REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE S. TOMÉ E PRÍNCIPE (Unidade – Disciplina – Trabalho) Ministério da Saúde e dos Assuntos Sociais CENTRO NACIONAL DE ENDEMIAS PROGRAMA NACIONAL DE LUTA CONTRA A TUBERCULOSE E LEPRA GUIA SR/PAL DO PROGRAMA NACIONAL DE LUTA CONTRA A TUBERCULOSE Page 1 of 45 Actualização Agosto 2014 GUIA PAL Abordagem Prática da Saúde Respiratória Siglas e acrónimos AP APSR ART ARV ASC BK BU CdS CNE CQE DOT DOTS DPOC DPS ERA FGSTP FNM GTN HAM IDS IMVF IRA OMS ONG PAL PNDNT PNLS PNLT PNUD PPD PS PVVIH RAP RX(T) SIS SMI SR STP TB TB-MR TB-XR TB/VIH TPC TPI TSA US VIH VIH/SIDA Auscultação Pulmonar Abordagem Prática da Saúde Respiratória Sigla Inglesa de Tratamento anti-retroviral Anti-retrovirus Agente de saúde comunitária Bacilo de Koch Banco de urgência Centro de Saúde distrital Centro Nacional de Endemias Controlo de Qualidade Externa Sigla Inglesa de Tratamento Directamente Observado Estratégia OMS para controlo da TB Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica Domínio de Prestação de Serviço Enfermidades Respiratórias Agudas Fundo Global São Tomé e Príncipe Fundo Nacional de Medicamentos Grupo Técnico Nacional (em caso PAL) Hospital Dr. Ayres de Menezes Inquérito Demográfico Sanitário Instituto Marquês de Valle Flôr Infecções Respiratórios Agudas Organização Mundial da Saúde Organização não-governamental Sigla Inglesa: Practical Approach to Lung Health Programa Nacional de Doenças Não Transmissíveis Programa Nacional de Luta contra Sida Programa Nacional de Luta contra Tuberculose Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento Teste PPD (= teste tuberculínico) Posto Sanitário Pessoas que vivem com VIH Região Autónoma da ilha de Príncipe Raios-X (de Tórax) Sistema de Informação sanitária Saúde Materno-Infantil Sintomático Respiratório São Tomé e Príncipe Tuberculose Tuberculose Multirresistente Tuberculose Ultra resistente Tuberculose/Vírus da Imunodeficiência Humana Adquirida Tratamento preventivo com cotrimoxazol Tratamento preventivo com isoniazida Teste Sensibilidade antibiograma Unidade Sanitária Vírus de Imunodeficiência Humana Adquirida Vírus de Imunodeficiência Humana Adquirida Page 2 of 45 Actualização Agosto 2014 1. 1.1 1.2 1.3 Introdução PAL O que é a PAL Objectivo do Guia PAL Situação dos sintomáticos respiratórios em São Tomé e Príncipe 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 Sintomas, síndromes e doenças: usar o Círculo PAL e a Ficha PAL Sintomas, sinais e definição de síndromas História e exame objectivo Tosse como sintoma cardinal Dispneia como sintoma cardinal Dor torácica como sintoma cardinal Cianose O Uso da Ficha SR/PAL para classificação. 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 Meios para diagnóstico e avaliação Oximetria de pulso Vantagens e desvantagens Quando está indicada Controlo de qualidade Logística 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 Radiologia Vantagens e desvantagens Cuando está indicado Interpretação dos resultados Controlo de qualidade Logística 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 Espirometria Vantagens e desvantagens Quando indicado Interpretação do resultado Controlo de qualidade Logística 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 Baciloscopia Vantagens e desvantagens Quando está indicado Interpretação do resultado Controlo de qualidade Logística 7.1 7.2 7.3 7.4 7.5 Cultura e TSA Vantagens e desvantagens Quando é indicada Interpretação do resultado Controlo de qualidade Logística 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. GeneXpert MTB/RIF 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 Vantagens e desvantagens Desvantagens Quando indicado Interpretação do resultado Controlo de qualidade Logística Page 3 of 45 Actualização Agosto 2014 9. Teste de sensibilidade à tuberculina (PPD) 10. Punção pleural 11. Princípios do tratamento. Medicamentos e equipamento essencial no ambiente de PAL. 11.1 Tratamento farmacológico A. B. C. Broncodilatadores. Corticosteroides Antibióticos 12. Fisioterapia. 13. Procedimentos invasivos 13.1 Punção pleural. 13.2 13.3 Broncoscopia. Traqueotomia. 13.4 Cirurgia torácica. 14 Escolhas de tratamento em algumas síndromes e doenças. 15 Equipamentos essenciais em PAL 16 Referência dum sintomático respiratório. 17 Uso da Ficha PAL. Page 4 of 45 Actualização Agosto 2014 1 Introdução PAL 1.1 O que é a SR/PAL No intuito de reforçar estratégias de controlo TB a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem recomendado uma estratégia PAL - Practical Approach to Lung Health/Abordagem Prática da de sintomáticos Respiratórios – como parte da Estratégia Stop TB. A sua utilidade é relevante tendo em conta que grande parte dos indivíduos que procuram as Unidades Sanitárias são sintomáticos respiratórios (SR) e que a TB pode ser identificada entre eles (ou seja, a TB pode ser detectada no decurso da abordagem do SR no contexto de oportunidade nos Cuidados de Saúde Primários). O objectivo da estratégia SR/PAL é padronizar/melhorar o manejo clínico (qualidade dos cuidados) das doenças respiratórias (particularmente nas infecções respiratórias, TB, asma e DPOC), especialmente no nível primário, onde os sintomáticos se apresentam com ‘sintomas’ e não com ‘doenças’. Um efeito previsível é um aumento na detecção de TB. O fundamento desta estratégia baseia-se no facto de estas situações clínicas terem fisiopatologia que se sobrepõe, e de o essencial do tratamento que se impõe ser, em grande parte comum. 1.2 Objectivo do Guia PAL Através deste Guia e pelas formações que apoiam sua introdução, os enfermeiros e médicos aprendam uma abordagem sistematizada dos sintomáticos respiratórios que vão ter que cuidar, para um manejo racional, baseado nas informações disponíveis. Às vezes, a enfermeira conhece o paciente e já tem informações sobre a história clínica, mas em outros casos o doente respiratório é um caso novo e o profissional tem de decidir como lidar com a situação com base nos sintomas que ainda não se encaixam em uma doença clínica. Assim, a abordagem SR/PAL ajudará a enfermeira no nível primário para tomar decisões racionais para a avaliação do paciente, para o tratamento e para a necessidade de referenciação para outro nível de cuidados. Nesta guia pode-se encontrar procedimentos para melhorar a avaliação dos sintomáticos respiratórios no primeiro nível de cuidados de saúde e para melhorar e racionalizar os processos de referência, que são o núcleo da estratégia SR/PAL. Este Guia refere-se aos sintomáticos respiratórios com 5 ou mais anos de idade. Para as crianças dos 0-5 anos existe o caderno de mapas da ‘Atenção Integrada às Doenças da Infância’ (versão Junho 2013). 1.3 Metas para a estratégia PAL Para atingir o objetivo preconizado, a estratégia PAL preconiza-se: a) Pesquisar 1% da população (população menor que um milhão, considera se que 1% são sintomático respiratória) b) Notificar todos os casos SR suspeitos de TB. Meta 100% Page 5 of 45 Actualização Agosto 2014 c) Realizar 3 baciloscopias a todos os sintomáticos respiratórios. Meta 100%. d) Pesquisar os contactos dos pacientes TB. Meta 5 como mínimo.( 2 crianças e 3 adultos ). 1.4 Participação Comunitária. Para obter o vínculo entre o sector da saúde e todos os actores comunitários existe uma comissão organizadora das acções de saúde na comunidade ‘’Comité de vigilância de Saúde Comunitária’’; constituído por sector da saúde, entidades territoriais, organizações da comunidade, sectores educativo, meios de comunicação, cooperação intencional, organizações religiosas e ASC. Funções do Comité de saúde na Estratégia PAL: Realização de reuniões mensais para análise de situação dos sintomáticos respiratórios na comunidade, análise de novos casos, seguimentos dos pacientes, e definir as acções a desenvolver de acordo as necessidades; Identificar as prioridades da comunidade com relação ao SR. Proteger os mais vulneráveis. Localizar as famílias de pessoas com TB ou familiares com a enfermidade para o seguimento dos contactos; Assegurar um sistema de referência dos SR desde comunidade até o serviço de saúde mais próximo: Comité → ASC → Enfermeiro do PS → Centro de Saúde de Distrital Avaliar o efeito das práticas realizadas e asseverar os aspectos educativos das práticas propostas; Apoiar as acções da busca activa dos pacientes suspeitos de TB que precisam ser avaliados pela equipa de assistência qualificada que se desloca ao terreno semestralmente, como parte da estratégia da utilização da radiografia digital móvel para o diagnóstico de TB; Todas estas funções serão baseadas no princípio da intimidade pelos pacientes é a confidencialidade; Para desenvolver o envolvimento das organizações comunitárias e da própria comunidade seram implementados instrumentos de mobilização social para mudança de comportamento: Seminários e conferências para a sensibilização e divulgação de informações Reuniões e sessões de formação A informação pública através da Mídias (rádio, TV, jornais) Criação e desenvolvimento dos projectos de formação, estratégia e planificação param os ASC e os membros das organizações comunitárias; Desenvolvimento de materiais de formação local (manuais, textos, transparentes); Page 6 of 45 Actualização Agosto 2014 Tradução e impressão de material de formação em línguas locais; Cartazes, brochuras, folhetos etc.; Campanhas, concursos, eventos públicos. Funções dos Agentes de saúde comunitários na Estratégia PAL. Identificar os sintomáticos respiratórios na comunidade/casos suspeitos de TB; Encaminhar e/ou comunicar ao enfermeiro um caso suspeito/pessoas com sintomas de Tuberculose, para o Centro de Saúde para testes; Fazer busca activa nos contactos dos pacientes TB. Realizar acções de comunicação/aconselhamento e mobilização ao nível familiar e comunitário para a mudança de comportamento; Combater rumores e desinformação que contribuem para a discriminação, estigmatização e abandono do tratamento pelos pacientes; Planificar com enfermeiro do posto todas as suas actividades relacionadas com a Estrategia PAL; Participar nas reuniões de coordenação promovido pelo delegado de saúde; distrital trimestralmente, Elaborar e apresentar relatórios ao enfermeiro da respetiva área de saúde, consoante o programado; Melhorar a deteção de TB em todas as suas formas; Liderar as acções da busca activa dos pacientes SR suspeitos de TB que precisam ser avaliados pela equipa de assistência qualificada que se desloca ao terreno semestralmente, como parte da estratégia da utilização da radiografia digital móvel para o diagnóstico de TB; 1.3 Situação de sintomáticos respiratórios em São Tomé e Príncipe Durante 2013 uma avaliação de situação dos sintomáticos respiratórios foi feita em postos sanitários, centros de saúde e hospitais de STP. Foi