Educação na Grécia As meninas não recebiam qualquer educação

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Educação na Grécia
As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas aprendiam os ofícios
domésticos e os trabalhos manuais com as mães. Principal objetivo da
educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Os gregos
antigos não contavam com uma educação técnica para preparar os estudantes
para uma profissão ou negócio.
Em Esparta a educação era organizada em modos militares e dava-se ênfase à
educação física. Os meninos viviam em casernas dos 7 anos 30 anos e sua
educação incluía intermináveis exercícios de ginástica e atletismo. Os
professores surravam os alunos, às vezes, seriamente, a fim de reforçar a
disciplina. Os espartanos alcançavam a maturidade em ótimas condições
físicas, mas em geral eram ignorantes; somente alguns sabiam ler e escrever.
A educação em Atenas contrastava acentuadamente com àquela que era
adotada em Esparta. Eles acreditavam que sua cidade-estado tornar-se-ia a
mais forte se cada menino desenvolvesse integralmente as suas melhores
aptidões individuais. O governo não controlava os alunos e as escolas. Um
garoto ateniense entrava na escola aos 6 anos e ficava confiado a um
pedagogo. Ele estudava aritmética, literatura, música escrita e educação física;
além disso decorava muitos poemas e aprendia a tomar parte nos cortejos
públicos e religiosos. Os meninos tinham feriados apenas nos dias de festas
religiosas. O governo recrutava para treinamento militar durante 24 meses,
todos os jovens quando atingiam a idade de 18 anos.
EDUCAÇÃO NA GRÉCIA
A visão que os gregos tinham do mundo os distinguia de todos os demais
povos do mundo antigo. Os gregos colocaram a razão acima dos seus mitos e
a utilizaram como instrumento a serviço do próprio homem. Os gregos
glorificavam o homem como o ser mais importante do universo. Podemos dizer
que a origem dessa atitude se encontra na realidade sóciopoética da Grécia,
processo que se realiza entre 1200 e 800 a.C. Trata-se do período pré
Homérico que recebeu esse nome, devido ao que se conhece da interpretação
das lendas contidas nos poemas; “Ilíada” e “Odisséia”, que a tradição atribui a
Homero.
2.1 – CARACTERÍSTICAS
Os atenienses acreditavam que sua cidade-estado iria tornar-se a mais forte se
cada menino desenvolvesse integralmente as suas aptidões. O governo não
controlava os alunos e as escolas. Um garoto ateniense entrava na escola aos
seis anos e ficava sob os cuidados de um pedagogo que ensinava aritmética,
literatura, música escrita e educação física; o aluno decorava muitos poemas e
aprendia a fazer parte dos cortejos públicos e religiosos.
As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas aprendiam os
ofícios domésticos e os trabalhos manuais com as mães. O principal objetivo
da
educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Os gregos
antigos não contavam com uma educação técnica para preparar os estudantes
para uma profissão ou negócio.
AS TRANSFORMAÇÕES DA MENTALIDADE: DO MITO À RAZÃO.
A Concepção mítica do homem nos poemas homéricos
Até o século VI a.C. pode-se dizer que na Grécia ainda predomina uma
concepção mítica do mundo. Isso significa que as ações humanas se acham
explicadas pelo sobrenatural, pelo destino, pela interferência divina. Os mitos
gregos são escolhidos pela tradição e são transmitidos oralmente pelo aedos e
rapsodos, cantores ambulantes que dão forma poética a esses relatos e os
recitam de cor em praça pública.
Dentre estes, destacamos Homero,
provável autor das epopéias Ilíadas, que trata da guerra de Tróia (Illion, em
grego), e da Odisséia, que relata o retorno de Ulisses (odisseus, em grego) a
Ítaca, após a guerra de Tróia.
A Emergência da Consciência Racional
O surgimento da filosofia na Grécia não é na verdade, um salto
realizado por um povo privilegiado, mas a culminância de um processo que se
fez através de milênios e para o qual concorreram diversas transformações.
