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Diretrizes Assistenciais
Convulsão Febril Benigna
Versão eletrônica atualizada em abril/2012
Núcleo de Pediatria
Evidências - HIAE
Baseada
em
Relator: Marcelo Luiz Abramczyk
Núcleo de Pediatria Baseada em Evidências:
Eduardo Juan Troster, Ana Cláudia Brandão,
Adalberto Stape, Tania Maria Russo Zamataro,
Anna
Julia
Gonçalves
Sapienza,
Pires,
Elda
Débora
Maria
Kalman,
Stafuzza
Victor
Nudelman, Gaby Cecília Y. Barbosa, Maraci
Rodrigues, João Fernando Lourenço de Almeida
Prof Dr. Abram Topczewski
Convulsão Febril Benigna
CENÁRIO CLÍNICO
Convulsão febril é definida como crise convulsiva acompanhada
por febre (temperatura maior ou igual a 38º.C por qualquer método de
medida) que ocorre em crianças de 6 meses a 60 meses de idade sem
evidência de infecção ou inflamação do sistema nervoso central,
alteração metabólica e sem história prévia de crise convulsiva. Ocorre
em 2% a 5 % de crianças nessa faixa etária.
É caracterizada por
convulsões generalizadas com duração menor de 15 minutos e sem
recorrência dentro de 24 horas.
A maioria das crianças retorna gradualmente ao nível normal de
consciência dentro de uma hora. Esse período de observação deve ser
utilizado para uma realização de história clínica mais detalhada,
permitindo manejo mais adequado.
Se a criança for capaz de aceitar antitérmico oral, este deve ser
oferecida.
Após uma primeira crise de convulsão febril os pais e/ou
responsáveis devem ser orientados sobre eventual possibilidade de
novas crises convulsivas que podem ocorrer em até 32% dos casos.
Alguns avisos aos pais e/ou responsáveis podem ser importantes como
observar o horário do início da convulsão, remover a criança de áreas
de risco, desencorajar intervenções agressivas (respiração boca a boca
ou tentar abrir a boca para segurar a língua).
Em 2011 a AAP revisou as indicações de exames subsidiários em
crianças que apresentem quadro de convulsão febril benigna.
A utilização profilática de antitérmicos parece não ser efetiva na
prevenção da recorrência.
Pacientes que apresentem nova crise convulsiva devem ser
encaminhados ao neuropediatra para adequada avaliação.
Pais e/ou responsáveis devem ser informados que não existe
associação entre convulsão febril benigna e seqüelas neurológicas a
longo prazo .
O risco em desenvolver epilepsia após primeira crise convulsiva
febril é muito baixo (cerca de 1%).
Quadro1: Convulsão febril benigna - características
Idade: 6 meses a 5 anos
Crise convulsiva: tônico-clônica generalizada
Duração: até 15 minutos
Retorno do nível normal de consciência após término da convulsão
Documentação da febre (> 38ºC)
Única crise convulsiva em 24 horas
Ausência de doença neurológica prévia
Quadro 2: Fatores de maior probabilidade de recorrência da Convulsão
febril
Crianças menores de 18 meses
Temperatura menor de 39o. C na primeira crise
Intervalo menor de 1 hora entre febre e convulsão
Parentes de 1º. Grau com história de convulsão febril
Objetivos:
1. Aprimoramento do atendimento emergencial da convulsão febril
benigna
2. Reduzir custos hospitalares otimizando indicação da realização de
exames subsidiários e indicação de internação
3. Sistematização no atendimento emergencial da convulsão febril
benigna
População alvo:
• Crianças entre 6 meses a 5 anos de idade
População excluída:
• Crianças menores de 6 meses e maiores de 5 anos de idade;
• Crianças com evidência de infecção ou inflamação do sistema
nervoso central;
• Crianças com evidência de alteração metabólica;
• Crianças com doença neurológica pré-existente;
• Crianças com crise convulsiva complexa (caracterizada por
episódios com duração maior de 15 minutos, com sinais focais ou
paresia
pós-ictal)
ou
estado
epiléptico
(caracterizada
por
convulsões com duração maior ou igual a 30 minutos ou com
crises convulsivas repetitivas e o paciente não recupera a
consciência entre as crises).