observado que uma grande variedade de sintomas e síndromes/doenças são usados nos Registos. A nomenclatura não é sistematizada. Por exemplo nos registos não foram encontrados sinais como expectoração, pieira ou diagnóstico – DPOC. Page 7 of 45 Actualização Agosto 2014 Tabela 1. Nomenclatura observada nos Registos das US 2013. Usados Sintomas e sinais Sindromes e doenças Tosse, dispneia, dor torácica, dor no peito IRA, ERA, constipação, rinite (aguda, alérgica, viral) bronquite, pneumonia, (crise de) asma, DROB, bronquite asmática Ausentes Expectoração, Pieira (sibilância) DPOC (1x) As visitas dos sintomáticos respiratórios aos Postos Sanitários e Centros de Saúde são bastante frequentes. Se excluirmos ‘gripe’, 5-15 % das consultas nos postos sanitários e nos centros de saúde e 15-20% das consultas nos Bancos de Urgência dos centros de saúde e hospitais, são visitas dos sintomáticos respiratórios. Em São Tomé e Príncipe há vários programas que são dirigidos, entre outros aos sintomáticos respiratórios: o Programa Nacional de luta contra a TB (PNLT); o Programa Nacional de Doenças não transmissíveis (PNDNT) que se preocupa (entre outros) com a asma e a DPOC; o departamento de saúde materno infantil que inclui infecções respiratórios agudas nas crianças até 5 anos e outras urgências como dispneia; o Programa alargado de vacinação que iniciou a vacina contra certos formas de pneumonia em 2012. Tuberculose O número de doentes notificados variou entre 120-150 doentes TB por ano nos últimos anos. Estes valores significam uma taxa de notificação de 93/100.000 habitantes. A taxa de sucesso terapêutico foi 75% em 2012. Dos doentes notificados, 100 % foram testados para VIH e a seroprevalencia de VIH nos casos de TB foi 13 % em 2012. Até meados de 2013, 15 doentes foram diagnosticados como TB-MR desde 2011. O diagnóstico TB é confirmado, em princípio, pela microscopia directa nos 8 centros de baciloscopia do país (com um controlo de qualidade externa.implementado. Para a cultura e TSA, só as amostras dos suspeitos de TB-MR são enviadas para Yaounde (Camarões). Ainda não é possível ter o teste rápido molecular no país. Asma O programa de doenças não transmissíveis recolhe dados de consultas e internamentos de várias doenças crónicas no país (postos sanitários, centros de Saúde e hospitais). Este facto dá uma impressão da carga desta condição ao nível do país e dos distritos. Depois da hipertensão arterial, a asma é a doença mais frequente no STP com 1.275 consultas em 2012 por causa de ‘asma brônquica’. A tabela 2 mostra a distribuição pelos distritos e mostra grandes diferenças entre eles, que podem ser explicadas parcialmente pela presença dum serviço hospitalar na capital. Ainda assim, os outros distritos mostram grandes Page 8 of 45 Actualização Agosto 2014 diferenças. A maioria das consultas de asma é uma primeira visita, em detrimento das consultas de controlo. Em 2012 houve 238 internamentos devido à asma (e 4 mortos) segundo esta fonte de informação. Tabela 2. Número de consultas asma 2012. Fonte PNDNT. HAM Água Grande Mé-Zóchi Lobata Cantagalo Lembá RA Príncipe Caué Total de consultas asma 1ª Visita Controle Total 39 93 65 109 44 342 32 224 948 32 36 34 65 24 63 71 2 327 71 129 99 174 68 405 103 226 1.275 Número de consultas por 1.000 habitantes do distrito 1,8 2,1 8,7 3,7 26 14 33 6,8 Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) No sistema de informação de saúde não há registos de diagnósticos de DPOC, mas sim aparecem registrados o diagnóstico de bronquite crónica (que se sabe pertencem ao DPOC). O número de consultas de bronquite crónica foi 20% do número total de asma em 2012. Com a nomenclatura usada é difícil interpretar estes números e as diferenças entre os distritos. Em 2012 havia 232 internamentos por causa de bronquite crónica (e 22 mortos) segundo esta fonte de informação. Infecções Respiratórias agudas (IRA) A abordagem de IRA nas crianças menores de cinco anos está incluída na Atenção Integrada as Doenças de Infância. O Guia (Caderno de mapas, Junho 2013) apresenta vários algoritmos. Dados de IRA nos adultos não foram encontrados, parcialmente por causa duma reestruturação do departamento de sistema de Informação de saúde. VIH Em muitos países da África uma alta prevalência de VIH é um factor importante que condiciona a apresentação dos sintomáticos respiratórios nas unidades sanitárias, porque o VIH pode causar várias infecções respiratórias oportunistas. Em São Tomé e Príncipe a seroprevalência é relativamente baixa (1,5% em 2012) e a percentagem de pessoas que recebem TARV é bastante alta. Isto significa que a frequência de apresentação de síndromes pulmonares causadas por VIH é bastante rara. Tabagismo O consumo do tabaco é relativamente baixo em STP. Em 2009 uma pesquisa mostrou que só 6,3% dos homens e 0,8% das mulheres são fumadores. Conclusões dos dados disponíveis sobre os sintomáticos respiratórios: A nomenclatura usada nos Registos das U S não é sistematizada e mostra uma grande variedade de sintomas e síndromes/doenças; A percentagem de sintomáticos respiratórios nas consultas e visitas aos bancos de urgência varia entre 5 e 20% (quando ‘gripe’ fica fora da recolha dos dados); Page 9 of 45 Actualização Agosto 2014 Asma é um diagnóstico frequente e constitui um sério problema de saúde pública em STP; O consumo do tabaco é relativamente baixo em STP, assim como a seroprevalência de VIH. 2. Sintomas, sinais, síndromes, doenças: usar o Circulo e o Ficha SR/PAL 2.1 Sintomas, sinais e definição de síndromas Para chegar ao diagnóstico perante os sintomas, é muito útil usar o círculo SR/PAL: o sentido vai de centro para periferia com 3 passos: 1. 2. 3. Selecção dos sintomas cardinais (tratamento sintomático) Dedução do/s Aparelho/s envolvido/s. e definição do quadro sindromático Doença e diagnóstico etiológico possível? Figura 1. O Circulo PAL 1. Sintomas Cardinais Asma/DPOC S. Respiratório Bronco-pulmonar Agudo/Crónico Derrame S. CardVasc Pneutórax S. Pleural Tosse Sintomas Expectoração Cardinais Pieira Tosse /Sibilância Expectoração Dispneia Pieira /Sibilância Dor Torácica Dispneia, Febre Cansaço Dor Torácica, Cansaço Cianose Cianose Etc..Etc. S. Traumático Inf Brônquica 2. Aparelho/Síndroma ICC 3. Doença Vias Áreas Sups S. Neoplást D. interst Diagnóstico Etiológico ? Neopl asma Doença Contagiosa? Inf Pleura/Pneumonia O sentido de dentro para fora do circulo SR/PAL pode ser traduzido em 3 questões: 1. 2. 3. 4. 5. Definir os sintomas (e sinais) cardinais; Definir o aparelho afectado e o quadro sindromático provável; Estabelecer o diagnóstico (doença) e o diagnóstico diferencial; Como se pode confirmar? Como determinar a gravidade e definir a necessidade de referência? Page 10 of 45 Actualização Agosto 2014 Durante o processo de exploração do doente deve-se seguir uma ordem lógica para explorar sua história, observar o doente e estar atento aos sintomas e sinais de alerta (2.2). Investigar si Pneumonia, Bronquites, Asma, DPOC Sintomas e sinais respiratórios Interrogatório Interconsulta Altos SR/Descatar Tuberculose Baixos Exame Físico Comprometem a ventilação ou respiração Não Tratamento e Seguimento Sim Remeter/transfer ir ao serviço de urgência 2.2 Congestão nasal, Rinorreia, Dor Faringea História clínica Em princípio a sequência regular na abordagem dum doente deve ser: História da doença actual/situação epidemiológica Inspecção/exame físico (incluindo a identificação de sintomas/sinais de alerta) O primeiro contacto com o doente inicia-se com a observação e o exame físico estabelecendo-se uma interacção constante entre a exploração dos sinais e história da doença e exame fisíco. Page 11 of 45 Actualização Agosto 2014 Tabela 3. Anamnese História da doença actual • • • • História pregressa Sintomas cardinais – Duração – Estimativa da gravidade Sinais gerais – Febre, Suores – Perda de peso, fadiga Sinais extrapulmonares Alguma outra queixa Tabela 4. • • • • • • • • Tabagismo/outro (Fumo de cozinhar) TB (curada ou não) Contacto com TB Doença respiratória crónica: asma, DPOC, bronquiectasias, cancro Diabetes Doença cardíaca, HTA Gripe Algum outro? O Exame fisíco tem 4 passos 1ª Observação geral Sinais Vitais 1. Estado de consciência 5. FR 2. Cor da pele e mucosas (palidez, cianose) 6. FC 3. Padrão respiratório - Regular ou não - Fala fluente Auscultação Pulmonar (AP) 7. Temp. 9. Pulmões: 14. Sibilos 15. Roncos 16. Crepitações 17. Sons assimétricos 8. TA 10. Coração: sopros Adicional 11. Peso 12. Faringe 13. Check-up geral Se lado silencioso - percussão: Hipersonoridade ou Macissez 4. Ruído respiratório Há sintomas ou sinais de alerta? Tabela 5. Sintomas e sinais de alerta para despiste em todos os sintomáticos respiratórios Observações Sinais vitais 1. Estado Neurológico: agitação, confusão, sonolência 8. FR >30, FR<6 (adultos), FR >40 (crianças) 2. Dispneia grave: incapaz de falar mas que umas palavras, incapaz de andar 3. Estridor 4. Cianose 5. Tiragem 6. Silêncio torácico 7. Dor violenta 9. FC> 120, <50 2.3 10. TA sist <80 mm 11. Febre >39.5 or <35 Tosse como sintoma cardinal A origem de tosse pode ser brônquica, laríngea ou pleural. Tosse é um sintoma pouco especifico, mas de grande importância. Poucas vezes a tosse é o sintoma único. Por isso é importante seguir o Circulo SR/PAL, perguntar por outros sintomas, relativos à historia da doença actual e pregressa (usando a tabela 3) e selecionar os sintomas cardinais. Deve-se ter em conta que um doente pode dizer a tosse é aguda, mas, na realidade, já existe há dias ou semanas. Page 12 of 45 Actualização Agosto 2014 Vide o algoritmo de abordagem da tosse aguda, onde se constata que conduz a algumas doenças respiratórias. Tosse aguda + febre = IRA Dor garganta Amígdalas inflamadas Adenopatias cervicais Sinais Associados Dor ouvido Sim Amigdalite Não Faringite Otite Cefaleia & SPN pesados & Rinorreia purulenta Rinorreia serosa clara AP normal Sinusite Constipação vulgar Dor traqueia Tosse seca AP limpa Dor torácica ou dispneia ou AP anormal Tosse produtiva AP Roncos Sibilos: pensar em asma Bronquite aguda IRA BAIXA Dor torácica lateral ou Doenças grave Ou AP crepitações (ou assimétrica) Emagrecimento/ Hemoptise IRA ALTA Pneumonia Suspeito TB Muitas vezes a tosse é acompanhada de febre e deve indiciar a existência de IRA. É importante distinguir entre IRA Alta (que nem sempre precisam de tratamento antibiótico) e IRA baixa, que geralmente precisam um tratamento antibiótico. A tosse crónica (ou tosse que existe há mais que 2 semanas) é uma indicação para fazer baciloscopia. Se a baciloscopia fica negativa, impõe-se uma avaliação do doente mais uma vez: Qual é a probabilidade de TB? Quais são os outros sintomas? Há possibilidade de mandar fazer Rx Tórax? Há possibilidade de mandar fazer cultura ou teste molecular