- A escrita gera uma nova idade mental fixando a palavra, e
consequentemente, o mundo para além daquele que o profere.
- E o advento da lei escrita ? Drácon, Sólon e Clístenes são os primeiros
legisladores que marcam uma nova era.
- A invenção da Moeda desempenha um papel revolucionário. Muito mais do
que um metal precioso que se troca por qualquer mercadoria, a moeda é um
artifício racional, uma convenção humana, uma noção abstrata de valor.
- A pólis se faz pela autonomia da palavra: não mais a palavra mágica dos
mitos, concedida pelos deuses e, portanto, comum a todos, mas a palavra
humana do conflito, da discursão, da argumentação.
- Decorre disso tudo uma nova concepção de virtude (areté), diferente da
virtude do guerreiro belo e bom. Se antes a virtude era ética, aristocrática,
agora é política, voltada para o ideal democrático da igual repartição do poder.
- A filosofia, "filha da cidade": a filosofia surge como problematização e
dicursão de uma realidade antes não questionada pelo mito.
A EDUCAÇÃO ESPARTANA
Grécia achava-se dividida em Cidades-Estado, das quais as mais
conhecidas são as antagônicas Esparta e Atenas. Esparta ocupava o fértil vale
do rio Eurotas, na região da Lacônia, ao sudeste da península do Peloponeso.
No oitavo e no sétimo século a.C, Esparta travou uma guerra com
Missênia. Essa guerra teve por motivo básico o desejo de Esparta de se
apoderar das terras férteis dessa região, que eram as melhores de todo o
Peloponeso."(PEDRO. Antônio & CÁCERES. Florival. História Geral. p. 48).
"Por volta do século IX, o legislador Licurgo organiza o Estado e a
educação. De início os costumes não são tão rudes, e a formação militar é
entremeada com a esportiva e a musical. Com o tempo e, sobretudo no século
IV a.C. quando Esparta derrota Atenas - o rigor da educação se assemelha à
vida de caserna" (ARANHA. Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. p.
38).
"A visão que os gregos tinham do mundo os distinguia de todos os
demais povos do mundo antigo, ao contrário destes, os gregos em vez de
colocarem a razão humana a serviço dos deuses ou dos deuses monarcas,
enalteceram a razão como instrumento a serviço do próprio homem (...)
Recusavam qualquer submissão aos sacerdotes e tampouco se humilhavam
diante dos seus deuses. Glorificavam o homem como o ser mais importante do
universo (...) O primeiro povo a enfrentar explicitamente o problema da
natureza, as idéias, as tarefas e objetivos do processo educativo foi o povo
grego. Os alicerces institucionais dessa atitude encontram-se na realidade
sócio-poética da Grécia, processo que se realiza entre 1200 e 800 a.C. Tratase do período pré-Homérico (GILES. Thomas Ranson. História da Educação. p.
11). Esse período recebeu esse nome, devido ao conhecimento baseado na
interpretação da lendas contidas nos poemas épicos: A ILÍADA e A ODISSÉIA,
que a tradição atribui ao poeta grego Homero (op. cit. p. 46)
"Nessa época as principais ocupações são a agricultura e o pastoreio.
Excetuando-se algumas formas de artesanato, não há especialização, e a
estratificação da sociedade é mínima"
EDUCAÇÃO ATENIENSE
Atenas passou pelas mesmas fases de desenvolvimento de Esparta;
mas enquanto Esparta se deteve na fase guerreira e autoritária, Atenas
priorizava a formação intelectual sem deixar de lado a educação física que não
se reduzia apenas a uma simples destreza corporal mas que vinha
acompanhada por uma preocupação moral e estética.
A primeira parte de sua cultura aparecem formas simples de escolas e a
educação deixa de ficar restrita à família e a partir dos 7 anos começava a
educação propriamente dita, que compreendia a educação física, a música e a
alfabetização. O pedotriba era o responsável em orientar a educação física na
palestra onde os exercícios físicos eram praticados.
