instituições de ensino. Em recente visita
aos Estados Unidos, constatei que as firmas de auditoria têm relação muito saudável e produtiva com
as faculdades de ciências contábeis, patrocinando
encontros, cafés e até as bibliotecas.
Esse é um modelo que gera bons resultados.
Também é interessante promover palestras de
sócios das firmas aos alunos das instituições de
ensino. É sempre importante educar pelo exemplo.
Isso ajuda a atrair mais pessoas para a profissão, e
um grande compromisso dos contadores é mostrar
aos jovens que a carreira pode ser emocionante,
desafiadora e propiciadora de conquistas.
Dado o significado do contador para o sucesso
das empresas, em todos os setores de atividade,
a falta desses profissionais no Brasil é preocupante. Daí, a pertinência da iniciativa do CFC. A
contabilidade e a auditoria passaram por grande
evolução no país. O profissional seguia códigos
(tributário, contábil e legal) e trabalhava baseado
em protocolos. Com a convergência brasileira ao
padrão mundial, as empresas precisam de profissionais melhor qualificados e atualizados quanto
às transformações introduzidas pelo IFRS (normas
internacionais de contabilidade) e pela ISA (normas
internacionais de auditoria).
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O apagão profissional na área ainda não atingiu
um ponto crítico porque as empresas conseguem
atrair profissionais das firmas de auditoria e dos
escritórios de contabilidade e consultoria para
suprir as necessidades de seus departamentos de
auditoria interna, controladoria e financeiro. Porém,
essa alternativa evidencia o quanto o déficit de
contadores afeta todos os setores.
É preciso avançar nisso, pois o atual ambiente
de negócios torna-se cada dia mais complexo,
o que aumenta a busca por executivos com um
perfil holístico.
Diretores e presidentes das empresas precisam
ter amplo leque de conhecimentos, a exemplo
dos auditores e contadores, que, ao longo de suas
carreiras, desenvolvem múltiplas habilidades e
acumulam conhecimentos abrangentes sobre
diversos setores econômicos, o que os habilita a
ocupar cargos de destaque nas empresas. Não é
sem razão, portanto, que temos observado que
triplicou o número de profissionais de advocacia,
administração e engenharia que buscam uma segunda formação e se matriculam no curso superior
de ciências contábeis.
A contabilidade floresce na democracia, pela
demanda crescente por informação e transparência. A carreira, que perdeu relevância durante a
ditadura militar e os anos de hiperinflação no Brasil,
começou a reconquistar espaço, tanto com a Lei
das S/A quanto com a convergência do país às normas internacionais. No atual ambiente democrático
e globalizado, as ciências contábeis são decisivas
para a credibilidade dos setores público e privado
e, portanto, para o desenvolvimento!
A importante participação da SOCESP em 2012
nas mais diversas questões de defesa profissional
foi apenas o princípio de uma estratégia encarada
como prioridade pela atual diretoria. Para 2013, a
meta é arregimentar ainda mais ferramentas e atrair
um grupo maior de cardiologistas para o embate
por valorização dos honorários no Sistema Único
de Saúde e na rede suplementar.
Em 2 de março, por exemplo, a SOCESP participou
de plenária nacional da sede da Associação Paulista
de Medicina, que definiu as bandeiras do movimento médico para este ano. Na oportunidade, deixou
claro às lideranças da Associação Médica Brasileira,
Conselho Federal de Medicina e Federação Nacional
dos Médicos que cerrará fileiras na luta por revisão
imediata dos valores de todos os procedimentos da
Classificação Hierarquizada de Procedimentos Médicos, reivindicação histórica que, infelizmente, tem sido
ignorada por planos e seguros de saúde.
“Vamos adotar uma postura ainda mais firme
para chegar aonde queremos. É inadmissível
continuar recebendo remuneração vil por procedimentos tão complexos e essenciais à vida, como
os da cardiologia”, afirma Carlos Costa Magalhães,
presidente da SOCESP. “Uma das possibilidades em
debate hoje é suspendermos a realização de testes
ergométricos durante uma semana, para evidenciar nossa indignação com os irrisórios honorários
e mostrar nossa força.”