rápido? Page 13 of 45 Actualização Agosto 2014 Tosse Crónica Tosse produtiva de causa não conhecida Pesquisa TB BK- BK+ Reavaliação de sintomas e sinais: Probabilidade de TB? Dispneia, Pieira, Dor? Anormal Caso TB Normal Rx Tórax Hiperreactividade depois IRA Asma DPOC Dispepsia/ Reflux 2.4 Caso TB BK- Punção Bronquiectasias? Sequelas? Cancro Outra causa Cardiomegalia Edema Pulmonar Derrame Bilateral Ortopneia/ DPN Dispneia D Cardíaca Derrame pleural? Sugestivo de TB Dispneia como sintoma cardinal Se um doente se apresenta com dispneia como sintoma cardinal, é importante avaliar se há sintomas de alerta (tabela 5). Se existem sintomas de alerta, observar o seguinte algoritmo. Dispneia aguda com sinais de alerta Sinais alerta Aspiração corpo estranho Manobra de Heimlich Sim Intervenção de emergência Oxigénio 2 L/min (prongs) ou + Reavaliação Crepitações difusas História de doença cardíaca TA sistolica > 190mmHg Frusemida Sibilos Salbutamol neb Febre + Crepitações Amoxicilina Estabiliza E considere referência Se não há sinais de alerta: observar o seguinte algoritmo. Page 14 of 45 Actualização Agosto 2014 Dispneia aguda sem sinais de alerta Não há sinais de alerta História e Exame objectivo Sibilos Sabe-se que tem Asma ou DPOC salbutamol Sem Sibilos AP: Crepitações Doença cardíaca HTA Sem febre Exacerbação da asma ou DPOC Edema Pulmonar (Doença Cardíaca) AP: Claro Febre Tosse Infecção Respiratória Aguda AP: Silêncio Hipersonoro: Considere: Traumatismo Torácico Aspiração de Corpo Estranho (refluxo) Tumor Embolia Pulmonar Pneumotorax Hipertensivo frusemide Macissez: Derrame Pleural Considere Referenciação e/ou RXT No caso da dispneia ter um carácter recorrente e de começo repentino devese pensar em Dispneia Paroxística Nocturna, Aspiração de Corpo Estranho, Refluxo de Ácido Gástrico ou uma Doença Tromboembólica Pulmonar. No caso duma dispneia crónica, é importante saber se há diagnóstico prévio de uma Asma ou DPOC (e se há avaliação anterior por espirometria), assim como despistar outras causas de dispneia crónica (TB, bBronquiectasias, dDoença cCardíaca, aAnemia, dDoença pPulmonar dDifusa iIntersticial/fFibrose). 2.5 Dor torácica como sintoma cardinal Importante explorar outros sintomas para identificar primeiro o aparelho afectado ou a causa: Deve-se pensar as seguintes possibilidades: Trauma Corpo estranho Sistema cardiovascular (Infarto Miocardio, Miocardite, Angina de Peito,etc) Pleura (Pleurite aguda, Derrame pleural, Pneumotorax) Sistema Bronco-pulmonar (IRA, Traqueite, Bronquite, Bronquiolite, Pneumonia) Outras causas do Sistema Respiratória (cancro, abcesso) Dispepsia / Refluxo 2.6 Cianose Para identificar o tipo de cianose relacionada com doença respiratória, deve-se pensar nas seguintes possibilidades: Hipotensão com embolia pulmonar ou pneumonia grave Congestão pulmonar Page 15 of 45 Actualização Agosto 2014 DPOC Corpo estranho 2.7 O Uso da Ficha SR/PAL para classificação. Há dois objectivos principais no uso da Ficha SR/PAL: Documentação Referenciação A ficha SR/PAL é o suporte de condução e de informação da abordagem de cada episódio SR/PAL com 7 items: I. Para chegar ao diagnóstico perante os sintomas, é muito útil usar o círculo SR/PAL: o sentido vai de centro para periferia. II. Parâmetros de Alerta (para estimativa de gravidade) III.Meios auxiliares IV. Tratamento V. Destino e Referenciação VI. Registo para fins de classificação VII. Relato de carência de recursos. I.Para chegar ao diagnóstico perante os sintomas, é muito útil usar o círculo SR/PAL: o sentido vai de centro para periferia. i. Observar a lista dos sintomas e sinais evidentes e sinais a pesquisar; ii. Registo de entre os sintomas e sinais inventariados, aqueles que constituem o quadro sintomático; Quanto aos síndromas, compreende duas acções : i. Observar a lista das síndromas vs Aparelhos afectados na base de presunção clínica; ii. Registo dos síndromas plausíveis, os mais evidentes para o diagnóstico diferencial; Quanto ao diagnóstico das doenças, compreende duas acções : i. ii. Observar a lista das doenças de acordo com a evidência da etiologia do processo em causa; Registo da doença diagnosticada caso haja fundamento para o fazer. História pregressa e História da doença actual : devem ser pesquisadas com pertinência para a percepção do risco, nomeadamente de TB e TB-MR, e proceder ao seu registo. Page 16 of 45 Actualização Agosto 2014 FICHA SR/PAL para classificação, manejo e referência DIAGNOSTICO Sintoma(s) e Sinais Tosse Pieira/Sibilos Dor torácica Expectoração Dispneia Cianose Hemoptise Taquipnea Febre FR: FC: Temp: Perda de peso AP: Outra: S. Respiratório Agudo S. Infeccioso S. Traumático S. Respiratório Crónico S. Cardiovascular S. Neoplástico DIAGNOSTICO Síndroma DIAGNOSTICO Doença Rinosinusite aguda alérgica Pneumotorax Asma Bronquiolite aguda Outras doenças brônquicas crónicas Doença pulmonar difusa Outra: Derrame pleural S. Torácico agudo da Drepanocitose DPOC Rinosinusite aguda infecciosa Bronquite aguda infecciosa Pneumonia Outra: Laringotraqueite Cancro do pulmão Tuberculose Outra: Insuficiência cardíaca Outra: ANTECEDENTES PESSOAIS: 1) Hábitos Tóxicos: Alcool:..........................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Tabaco:.........................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Drogas:.........................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Outros medicamentos de folhas/chás.................................................SIM /__/...........NÃO./__/. 2) Fisiológicos: Alimentação:..................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/ Catarros/Sincope:...........................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Outros:................................................................................................................................ 3) Patológicos: Infância:.......................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Adulto:.........................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/ DBT:............................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/. HTA:.............................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. BCG:............................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Otras (especificar):........................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Cirurgicos:....................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Traumatológicos:...........................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Alérgicos:.....................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Paludismo:...................................................................................SIM /__/...........NÃO./__/.. Outros:................................................................................................................................ Page 17 of 45 Actualização Agosto 2014 História pregressa:________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ AVALIAÇAO Meios Auxiliares Diagnósticos: SaO2: ____% Raios X: _________________________________________ BK: ___/___ Espirometria: TRATAMENTO O2 B2 agonistas Anti-muscarínicos Xantinas Corticosteroides Antibiótico Outro: FEV1 = ___% FEV1/CVF= ________% Tipo Quantidade e forma Resposta ….. L/min por prongs nasais/mascara/… …………………………… …… compr/inalador/i.v. …………………………… …… /inalador/i.v. ……………………… …..compr/rectal/i.v. ……………………………compr/susp. oral/inalador/i.v. ALTA DO DOENTE: DESTINO E REFERENCIAÇÃO REGISTO: 0 Alta domicílio com diagnóstico de saída: _______________ 0 Referenciado para urgência porquê: __________________ 0 Referenciado para consulta especializado porquê: ________ 0 Internamento CdS 0 Óbito Sintomas à alta Notificações das carências: Diagnóstico difinitivo Tratamento à alta 0 Médico 0 O2 0 _________ 0 Enfermeiro 0 B2 med 0 _________ OBSERVAÇOES:________________________________________________________________ DATA: ___/___/____ Hora: ____:____ 3 Meios para diagnóstico e avaliação 3.1 Oximetria de pulso Responsável__________________ Oximetria de pulso é uma técnica que se baseia em díodos que emitem luz que passa através do tecido vascularizado do dedo ou do lobo da orelha. Um fotodíodo recebe a luz que passou pelos tecidos, sendo que algumas frequências ficaram absorvidas nos mesmos. O tratamento informático destes sinais, se houver bom pulso, permite calcular a percentagem de hemoglobina que está saturada de oxigénio no sangue (SaO2). Ao mesmo tempo o oxímetro dá informação sobre FC e curva do pulso. 3.2 Vantagens e desvantagens Page 18 of 45 Actualização Agosto 2014 As vantagens da oximetria de pulso revolucionaram a avaliação e a monitorização das trocas gasosas, fornecendo uma estimativa muito sensível, e não invasiva, da SaO2. A oximetria de pulso não substitui a gasometria arterial em cuidados intensivos, mas é uma excelente alternativa em monitorização durante anestesia e em ambiente de ambulatório, nomeadamente em contexto PAL. 3.3 Quando está indicada Em princípio deve ser usada para todos doentes que se apresentam como sintomáticos respiratórios (fora os casos evidentemente com simples constipação ou outras enfermidades de sistema respiratório superior). Tabela 6. Interpretação do resultado Oximetria Idade 0-1 anos 2-10 anos > 10 anos e adultos Freq Cardíaca Normal 100-180 60-140 5-100 SaO2 Normal > 95% > 95% > 95% Numa situação aguda, uma queda da SaO2 para <94% exige uma atenção cuidada. Uma queda da SaO2 para <90% significa uma emergência clínica: administrar O2 com fracção inspirada de O2 (FiO2) 100%. Excepção: Na DPOC em que pode haver hipercápnia com acidose respiratória. Nestas condições pode tolerar razoavelmente a hipoxémia e há o risco de a administração de O2 levar à frenação do centro respiratório. 3.4 Controlo de qualidade A necessidade para calibrar o aparelho depende de tipo de oximetria de pulso. Pode ser feito na firma vendedora. 3.5 Logística Sugere-se que estejam disponíveis em todos Postos Sanitários ou, pelo menos em todos os Centros de Saúde. 4. Radiologia A Telerradiografia (RX) do Tórax fornece uma imagem como se fosse uma visualização transfixiva do tórax, assim como dos diferentes órgãos e estruturas que o compõem. Em princípio as diferentes características dos tecidos que os raios atravessam, dão diferentes graus de cinzento quando impressionam a película: desde o branco até ao preto: ossos, tecido adiposo, água (coração e vasos) e ar. Evoluindo a partir do equipamento clássico, agora os equipamentos de RX digital conquistaram o mundo da medicina, com muitas vantagens (excelente qualidade, não necessidade de procedimentos e equipamento desenvolvido e menos necessidades de espaço de arquivo. Tem algumas desvantagens (principalmente a dependência de software complexo). 