Além da educação física, a educação musical era extremamente
valorizada não se limitando apenas à música mas também a poesia, canto e a
dança. Os locais que eram praticados eram geralmente as palestras ou, então,
em lugares especiais. O ensino elementar como a leitura e a escrita durante
muito tempo não teve a sua devida atenção como teve as práticas esportivas e
musicais tanto que os mestres eram geralmente pessoas humildes e mal pagas
e não tinham tanto prestigio quanto o instrutor físico.
Com o passar do tempo foi se exigindo uma melhor formação intelectual
delineando-se três níveis de educação: elementar, secundária e superior. O
didáscalo era o responsável em ensinar a leitura e a escrita em locais não
definidos e com métodos que dificultam a aprendizagem e por volta dos 13
anos completava-se a educação elementar.
Aqueles que tinham maiores condições de continuar os seus estudos
entravam para a educação secundária ou ginásio onde, inicialmente, eram
praticados os exercícios físicos e musicais, mas com o tempo deu-se lugar as
discussões literárias abrindo espaço para o estudo de assuntos gerais como a
matemática, geometria e astronomia principalmente a partir das influências dos
professores. O termo secundário chegou mais próximo do seu conceito atual
quando foram criadas as bibliotecas e salas de estudos.
Dos 16
aos 18 anos, a educação superior só se dá com os sofistas,
que mediante retribuições elevadas se encarregavam de preparar a juventude
para a oratória. Sócrates, Platão e Aristóteles também ministravam a educação
superior.
Neste contexto não havia uma preocupação com o ensino profissional,
pois estes eram aprendidos no próprio mundo do trabalho com exceção da
medicina que era uma profissão altamente valorizada entre os gregos e que
tomavam como parte integrante da cultura grega.
A EDUCAÇÃO NO PERÍODO HELENÍSTICO
No final do século IV a. C., inicia-se a decadência das cidades-estados
gregos assim como a sua autonomia e a força da cultura helênica se funde à
das civilizações que a dominam se universaliza e converte-se em helenísticas;
nesse período a antiga Paidéia, torna-se enciclopédia ou seja, educação geral"
consistindo na ampla gama de conhecimentos exigidos na formação do homem
culto diminuindo ainda mais o aspecto físico e estético.
Nesse período eleva-se o papel do pedagogo com a criação do ensino
privado e o desenvolvimento da escrita, leitura e o cálculo. O conteúdo
abrangente das disciplinas humanistas (gramática, retórica e dialética) e quatro
científicas (aritimética, música, geometria e astronomia). Além do
aperfeiçoamento do estudo da filosofia e, posteriormente, o de teologia na era
cristã. Inúmeras escolas se espalham e da junção de algumas delas (Academia
e Liceu) é formada a Universidade de Atenas, foco importante de fermentação
intelectual, que perdura inclusive no período de dominação romana.
PERÍODO CLÁSSICO
Atenas havia se tornado o centro da vida social, política e cultural da
Grécia, em virtude do crescimento das cidades, do comércio, do artesanato e
das artes militares. Atenas viva seu momento de maior florescimento da
democracia. "A democracia grega possuía duas características de grande
importância para o futuro da filosofia. Em primeiro lugar, a democracia afirmava
a igualdade de todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de
participar diretamente do governo da cidade, da polis. Em segundo lugar, e
como conseqüência, a democracia, sendo direta e não por eleição de
representantes no governo, garantia a todos a participação no governo e os
que dele participavam tinham direito de exprimir, discutir e defender em público
suas opiniões sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia assim, a
figura do cidadão". (CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia, p. 36).