TESTE ERGOMÉTRICO
Indispensável para a prática cardiológica, o
teste ergométrico é o segundo exame mais
solicitado para a avaliação das doenças
cardiovasculares, em especial a doença
arterial coronária obstrutiva. Além da
abordagem diagnóstica, a avaliação tem papel fundamental
no prognóstico das doenças associadas ao coração que, se detectadas
precocemente,
demandam
inter venções
preventivas.
defesa profissional
Valorização do
cardiologista de SP:
prioridade em 2013
Adicionalmente, tem indicação na avaliação terapêutica, farmacológica ou intervencionista (cirurgia
de revascularização do miocárdio e intervenção coronária percutânea), presta-se à avaliação pré-operatória
de cirurgias não cardíacas, bem como é ferramenta
necessária naqueles indivíduos que desejam praticar
atividade esportiva, entre outras aplicações que ampliam enormemente seu espectro de ação.
Não invasivo, com baixa frequência de complicações e excelente relação custo-benefício, o procedimento médico deve ser realizado por profissional
qualificado – com experiência comprovada e, de
preferência, com formação especializada na área de
atuação, certificada pelo Departamento de Ergometria, Exercício e Reabilitação Cardiovascular (DERC) da
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Desta forma,
pode poupar ao sistema de saúde gastos decorrentes
de laudos imprecisos feitos por não médicos.
Laudos imprecisos geram a necessidade de
melhor apuração dos resultados, que, consequentemente, resultam em procedimentos subsequentes
mais dispendiosos, como cintilografia de perfusão
miocárdica, ecocardiograma sob estresse, angiotomografia de coronárias e teste cardiopulmonar
- todos eles complementares ao teste ergométrico,
mas não substitutivos.
“Esses exames, que são
mal conduzidos tecnicamente
e liberados por profissionais
não qualificados, com laudos
imprecisos, podem não propiciar ao clínico que os solicitou
as informações adequadas
– gerando outros exames, consumindo ainda mais o sistema
de saúde. A própria seguradora acaba perdendo, mas os planos
de saúde não veem
dessa forma”, diz
William Chalela,
diretor do Serviço de Eletrocardiologia do Instituto do
Coração da FMUSP.
S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
13
defesa profissional
REMUNERAÇÃO AVILTANTE
Quando chega a hora de remunerar o médico,
o descaso estende-se a uma esfera em que nem o
custo operacional é coberto: em alguns estados, o
teste ergométrico chega a ser remunerado entre
R$ 60,00 e R$ 70,00 como preço total, cabendo ao
profissional em torno de 30% deste valor.
“Desta forma, impõe-se como que uma necessidade realizar um número muito grande de procedimentos para a mínima compensação financeira,
implicando em perda evidente de qualidade”, diz
Luiz Eduardo Mastrocola, diretor do Serviço de
Reabilitação Cardiovascular do Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia e do Serviço de Medicina
Nuclear do Hospital do Coração.
Desestimulados pela falta de reconhecimento e
valorização do teste ergométrico, muitos médicos desistem de aplicá-lo. Há, inclusive, serviços que utilizam
profissionais não médicos - atuando de modo ilegal
e colocando em risco vidas humanas - e os que se
aviltam a fazer recebendo tão pouco frequentemente
empregam metodologia inadequada e infringem
regras básicas de segurança. Risco maior ainda:
muitas vezes nem mesmo estão aptos a atender a
emergências cardiológicas como parada cardiorrespiratória, arritmias ventriculares graves, infarto agudo do
miocárdio, entre outras, em locais que não dispõem
da estrutura básica de assistência.
“Testes ergométricos realizados por não médicos podem levar a sérias consequências, como
o não reconhecimento das variáveis de risco,
interpretações equivocadas ou inabilidade para reconhecer e controlar eventos potencialmente letais
que possam ocorrer durante o exame”, diz Pedro
Ferreira de Albuquerque, presidente do DERC.
Essa situação, no entanto, não data de hoje. Ao
longo dos anos, as tabelas antigas de honorários
médicos tornaram-se defasadas, ou seja, não acompanharam a evolução da inflação nem a necessidade
dos médicos de adquirir equipamentos e softwares
mais modernos dentro de seus consultórios (atualmente, todos os serviços de ergometria só realizam
o Teste Ergométrico Computadorizado).
