Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira TROMBOSE VENOSA PROFUNDA A Trombose Venosa Profunda (TVP) é uma doença grave, caracterizada pela formação aguda de um trombo (coágulo) no interior das veias profundas da perna. Quando não diagnosticada a tempo e tratada adequadamente pode evoluir e causar sérias complicações, que podem incapacitar o indivíduo para determinadas atividades e até levar ao óbito. Nos Estados Unidos, a TVP é responsável por 600.000 hospitalizações anuais, com incidência de 80.000 episódios fatais por embolia pulmonar. Manifestações Os sintomas mais comuns da Trombose Venosa Profunda (TVP) ocorrem geralmente em uma das pernas, mais comumente nas panturrilhas (batatas das pernas), caracterizando-se freqüentemente pelo início recente dos seguintes sinais clínicos: dor, edema (inchaço) e rubor (vermelhidão) na área afetada (perna ou coxa). Outros sinais são o calor e o empastamento no membro acometido (rigidez da musculatura da panturrilha). Diante de tais manifestações o indivíduo deve ser encaminhado a um serviço médico de emergência, sobretudo pelo risco do quadro evoluir para uma embolia pulmonar. A embolia pulmonar é o desprendimento do coágulo da veia comprometida, que sob a forma de êmbolo provocará a obstrução de vasos arteriais dos pulmões. É uma complicação da maior gravidade e a sua suspeita deve ser levada em consideração diante da falta de ar de início súbito, dor torácica, e, nos casos mais graves, arritmia, diminuição da pressão arterial e, com certa freqüência, morte súbita. Mesmo na ausência desses sintomas respiratórios não se pode descartar essa complicação. É importante pensar na possibilidade de TVP em todo indivíduo com queixas num membro inferior e que apresente um ou mais dos "fatores de risco" adiante mencionados. Sua suspeita deve levar a realização de exames complementares de urgência: Ecodoppler Colorido, Flebografia, Ressonância Nuclear Magnética...para confirmar o diagnóstico de TVP e possibilitar o início do tratamento precocemente e com isso impedir as graves complicações. Inimiga silenciosa A TVP com freqüência não dá sinais de alerta e por isso pode passar despercebida. É comum só ser descoberta frente a uma grave complicação da doença. Por esse motivo anualmente a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) tem lançado uma campanha nacional de esclarecimento da TVP. O objetivo é levar informação clara e objetiva à população de modo a conscientizá-la da gravidade da doença e da necessidade da adoção de medidas preventivas. Segundo os dirigentes dessa Sociedade de Angiologia uma das armas para se prevenir a doença é a divulgação de informações à população. Devido às variáveis que envolvem o diagnóstico da TVP, a participação do paciente questionando e buscando orientação médica é fundamental para um perfeito entendimento do problema. Essa troca de informações possibilita ao especialista adotar medidas de prevenção da doença e fará com que um "paciente de risco tromboembólico" se sinta mais seguro frente à conduta médica que terá que seguir. Para caracterizar um "paciente de risco tromboembólico", deve ser levado em conta um somatório de fatores, razão pela qual somente um médico especialista poderá fazer esta avaliação mediante uma história clínica cuidadosa e solicitação de exames de laboratório. Fatores Individuais de Risco · Indivíduos com idade superior a 40 anos (incidência aumenta com a idade); · Obesidade; · Varizes; · História de trombose anterior (caráter recorrente); · História em membros da família (caráter genético); · Indivíduos portadores de anormalidade genética do sistema de coagulação Outros Fatores de Risco · Uso de anticoncepcionais orais (sobretudo em mulheres fumantes); · Terapia de reposição hormonal; · Câncer e quimioterapia; · Gravidez e puerpério (período pós-parto); · Doenças cardíacas ou respiratórias graves; · Infecção grave; · Traumatismos; · Cirurgias grandes e anestesia de longa duração; · Período pós-operatório; · Hospitalização prolongada; · Viagens de longa duração (Síndrome da Classe Turística) Síndrome da Classe Turística Esta síndrome se