Contudo, é bom lembrarmos que as opiniões, não eram simplesmente
jogadas às assembléias e aceitas por elas, era necessário que o cidadão além
de opinar, falar, deveria também buscar persuadir a assembléia, daí o
surgimento de profundas mudanças na educação grega, pois antes da
democracia as famílias aristocratas eram donas não só da terra como também
do poder. A educação possuía um padrão criado por essas famílias que era
baseado nos dois poetas gregos Homero e Hesíodo que afirmava que o
homem ideal era o guerreiro belo e bom.
Entretanto, com a chegada da democracia, o poder sai das mãos da
aristocracia e, "esse ideal educativo vai sendo substituído por outro. O ideal de
educação do Século de Péricles é a formação do cidadão."(IDEM. P. 36)
O cidadão somente se faz cidadão a partir do momento em que
exerce seus direitos de opinar, discutir, deliberar e votar nas assembléias.
Dessa forma, o novo ideal de educação é a formação do bom orador, ou seja,
aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política.
Para suprir a necessidade de dar esse tipo de educação aos jovens em
substituição a educação antiga, surgem os sofistas que foram os primeiros
filósofos do Período Clássico. Em síntese, os sofistas surgem por razões
políticas e filosóficas, entretanto, mais por funções políticas.
Os sofistas foram filósofos que surgiram de várias partes do mundo e
não tinham portanto, uma origem bem definida. "Sofista significa (...) "sábio" "professor de sabedoria". (...)[Em] um sentido pejorativo, passa a significar
"homem que emprega sofismas", ou seja, homem que usa de raciocínio
capcioso, de má-fé com intenção de enganar.
Os sofistas contribuíram bastante para a sistematização da educação.
Eles se julgavam sábios, possuidores da sabedoria e como Atenas passava por
uma fase de crescimento cultural e econômico e paralelo a isto, o surgimento
da democracia, os sofistas ensinavam principalmente a retórica, que é a arte
da persuasão, instrumento principal para o cidadão que vivia a democracia.
Contudo, é bom ressaltar que não ensinavam de graça, mas cobravam, e bem,
por seus ensinamentos. Isso teve grande contribuição na profissionalização da
educação.
Entretanto, por cobrarem e se julgarem sábios e possuidores da
sabedoria, foram bastante criticados por Sócrates e seus seguidores, haja vista
que para Sócrates o verdadeiro sábio é aquele que reconhece sua própria
ignorância. Para combater os sofistas, Sócrates desenvolve dois métodos que
são bastantes conhecidos até os dias de hoje: a ironia e a maiêutica. O
primeiro consiste em conduzir, através de questionamentos, o ouvinte que até
o momento está convencido de que domina completamente determinado
conteúdo, de que este não sabe realmente tudo. A partir do momento em que
este se convence disto, Sócrates passa a utilizar o segundo método que é a
maiêutica, que significa dar luz às idéias. Nesse momento o ouvinte consciente
de que não sabe tudo busca saber mais buscando respostas por si próprio.
A PEDAGOGIA GREGA
O termo pedagogia é de origem grega e deriva da palavra paidagogos,
nome dado aos escravos que conduziam as crianças à escola. Somente com o
tempo, esse termo passa a ser utilizado para designar as reflexões feitas em
torno da educação. Assim, a Grécia clássica pode ser considerada o berço da
pedagogia, até porque é justamente na Grécia que tem início as primeiras
reflexões acerca da ação pedagógica, reflexões que vão influenciar por séculos
a educação e a cultura ocidental.
Os povos orientais acreditavam que a origem da educação era divina. O
conhecimento que circulava na comunidade resumia-se aos seus próprios
costumes e crenças. Essa realidade impedia uma reflexão sobre a educação,
uma vez que esta era rígida e estática, fruto de uma organização social
teocrática. A divindade, portanto, era autoridade máxima, logo, sua vontade
não poderia ser contestada.
Na Grécia Clássica, pelo contrário, a razão autônoma se sobrepõe às
explicações puramente religiosas e místicas. A inteligência crítica, o homem
livre para pensar e formar os juízos a cerca da sua realidade, preparado não
para submeter-se ao destino, mas para influenciar e ser agente de
transformação como cidadão, eis no que resume-se a revolucionária
concepção grega da educação e seus fins.