SUSPENSÃO DO PROCEDIMENTO
Perpetuados valores muito baixos, conclui-se
que nem os médicos são pagos adequadamente,
Para 2013, a meta é arregimentar
ainda mais ferramentas e atrair um grupo
maior de cardiologistas para o embate por
valorização dos honorários no Sistema
Único de Saúde e na rede suplementar
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S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
como às vezes sequer conseguem recuperar o investimento em todos os equipamentos necessários.
Qual é a proposta da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC), do Departamento de Ergometria,
Exercício e Reabilitação Cardiovascular (DERC) e da
Associação Médica Brasileira (AMB)? Que se faça jus
à CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de
Procedimentos Médicos) vigente. Elaborada com base
em estudos desenvolvidos pela Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo
- FIPE e pelas entidades médicas do País, a CBHPM
propõe o justo ordenamento dos métodos e procedimentos médicos, parametrizando os honorários de
acordo com critérios técnicos e estabelecendo faixas de
valoração dos atos médicos pelos seus portes.
A CBHPM é resultado da ação unificada da
AMB, do CFM, das Sociedades de Especialidades e
do apoio das demais entidades médicas brasileiras.
Ela substitui quaisquer tabelas anteriores utilizadas
como critério pelos planos de saúde, inclusive a
tabela da AMB de 1990, que as seguradoras continuam utilizando como referencial.
“A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o
seu Departamento de Ergometria, Exercício e Reabilitação Cardiovascular (DERC), a SOCESP e demais
sociedades estaduais estão unidas na expectativa
de que as seguradoras corrijam essas distorções
referentes ao valor pago pelo teste ergométrico.
Já recebemos o apoio oficial da AMB, como também já levamos a questão ao conhecimento do
Conselho Federal de Medicina (CFM) em sessão
plenária, quando os motivos justos dessa luta foram
apresentados. Todo esse movimento recebe apoio
incondicional do presidente da Sociedade Brasileira
de Cardiologia (SBC), Jadelson Pinheiro de Andrade,
que, sob sua liderança, já está solicitando reuniões
com a Agência Nacional de Saúde (ANS) para tratar
sobre o tema. Nosso objetivo é que o teste ergométrico tenha valor correspondente ao proposto pela
CBHPM vigente”, diz Pedro Ferreira de Albuquerque,
presidente do DERC/SBC.
A justificativa das seguradoras para os baixos
valores de remuneração é de que os médicos solicitariam esse exame indiscriminadamente. Para Luiz
Eduardo Mastrocolla, há de se pensar que “existe,
é claro, literatura médica brasileira suficiente para
definir as indicações para o teste ergométrico, documentadas em diretrizes publicadas recentemente
nos arquivos brasileiros de cardiologia. Não é um
procedimento que deva ser pedido para toda a
população, mesmo do ponto de vista da prevenção.
Existem indivíduos que estão dentro de um perfil de
risco intermediário e que são melhores candidatos
ao teste. Mas considerando-se que há publicações
internacionais que não recomendam o exame para
indivíduos assintomáticos, parece que algumas
operadoras usam esse argumento para afirmar que
Inglês para
serviço
o teste ergométrico é solicitado erroneamente pelos
médicos, elevando sobremaneira os custos. Usam
isso como álibi”, continua Luiz.
A situação, assim, está se tornando crítica. Por
mais que se tente chegar a uma negociação pela
via judicial – e em alguns casos de fato se tenha
conseguido flexibilizar as operadoras – muitas
delas continuam pagando muito mal. Para Pedro
Ferreira de Albuquerque, “a inquietude e insatisfação manifestam-se em todo país. Os médicos
estão unidos, pois é inadmissível continuar recebendo essa quantia. Esperamos que as seguradoras
atendam ao nosso pleito, que é fazer o pagamento
de acordo com a CBHPM. Caso contrário, é quase
inevitável a suspensão do procedimento”.
No caso de suspensão do procedimento, os pacientes não seriam prejudicados. Afinal, “nosso ofício
maior é proteger a saúde do paciente. Se houver
necessidade de outro método funcional para diagnóstico, deve-se assim proceder, sempre à critério
médico, mesmo que esse exame seja mais dispendioso”, comenta Pedro Ferreira de Albuquerque. E
continua: “Se a SOCESP fizer a suspensão, que fique
claro que terá todo o nosso apoio. Toda sociedade
que se mobilize em qualquer sentido para alternar
essa situação tem o apoio irrestrito do DERC”.