4.1 Vantagens e desvantagens Page 19 of 45 Actualização Agosto 2014 O RX é um bom método de excluir uma série de alterações e doenças, suspeitas na investigação baseada na história clínica e no exame objectivo (ou talvez, mesmo outros exames). Muitas vezes, as alterações vistas no RX sugerem uma série de possíveis síndromas ou doenças, de forma que orientam para investigação subsequente no sentido de confirmar o diagnóstico. Em muitas doenças, do RX do tórax fornece de imediato sinais de existência ou ausência de anormalidades com bastante sensibilidade e especificidade. Também, em muitas situações de doenças ou síndromas, o que acontece é que não há substrato anatómico ou estrutural de forma que o RX aparece como normal. 4.2 Quando está indicado Numa vasta gama de sintomáticos respiratórios, o RX dá informação relevante especialmente pelo seu elevado valor preditivo negativo. Na tabela que se segue, há uma série de situações em que o RX pode ser, ‘possivelmente relevante’ ou ‘provavelmente não relevante’. Tabela 7. Situações que levam à requisição de RX do Tórax Possivelmente relevante Suspeitos das condições respiratórias Dispneia com possível origem no sistema respiratória Tosse refractária Suspeito de TB com BK negativo Crianças sintomáticas contactos de caso TB Hemoptise com BK negativa Pneumonia resistente ao antibiótico Pneumotorax/ Hemopneumotorax Derrame pleural Corpo estranho Suspeitos das condições não respiratórias Dispneia da possível origem no sistema cardiovascular Edema agudo pulmão Qualquer síndroma febril indeterminado Traumatismo torácico Provavelmente não relevante Asma DPOC Exacerbação asma Exacerbação DPOC Monitorização do tratamento da TB SR VIH seropositivo Abcesso pulmonar 4.3 Interpretação dos resultados A leitura do Raios X Tórax conhece 3 passos: 1. Avaliar a qualidade de RXT, 2. Leitura de RXT e 3. A interpretação das observações. Uma boa leitura e interpretação dos resultados do RX é um produto de competência em anatomia e semiologia radiológica, mas também, e, essencialmente de experiência clínica. Cada profissional de saúde tem que desenvolver seu próprio método para ler um RX de tórax. 4.4 Controlo de qualidade A qualidade de um exame de RX depende largamente da performance técnica do profissional que o executa, das instruções e colaboração do doente e qualidade do equipamento instalado. Para avaliar a qualidade de cada exame de RX, antes de interpretar é necessário fazer por rotina a verificação das condições técnicas, de forma sistematizada, por cada médico que o observa. Quando há situações inaceitáveis que impedem uma leitura do exame, o médico deve pedir ao técnico para o repetir. Em casos de erros recorrentes, deve haver uma acção conjunta com o técnico para melhoria da execução. 4.5 Logística Page 20 of 45 Actualização Agosto 2014 No país há 2 equipamentos radiológicos nos dois hospitais. Quer dizer que o paciente deve apresentar-se num hospital para poder fazer RX de tórax. 5. Espirometria A espirometria mede os volumes expirados, o tempo da expiração e a velocidade com que os volumes são expirados. É o gold standard da medição da função respiratória em relação à fiabilidade e estudo seqüencial. É um método pródigo em confirmar que há obstrução das vias aéreas, em documentar o grau e a reversibilidade da obstrução, e em quantificar o grau de restrição nas doenças pulmonares difusas. 5.1 Vantagens e desvantagens A espirometria é um teste bastante fácil de interpretar. Na abordagem dos sintomáticos respiratórios poderia dar bastante informação que é relevante para manejo no futuro e planificação com optimização do uso de medicamentos e outras medidas. 5.2 Quando indicado Diagnóstico da DPOC e asma Ajudar diferenciar asma de DPOC Obter indicador de gravidade da DPOC e da Asma Detectar e avaliar a gravidade das doenças restritivas Diagnóstico de outras doenças respiratórias e doenças profissionais 5.3 Interpretação do resultado O resultado de teste tem que ser interpretado em ligação com a indicação: Confirmar que um caso suspeito de DPOC tem FEV1/FVC < 70% após prova de broncodilatação; Confirmar que um caso suspeito de asma tem FEV1 após prova de broncodilatação 12% (e, simultaneamente 200ml) aumentado relativamente ao inicial (antes da broncodilatação). Na interpretação da espirometria há 3 padrões básicos: Padrão normal: FEV1 e FVC superior a 80% do previsto FEV1/FVC superior a 0.7 Padrão obstrutivo: FEV1 inferior a 80% do previsto FVC normal ou reduzido – menos reduzido que o FEV1 FEV1/FVC inferior a 0.7 Page 21 of 45 Actualização Agosto 2014 Padrão restritivo: FEV1 normal ou pouco reduzido FVC inferior a 80% previsto FEV1/FVC normal ou superior a 0.7 Normal Obstrutivo PADRÃO NORMAL Tabela 8. Restritivo Mixto Tiffenau>70% FEV1> 80% Critérios de espirometria para severidade de DPOC (GOLD) I. DPOC Ligeira II. DPOC Moderada III. DPOC Grave IV. DPOC Muito Grave Tiffenau <70% FEV1 >80% Tiffenau <70% FEV1 = 50-80% Tiffenau <70% FEV1= 30-50% Tiffenau <70% FEV1= <30% ou (<50% e Cor Pulm Crónico ou IRC 5.4 Controlo de qualidade O aparelho deve ser revisto e calibrado anualmente. Pode ser calibrado pela entidade utilizadora, mas precisa de treino do pessoal, uma seringa de calibração e uma garrafa de gás específico. 5.5 Logística O acesso à espirometria neste momento é limitado. Os custos do aparelho são bastante baixos em relação com o número de consultas de asma e bronquite crónica no país. Espera-se que aumente a capacidade instalada relativamente a espirómetros no país para os hospitais e alguns centros de saúde. 6 Baciloscopia O material de expectoração é colorido segundo o método de Ziehl-Neelsen. O resultado pode ser observado pela microscopia directa (baciloscopia). Os micobacterias apresentam-se como bacilos avermelhados sob um fundo azulado (bacilos ácido-alcool resistentes). Page 22 of 45 Actualização Agosto 2014 6.1 Vantagens e desvantagens O material é em princípio fácil de obter de alguém com tosse produtiva. O método não é complicado, é bem estandardizado e bem estabelecido e consensual entre os profissionais. O teste é rápido e barato (~2USD por suspeito). A baciloscopia permite detectar TB infecciosa ao nível periférico e pode ser usado para monitorizar a evolução do doente (resposta a tratamento). A formação necessária é limitada e os riscos em termos de biossegurança são limitados. A baciloscopia tem algumas desvantagens importantes. A sensibilidade é só 5060%. A especificidade é moderada (micobacterias atípicas podem causar um resultado positivo). A baciloscopia não pode distinguir entre TB e TB-MR. Tanto as bactérias vivas como as mortas podem dar um resultado positivo. 6.2 Quando está indicado Todos suspeitos de TB pulmonar (tosse há mais de 2 semanas) devem ter pesquisa de BK na expectoração por microscopia. Relativamente à colheita de material para exame directo/cultural, uma alternativa à aspiração de suco gástrico em 3 dias consecutivos é a indução da expectoração com nebulização de soro hipertónico (3%-5%), técnica que tem sido usada de modo seguro e eficaz em crianças pequenas (ver Anexo I). A cultura de uma única amostra de expectoração mostra resultados equivalentes a 3 colheitas de conteúdo gástrico. 6.3 Interpretação do resultado Um resultado positivo conhece diferentes graus de positividade. Isto tem uma certa relação com a contagiosidade. 6.4 Controlo de qualidade É importante que o laboratório de baciloscopia participe num programa de controlo de qualidade externa (blinded rechecking) a fim de garantir um estandarte constante de qualidade. 6.5 Logística Em princípio os postos sanitários podem mandar a amostra para um centro de baciloscopia (centro de saúde ou hospital: há 8 centros de baciloscopia em STP). 7. Cultura e TSA O material duma amostra pode ser cultivado através um meio sólido (4-6 semanas com método Löwenstein-Jensen) ou meio liquido (1-3 semanas com aparelho MGIT-Bactec). No Brasil o método Kudoh-Ogawa é usado, que é menos complicado e mais eficiente. O resultado positivo da cultura é identificado (‘tipificação’) pela microscopia directa e por um teste molecular para distinguir entre bactérias de grupo M.TB e ‘micobacterias atípicas’. Para TSA usa-se vários métodos dependentes do laboratório. Em geral, o laboratório vai determinar uma concentração mínima inibitória do medicamento com qual as micobacterias não podem crescer ou ser cultivadas. O processo leva 2-3 semanas. Também o método com aparelho de cultura líquida (MGIT) leva o resultado de TSA o mais rápido. Page 23 of 45 Actualização Agosto 2014 7.1 Vantagens e desvantagens A cultura é o teste de estandarte ouro para a TB: muito sensível e específico. O material pode ser de qualquer sítio do corpo. Os métodos são bem estabilizados no mundo internacional. A cultura mostra bactérias vivos e a tipificação pode distinguir entre micobacterias M.TB e atípicas. O tempo prolongado antes chegar aos resultados é uma desvantagem relevante. Outras desvantagens são que o processo precisa de procedimentos complicados num laboratório staff treinado e com boas condições de biossegurança. 7.2 Quando é indicada Uma baciloscopia negativa de amostra dum suspeito TB pode ser uma indicação para fazer cultura. Pode ser uma amostra de escarro, de aspiração gástrica, de gânglio linfático ou doutro material que pode conter micobacterias. A necessidade para fazer (cultura e) TSA aos medicamentos da 1ª linha existe em casos de TB que precisam retratamento (por insucesso ou pós abandono), em doentes com TB que ficam BK-positivos depois de 3 meses de tratamento, em contactos de casos de TB-MR e outros suspeitos de TB-MR. O material biológico dos casos de TB-MR confirmados têm que ter um TSA aos medicamentos da 2ª linha para excluir/confirmar a TB Ultra-resistente (TB-XR). A cultura é necessária mensalmente durante seguimento dum doente durante fase intensiva de tratamento TB-MR (e bimensalmente na fase manutenção). 7.3 Interpretação do resultado Em geral os laboratórios fazem TSA aos medicamentos da primeira e/ou da segunda linha. Em geral os resultados da TSA a H, R, S e E são fiáveis, mas a Z ainda não está bem validado e o processo é mais demorado. O TSA aos medicamentos de segunda linha é mais complicado e poucos laboratórios produzam resultados com qualidade garantida. Os testes e resultados de TSA aos fluoroquinolones e aos aminoglicosidos injectáveis (Kanamycina, Amikacina e Capreomicina) são bastante fiáveis. Os resultados dos testes à Etionamida, Protionamida, PAS, Cicloserina) e outros medicamentos da segunda linha produzam resultados não bem validados. 7.4 Controlo de qualidade Os resultados das culturas e dos TSA dum LRN devem ser validados periodicamente pelo LRSN (existem 2 em Africa, 2 na América do sul e a cerca de 20 na Europa, Estados Unidos e Ásia). 