caracteriza pela formação de coágulo venoso numa das pernas, seguida de obstrução dos vasos arteriais pulmonares. Na maioria das vezes (cerca de 60%) a TVP é assintomática. As manifestações, quando ocorrem, podem aparecer durante ou após a viagem, em geral até o terceiro dia, incluindo a embolia pulmonar. A ciência médica identifica a relação de causa e efeito entre os vôos de longa duração na classe econômica em que há espaço restrito nas aeronaves com imobilização das pernas e a formação da Trombose Venosa Profunda, seguida de embolia pulmonar. Medidas de Prevenção da TVP O "paciente de risco tromboembólico" pode necessitar de prescrição médica a base de medicamento anticoagulante que deverá ser controlada periodicamente mediante a solicitação de exames laboratoriais. Estes pacientes devem evitar a auto medicação e comunicar ao médico o uso de medicamentos prescritos em caso de necessidade de um procedimento cirúrgico que vier a ser submetido. A atenção dos profissionais de saúde envolvidos no atendimento do "paciente de risco tromboembólico" deve voltar-se para os diversos fatores de riscos mencionados, levando em consideração os períodos antes, durante e após a internação hospitalar. Os cuidados vão desde o manuseio do paciente acamado, passam por motivá-lo a se movimentar e andar o quanto antes após uma cirurgia. Medidas Gerais de Prevenção Fazer exercícios regularmente é um importante meio de manter o equilíbrio entre a energia consumida e a despendida e por esse mecanismo ajuda a controlar um dos "fatores de risco" da TVP que é a obesidade. Além disso a atividade física diária promove a saúde mental, contribui de maneira significativa para controlar o "stress", elevar a auto estima, reduzir a ansiedade, a depressão e a insônia. O criador do Método Cooper, o médico Dr. Kenneth Cooper afirma: "Se as pessoas não conseguem encontrar tempo para fazer alguma atividade física, que achem tempo para tratar suas doenças". Alguns ajustes no estilo de vida, como a suspensão do fumo, a limitação do consumo de bebidas alcoólicas e uma alimentação balanceada são condutas essenciais para diminuir o risco de doenças em geral. Tanto a prevenção quanto a avaliação do "risco tromboembólico" são medidas simples, porém vitais, daí a importância de médicos e pacientes estarem juntos no combate à TVP. Prevenção da Síndrome da Classe Turística O risco de TVP, qualquer que seja o meio de transporte, pode ser reduzido pelas seguintes medidas: · Não usar roupas e calçados apertados; · Não ficar imóvel na poltrona. Mudar de posição com freqüência (facilita a circulação); · Evitar cruzar as pernas (dificulta a circulação do sangue); · Beber líquidos, como água e sucos (evita a desidratação); · Evitar o uso de soníferos; · Evitar o uso de bebidas alcoólicas (evita sonolência e desidratação); · Usar um apoio para os pés (facilita os exercícios); · Andar, sempre que isto for possível e seguro; · Fazer exercícios com as pernas: movimentos de flexão, extensão e rotação dos pés por 3 a 4 minutos a cada hora. Em viagens de longa duração (ônibus ou trem) procurar andar durante o intervalo das paradas. Em viagem de automóvel programar paradas em locais seguros para que os ocupantes possam se movimentar livremente fora do veículo. Os passageiros com "fatores individuais de risco" devem reservar assentos no corredor ou próximo às saídas para facilitar a realização de exercícios. Além disso, devem procurar orientação médica antes da viagem de longa duração, uma vez que poderá estar indicado o uso de medidas adicionais, como meias elásticas ou medicamentos anticoagulantes. Quando o fator de risco for temporário, como acontece nas primeiras seis semanas após o parto, deve-se considerar a hipótese de adiamento da viagem. Tratamento O tratamento da TVP visa prevenir a ocorrência de embolia pulmonar, evitar a recorrência, minimizar o risco de complicações e seqüelas crônicas. Dependendo da intensidade do risco a que o paciente está submetido utilizam-se medicamentos anticoagulantes (que diminuem a possibilidade do sangue coagular) em doses prescritas e recomendadas por médico especialista.