“Vejo isso como uma solução, pois os médicos
teriam de, alternativamente, solicitar outros procedimentos. Esses procedimentos, no entanto, não
substituem o teste ergométrico em longo prazo.
Por sua relação custo-benefício satisfatória e desde
que seguindo as indicações recomendadas, o teste
ergométrico é um procedimento imprescindível,
indispensável no arsenal cardiológico. Tem mais de
50 anos de existência e experiência consolidada,
continua crescendo em sua abrangência e oferece
informações que fortalecem o binômio diagnósticoprognóstico”, argumenta Mastrocola.
A ideia de deflagrar a suspensão do procedimento, contudo, é cogitada por todos os entrevistados como o último recurso do qual se lançaria
mão. “A alternativa que estamos buscando é de que
a Agência Nacional de Saúde (ANS) conscientize as
seguradoras para que revejam esses valores”, frisa
Pedro Ferreira de Albuquerque.
Para William Chalela, a suspensão seria em última instância, depois de esgotadas as possibilidades
de conversação entre os órgãos competentes e,
também, as ações jurídicas. “Visamos em toda e
qualquer circunstância o bem-estar dos pacientes”.
“Temos clareza de que a situação não pode
mais continuar do jeito que está”, pondera Henry
Abensur, coordenador de políticas de saúde da
SOCESP. “A sorte já foi lançada: ou os convênios
respeitam os cardiologistas e os remuneram com
dignidade ou seremos obrigados a ir mais longe
na luta por nossos direitos.”
MÉDICOS
Gostaria de dar boas-vindas a todos que visitam
nossa primeira publicação, neste ano de 2013,
que vem cheia de novidades. Na estreia,
um pingue-pongue com Daniel Magnone.
Hope you enjoy the reading!
Ricky Silveira Mello
Ricky asks Daniel
Magnone*: Omega 3 fatty
acids, vegetal or animal?
DM: In fact there is no
Silveira.Mello
Comunicações e Eventos
Traduções e versões, revisão
de Medical Papers, aulas
de conversação e estrutura
gramatical, tradução de teses
Mobile: (11) 99946-6361
scientific evidence about
Omega 3 consumption in order to prevent
cardiovascular diseases. The Omega 3 present
in vegetables is the ALA (alphalinolenic acid)
which has no metabolic activity in high level
cholesterol and triglycerides reduction. On the
other hand in Omega3 fatty acids from animals,
we will find EPA (eicosapentaenoic acid) and
DHA (docosahexaenoic acid), which are
directly linked to anti-inflammatory and
antithrombotic actions.
*Diretor de nutrição do Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia (IDPC), chefe do serviço
de Nutrologia e Nutrição Clínica do Hospital
do Coração – Hcor e presidente do Instituto de
Metabolismo e Nutrição - IMeN
Vocabulary
Sudden onset = início repentino,
algo ou doença que começa de repente
Supine position = de costas
Prone position = de bruços
Decayed tooth = dente cariado
Hoarseness = rouquidão
Eyelid = pálpebra
Watering eyes = olhos lacrimejantes
Flaxseed oil = óleo de linhaça
Short-lived = de curta duração
From calf to heel = da panturrilha ao calcanhar
Hit me with any comments
and suggestions or just to say “hello”
at [email protected]
S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
15
regionais
SOCESP Campinas:
crescimento em ritmo acelerado
Juliano de Lara
Fernandes
Presidente
Com cerca de 200 associados ativos, a Regional da SOCESP Campinas abrange 32 cidades
paulistas. Sempre objetivando a atualização dos
profissionais da área cardiológica, sua programação anual tem como destaque o Simpósio de
Doença Coronária, que reúne aproximadamente
150 especialistas, além de um curso de eletrocardiograma e mais dez reuniões científicas com
temas específicos.
“Um aspecto importante a que sempre nos
dedicamos é a questão da atualização. Temos
DIRETORIA
Presidente
Juliano de Lara Fernandes
Diretor Científico
Fabio Rossi dos Santos
Primeiro-secretário
Daniel Lages Dias
Segundo-secretário
Aloísio Marchi da Rocha
sempre atividades nesse sentido desenvolvidas
pela regional”, diz Juliano de Lara Fernandes, atual
presidente.