7.5 Logística Em STP ainda não existe um Laboratório de Referência Nacional para micobacteriologia. As amostras neste momento são recolhidas no laboratório do HAM e depois mandados mensalmente para Yaounda (Camarões). Page 24 of 45 Actualização Agosto 2014 VIII. GeneXpert MTB/RIF O aparelho GeneXpert ainda não é usado em STP. A OMS sugere a introdução em todos os países com incidência considerável. A sSua implementação sempre necessita instalação dum GTN para preparar e apoiar sua introdução. O teste é um método molecular para detectar DNA das micobacterias (vivas ou mortas). É possível detectar pequenas quantidades de DNA em pessoas com poucas bactérias nas amostras e pode detectar mutações genéticas DNA que indicam resistência à rifampicina, o que praticamente quer dizer: caso multirresistente. 8.1 Vantagens e desvantagens O resultado obtêm-se dentro de 2 horas. A sensibilidade na detecção do M.TB é paticamente equivalente à da cultura. O laboratório não precisa de adaptações complicadas para biossegurança (é um processo fechado). O aparelho ocupa o volume duma caixa de 50x40x30 cm com monitor ligado. Um técnico pode aprender a trabalhar com GeneXpert dentro alguns dias de formação. A dependência de laboratório esterno passaria a ser apenas mandar o material dos casos Xpert-Rif positivos para Yaounda (e para monitorizar o tratamento de 2ªlinha para TB-MR). 8.2 Desvantagens são o preço dos cassetes (9 USD cada um) e a necessidade de confirmar resistência R pelo TSA convencional, duma electricidade estável, duma temperatura <30 graus Celcius, e duma calibração anual. 8.3 Quando indicado Para detectar TB em casos suspeitos de TB com baciloscopia negativa (ou não feita). Para detectar TB-MR em casos suspeitos de TB-MR. 8.4 Interpretação do resultado Quando o resultado mostra M.TB, o doente é considerado ter TB com grande certeza. Um resultado TB-MR indica que doente provavelmente tem TB multirresistente e tem que ser tratado com medicamentos de 2ª linha, e neste caso precise-se confirmação pelo teste TSA convencional. Também para monitorar o doente durante tratamento necessita-se (baciloscopia e) cultura em lugar dum teste molecular. Page 25 of 45 Actualização Agosto 2014 8.5 Controlo de qualidade Precise-se confirmação dum resultado resistência a R pelo convencional. Precisa-se calibrar o aparelho anualmente com um KIT da fábrica. teste TSA 8.6 Logística GeneXpert ainda não foi introduzido em STP. Em princípio as amostras podem ser mandados para um ponto central como agora é praticado para cultura/TSA. IX. Teste de sensibilidade à tuberculina (PPD) As características e valor de PPD estão discutidos no Guia Nacional da Tuberculose 2010. Não entanto, para ficar completo sua prática é resumida em Anexo II. X. Punção pleural Em ambiente PAL, a punção pleural deve considerar-se em duas situações tipo: a punção de urgência (geralmente para evacuação parcial de grandes derrames que são causa de dispneia grave, ou para exploração diagnóstica de situação de silêncio auscultatório unilateral – ar? sangue? Pús? exsudado/transsudado?), e a punção electiva, também muitas vezes terapêutica, mas mais frequentemente diagnóstica. A situação mais comum é a de ter de se caracterizar um derrame pleural de causa desconhecida (se não há quadro de insuficiência cardíaca congestiva, há que procurar causa neoplástica (nos mais velhos) ou origem tuberculosa (nos mais novos)). A punção electiva permite extrair amostras de líquido para exames laboratoriais (pode até ser feita cultura ou teste rápido molecular pelo Gene-Xpert), sendo que permite também a evacuação de a maior quantidade possível de líquido. A extracção do máximo de derrame é da maior importância para o alío do doente e para a prevenção de sequelas da TB ou de empiemas em geral, que muitas vezes são causa de morbilidade severa para toda a vida. A técnica de punção é simples para exploração, mas para uma boa evacuação de líquido e para no mesmo acto se proceder à realização de biópsia pleural, deverá haver no país, pelo menos um médico treinado para a realizar. XI. Princípios do tratamento. essencial no ambiente de PAL. Medicamentos e equipamento Se os exames indicam que existe uma tuberculose (BK positivo, BK negativo (ou não feito) ou numa forma extra pleural, sempre tem que iniciar o tratamento anti-TB conforme o Guia de diagnostico e tratamento TB. Em PAL (for de TB) há três pontos-chave de tratamento: Page 26 of 45 Actualização Agosto 2014 Os broncodilatadores são largamente usados em adultos e em crianças com quadros de obstrução difusa das vias aéreas. Os mais utilizados são os beta-agonistas e os anti-muscarínicos que se aplicam a sintomáticos respiratórios mesmo que o diagnóstico da doença não esteja estabelecido; Os corticosteroides orais ou endovenosos são o principal tratamento para a asma aguda e para as exacerbações da DPOC, sendo que se podem aplicar a sintomáticos respiratórios mesmo que o diagnóstico da doença não esteja estabelecido; A administração de oxigénio está indicada para o alívio dos sintomas e para o prolongamento da sobrevida, sendo que se podem aplicar a sintomáticos respiratórios mesmo que o diagnóstico da doença não esteja estabelecido. Eixos principais do tratamento dos sintomáticos respiratórios: 1. Tratamento farmacológico: Broncodilatadores; Corticosteroides; Antibióticos 2. Tratamento com oxigénio e ventilação não invasiva 3. Fisioterapia 4. Procedimentos invasivos Ventilação Mecânica Procedimentos pleurais Broncoscopia Traqueotomia Cirurgia torácica 11.1 Tratamento farmacológico O tratamento inalatório é o principal pilar do alívio dos sintomas e da resolução das exacerbações da asma e da DPOC, assim como para o controlo a longo prazo de doentes com obstrução crónica das vias aéreas. A. Broncodilatadores. Sistemas de aerossol terapia: 1. Broncodilatadores são indicados para a asma, para a DPOC e para todas as situações de obstrução difusa das vias aéreas; 2. São administrados preferencialmente por inaladores MDI (metered-dose inhaler); 3. As limitações dos sistemas MDI (dificuldade de obter performance sincronizada e eficiente) podem ser ultrapassadas com o uso de câmaras expansoras ou com o uso de DPI (dry powder inhaler); 4. Por vezes, nas crises agudas, são precisas doses maiores, sendo útil a aplicação de nebulizações dos broncodilatadores em soro fisiológico mediante a pressão de O2 ou compressores eléctricos. Page 27 of 45 Actualização Agosto 2014 Figura. MDI, DPI, MDI e câmara expansora Os broncodilatadores são basicamente de 4 tipos: I. II. III. IV. Beta2-agonistas de curta acção: para tratamento sintomático e para as agudizações asma e DPOC Beta2-agonistas de longa acção: para usar numa base regular e prolongada para controlo da obstrução crónica das vias aéreas Anti-muscarínicos: para tratamento sintomático e para as agudizações asma e DPOC e para controlo da obstrução crónica. Podem ser administrados em complemento dos Beta2-agonistas Xantinas: menos usada actualmente pela sua estreita margem de tolerância/eficácia, com efeitos secundários frequentes, mas continua um recurso válido por via oral, ou endovenosa (aminofilina). Tabela 9. Grupo Os broncodilatadores Nome genérico Beta2-agonista Anti-muscarínico Beta2-agonista Anti-muscarínico Xantinas B. Objectivo Broncodilatadores de curta acção Salbutamol Para tratamento sintomático e para as agudizações asma e DPOC. O anti-muscarínico é administrado em complemento dos Beta2-agonistas. Ipratrópio Broncodilatadores de longa acção Terbutalina Para usar numa base regular e prolongada para controlo da obstrução crónica das vias aéreas. O Salmeterol anti-muscarínico é administrado em complemento Formaterol dos Beta2-agonistas. Tíoproprio Broncodilatadores clássicos Teofilina Menos usada actualmente pela sua estreita margem de tolerância/eficácia, com efeitos (i.v. aminofilina) secundários frequentes, mas continua um recurso válido por via oral, ou endovenosa (aminofilina). Combinações de Beta2 agonistas e corticosteroides Salmeterol+Fluticasona Combinações muito eficazes para tratamento de Formeterol+Budenosida controlo, muito cómodos para os doentes, mas muito dispendiosos. Corticosteroides São agentes anti-inflamatórios potentes úteis numa vasta gama de situações clínicas. No contexto PAL importa considerar o seu uso por via sistémica e por via inalatória. Corticosteroides sistémicos: Page 28 of 45 Actualização Agosto 2014 Para tratamento sintomático e para as agudizações asma e DPOC, por via oral ou endovenosa, os corticosteróides são o pilar do tratamento da asma aguda, assim como da DPOC, mesmo quando o diagnóstico não está confirmado. Na maior parte dos casos há benefício em prolongar 5 a 10 dias. O tratamento de longa duração pode ser necessário em situações de DPOC muito grave ou em doenças difusas do interstício pulmonar, nomeadamente a sarcoidose, pneumonite de hipersensibilidade ou a pneumonia intersticial. Corticosteroides inalados: Os corticosteróides inalados vieram, há cerca de 30 anos, revolucionar o tratamento de controlo da asma. Na DPOC, menos efectivos, também são úteis para redução da frequência e gravidade das exacerbações. Geralmente aplicamse 2 vezes por dia em sistemas MDI ou DPI. Os corticosteroides inalados são muito eficazes quando associados a Beta2-agonistas de longa acção. Tabela 10. Indicações para os corticosteroides Medicamento Indicação Corticosteroides sistémicos: Para tratamento sintomático Para as agudizações Asma e DPOC (tratamento de exacerbações por períodos de 5 a 10 dias) Prednisolona Em casos muito graves de DPOC pode ser necessário Hidrocortisona manter a longo prazo Dexametasona Ou em doenças difusas pulmonar Corticosteroides inalados (CI): Beclometasona Budenosida Fluticasona Para o controlo da Asma No controlo da DPOC Geralmente aplicam-se 2 vezes por dia em sistemas MDI ou DPI São muito eficazes quando associados a Beta2-agonistas de longa acção Isoladamente ou em associação a broncodilatadores para o controlo das doenças obstrutivas e prevenção das exacerbações O mais usado e mais acessível é a Beclometasona (também há a Budenosida ou a Fluticasona). A sua potência anti-inflamatória é diferente, dendo ter-se em conta quando se pretende decidir sobre regime de tratamento com baixa, média ou alta dose (vide Tabela 11). Comparação da potência dos corticosteroides inalados: Tabela 11. Doses equipotentes estimadas de corticosteroides inalados para adultos e crianças Fármaco Dose diária baixa Dose diária media Dose diária alta Beclometason 100-500 >500-1000 >1000-2000 Budenosida 200-500 (nebulizado) >400-800 >800-1600 Fluticasona 100-250 >250-500 >500-1000 Em idade pré-escolar a dose baixa é definida com a que não se associa a efeitos clínicos adversos observados em ensaios, incluindo os