Ulrich: Portugal deve concentrar-se no crescimento da economia a

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Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios
Ulrich: Portugal deve concentrar-se no
crescimento da economia a partir de 2014
Lusa -
O presidente do BPI, Fernando Ulrich, defendeu hoje que Portugal se deve concentrar
numa estratégia de desenvolvimento e de crescimento da economia a partir de 2014 e
não tanto em renegociar o memorando acordado com a troika.
"É um programa que tem um âmbito limitado. Não podemos acreditar que resolve todos os
problemas da economia e da sociedade portuguesa", afirmou Ulrich durante um debate sobre
"A crise, a economia e o emprego", realizado no âmbito das comemorações do Dia da Faculdade
de Direito da Universidade de Coimbra. Na sua opinião, o programa, "quando muito, leva a um
certo nível de estabilização financeira", mas, por si só, não trará o crescimento económico.
Para o gestor bancário, um dos erros que tem sido cometido é, "por vezes, não haver a
consciência de que só o programa de ajustamento financeiro não chega, porque é limitado no
âmbito", dado que não responde a todos os problemas de Portugal, e também limitado no
tempo, uma vez que só vai até maio de 2014.
"Há um pouco a ideia de que o programa de estabilização financeira depois permitiria o
regresso aos mercados do Estado, dos bancos e das empresas e que depois as forças de mercado
em geral trariam de novo o crescimento económico. Eu não acredito nisto, na minha opinião
não chega", frisou. Neste âmbito, defendeu que Portugal tem que "mobilizar as energias do país
para um programa de crescimento".
"Eu escolhia dez sectores mais relevantes da economia portuguesa, alguns temas
transversais, como a criação de emprego e a fiscalidade, e formava equipas de trabalho" para
discutir a situação da economia "numa ótica de crescimento", avançou. Nestas equipas devia
estar representado o Governo, as principais empresas, "em particular as maiores", e os bancos.
"A dimensão dos problemas é tal que temos que ser voluntaristas, temos que apostar em
soluções de partilha e de concertação de esforços", acrescentou.
Por seu turno, o economista João Ferreira do Amaral considerou que o programa "não vai
dar resultado", uma vez que não teve em conta "a distorção" da estrutura produtiva.
"Um programa que não tem em atenção a necessidade de voltar a ter uma estrutura
produtiva competitiva é um programa que necessariamente falhará, porque o equilíbrio
financeiro que se consiga será muito temporário", alertou.
João Ferreira do Amaral disse integrar-se no grupo dos que consideram que "as
autoridades da 'troika' deveriam reformular programas de ajuda aos países em situação mais
difícil".
"Penso que começa a haver na Europa a ideia de que o que estas economias, como a
Grécia e Portugal, eventualmente a Espanha, precisam é de um programa mais tipo Plano
Marshall do que um programa de ajustamento financeiro, como este tem sido aplicado",
afirmou. Isto porque, no seu entender, "é necessário um programa em que, fundamentalmente,
o auxílio financeiro seja canalizado para o investimento em bens transacionáveis".
Já o economista José da Silva Lopes considerou que o melhor que Portugal tem a fazer é
tentar melhorar as condições do plano da 'troika'. "Considero que aplicar o plano da 'troika'
acaba por se revelar inviável. Romper com o plano da 'troika' é antecipar o desastre, ainda é
uma alternativa pior. Renegociar o plano da 'troika' é a alternativa que eu mais gostaria, mas na
qual não tenho, infelizmente, muita fé", admitiu.
2012-12-06
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