Para 2013, está agendada uma aula sobre arritmia cardíaca para a primeira quinzena de março,
com Maurício Ibrahim Scanavacca, cardiologista
e membro regular da SOCESP. Também serão ministrados cursos sobre dislipidemia e hipertensão,
na Semana de Saúde, em agosto.
DESAFIOS
Juliano considera que a maior dificuldade enfrentada pelos médicos na localidade
é a valorização do profissional, pois diversos
procedimentos cardiológicos estão muito mal
remunerados. Mas a regional está trabalhando
para reverter a situação.
No final do ano, haverá troca de presidentes e
Juliano se mostra otimista: “Esperamos renovação
para a SOCESP Campinas, e que a próxima gestão
traga novas ideias para que nossa regional continue crescendo no mesmo ritmo”.
Marília é destaque na
Cardiologia do Esporte
Em 24 de novembro foi realizado na regional
de Marília da SOCESP o curso Cardiologia do Esporte, ministrado por Nabil Ghorayeb, enfocando
aspectos da morte súbita relacionada à atividade
física, bem como avaliação pré-participação em
atividades esportivas e o atestado médico, que
são focos de nova diretriz de Cardiologia do
Esporte e Exercício.
O presidente da regional Marília, André
Moro, ressalta a importância desse esclarecimento sobre como se deve avaliar um indivíduo, muitas vezes sedentário, que quer fazer
atividade física. “Os pacientes, principalmente
se maiores de 35 anos e do sexo masculino,
devem fazer avaliação cardiológica detalhada
antes de iniciar atividades físicas, visto que a
partir dessa faixa etária a incidência de doença
arterial coronária aumenta progressivamente.
O teste ergométrico em esteira é um opção
acessível à maioria dos pacientes”.
O próprio André é praticante de atividade
física regular, já tendo participado de cinco
16
S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
meias maratonas (corridas de 21 km), sendo a
última no Rio de Janeiro, em agosto de 2012. “É
importante o cardiologista não só orientar seu
paciente a ter uma alimentação saudável e fazer
atividade física regular. Muitas vezes, o paciente
se espelha no seu médico e por ele deve ser
estimulado a manter hábitos saudáveis”.
André Moro
O Estudo Multicêntrico de Avaliação Perioperatória (Emapo) é um método brasileiro, desenvolvido pela SOCESP de acordo com a II Diretriz de
Avaliação Perioperatória elaborada pela Comissão
de Avaliação Perioperatória (CAPO) da Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC). O programa está
disponível gratuitamente a todos os cerca de
6 mil associados da SBC, por meio do software
consultório digital.
Elaborado a partir de 2000, foi idealizado por
Bruno Caramelli e Claudio Pinho e tem passado por
uma série de reformulações desde então, acompanhando os avanços tecnológicos.
“Atualmente, estão acessíveis alguns tipos
de avaliação ao paciente que será submetido a
uma cirurgia. No entanto, os principais métodos
são americanos e seguem os padrões médicos
locais. O Emapo foi elaborado com modificações
para atender à nossa realidade e contemplar
variáveis que nos afetam mais de perto, como
a doença da Chagas”, explica Bruno Caramelli,
professor associado da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo.
Outra grande vantagem que coloca o Emapo
à frente dos demais modelos internacionais é o
fato de ser o único a contemplar algumas das mais
recentes modernizações tecnológicas.
“É o caso do desfibrilador implantável, que hoje
é uma realidade na cardiologia, e que os outros
estratificadores de risco não abrangem. Podemos
dizer, portanto, que saímos na frente para contemplar a tecnologia.”
BANCO DE DADOS
Nestes 12 anos em que o Emapo tem sido
utilizado, diversos colegas têm reunido valiosas
informações, criando o seu próprio banco de dados
e também as suas estatísticas.
“É possível, por exemplo, verificar qual a taxa de
complicações entre os pacientes submetidos a procedimentos específicos como cirurgia de catarata,
ou de aorta, ou ainda chegar ao índice individual
de complicações de mortalidade perioperatória”,
explica Claudio Pinho, professor de cardiologia da
Faculdade de Medicina da PUC de Campinas.