critérios de segurança. Page 29 of 45 Actualização Agosto 2014 C. Antibióticos Idealmente o tratamento antibiótico deve ser determinado pelas características do quadro infeccioso e do agente em causa, decidindo-se caso a caso; 1. Contudo, em ambiente PAL, que se apresentam com agudização de doença obstrutiva crónica (principalmente DPOC, mas também outras) que podem necessitar de um antibiótico de largo espectro de forma a cobrir os patogénicos mais prováveis; 2. A primeira escolha deve ser um da família dos beta-lactâmicos (amoxicilina) se se tratar de doente não imunossuprimido e mesmo que seja uma pneumonia da comunidade, não grave (vide norma para tratamento da pneumonia); 3. Nos casos de imunodeprimidos, pneumonia grave ou adquirida no hospital é necessário fazer combinações de antibióticos; Quando há um diagnóstico médico de TB, seja casos confirmado bacteriologicamente ou não, o tratamento deve ser segundo os regimes standard do PNLT, conforme se trata de um casos novo ou de um retratamento, ou haja suspeita de TB-MR. Tabela 12. Dosagens de medicamentos em ambiente PAL Adulto (>50 kg) Crianças 5-15 anos (<50 kg) Observações Salbutamol compr 4 mg Salbutamol xarope 2 mg/5ml Salbutamol sol para nebulização 5 mg/ml Salbutamol MDI 100 ug/puff 1x 4 mg 3-4 x/dia (½ a1)x 4 mg 3-4 x/dia 2x 5ml 3-4 x/dia (1 a 2)x 5ml 3-4 x/dia 0,5 ml em 3 ml de soro 1x/hora 2-3 puffs, pode repetir 30’, 60’ e 4/4h 0,5 ml em 3 ml de soro 1x/hora 2-4 puffs, pode repetir 30’, 60’ e 4/4 h Fórmula preferida para casos gaves Fórmula preferida para casos menos gaves Crianças sempre c/Cam Exp Ipratrópio Sol para nebulização. Unidose de 1ml =0,24mg Ipratrópio, MDI 20 ug/puff 1 unidose em 2-3ml de soro 4x/dia 1 unidose em 2-3ml de soro 4x/dia 2-3 puffs 4X/dia 2-3 puffs 4x/dia Pode ser administrado em simultâneo com B2 agonista Pode ser administrado em simultâneo com B2 agonista Aminofilina compr 100 mg Aminofilina amp 25 mg/ml 2x 10 mg/kg 2,2 mg/kg 1º dose 0,9 mg/kg/hora 2x 10 mg/kg 0,7 mg/kg/hora Prednisolona compr 5 mg 10 dias: 50, 50, 40, 40, 30, 30 mg, ….. 2x 0,5-1 mg/kg Hidrocortisona amp Dexametasona compr 0,5 mg 4-6x 1 mg/kg 1x 4-8mg dose inicial Dia 2-3: 2x 1 mg Dia 4-5: 2x 0,5 mg Dia 6-7: 1x 0,5 mg 4-6x 1 mg/kg 0,5 mg/kg dose inicial B: 200-400 mcg/dia M: 400-800 mcg/dia A: 800-1600 mcg/dia 100-800 mcg/dia 3-4x 500-750 mg 3-4x 500-1000 mg 100 mg/dia (dose inicial 3x 20 mg/kg 3x 40 mg/kg 4 mg/kg dose inicial Dexametasona amp 4 mg/ml Beclometasona inalador Amoxicilina via oral Amoxicilina iv Doxiciclina via oral Crianças: 3-5 dias e depois diminuir (10% por dia). Dose máxima: 40 mg Diminuir em 5-7 dias. Diminuir em 5-7 dias (4mg dexametasona ~ 30 mg prednisolona Page 30 of 45 Actualização Agosto 2014 Eritromicina c 250 mg Eritromicina xarope 125 mg /5ml Ciprofloxacina compr 500mg Cefuroxim Cotrimoxazol 480 mg Cotrimoxazol 240 mg/5 ml Ampicilina Compr 250 mg Ampicilina Amp 500mg 200 mg) 4x 500 mg 2 mg/kg/dia 3x 10-15 mg/kg 3x 10-15 mg/kg 2x 500-1000 mg 2x 15-20 mg/kg 3x 500 mg 2x 2 compr 480 mg 4x 500 mg 3x 2x 2x 3x 4x 500 mg 3x 20 mg/kg 25 24 24 20 mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg Pneumonia (> 5 anos) a) Previamente saudáveis e sem antibioterapia nos três meses anteriores: Primeira linha: amoxicilina, 500mg, 8/8 horas; Em alternativa: se houver intolerância à amoxicilina: doxiciclina, 200mg dose inicial, depois, 100mg 12/12 horas ou eritromicina, 500mg 12/12 horas. b) Com co-morbilidades ou antibioterapia nos três meses anteriores: Primeira linha: amoxicilina, 1g, 8/8 horas associada a um dos dois seguintes doxiciclina 200mg dose inicial depois 100mg 12/12 horas ou eritromicina 500mg 12/12 horas; Excepções: fluoroquinolones (ciprofloxacina, 500mg, 24/24 horas se existir intolerância aos agentes de primeira linha. As cefalosporinas (cefuroxima 250 a 500mg 12/12 horas) são β-lactâmicos alternativos à amoxicilina. D. Oxigénio e ventilação não invasiva O O2 é largamente usado nos sintomáticos respiratórios, quer em situações de urgência ou em crónicos, quer nos serviços de saúde ou, de longa duração no domicílio. Embora seja boa prática confirmar que há hipoxémia para que se prescreva O2, em ambiente PAL esta avaliação pode não ser exequível, deve-se então ser “generoso” em urgência, pois está indicado para: 1. Alívio dos sintomas; 2. Prolongamento da sobrevida. Em doentes com exacerbação de DPOC grave a administração de O2 em concentração elevada e sem controlo pode levar à retenção do CO2 e acidose respiratória (de que se deve suspeitar se começar com alterações do comportamento, confusão ou sonolência. O sistema de administração do O2 depende da situação clínica: 1. Em doentes graves, nos serviços de saúde deve usar-se altos débitos de O2 com máscara facial, sendo que a fracção inspirada de O2 (FiO2) deve ser controlada por diferentes sistemas de Venturi (possibilitando a regulação do FiO2 para valores entre os 24 a 60% (vide figura) 2. Em situações menos graves e que se supõe que oxigenem facilmente, com baixos débitos, pode usar-se as cânulas nasais que Page 31 of 45 Actualização Agosto 2014 proporcionam FiO2 de 24% com um débito de 1 l/min (aumentando 4% por cada litro que se aumente no débito). Norma Nos doentes adultos com insuficiência respiratória crónica estável, a prescrição de oxigeno terapia de longa duração e determinada pelos seguintes valores de gasometria arterial: a) PaO2<55 mm Hg [Evidencia B (GOLD). Recomendação A (ATS/ERS)] b) PaO2 entre 55-60 mm Hg, se na presença de cor pulmonale crónico ou hipertensão da artéria pulmonar e/ou poliglobulia (Ht> 55%) [Evidencia C (GOLD). Recomendação A (ATS/ERS)]. XII. Fisioterapia A fisioterapia em geral, pelo seu poder de reabilitação é da maior importância principalmente para os doentes com doenças respiratórias crónicas. Estes doentes estão frequentemente desnutridos e têm fusão muscular acentuada dos músculos da cintura escapular e do diafragma, agravando progressivamente a já tão reduzida capacidade para o esforço. Por outro lado, nas situações agudas, pode ser muito importante fortalecer e tornar mais eficaz a tosse e contrariar a respiração paradoxal. É o caso dos doentes em crise de asma em que muitas vezes entram em falência por exaustão do diafragma. Em ambiente PAL, os profissionais devia receber treino específico para esta situação tão frequente, com grandes vantagens para o conforto dos doentes e para a redução da mortalidade. No campo da TB é de salientar que os casos de pleurisia têm indicação forma para cinesiterapia como forma de evitar as sinéquiass e os encarceramentos pulmores. XIII. Procedimentos invasivos Ventilação Mecânica: A ventilação mecânica é um procedimento absolutamente vital para um doente que esteja em hipoventilação seja porque for a causa (respiratória; cárdiorespiratória, neurológica ou outra). Enquanto a oxigenação pode ser ajudada com administração de altos FiO2 com grande margem de sucesso na resolução da hipóxia, na hipercápnia e consequente acidose respiratória, não existe nenhum ouro meio de compensar a não ser com ventilação artificial, seja com simples Ambu, seja com ventiladores mais ou menos sofisticados. Em ambiente PAL é da maior importância que haja disponibilidade de Ambus e treino aos profissionais em manobras básicas de manutenção da via aérea e ventilação manual. 13.1 Punção pleural: Para reduzir volume intrapleural em caso duma derrame pleural volumosa que impede a ventilação; Page 32 of 45 Actualização Agosto 2014 13.2 Broncoscopia: A broncoscopia pode ter objectivos diagnósticos (maioritariamente para biópsias de tumores) ou para terapêutica (maioritariamente em situações de urgência: Corpos estranhos, hemoptises). Pelo menos para as situações de urgência, algumas com risco de vida, é desejável que permaneça no país pelo menos um médico hospitalar com experiência em broncoscopia rígida, na medida que em equipa por anestesistas pode ser determinantes para salvar muitos destes casos. 13.3 Traqueotomia: A traqueotomia é um procedimento que visa a criação de uma via aérea alternativa de forma a contornar uma obstrução das cordas vocais ou da região subglótica, é uma técnica programada quando se trata de tumores ou estenoses cicatriciais, e quando se pretende manter uma intubação estável para ventilação mecânica prologada. Geralmente é praticada por ORL ou Cirurgiões, tem técnica muito bem estabelecida e decorre sem dificuldade de maior. Contudo, há situações de urgência, ou de extrema urgência que podem acontecer em ambiente PAL, e que, ou se actua de imediato, ou a morte ocorre em escassos minutos por asfixia. Acontece em situações de traumatismo directo, em condições de politrauma, em aspiração de corpo estranho e em episódios de edema da glote por urticária, angeoedema, picada de himenóptero, etc… O carácter de urgência implica que se proceda onde se estiver e com o material que houver. Porém, para fins didácticos passa-se a enunciar os passos principais que se devem seguir: 1. Encontrar os materiais necessários: vai ser preciso um objecto cortante (faca, lâmina, canivete, etc.) e qualquer cânula ou tubo para manter a incisão aberta e o ar poder circular (palha, caneta ou um tubo feito naquele momento mesmo com uma folha de papel ou cartolina) 2. Localizar o lugar onde será feita, passados escassos segundos, a incisão (se possível marcar com caneta um traço transversal logo abaixo da cartilagem tiróide (sobre a depressão que se sente entre o bordo inferior da tiroideia a cartilagem cricóide). 3. A incisão: a melhor prática é fazer uma pequena incisão horizontal de 1 cm (1 cm de profundidade, não mais). 4. Abrir a traqueia e assegurar a circulação de ar: traqueia aberta através de incisão que foi feita e colocar uma cânula ou tubo para manter o buraco aberto e deixar o ar circular. 5. É imperativo, que entretanto, que alguém se comprometa a chamar ambulância para o doente ser transportado ao hospital sem demora. 