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Convulsão febril benigna

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DiretrizAssistencial
Título Documento
Convulsão febril benigna
TE-5
REMESSA DE documentos de CAIXA, EXTRA-CAIXA E CONTABILIDADE PARA MICROFILMAGEM
DIBAN/DPSAG - Depto. de Processos e Suporte às Agências
Convulsão Febril Benigna
INTRODUÇÃO
Convulsão febril é definida como crise convulsiva acompanhada por febre (temperatura maior
ou igual a 38º.C por qualquer método de medida) que ocorre em crianças de 6 meses a 60 meses
de idade sem evidência de infecção ou inflamação do sistema nervoso central, alteração metabólica
e sem história prévia de crise convulsiva afebril. Ocorre em 2% a 5 % de crianças nessa faixa etária.
É caracterizada por convulsão generalizada com duração menor de 15 minutos e sem recorrência
dentro de 24 horas (Quadro 1).
A maioria das crianças apresenta a convulsão febril no primeiro dia de doença, e em alguns
casos essa é a primeira manifestação que a criança está doente. A maioria das crianças retorna
gradualmente ao nível normal de consciência dentro de uma hora. Esse período de observação deve
ser utilizado para uma realização de história clínica mais detalhada, permitindo manejo mais
adequado.
Se a criança for capaz de aceitar antitérmico oral, este deve ser oferecido.
Quadro 1: Características da convulsão febril benigna
Idade: 6 meses a 5 anos
Crise convulsiva: tônico-clônica generalizada
Duração: até 15 minutos
Retorno do nível normal de consciência após término da convulsão
Documentação da febre (≥ 38ºC)
Única crise convulsiva em 24 horas
Ausência de doença neurológica prévia
Após uma primeira crise de convulsão febril os pais e/ou responsáveis devem ser orientados
sobre eventual possibilidade de novas crises convulsivas que podem ocorrer em até 32% dos casos
(Quadro 2). Alguns avisos aos pais e/ou responsáveis podem ser importantes como observar o
horário do início da convulsão, remover a criança de áreas de risco, desencorajar intervenções
agressivas (respiração boca a boca ou tentar abrir a boca para segurar a língua).
Diretoria
Espécie
Especialidade
PRATICA MEDICA
ASSISTENCIAL
MEDICO
Status
Aprovado
Versão
4
Data Criação
Data Revisão
DI.ASS.22.4
31/08/2013
16/08/2017
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Parecerista
Aprovado por
Elda Maria Stafuzza
Gonçalves Pires
Eduardo Juan Troster
Data Aprovação
16/08/2017
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Adriana Vada
Souza Ferreira |
Adalberto Stape
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Título Documento
Convulsão febril benigna
Quadro 2: Fatores de maior probabilidade de recorrência da convulsão febril
Crianças menores de 18 meses
Temperatura menor de 39o C na primeira crise
Intervalo menor de 1 hora entre febre e convulsão
Parentes de 1º grau com história de convulsão febril
Em 2011 a AAP revisou as indicações de exames subsidiários em crianças que apresentem
quadro de convulsão febril benigna.
A utilização profilática de antitérmicos parece não ser efetiva na prevenção da recorrência.
Pacientes que apresentem nova crise convulsiva devem ser encaminhados ao neuropediatra
para adequada avaliação.
Pais e/ou responsáveis devem ser informados que não existe associação entre convulsão febril
benigna e sequelas neurológicas a longo prazo .
O risco de manifestar epilepsia após primeira crise convulsiva febril é muito baixo (cerca de
1%).
OBJETIVO

Aprimoramento do atendimento emergencial da convulsão febril benigna

Reduzir custos hospitalares otimizando a realização de exames subsidiários e indicação de
internação
APLICABILIDADE
População alvo:
 Crianças entre 6 meses a 5 anos de idade
População excluída:
 Crianças menores de 6 meses e maiores de 5 anos de idade;
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Convulsão febril benigna
 Crianças com evidência de infecção ou inflamação do sistema nervoso central;
 Crianças com evidência de alteração metabólica;
 Crianças com doença neurológica pré-existente;
 Crianças com crise convulsiva complexa (caracterizada por episódios com duração maior de
15 minutos, com sinais focais ou paresia pós-ictal) ou estado epiléptico (caracterizada por
convulsões com duração maior ou igual a 30 minutos ou com crises convulsivas repetitivas e
o paciente não recupera a consciência entre as crises).
