Uma Conversa sobre Feminismo Negro

Propaganda
Escola de Educação em Direitos Humanos - ESEDH
Uma Conversa sobre Feminismo Negro
Notícias
Postado em: 08/03/2016
O Feminismo Negro leva em consideração a combinação de diversas opressões, a de gênero, de
raça e classe social. No início da primeira onda feminista, por volta dos anos 20, o termo feminismo
incluía apenas a opressão de gênero, sendo assim se considerava que a mulher era oprimida
apenas em função de seu gênero.
O Feminismo Negro é muito discutido atualmente e é importante porque inclui na organização das
pautas feministas as reivindicações das mulheres negras levando em consideração as suas reais
necessidades, já que elas sofrem uma tripla opressão. Além do machismo, enfrentam o preconceito
de classe social e o racismo, que abala não só sua autoestima, mas impõe barreiras à sua presença
em espaços de poder.
A mulher negra na sociedade brasileira ainda é subalternizada e extremamente sexualizada pelos
homens, que as veem apenas como objeto de prazer. Ela pode brilhar apenas na passarela nas
festas de Carnaval, mas no dia a dia a maioria ainda trabalha em áreas de pouca ascensão social, é
mal atendida pelo sistema de saúde pública e maltratada pelos parceiros.
O Feminismo Negro como precursor do Feminismo Interseccional surgiu nos Estados Unidos e tem
como algumas de suas principais figuras as pesquisadoras Kimberlé Crenshaw, Audre Lorde e Bell
Hooks. No Brasil, é importante destacar a figura de Lélia Gonzales.
Crenshaw, professora de Direito, cunhou o termo Feminismo Interseccional na década de 80, ao
perceber que as leis contra a discriminação tratavam de forma diferente aspectos como raça e
gênero sem perceber que ambos estavam inter-relacionados e deveriam ser levados em
consideração nas decisões jurídicas que envolvessem mulheres com essas especificidades.
Audre Lorde foi uma das principais pensadoras do movimento feminista negro, uma crítica
fervorosa do movimento feminista branco e escreveu artigos sobre questões feministas. Sua obra
literária tem como temas principais amor, traição, classe social, raça, sexualidade e gênero. Bell
Hooks discute sobre questões de gênero, raça e classe social. Uma de suas frases mais conhecidas
é "Eu sou uma feminista negra. Eu reconheço que meu poder e minhas opressões resultam de
minha negritude e de meu gênero, portanto minha batalha nessas duas linhas de frente são
inseparáveis".
Lélia Gonzales foi professora, antropóloga, tradutora e uma das fundadoras do Movimento Negro
Unificado Contra a Discriminação Racial na cidade de São Paulo. No Rio de Janeiro fundou com
outras mulheres negras o Nzinga - Coletivo de Mulheres Negras. Lélia questionava o lugar do negro
na sociedade brasileira, que se restringia a favelas, cortiços, conjuntos habitacionais. Situação que
não mudou hoje em dia, basta ver a situação dos jovens negros em situação de vulnerabilidade
http://www.esedh.pr.gov.br
18/6/2017 20:01:48 - 1
social, em sua grande maioria moradores de periferia e vítimas do extermínio da juventude negra.
Hoje as mulheres negras têm dado continuidade ao seu grandioso trabalho, se empoderando e
contribuindo para o empoderamento de outras mulheres negras, ocupando os espaços de poder,
reivindicando seus direitos, denunciando e lutando contra o extermínio da juventude negra, contra o
racismo institucional que visa impedir sua mobilidade social, e contra um sistema opressor que
insiste em manter a população negra no porão da sociedade.
http://www.esedh.pr.gov.br
18/6/2017 20:01:48 - 2
Download