6. Fornecer oxigénio (se houver sinais de hipoxia mantidos) enfiando um cateter no tubo, ou se este for estreito, cobrindo a estomia com uma máscara e alto débito de O2. Cirurgia torácica: A cirurgia torácica programada é um procedimento hospitalar, mas os profissionais que trabalham em ambiente PAL podem ter um papel decisivo para referenciar uma larga gama de situações clínicas que precisam de ser diagnosticadas na rede PAL, assim como estabilizadas para serem transporte viabilizado. Das situações mais frequentes de cirurgia por referência PAL é a 13.4 Page 33 of 45 Actualização Agosto 2014 drenagem de pneumotórax, de empiemas e abordagem de traumatismos torácicos com ou sem feridas, e com ou sem estabilidade da grelha costal 14 Escolhas de tratamento em algumas síndromes e doenças Situações agudas Salbutamol inalado, solução para nebulização Ipratrópio inalador Teofilina comprimidos ou aminofilina iv Broncodilatadores de longa duração Corticosteroides inalados Corticosteroides sistémicos (Prednisolon comprimidos ou Hidrocortison injectável) b) Hemoptises: adrenalina c) Emergência Cardíaca: Frusemide, Trinitrato de glicerina, aspirina d) Refluxo GE: ranitidina e) IRA Amoxicilina Doxiciclina Eritromicina Cefuroxim (1º nível de referencia) Paracetamol Fluidos IV salinos Fluidos IV glicosados 15 Equipamentos essenciais em PAL Posto Sanitário Estetoscópio Medidor de TA Otoscópio Termómetro Lanterna Espátulas Cânula de Mayo Seringas e cateteres IV Ambu para ventilação Recipiente expectoração Máscaras cirúrgicas Respiradores Luvas Latex Centro de Saúde (BU) Estetoscópio Medidor de TA Otoscópio Termómetro Lanterna Espátulas Cânula de Mayo Seringas e cateteres IV Ambu para ventilação Recipiente expectoração Máscaras cirúrgicas Respiradores Luvas Latex Hospital (BU) Estetoscópio Medidor de TA Otoscópio Termómetro Lanterna Espátulas Cânula de Mayo Seringas e cateteres IV Ambu para ventilação Recipiente expectoração Máscaras cirúrgicas Respiradores Luvas Latex Oxímetro de Pulso Nebulizador e acessórios (máscaras de diferentes tamanhos) Câmaras de expansão Aspirador e mat. acessório Oxímetro de Pulso Espirómetro Nebulizador e acessórios (máscaras de diferentes tamanhos) Câmaras de expansão Aspirador e mat. acessório Concentrador de O2 Dispositivos de administração de O2 Oxímetro de Pulso Espirómetro Nebulizador e acessórios (máscaras de diferentes tamanhos) Câmaras de expansão Aspirador e mat. acessório Concentrador de O2 Cilindro de O2 gasoso Dispositivos de administração de O2 Material drenagem pleural Material Traqueotomia a. Equipamentos essenciais em PAL existente em STP (PNLT deve adaptar a tabela) Page 34 of 45 Actualização Agosto 2014 Posto Sanitário Estetoscópio Medidor de TA Termómetro Lanterna Espátulas Seringas e cateteres IV Recipiente expectoração Máscaras cirúrgicas Luvas Latex Centro de Saúde (BU) Estetoscópio Medidor de TA Otoscópio Termómetro Lanterna Espátulas Seringas e cateteres IV Ambu para ventilação Recipiente expectoração Máscaras cirúrgicas Respiradores Luvas Latex Oxímetro de Pulso Aspirador e mat. acessório Hospital (BU) Estetoscópio Medidor de TA Otoscópio Termómetro Lanterna Espátulas Cânula de Mayo Seringas e cateteres IV Ambu para ventilação Recipiente expectoração Máscaras cirúrgicas Respiradores Luvas Latex Oxímetro de Pulso Espirómetro Nebulizador e acessórios (máscaras de diferentes tamanhos) Câmaras de expansão Aspirador e mat. acessório Concentrador de O2 Cilindro de O2 gasoso Dispositivos de administração de O2 Material drenagem pleural Material Traqueotomia 16 Referência dum sintomático respiratório a. Referenciação, premência dos cuidados e condições de transporte Em princípio podemos distinguir vários tipos de referência. 1. Referenciação urgente por alerta vermelho (emergência) 2. Referenciação urgente por alerta amarelo (urgência) 3. Referenciação electiva Referenciação consiste no envio de um doente de uma instância da rede de saúde para uma instância superior em termos de diferenciação dos cuidados a prestar. Consiste num procedimento que se baseia no diagnóstico da situação e na ponderação dos sinais de alerta, do grau de incómodo para o doente e da sobrecarga para o serviço de destino. Requer conhecimentos técnicos, bom senso e experiência por parte dos profissionais que enviam, e requer uma muito boa articulação entre os serviços (aspecto nuclear da Estratégia PAL) Conforme os critérios que determinam a referenciação, pode ser de Urgência ou Electiva Devemos respeitar os seguintes regras de transporte: • • Só deslocar o doente depois de explorar ao máximo as possibilidades de estabilizar os sinais vitais Garantir a permeabilidade das vias aéreas (dúvida? Entuba) Page 35 of 45 Actualização Agosto 2014 • • • • Garantir a ventilação, espontânea ou com Ambu Garantir a oxigenação Garantir o acesso vascular (idealmente, duas veias cateterizadas) Comunicar a transferência (Tel/Ficha PAL) Urgente com Alerta Vermelho • • • • • • • • • • • • Paragem Cardio-Respiratória Politaumatizado Grave (>2 sistemas afectados) Traumatismo Craneo-encefálico grave Estado de chock Estado mental deteriorado/coma Dificuldade respiratória grave Dor torácica + Falta de ar Crise convulsiva Hemoptises abundantes Aspiração de corpo estranho + dispneia Pneumotorax Hipertensivo Estado séptico (febre, exantema petequial, púrpura e alts da consciência) Sinais vitais numa situação de Alerta Vermelho Pulso <45 ou >140 (adulto) PA diastólica >130 mmHg PA sistólica <80 FR <10 ou >34 Urgente com Alerta Amarelo • • • • • • • • Diminuição do nível de consciência Politaumatizado s/ alts dos sinais vitais História de convulsões Dor torácica Dispneia progressiva (crise) Hemoptise moderada mas persistente Aspiração de corpo estranho estabilizado há mais de 6Horas Pneumotorax Hipertensivo Sinais vitais numa situação de Alerta Amarela Pulso <50 ou >140 (adulto) PA diastólica >130 mmHg PA sistólica <90 ou >240 mmHg FR >10 ou <34 Referenciação electiva • • • • • • Derrame pleural sem dispneia Asma/DPOC não controlada Pneumonia aguda Tosse aguda intensa, recorrente, refractária Dor torácica Dispneia progressiva sem alts ds sinais vitais Page 36 of 45 Actualização Agosto 2014 • • • • Suspeito de TB Síndroma febril indeterminado TB com insucesso terapêutico Insuficiência cardíaca congestiva Sinais vitais estabelecidos 17 Uso da Ficha PAL O resultado final de cada episódio PAL em determinado Sintomático Respiratório deve ser registado no mesmo documento (Ficha PAL) em que se fez o restante registo. Os dados aí ficam disponíveis e têm utilidade imediata quando se decide referenciar o doente para uma instância superior, visto dever ser portador de cópia da finha única. Assim, são da maior importância a colecção destes dados para acompanhamento da própria estratégia PAL: Deverá ser explicitado se o doente foi referenciado ou foi com alta para o domicílio, se ficou internado no CS ou se houve óbito. No caso de ter sido referenciado para instância superior, deverá justificar-se o motivo e indicar se é urgente ou electiva. Page 37 of 45 Actualização Agosto 2014 FICHA PAL para classificação, manejo e referência DIAGNOSTICO Sintoma(s) e Sinais Tosse Pieira Dor torácica Expectoração Dispneia Cianose Hemoptise FR: Taquipnea FC: Temp: Perda de peso Febre AP: Outra: S. Respiratório Agudo S. Infeccioso S. Traumático S. Respiratório Crónico S. Cardiovascular S. Neoplástico DIAGNOSTICO Síndroma DIAGNOSTICO Doença Rinosinusite aguda alérgica Pneumotorax Asma Bronquiolite aguda Outras doenças brônquicas crónicas Doença pulmonar difusa Outra: Derrame pleural S. Torácico agudo da Drepanocitose DPOC Rinosinusite aguda infecciosa Bronquite aguda infecciosa Pneumonia Outra: Laringotraqueite Cancro do pulmão Tuberculose Outra: Insuficiência cardíaca Outra: História Pregressa / História Actual: ___________________________________ AVALIAÇAO Meios Auxiliares Diagnósticos: SaO2: ____% Raios X: _________________________________________ BK: ___/___ Espirometria: TRATAMENTO O2 B2 agonistas Anti-muscarínicos Xantinas Corticosteroides Antibiótico Outro: FEV1/CVF= ________% Tipo Quantidade e forma Resposta ….. L/min por prongs nasais/mascara/… …………………………… …… compr/inalador/i.v. …………………………… …… /inalador/i.v. ……………………… …..compr/rectal/i.v. ……………………………compr/susp. oral/inalador/i.v. DESTINO E REFERENCIAÇÃO REGISTO: FEV1 = ___% 0 Alta domicílio com diagnóstico de saída: _______________ 0 Referenciado para urgência porquê: __________________ 0 Referenciado para consulta especializado porquê: ________ 0 Internamento CdS 0 Óbito Sintomas Classificação Tratamento Page 38 of 45 Actualização Agosto 2014 Notificações das carências: 0 Médico 0 O2 0 _________ 0 Enfermeiro 0 B2 med 0 _________ OBSERVAÇOES:________________________________________________________________ DATA: ___/___/____ ANEXO I Hora: ____:____ Responsável__________________ Procedimentos para obtenção de amostras clínicas para bacteriologia Este anexo faz a revisão dos procedimentos básicos com métodos simples, para a obtenção de amostras clínicas para a realização da baciloscopia da expectoração em crianças, e que podem ser: expectoração, aspiração gástrica e indução da expectoração. A. Expectoração Antecedentes Todas as amostras de expectoração produzidas pelas crianças, devem ser enviadas para baciloscopia e, sempre que disponível, para cultura micobacteriana. As crianças que conseguem produzir uma amostra de expectoração podem ser infecciosas, por isso, tal como aos adultos, deve-lhes ser feita a colheita ao ar livre e nunca num local fechado, (como casas de banho) a não ser que haja um quarto especialmente equipado para este efeito. Devem ser obtidas três amostras: uma amostra imediata, (na primeira consulta de avaliação), uma amostra na manhã do dia seguinte (matinal) e uma segunda amostra imediata (na consulta de controlo). Técnica para obtenção: (1) 1. Tranquilizar a criança explicando-lhe (e a qualquer membro da família) as razões para a colheita da expectoração; 2. Explicar à criança como lavar a boca com água antes da produção da amostra. Isto ajudará a remover comida ou qualquer bactéria contaminante aí existente. 3. Pedir à criança para fazer duas inspirações profundas, sustendo a respiração por alguns segundos após cada inspiração e depois expirar devagar. Pedir-lhe para inspirar uma terceira vez e depois expirar com toda a força. Pedir-lhe para inspirar novamente e depois tossir. Isto deverá produzir expectoração do fundo dos pulmões. Pedir à criança para manter o recipiente perto dos lábios e para cuspir nele com cuidado, depois de uma tosse produtiva. 