DIRETRIZ
Punção liquórica
Uma vez que convulsão febril é mais comum quando comparada a meningite bacteriana não
há estudos prospectivos direcionados diretamente ao risco relativo de meningite bacteriana nessa
população. Porém diversos estudos retrospectivos não associaram aumento de incidência de
meningite bacteriana associada à convulsão febril benigna. Em 1996 a Academia Americana de
Pediatria (AAP) recomendava que se considerasse “fortemente” realização de punção liquórica em
menores de 12 meses, principalmente pela dificuldade em se avaliar adequadamente crianças nessa
faixa etária. Em 2011 essa recomendação foi reavaliada:
Deve ser realizada em todas as crianças com sinais e sintomas de infecção de sistema
nervoso central ou em qualquer criança onde história ou exame físico sugiram infecção do sistema
nervoso central (RECOMENDAÇÃO B).
Opção em crianças de 6 meses a 12 meses se vacinação contra H. influenza tipo b ou
pneumococos não estiverem atualizadas ou forem desconhecidas (RECOMENDAÇÃO D).
Opção em crianças em uso de antimicrobianos (RECOMENDAÇÃO D).
EEG: Não deve ser realizado em crianças neurologicamente normais (RECOMENDAÇÃO B).
Eletrólitos séricos (cálcio, fósforo, magnésio e glicemia): Não devem ser realizados
rotineiramente (RECOMENDAÇÃO B).
Hemograma: Não deve ser realizado rotineiramente (RECOMENDAÇÃO B).
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Convulsão febril benigna
Exame de neuroimagem: Não deve ser realizado rotineiramente (RECOMENDAÇÃO B).
Tratamento ambulatorial: Não há recomendação de terapêutica anticonvulsivante contínua ou
intermitente em crianças com uma ou mais convulsões febris benignas (RECOMENDAÇÃO B).
Nível de evidência e força de recomendação para terapêutica
Nível de evidência
1
Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados (ECR).
Um ou mais ECRs controlados, de tamanho adequado e com intervalo de confiança estreito.
2
Revisão sistemática de estudos de coorte.
Estudo de coorte de boa qualidade.
ECR de baixa qualidade (pequeno, seguimento < 80%).
3
Revisão sistemática de estudos caso-controle.
Estudos caso-controle.
4
Série de casos.
Estudos de coorte de baixa qualidade.
Estudos de caso-controle de baixa qualidade.
5
Baseado na opinião de especialistas, ou em pesquisas
experimentais, ou na fisiologia.
Força da recomendação
A
Consiste em estudos de nível de evidência 1. Há boas evidências para apoiar a recomendação.
B
Consiste em estudos de nível de evidência 2 ou 3 ou extrapolado de estudos de nível de evidência 1
realizados com populações diferentes do estudo. Há evidências razoáveis para apoiar a
recomendação.
C
Consiste em de nível de evidência 4 ou extrapolados de estudos de nível de evidência 2 ou 3
realizados com populações diferentes do estudo. As evidências são insuficientes, contra ou a favor.
D
Correspondente ao nível de evidência 5. Há evidências para descartar a recomendação.
Adaptado de: Oxford Centre for Evidence-based Medicine - Levels of Evidence (March 2009)
http://www.cebm.net/index.aspx?o=5653
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Convulsão febril benigna
CONCLUSÕES
O atendimento das crianças com convulsão febril benigna deve ser direcionado em identificar a
causa da febre com atenção especial ao diagnóstico de meningite.
A punção liquórica deve ser realizada em todas as crianças com sinais e sintomas de infecção
de sistema nervoso central ou em qualquer criança onde história ou exame físico sugiram infecção
do sistema nervoso central, sendo opção em crianças de 6 meses a 12 meses se vacinação contra
H. influenza B ou pneumococos não estiverem atualizadas ou forem desconhecidas ou em crianças
em uso de antimicrobianos.