Segundo ele, enquanto os índices de mortalidade nos Estados Unidos estão em torno de 0,5%,
no Brasil chegam a 3%.
emapo
Projeto de avaliação perioperatória
permite registrar pacientes e
reunir banco de dados individual
“Estou mais próximo das estatísticas americanas ou brasileiras, ou o que eu posso fazer
para ajudar a melhorar a estatística brasileira” são
algumas das perguntas que ele sugere ao cardiologista e que o Emapo pode ajudar a responder,
pois além de estratificar o risco, o método sugere
orientações especificas para serem seguidas no
período perioperatório pela equipe multidisciplinar responsável pelo procedimento.
Possuir banco de dados padronizado brasileiro
tem uma série de outras vantagens, por exemplo,
colaborar com informações para uma estatística
brasileira de grande volume e poder comparar dados individuais e populacionais de nossa realidade
com os internacionais.
“Os dados armazenados no Emapo e todo o
conteúdo técnico-cientifico que descreve isso,
presente na diretriz de avaliação perioperatória
da SBC, oferecerão muito mais subsídios para
um relatório final padronizado, protegendo, inclusive, o profissional de uma possível tentativa
de responsabilizá-lo por qualquer intercorrência
durante a cirurgia.”
Este cardiologista terá em suas mãos todos os
dados fornecidos ao paciente, bem como os riscos
apresentados a ele no momento da avaliação.
NOVO NICHO
“Todos os interessados em conhecer melhor o
Emapo podem entrar em contato com o Instituto
do Coração para até mesmo realizar um estágio
conosco”, convida Bruno.
Com um volume de cerca de 3 mil avaliações
perioperatórias anuais, o Instituto pode sediar
hands on e oferecer ao cardiologista a oportunidade de analisar o sistema e acompanhar toda
a avaliação.
Este é um novo nicho profissional: realizar a
avaliação perioperatória por indicação de cirurgiões. Com pacientes com idade cada vez mais
avançada, e apresentando outras doenças e complicações, esta avaliação requer cada vez mais a
presença de um especialista.
“Com mais de dez anos de experiência posso
afirmar que a avaliação perioperatória é a porta
de entrada para uma avaliação cardiológica de
um novo paciente, que acabará voltando.” Mais
informações no portal www.socesp.org.br.
S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
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surpreenda-se
Novidades em breve
João Fernando
Monteiro Ferreira
Fizemos, em 2012, ampla reformulação do
jornal SOCESP em Destaque. Os textos tornaramse mais dinâmicos e objetivos; reformulamos o
projeto visual; adotamos uma linha editorial mais
abrangente, inclusive trazendo articulistas de renome na imprensa nacional para escrever sobre
política, gestão e outros temas.
Na prática, o SOCESP em Destaque
tornou-se outro produto. Ao colocá-lo à sua
disposição, tínhamos o feeling de que trilhávamos um caminho alvissareiro. Mas como ter
certeza sem ouvi-lo?
Para não trabalhar em um terreno
de dúvidas, adotamos bases científicas
para mensurar a satisfação do leitor.
Ao término do ano passado, realizamos
uma pesquisa para averiguar efetivamente
a eficácia e qualidade da publicação.
Cardiologistas do estado inteiro foram consultados e, anunciamos com alegria, o SOCESP em
Destaque foi aprovado. Nada menos do que 98%
dos leitores deram conceitos ótimo e bom.
É um número impressionante, mas insufi-
ciente para conter nossa busca por melhorias
contínuas. Assim, em fevereiro, já fizemos uma
reunião para rever metas e traçar novos desafios
para a publicação. Então, aguarde, pois logo iremos presenteá-lo com boas novidades.
em
FEVEREIRO
06/02 a 10/04 (12 quartas-feiras)
1º curso de ecocardiograma para o clínico
Regional São José do Rio Preto
MARÇO
06
Nutrição sob o ponto de vista funcional:
Quais as tendências?
