XI Encontro da SBQ-Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense, 29 a 31 de outubro de 2007 XI ENCONTRO DA SBQ-RIO P103 Comparação de Métodos Farmacopeicos e Interferência da Formulação na Dissolução de Comprimidos de Hidroclorotiazida Wagner Wollinger (PG), Denise Santos de Vasconcelos (PQ), Érico Daemon de Oliveira (PQ), Glaucia Barbosa Cândido Alves Slana (PQ), Laís Bastos da Fonseca (PQ) Farmanguinhos - Fundação Oswaldo Cruz - Rua Sizenando Nabuco, 100 - CEP 21041-250 - Rio de Janeiro (RJ) [email protected] Introdução e Objetivo A hidroclorotiazida (Figura 1) é um diurético tiazídico amplamente utilizado no tratamento de edemas, doenças cardíacas e diversas formas de disfunção renal e hepática. É praticamente insolúvel em água a 25 °C e apresenta solubilidade limitada em HCl 0,1 M (250 mg/L). Em função da baixa solubilidade, o estudo de dissolução torna-se fundamental, pois problemas tecnológicos ou relacionados à formulação podem comprometer a biodisponibilidade do produto. Figura 1. Hidroclorotiazida O objetivo do trabalho foi comparar diferentes metodologias para o teste de dissolução e verificar a influência da formulação na dissolução de comprimidos de hidroclorotiazida. Resultados e Discussão Para o estudo da dissolução foram empregados os meios HCl 0,1 M e água; no primeiro caso, foi utilizado o aparato 1 com velocidade de agitação de 100 (conforme USP 29, 2006) a 150 rpm (conforme F. Bras. IV, 1996); no segundo, aparato 2 a 50 rpm (Rosa, 2005). Foi analisada uma formulação de 25 mg comprimida com durezas de 5,0 e 10,0 kgf, bem como uma formulação de 75 mg (dureza 10 kgf) que utiliza excipientes distintos, ambas fabricadas em triplicata por Farmanguinhos. Além disso, os resultados foram confrontados com os obtidos no estudo de perfil de dissolução do produto de referência Clorana® 25 mg (Sanofi-Aventis), submetido às mesmas condições. Todos as amostras de 25 mg cumpriram o critério de aceitação para o teste de dissolução pontual descrito nos métodos empregados (Q = 65 % em 60 minutos). Em contrapartida, nenhuma das amostras de dosagem 75 mg alcançou o percentual especificado para o teste. A dureza do comprimido de 25 mg não exerceu influência significativa na velocidade de dissolução nos níveis avaliados (5 e 10 kgf). A liberação do fármaco na apresentação de 25 mg desenvolvida por Farmanguinhos foi mais rápida em água nos primeiros tempos do perfil, ao contrário do que ocorreu com as amostras de 75 mg, que principalmente em meio ácido apresentaram um processo de estagnação da dissolução próxima a 30 minutos. No teste conduzido com água como meio de dissolução e pás a 50 rpm, as amostras da apresentação de 25 mg apresentaram perfis semelhantes ao do referência. Este grupo inclui produtos de dureza baixa (5 kgf) e alta (10 kgf). Nenhuma das amostras de 75 mg atingiu semelhança com o produto de referência. Para a formulação de 75 mg, a alta proporção de carbonato de cálcio na formulação – insolúvel em água e solúvel em ácidos diluídos – facilitou a liberação da HCTZ no início do teste em meio ácido, embora ao final do perfil os testes em água tenham apresentado resultados superiores XI Encontro da SBQ-Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense, 29 a 31 de outubro de 2007 de dissolução. A principal diferença desta formulação para a de 25 mg é que a última apresenta como principal componente a celulose microcristalina. Conclusão O meio de dissolução água demonstrou o melhor perfil de dissolução, uma vez que os demais apresentaram uma cinética de liberação muito lenta, não atingindo o platô de dissolução mesmo após 2 horas de teste. No entanto, os métodos que utilizam meio ácido não devem ser de todo descartados uma vez que também apresentaram certo potencial discriminativo. Assim, o ideal seria construir uma correlação in vivo-in vitro para uma avaliação mais detalhada. Referências bibliográficas 1 1 Farmacopéia Brasileira. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 1988. Guidance for Industry: dissolution testing of immediate release solid oral dosage forms. FDA: Center for Drug Evaluation and Research (CDER), 1997. Resolução RE 310, de 1° de setembro de 2004. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Rosa, T.C.C. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Farmácia – UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil, 2005. The United States Pharmacopeia USP 29. Rockville: The United States Pharmacopeial Convention, INC., 2006.