Dentro dessa nova mentalidade, surgem várias questões cuja reflexão
visa enriquecer os fins da educação. Como por exemplo:
- O que é melhor ensinar ?
- Como é melhor ensinar ?
Essas questões enriquecem as reflexões de vários filósofos e dão origem à
dimensões tendenciosas. Para entendermos melhor é necessário fazermos a
divisão clássica da filosofia grega, não esquecendo que o eixo central é
Sócrates:
Período pré-socrático (Século VII e VII a.C.); os filósofos das colônias gregas
que iniciam o processo de separação entre a filosofia e o pensamento mítico.
Período socrático (Séculos V e IV a.C.) Sócrates, Platão e Aristóteles. Os
sofistas são contemporâneos de Sócrates e alvos de suas críticas. Isócrates
também é desse período.
Período pós-socrático (Séculos III e II a.C.) época helenística, após a morte de
Alexandre. Fazem parte ainda as correntes filosóficas mais famosas: o
estoicismo e o epicurismo.
PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO
O período pré-socrático inicia-se por volta do século VI a.C., quando
aparecem os primeiros filósofos nas colônias gregas da Jônia e na Magna
Grécia. Podemos dividi-los em várias escolas:
Escola Jônica: fazem parte os seguintes filósofos: Tales, Anaximandro,
Anaxímenes, Heráclito, Empídoeles;
Escola Itálica: Pitágoras;
Escola Eleática: Xenófones, Parmênides, Zenão;
Escola Atomista: Gencipo e Demócrito.
Esse período caracteriza-se como uma nova forma de analisar e ver a
realidade. Antes esta era analisada e entendida, apenas do ponto de vista
mítico, agora é proposto o uso da razão, o que não significa dizer que a
filosofia vem para romper radicalmente com o mito, mas sim para suscitar o
uso da razão no esclarecimento, sobretudo da origem do mundo.
Os antigos relatos míticos da origem, inicialmente transmitidos oralmente
e depois transformados em poemas por Homero e Hesíodo, são questionados
pelos pré-socráticos, cujo objetivo principal é explicar a origem do mundo a
partir do "arché" ou seja, o elemento originário e constitutivo de todas as
coisas.
Nessa busca de desvendar racionalmente a origem, cada um surge com
uma explicação diferente, como por exemplo:
- Tales: a origem é a água;
- Anaxímenes: a origem é o ar;
- Anaximandro: a origem está no movimento eterno que resulta na separação
dos contrários (quente e frio, seco e úmido, etc.)
- Heráclito: tudo muda, tudo flui. A origem reside num constante ‘devir".
- Parmênides: A origem está na essência: o que é, é e não pode ser ao mesmo
tempo.
Outra diferença que podemos notar entre a filosofia nascente e as
concepções míticas é que esta era estática, ou seja, não admitia reflexões ou
discordância. A filosofia nascente por sua vez, deixa o espaço livre para
reflexão, daí cada filósofo surgir com uma explicação diferente para o "arché",
ou seja, a origem.
Apesar dessas diferenças, vale ressaltar que não há uma ruptura radical
com o pensamento mítico, permanecendo este, presente em algumas
explicações desses filósofos frente às divindades, uma vez que este não aceita
a interferência dessas nas explicações. Assim, a "phisys" (natureza)é
dessacralizada e todas as afirmações passam a exigir fatos que justifiquem as
idéias expostas.
Toda essa mudança de pensamento é de fundamental importância para
o enriquecimento das reflexões pedagógicas em busca de uma educação ideal
que faça do homem grego senhor de si mesmo, combatendo assim, as velhas
idéias de submissão às explicações puramente mitológicas.
O PENSAMENTO DE PLATÃO
Se Sócrates foi o primeiro grande educador da história, Platão foi o
fundador da teoria da educação, da pedagogia, e seu pensamento foi baseado
na reflexão pedagógica, associada à política.