Departamento de Nutrição
07
Atualização em Cardiopatia Isquêmica Aguda
Regional Sorocaba
07/03 a 06/06 (10 quintas-feiras)
Curso de Cardiologia e cirurgia cardíaca
em cardiopatias congênitas de SJRP
Regional São José do Rio Preto
19
Síncope do diagnóstico ao tratamento
Regional Piracicaba
20
Atualização em síndrome coronariana aguda
Regional Jundiaí
21
Atualização em valvopatia aórtica
Regional Botucatu
22
Atualização em insuficiência cardíaca
Regional Araçatuba
22
Enfermagem na assistência circulatória mecânica
Departamento de Enfermagem
23
Oficina de avaliação e prescrição de
exercício físico para saúde cardiovascular
Departamento de Educação Física e Esporte
23
O olhar psicológico no protocolo da dor
Departamento de Psicologia
23
Medicina Baseada em Evidências
Regional Franca
agenda
PROGRAME-SE
destaque
DIRETORIA DA SOCESP BIÊNIO 2012/2013
PRESIDENTE
Carlos Costa Magalhães
VICE-PRESIDENTE
Francisco Antonio Helfenstein Fonseca
PRIMEIRO-SECRETÁRIO
Rui Manuel dos Santos Povoa
SEGUNDO-SECRETÁRIO
José Carlos Aidar Ayoub
PRIMEIRO-TESOUREIRO
Rui Fernando Ramos
SEGUNDO-TESOUREIRO
Celso Biagi
DIRETORA CIENTÍFICA
Fernanda Marciano Consolim Colombo
DIRETOR DE PUBLICAÇÕES
João Fernando Monteiro Ferreira
DIRETOR DE REGIONAIS
José Luiz Aziz
DIRETOR DE PROMOÇÃO E PESQUISA
Andrei C. Sposito
DIRETOR DE INFORMÁTICA
João Manoel Rossi Neto
DIRETOR DE QUALIDADE ASSISTENCIAL
Silas dos Santos Galvão Filho
DIRETOR DO CENTRO DE EMERGÊNCIAS
Agnaldo Pispico
COORDENADORES DE PESQUISA
José Luiz Ferreira dos Santos
José Francisco Kerr Saraiva
Ricardo Pavanello
COORDENADOR DE EVENTOS
Alberto Francisco Piccolotto Naccarato
COORDENADOR DE POLÍTICAS DE SAÚDE
Henry Abensur
CONSELHO FISCAL – Luiz Freitag, Bruno Mahler
Mioto, Ibraim Masciarelli Pinto, Edson Stefanini
EDITORES – Ângela Teresa Bacelar, Beatriz
Matsubara, Edson Stefanini, Moacir F. Godoy,
João Carlos Hueb, Luiz Francisco Cardoso
SOCESP em Destaque é editado bimestralmente
pela Diretoria de Publicações da Sociedade de
Cardiologia do Estado de São Paulo, Avenida
Paulista, 2.073 – Horsa I, 15 o andar, cj. 1.512, CEP
01311-300, São Paulo, SP. Telefone: 11 3179-0044
DIREÇÃO DE ARTE – Giselle de Aguiar Pires
IMPRESSÃO – Hawaii Gráfica
SOCESP NA INTERNET: www.socesp.org.br
Outras informações sobre os eventos,
ligue (11) 3179-0044
E-mail: [email protected]
S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
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multidisciplinar
Monitorização hemodinâmica
Vanessa Marques
F. Méndez,
Especialista
em fisioterapia
cardiovascular
pelo Instituto
Dante Pazzanese
de Cardiologia,
especialista em
fisiologia do exercício
pela Unifesp,
fisioterapeuta
da disciplina de
Anestesiologia,
Dor e Terapia
Intensiva da Unifesp
e coordenadora
científica da
especialização
do Instituto Dante
Pazzanese de
Cardiologia
Desde a execução de simples atividades, como
uma sessão de exercícios físicos, até o manejo do
paciente em estado crítico, a monitorização hemodinâmica é imprescindível, principalmente quando
se trata de indivíduos com comprometimento do
sistema cardiovascular.
Em 1870, um médico alemão, Adolf Eugen Fick,
mediu pela primeira vez o débito cardíaco e criou a
Lei de Fick, que, de forma resumida, define a íntima
relação entre os tecidos e os sistemas cardiovascular
e respiratório, quando afirma que o débito cardíaco
(DC) é a razão entre o consumo e a diferença arteriovenosa dos tecidos. Nesta afirmação estão inseridas
todas as alterações de inúmeras situações clínicas,
que são até os dias atuais motivo de estudo, pesquisa
e aplicação clínica.