RECOMENDAÇÕES
PUNÇÃO LIQUÓRICA
Uma vez que convulsão febril é mais comum quando comparada a
meningite bacteriana não há estudos prospectivos direcionados
diretamente ao risco relativo de meningite bacteriana nessa população.
Porém diversos estudos retrospectivos não associaram aumento de
incidência de meningite bacteriana associada a convulsão febril benigna.
Em 1996 Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendava que se
considerasse “fortemente” realização de punção liquórica em menores
de
12
meses,
adequadamente
principalmente
crianças
recomendação foi reavaliada.
RECOMENDAÇÕES
nessa
pela
dificuldade
faixa
etária.
em
Em
se
2011
avaliar
essa
 DEVE SER REALIZADA EM TODAS CRIANÇAS COM SINAIS E
SINTOMAS DE INFECÇÃO DE SISTEMA NERVOSO CENTRAL
OU EM QUALQUER CRIANÇA ONDE HISTÓRIA OU EXAME
FÍSICO
SUGIRAM
INFECÇÃO
DO
SISTEMA
NERVOSO
CENTRAL
EVIDÊNCIA NÍVEL B
 OPÇÃO EM CRIANÇAS DE 6 MESES A 12 MESES SE
VACINAÇÃO CONTRA H. INFLUENZA B OU PNEUMOCOCOS
NÃO
ESTIVEREM
ATUALIZADAS
OU
FOREM
DESCONHECIDAS
EVIDÊNCIA NÍVEL D
 OPÇÃO EM CRIANÇAS EM USO DE ANTIMICROBIANOS
NÍVEL DE EVIDÊNCIA D
 EEG
 NÃO
DEVE
SER
REALIZADO
EM
CRIANÇAS
(CÁLCIO,
FÓSFORO,
NEUROLOGICAMENTE NORMAIS
NÍVEL DE EVIDÊNCIA B
 ELETRÓLICOS
SÉRICOS
MAGNÉSIO E GLICEMIA)
 NÃO DEVEM SER REALIZADOS ROTINEIRAMENTE
NÍVEL DE EVIDÊNCIA B
 HEMOGRAMA
 NÃO DEVE SER REALIZADO ROTINEIRAMENTE
NÍVEL DE EVIDÊNCIA B
 EXAMES DE NEUROIMAGEM
 NÃO DEVEM SER REALIZADOS ROTINEIRAMENTE
NÍVEL DE EVIDÊNCIA B
TRATAMENTO AMBULATORIAL

NÃO
HÁ
RECOMENDAÇÃO
DE
TERAPÊUTICA
ANTICONVULSIVANTE CONTÍNUA OU INTERMITENTE EM
CRIANÇAS COM UMA OU MAIS CONVULSÕES FEBRIS
BENIGNA
NÍVEL DE EVIDÊNCIA B
CONCLUSÕES
O atendimento das crianças com convulsão febril benigna deve ser
direcionado em identificar a causa da febre com atenção especial ao
diagnóstico de meningite.
A punção liquórica deve ser realizada em todas crianças com
sinais e sintomas de infecção de sistema nervoso central ou em
qualquer criança onde história ou exame físico sugiram infecção do
sistema nervoso central, sendo opção em crianças de 6 meses a 12
meses se vacinação contra H. influenza B ou pneumococos não
estiverem atualizadas ou forem desconhecidas ou em crianças em uso
de antimicrobianos.
Em geral convulsão febril benigna não requer investigação
secundária.
Apesar de evidências demonstrarem eficácia com uso de
anticonvulsivantes na prevenção do risco de recorrência da convulsão
febril benigna a potencial toxicidade dessas medicações se sobrepõe ao
eventual benefício de sua utilização. Assim terapia a longo prazo não
está indicada. Em situações onde a ansiedade dos parentes for grande,
o uso de diazepam oral intermitente no início da febre pode ser efetiva
em prevenir recorrência.
Referências
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10. A. RANDEL. AAP Updates Guidelines for Evaluating Simple Febrile
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