Platão nasceu em Atenas (428 -347 a.C.) de família nobre. Foi discípulo
de Sócrates, que induziu ao estudo da filosofia. O vigor de seu pensamento
nos faz questionar sempre o que de fato é socrático e que já é sua criação
original.
Para que possamos compreender a proposta de Platão, não podemos
dissociá-la do projeto inicial que é, antes de tudo, político: vejamos algumas
características do pensamento filosófico de Platão.
Platão se preocupou a vida inteira com os problemas políticos. A
situação de seu país, saído de uma tirania, o impede de participar ativamente
da vida política, em compensação, de dica a esta, grande parte de seus
escritos entre eles as obras mestras, A República e as leis.
No livro VII de A República, Platão relata o mito da caverna. A análise
deste mito pode ser feita pelo menos sob dois pontos de vista:
1. Epistemológico (relativo ao conhecimento): compara o acorrentado ao
homem comum que permanece dominado pelos sentidos e só atinge um
conhecimento imperfeito da realidade.
2. Político: quando o homem se liberta dos grilhões é o filósofo, ultrapassa o
mundo sensível e atinge o mudo das idéias, passando da opinião à essência,
deve se dirigir aos homens para orientá-los. Cabe ao sábio dirigir, sendo-lhe
reservada a elevada função da ação política.
A UTOPIA PLATÔNICA
Platão propõe uma utopia, onde são eliminadas a propriedade e a
família, e todas as crianças são criadas pelo estado, pois para Platão, as
pessoas não são iguais, e por isso devem ocupar posições diferentes e serem
educadas de acordo com essas diferenças.
Até os 20 anos, todos merecem a mesma educação. Ocorre o primeiro
corte e definem-se quem tem "alma de bronze", são os grosseiros, devem se
dedicar a agricultura, comércio e ao artesanato.
Mais dez anos de estudo, se dá o segundo corte. Aqueles que tem "alma
de prata". É a virtude da coragem. Serão guerreiros que cuidarão da defesa da
cidade, e a guarda do rei.
Os que sobrarem desses cortes por terem "alma de ouro" serão
instruídos na arte de dialogar e preparados para governar.
Quando analisamos o postulado platônico voltado para sua época, é
visível uma dicotomia na relação corpo e espírito.
Na Grécia Antiga, o cuidado com o aspecto físico do corpo merecia uma
atenção muito especial. No entanto, Platão apesar de reconhecer a importância
atribuída aos exercícios físicos, acreditava que uma outra educação merecia
relevante atenção ao ponto de ser superior às questões corporais. Trata-se da
educação espiritual. No desenvolvimento de seus argumentos, ao tratar da
superioridade da alma sobre o corpo, Platão explicita que a alma ao ter que
possuir um corpo, torna-se degradante. Para Platão o corpo possui uma alma
de natureza inferior que dividida em duas partes: uma que age irrefletidamente,
de maneira impulsiva e outra voltada para os desejos e bens materiais.
Argumenta ainda que todo problema humano está centrado na tentativa de
superar a alma inferior através da alma superior. Se esta não controlar a alma
inferior, o homem será incapaz de possuir um comportamento moral.
Nesta concatenação está explícito o ideal pedagógico na concepção
platônica. O conhecimento para ele é resultado do lembrar do que a alma
contemplou no mundo das idéias. Nesse sentido a educação consiste no
despertar no indivíduo do que ele já sabe e não no apropriar de um
conhecimento que está fora. Ele enfatiza ainda a necessidade da educação
física no sentido de que esta proporcione ao corpo uma saúde perfeita,
evitando que a fraqueza torne-se um impecílio à vida superior do espírito.
Outro aspecto na pedagogia platônica é a crítica que se faz aos poetas.