Arthur Guyton analisou as alterações da circulação
sanguínea e, em 1955, observou que o DC e a pressão
venosa central (PVC) exibem algumas características peculiares: “quando ocorre uma alteração na hemodinâmica
do sistema circulatório, não se pode prever o que acontecerá com o DC, a menos que se leve em consideração
tanto o efeito da mudança na capacidade do coração de
bombear o sangue quanto à tendência do sangue para
regressar aos vasos sanguíneos.” Aplicando este conceito,
Guyton criou um gráfico no qual podemos identificar
os fatores determinantes do retorno venoso (volume
sanguíneo, complacência venosa, resistência venosa e a
pressão do átrio direito) e da função cardíaca (pré-carga,
contratilidade e frequência cardíaca). Uma queda na pressão arterial sem alterações no DC indica que uma redução
da resistência sistêmica foi o fator desencadeante; neste
caso pode ser necessário o uso farmacológico de drogas
vasoconstritoras, como a noradrenalina. Porém, se a queda
da pressão sanguínea é acompanhada de uma redução
do DC, devemos saber se o débito cardíaco diminuiu devido à redução da função cardíaca ou do retorno venoso,
isto pode ser respondido ao observar a pressão venosa
central. Se houve queda do DC e da PVC, a causa será a
diminuição do retorno venoso, que pode ser revertida
com a adequada reposição volêmica; caso contrário, o
fator desencadeante é de causa cardíaca e, então, o uso
de drogas inotrópicas pode estar indicado.
Outra forma de utilizar os conceitos básicos da fisiologia à beira leito é analisar as repercussões respiratórias
no sistema cardiovascular. A inspiração exerce efeito
sobre as veias cava superior e inferior, sendo que quanto
menor o volume de preenchimento do vaso, maior a
influência das pressões negativas ou positivas sobre o
seu conteúdo, com consequente maior variabilidade no
seu diâmetro relacionado ao ciclo respiratório. Portanto,
essa variabilidade mostra a situação dos pacientes em
relação à curva de Frank-Starling, e, especificamente, para
determinar se o paciente está na porção ascendente da
curva, em que um aumento na pré-carga resulta em
aumento de volume sistólico e o DC. Para exemplificar,
na inspiração espontânea há redução da pressão pleural
e, se houver concomitantemente diminuição da PVC, podemos ter um aumento do DC com a infusão de fluidos.
Contudo, a PVC não será uma medida fidedigna do volume de enchimento do coração esquerdo na presença
de anormalidades nos ventrículos direito ou esquerdo
e anormalidades pulmonares, o que limita muito seu
aproveitamento em pacientes cardiopatas.
Já em pacientes sob ventilação mecânica, o aumento
da pressão intratorácica resulta em uma diminuição
no enchimento e na ejeção do ventrículo direito, que
é inversamente proporcional ao volume corrente e/ou
pressão positiva expiratória final. A redução no débito do
ventrículo direito na insuflação reduz a pré-carga, o volume sistólico e, consequentemente, o débito do ventrículo
esquerdo na expiração, causando oscilações na curva
da pressão arterial que podemos chamar de pressão de
pulso. Essa análise é um recurso simples, não invasivo, e
pode prever quais pacientes terão maiores repercussões
negativas da ventilação mecânica e, portanto, todo profissional que maneja estas ferramentas deve dominá-las.
No entanto, algumas condições precisam ser satisfeitas: os
pacientes devem estar em ventilação mecânica invasiva,
sedados, paralisados, com volume corrente de 8 mL/kg,
ausência de arritmias, doença valvar e com um monitor
que apresente os traçados do pulso arterial e da ventilação
mecânica ou respiratória numa mesma tela.
Em vista deste panorama, observamos que,
apesar de ser baseada em princípios fisiológicos, a
correta monitorização hemodinâmica é criteriosa e
sua valorização no paciente cardiopata requer atenção. Por isso, o desenvolvimento de novos dispositivos
na aferição do débito cardíaco poderá fazer com que
a aplicação desses princípios seja facilitada, fazendo
com que possam ser empregados de modo não invasivo e respondam, assim, a vários questionamentos a
respeito do impacto de práticas, desde a unidade de
cuidados intensivos até a ambulatorial.
REFERÊNCIAS (ENDNOTES)
Guyton AC: Determination of cardiac output by equating venous return curves with cardiac response curves. Physiol Rev 1955, 35:123-129. Guyton AC. Lindsey
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S O C E S P E M D E S T A Q U E – JAN/FEV 2013
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