Em geral convulsão febril benigna não requer investigação secundária.
Apesar de evidências demonstrarem eficácia com uso de anticonvulsivantes na prevenção do
risco de recorrência da convulsão febril benigna, a potencial toxicidade dessas medicações se
sobrepõe ao eventual benefício de sua utilização. Assim, a terapia a longo prazo não está indicada.
Em situações onde a ansiedade dos parentes for grande, o uso de diazepam oral intermitente no
início da febre pode ser efetivo em prevenir recorrência.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. American Academy of Pediatrics. Clinical practice Guideline – Febrile Seizures: Guideline for
the Neurodiagnostic Evaluation of the Child with a Simple Febrile Seizure. Pediatrics 2011;
127: 389-94.
2. American Academy of Pediatrics. Febrile Seizures: Clinical Practice Guideline for the Longterm Management of the Child with Simple Febrile Seizures. Pediatrics 2008; 121.
3. Hampers, LC & Spina, LA. Evaluation and Management of Pediatric Febrile Seizures in the
Emergency Department. Emerg Med Clin North Am 2011; 29: 83-93.
4. Millichap, LL & Millichap, JG. Methods of Investigation and Management of Infections Causing
Febrile Seizures. Pediatric Neurol 2008; 39: 381-386.
5. Tosun A, Koturoglu G, Serdaroglu G e col. Ratios of Nine Risk Factors in Children With
Recurrent Febrile Seizures. Pediatr Neurol 2010; 43: 177-182.
6. Sillanpää M, Camfield P, Camfield C e cols. Incidence of Febrile Seizures in Finland:
Prospective Population-Based Study. Pediatr Neurol 2008; 38: 391-394.
7. Nørgaard, M, Ehrenstein, V, Mahon, BE, Nielsen, GL. Febrile Seizures and Cognitive Function
in Young Adult Life: A Prevalence Study in Danish Conscripts, J Pediatric 2009; 155:404-9.
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8. Batra B, Gupta, S, Gomber, S and Saha, A. Predictors of Meningitis in Children Presenting
With First Febrile Seizures Pediatr Neurol 2011; 44: 35-39.
9. Strengell, T, Uhari, M, Tarkka, R, Uusimaa J. Anti-pyretic agents are ineffective in the
prevention of febrile seizures Antipyretic agents for preventing recurrences of febrile seizures:
randomized controlled trial. Arch Pediatr Adolesc Med 2009; 163: 799 - 804.
10. Randel, A. AAP Updates Guidelines for Evaluating Simple Febrile Seizures in Children.
American Family Physician 2011 83 60191-3.
ELABORAÇÃO DESTE DOCUMENTO
Autores: Marcelo Luiz Abramczyk, Prof Dr Abram Topczwski
Núcleo de Pediatria Baseada em Evidências (participantes à época da discussão): Eduardo
Juan Troster, Ana Cláudia Brandão, Adalberto Stape, Tania Maria Russo Zamataro, Anna Julia
Sapienza, Elda Maria Stafuzza Gonçalves Pires, Débora Kalman, Victor Nudelman, Gaby Cecília Y.
Barbosa, Maraci Rodrigues, João Fernando Lourenço de Almeida.
RESUMO
ANEXOS
DOCUMENTOS RELACIONADOS
DESCRIÇÃO RESUMIDA DA REVISÃO
00
_ceadmin_d (17/09/2013 12:04:26 PM) - A convulsão febril benigna em uma criança sem comorbidades não
tem necessidade de testes diagnósticos nem uso de anticonvulsivante.
Eduardo Juan Troster (11/11/2014 05:33:36 PM) - Diretriz revisada e reformatada.
Eduardo Juan Troster (12/11/2015 07:27:32 AM) - Revisão de conteúdo.
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Eduardo Juan Troster (04/08/2017 11:07:15 PM) - Diretriz atualizada.
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