Na época, a educação das crianças eram baseadas em poemas heróicos da
época, contudo, ele diz que a poesia deveria ser restrito ao gozo artístico e não
ser usada na educação. Argumenta que ao ser trabalhado uma imitação, como
as dos textos das epopéias, o conhecimento verdadeiro torna-se cada vez mais
distante: "o poeta cria um mundo de mera aparência".
Em Aristóteles (384-332 a.C.)podemos perceber um outro aspecto da
pedagogia grega. Apesar deste ser discípulo de Platão, conseguiu ao longo do
tempo, através de influências, inclusive a do seu pai, superar o que herdou de
seu mestre. Aristóteles desenvolveu, ao contrário de Platão, uma teoria voltada
para o real, onde procurava explicar o movimento das coisas e a imutabilidade
dos conceitos. Trabalho totalmente divergente à superioridade do mundo das
Idéias desenvolvida por Platão.
Em seu raciocínio, ao explicar a imutabilidade dos conceitos, Aristóteles
afirmava que todo ser possui um "suporte aos atributos variáveis", ou melhor,
esse ser ou substância possui variáveis e que essas variáveis são, em síntese,
características que geralmente damos a ele e ressalta que algumas dessas
características assumem valores essenciais no sentido de que se estas
faltarem o ser não será o que é. Por outro lado, existem outros que são
acidentais, uma vez que sua variação necessariamente não irá alterar a
essência do ser. Ex.: velho, novo.
Outros conceitos também são usados por Aristóteles para a explicação
do ser. Conceitos intimamente ligados como forma e matéria são em seu
postulado ricos e, tal explicação, uma vez que ele considera a forma como
princípio inteligível. Uma essência que determina a todos que são o que são.
"Numa estátua por exemplo, a matéria é o mármore; a forma é a idéia que o
escultor realiza". Assim como os pré-socráticos Heráclito e Parmênides,
Aristóteles, também se preocupou com o devir, com o movimento e
conseqüentemente às suas causas. Ainda se utilizando dos conceitos de forma
e matéria, ele argumenta que tudo tende a atingir a sua forma perfeita, assim
uma semente de uma árvore, tende a se desenvolver e se transformar em uma
árvore novamente. Dessa maneira tudo para Aristóteles tem um devir, um
movimento, uma passagem do que ele chama de potência para o ato.
Aristóteles ao fazer tal abordagem, comenta ainda que o movimento
assume algumas características: movimento qualitativo onde uma dada
qualidade é alternada; movimento quantitativo em que se percebe a variação
da matéria e por fim o movimento substancial onde o que se tem um existência
ou inexistência, o que nasce ou que se destrói.
Luciana Ricomini
-A INFLUÊNCIA GREGA NA EDUCAÇÃO
Grandes filósofos da Grécia antiga contribuíram para a educação
romana, dentre os quais se destacaram: Sócrates e Platão.
Sócrates afirmava que o homem só chegava à sabedoria e se
realizava como pessoa quando se voltava para si mesmo. Assim , o próprio
autor assegura:
O processo de formar o indivíduo para ser cidadão e sábio devia começar pela
educação do corpo, que permite controlar o físico. Já para a educação do
espírito, Sócrates colocava em segundo plano os estudos científicos, por
considerar que se baseavam em princípios mutáveis.
Sócrates valorizava o diálogo como método de educação, por
considerar o contato direto com o indivíduo de fundamental importância para o
ensino. Ele também se preocupava com a verdade e o caminho pelo qual se
chegaria a essa verdade.
Platão discípulo de Sócrates foi o primeiro pedagogo, que concebeu
um sistema de educação, do seu tempo. Objetivando a moral como a formação
final do individuo, com isso criticava a educação que era praticada na Grécia,
que visava apenas transmissão do conhecimento técnico, ou seja, a oratória. A
educação, segundo a concepção platônica, visava atestar as aptidões dos
alunos para que apenas os mais inclinados ao conhecimento recebessem a
formação completa para ser governantes. (Nova escola, p.12, 2008)
Não se pode negar, que o povo grego teve uma forte influência na
cultura romana, principalmente na educação. Após o domínio político da
península Helênica no Século II a.C. todo o povo romano desde a aristocracia
até as camadas servis sofreram uma verdadeira revolução espiritual do
Helenismo.