4. Se a quantidade de expectoração for insuficiente, encorajar o doente a tossir novamente até que seja obtida uma amostra satisfatória. Devem-se lembrar que é normal o facto de muitos doentes não conseguirem produzir expectoração do fundo dos pulmões em apenas alguns minutos, daí terem necessidade da repetição dos procedimentos. Dar à criança tempo suficiente para que possa produzir uma expectoração que ela sinta que resulte de uma tosse profunda. Page 39 of 45 Actualização Agosto 2014 5. Se não houver expectoração, considerar o recipiente como usado e deite-o fora de maneira apropriada. B. Aspiração gástrica Antecedentes As crianças com TB engolem o muco contendo M. tuberculosis. A aspiração gástrica é uma técnica usada para colheita do conteúdo gástrico, para tentar confirmar o diagnóstico da TB por microscopia e cultura micobacteriana. Devido ao desconforto causado à criança, e geralmente baixa rentabilidade da microscopia com esta técnica, apenas deverá ser usada onde existam a cultura e a microscopia. A microscopia pode algumas vezes dar resultados falsos-positivos (em especial nas crianças infectadas pelo VIH e que estão em risco de terem micobactérias não-tuberculosas). A cultura permite determinar a susceptibilidade dos organismos às drogas anti-TB. O aspirado gástrico é usado para a colheita de amostras para microscopia e cultura micobacteriana nas crianças pequenas, que não conseguem expectorar de forma espontânea ou induzida, usando o soro salino hipertónico sendo mais fácil nas hospitalizadas. Contudo, a fiabilidade do diagnóstico (cultura positiva) de uma série de três aspirados gástricos é de apenas 25 –50% em crianças com TB activa, por isso a baciloscopia ou cultura negativas nunca excluem a TB infantil. Nestes casos o aspirado gástrico é realizado nas que têm suspeita de TB pulmonar. Durante o sono, o sistema mucobaciliar empurra o muco para a garganta. O muco é engolido e permanece no estômago até que este se esvazie. Por isso, as amostras com maior fiabilidade são logo as do início da manhã. Em cada doente, deve ser realizado o aspirado gástrico em três manhãs consecutivas. Este é o número que parece maximizar a rentabilidade da positividade das amostras. É de notar que o primeiro aspirado tem a maior fiabilidade. A realização do teste de forma apropriada requer normalmente duas pessoas (uma que realiza o teste e um assistente). As crianças não devem ter comido durante pelo menos 4 horas (3 horas nos bebés) antes do exame, e as crianças com contagem de plaquetas baixa ou com tendência para hemorragias, não devem realizar o exame. Para este procedimento é necessário o seguinte material: luvas sonda nasogástrica (normalmente nº10 ou maior) seringa de 5, 10, 20 ou 30 cm3, com conector apropriado à sonda nasogástrica papel de litmus recipiente para o escarro caneta (para marcar as amostras) fichas de requisiçaõ do laboratório água esterilizada ou soro fisiológico (0.9% NaCl) solução de bicarbonato de sódio (8%) álcool /clorohexidina. Técnica de procedimento: Page 40 of 45 Actualização Agosto 2014 O exame deve ser feito logo de manhã ao acordar, no doente internado, pode ser feito na cama da criança ou num quarto específico para o efeito (se disponível), ou ao doente em ambulatório (desde que os profissionais de saúde estejam devidamente equipados). A criança deve ter comido pelo menos 4 horas antes do exame (bebés há 3 horas). O procedimento deve ser feito da seguinte forma: 1. Arranjar um assistente para ajudar. 2. Preparar todo o material antes de iniciar o exame. 3. Colocar a criança de costas ou de lado. O assistente deve segurar a criança. 4. Medir a distância entre o nariz e o estômago, para avaliar a distância necessária para inserir a sonda até ao estômago. 5. Ligar uma seringa à sonda nasogástrica. 6. Inserir com cuidado a sonda no nariz e avançá-la até ao estômago. 7. Aspirar o conteúdo gástrico (2–5 ml) com auxílio da seringa ligada á sonda nasogástrica. 8. Para verificar se a posição da sonda está correcta, faça o teste do conteúdo gástrico com o papel de litmus: litmus azul passa a vermelho, em resposta ao conteúdo ácido do estômago. (Isto pode também ser realizado injectando algum ar (ex. 3 –5 ml) da seringa no estômago e ouvindo com estetoscópio em cima do estômago.) 9. Se não for aspirado nenhum fluído, injectar 5–10 ml de água esterilizada ou soro fisiológico e tentar aspirar novamente. Se mesmo assim não obtiver sucesso, deve tentar de novo (mesmo que a sonda esteja numa posição incorrecta e a água ou o soro fisiológico seja inserido nas vias aéreas, o risco de efeitos secundários é muito pequeno). Não repetir mais do que três vezes. 10. Aspirar o conteúdo gástrico (idealmente pelo menos 5–10 ml). 11. Transferir o fluído gástrico da seringa para um recipiente esterilizado (para colheita de expectoração). 12. Adicionar à amostra um volume equivalente de solução de bicarbonato de sódio (de forma a neutralizar o conteúdo ácido gástrico e assim prevenir a destruição dos bacilos da TB). Após o exame deve: 1. Limpar e rotular o recipiente da amostra com álcool/clorohexidina para prevenir a infecção cruzada. 2. Preencher a ficha de requisição do laboratório. 3. Transportar, o mais rápido possível (dentro de 4 horas) a amostra (numa caixa refrigerada) para o laboratório. 4. Se o transporte levar mais de 4 horas, colocar a amostra na geleira (4–8 °C) e mantê-la aí até ser transportada. 5. Alimentar a criança com a sua alimentação habitual. Page 41 of 45 Actualização Agosto 2014 Segurança A aspiração gástrica normalmente não é uma técnica que provoque aerossóis. Como as crianças pequenas também têm um baixo risco de transmissão da infecção, a aspiração gástrica pode ser considerada uma técnica de baixo risco de transmissão da TB e pode ser realizada com segurança na cama da criança ou num quarto de exames de rotina. C. Indução da expectoração É de notar que, ao contrário da aspiração gástrica, a indução da expectoração é uma técnica geradora de aerossóis. Por isso, sempre que possível, esta técnica deve ser realizada num quarto isolado, que tenha medidas adequadas de controlo da infecção (pressão negativa, luz ultravioleta acesa quando o quarto não estiver a ser usado e um extractor de ar). A indução da expectoração é considerada um exame de baixo risco. Foram notificados muito poucos efeitos secundários e estes incluem tosse, pieira ligeira e hemorragia nasal. Estudos recentes mostraram que esta técnica pode ser realizada com segurança mesmo nas crianças pequenas (2), embora o pessoal necessite de formação específica e de material especializado para a sua realização em crianças. Abordagem geral Deve-se examinar a criança antes do exame, para garantir que se encontra suficientemente bem para a sua realização. As crianças não devem fazer a indução da expectoração nas seguintes situações: Jejum inadequado: se a criança não estiver em jejum durante pelo menos 3 horas, adiar o exame até ao tempo apropriado. Sindroma de dificuldade respiratória (incluindo a respiração rápida, pieira, hipóxia). Entubação. Hemorragia: contagem de plaquetas baixa, tendência para sangrar, (epistaxis) hemorragia nasal grave (sintomático ou contagem de plaquetas <50/ml sangue). Nível de consciência reduzido. História significativa de asma. Exame 1. Administrar um broncodilatador (ex. salbutamol) para redução do risco de pieira. 2. Administrar um nebulizador salino hipertónico (3% NaCl) durante 15 minutos ou até que 5 cm3 da solução tenham sido completamente administrados. Page 42 of 45 Actualização Agosto 2014 3. Fazer fisioterapia respiratória se necessário; isto é útil para mobilizar as secreções. 4. Nas crianças mais velhas que conseguem expectorar, devem se seguir as indicações descritas na Secção A sobre a colheita da expectoração. 5. Nas crianças incapazes de expectorar (ex. crianças pequenas), deve procederse da seguinte forma: (i) proceder à sucção das narinas para remoção das secreções nasais; (ii) proceder à aspiração nasofaringea para conseguir a colheita de uma amostra adequada. Todo o material que for reutilizado necessita de ser desinfectado e esterilizado antes de ser usado no doente seguinte. Anexo II Administração, leitura sensibilidade à tuberculina (PPD) e interpretação do teste Um TST é uma injecção intra-dérmica de uma combinação de antigénios micobacterianos que provoca uma resposta imunológica (hipersensibilidade de tipo retardado), representada por induração, que deve ser medida em milímetros. O TST, usando o método de Mantoux, é a forma de detecção de pessoas infectadas com o M. tuberculosis. O teste de multi-punctura não deverá ser usado para determinar se uma pessoa está infectada, porque estes testes não são fiáveis (pois a quantidade de tuberculina injectada intra-dermicamente não pode ser controlada com precisão).Os detalhes para a administração, leitura e interpretação um TST, são dados a seguir, usando 5 unidades de tuberculina (UT) PPD-S. Uma alternativa a 5 UT de tuberculina PPD-S é 2 UT de tuberculina PPD RT23. Administração: 1. Localizar e limpar o local da injecção 5–10 cm (2–4 polegadas) abaixo da articulação do cotovelo Colocar o antebraço com a palma da mão para cima numa superfície firme e plana. Seleccionar uma área livre de barreiras (ex. escaras, feridas) para o teste. Limpar a área com um algodão com álcool. 2. Preparar a seringa Verificar a data de validade no frasco e assegurar-se que ele contém tuberculina PPD-S (5 UT por 0.1 ml). Usar uma seringa de dose única com uma agulha pequena (¼ - a ½ polegadas) de calibre 27-com bisel curto. Encher a seringa com 0.1 ml de tuberculina. 3. Injectar a tuberculina (ver Figura A1.1) Inserir a agulha devagar, com o bisel para cima num ângulo de 5–15 °. A agulha do bisel deverá ser visível logo abaixo da superfície da pele. Page 43 of 45 Actualização Agosto 2014 4. Verificar o local da injecção Após a injecção, deverá aparecer um nódulo intra-dérmico de 8 – 10 mm de diâmetro. Se não aparecer, repetir a injecção a pelo menos 5 cm (2 polegadas) do local original. 5. Registar a informação Registar toda a informação necessária requerida pela instituição (ex. data e hora da administração do teste, localização do local da injecção, número do lote da tuberculina). Figura AII.1 Administração do teste de tuberculina usando o método de Mantoux Leitura: Os resultados deverão ser lidos entre as 48 e 72 horas após a administração. Um doente que não regresse dentro das 72 horas seguintes provavelmente necessitará de repetir o TST. 1. Verificar o local Verificar visualmente o local da injecção com uma boa luz, e medir a induração (espessamento da pele), não o eritema (vermelhidão da pele). 2. Palpar a induração Usar a ponta dos dedos para encontrar as margens da induração. 3. Marcar a induração Usar as pontas dos dedos como um guia para marcar as margens da induração. 4. Medir o diâmetro da induração usando uma régua flexível Colocar a linha “0” da régua na margem esquerda da induração. Lêr a linha da régua na margem direita da induração (usar a medição mais pequena se ficar entre duas graduações na escala em mm). 5. Registar o diâmetro da induração Page 44 of 45 Actualização Agosto 2014 Não registar como “positivo” ou “negativo”. Registar as medidas sempre em milímetros. Se não houver induração, registar como 0 mm. Interpretação: A interpretação do TST depende de dois factores: Diâmetro da induração; Risco de infecção da pessoa por com TB e risco da progressão da doença se já estiver infectada. O diâmetro da induração de ≥5 mm é considerado positivo em: crianças infectadas com o VIH crianças gravemente malnutridas (com evidência clínica de marasmo ou kwashiorkor). O diâmetro da induração ≥10 mm é considerado positivo em: Todas as outras crianças (quer tenham ou não recebido a vacina BCG). As causas de TST falsosnegativos são apresentadas no parágrafo 4.5.4 Page 45 of 45 Actualização Agosto 2014