A cultura grega trouxe para Roma; a dança, o canto e a música,
Embora não muito aceita pelos velhos romanos por acharem que tais prazeres
não condiziam com a sua dignidade.
Outra influência grega foi no esporte. Porém, os romanos se
interessavam bem mais com os deveres de cidadãos e bem menos com as
práticas esportivas. Mais com a invasão de tantos intelectuais gregos, não
demorou muito para que os romanos mais jovens se rendessem aos
ensinamentos dos gregos e completassem sua formação intelectual.
Nem todos os romanos se renderam a cultura grega, foi o caso de
Catão, o antigo (234-149 a.C.): ele é contra o início da influência helênica e a
favor do retorno às raízes romanas. Já, para Varrão (116-27 a.C.) os romanos
deveriam sim aceitar a contribuição grega.
1-A EDUCAÇÃO ROMANA NA IDADE ANTIGA
Na Grécia o que dominava era a filosofia, em Roma era a psicologia
bem como a moral e os bons costumes. Para os romanos, a família é a
principal instituição formadora do caráter e educação dos seus filhos. Dai se
dizer que a educação é familiar, pois é a própria mãe quem educa seus filhos,
a influência dessa educação marcava toda a vida do homem. Ao contrário da
Grécia que possuía outra pedagogia em que um escravo era quem possuía a
responsabilidade de educar as crianças.
A partir dos sete anos, a criança mantinha uma influência mais direta
dos pais. Talvez seja essa a característica mais marcante da educação
romana, o pai é o mestre por excelência dos filhos, pois é dele a
responsabilidade de educar os meninos. Já as meninas permaneciam ligadas
aos a fazeres domésticos.
A educação familiar durava até aos dezesseis anos, quando o jovem
era encaminhado para a vida militar ou política. Em Roma a educação era
voltada mais para a moral, que a intelectual, à aprendizagem baseava-se na
vida cotidiana, e a experiência de vida era passada de pai para filhos ou
seguiam exemplos de antepassados.
Por ser a educação em Roma severa e com muito castigo, Quintiliano
defendia a necessidade da avaliação da personalidade do aluno e dizia que a
educação deveria ter por princípio a vontade de aprender, que não pode ser
imposta, mas estimulada.
O autor valoriza a psicologia como instrumento para conhecer a
individualidade do aluno e não se prende a discussões teóricas, mas procura
fazer observações técnicas indicações práticas.
Ele também sugere para iniciação às letras, o ensino simultâneo da
leitura e da escrita, criticando as formas vigentes por dificultar a aprendizagem.
E ainda recomenda alternar trabalho e recreação para que a atividade escolar
seja menos árdua e mais proveitosa.
Quintiliano nasceu em Calahorra no ano de 35 e faleceu em Roma no
ano 96. Foi professor de retórica, filólogo conceituado e advogado. Recebeu
toda a sua educação em Roma, onde mais tarde abriu uma escola de Retórica.
Foi o primeiro professor a ser pago pelo Estado.
Foi o grande pedagogo romano. Ele prefere os aspectos técnicos da
educação à própria filosofia, sobre tudo a formação do orador. Lecionou
durante 20 anos na escola de retórica, fundada em Roma. Em sua principal
obra a educação do orador, ele aponta quatro etapas para a educação:
Família; Elementar; Secundaria; Superior.
Segundo Quintiliano, o orador deveria ter as seguintes qualidades
essenciais: ampla vivência literária; linguagem clara, correta, rica e elegante;
conhecimento da psicologia humana; gesticulação adequada; consciência
moral; e deveria defender valores como: o lado prático da vida; o senso de
organização; a memorização e imitação; o desprezo pela especulação filos.
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