Parecer do Grupo Técnico de Auditoria em Saúde 4 0 /0 6 Tema: Polimixina E (colistina) I – Data: 23/10/2006 II – Grupo de Estudo: Dra. Célia Maria da Silva Dra. Izabel Cristina Alves Mendonça Dra. Lélia Maria de Almeida Carvalho Dr. Lucas Barbosa da Silva Dra. Sandra de Oliveira Sapori Avelar Dra. Silvana Márcia Bruschi Kelles Bibliotecária: Mariza Cristina Torres Talim III – Tema: Polimixina E ( colistimetato sódico: Colis-Tek) IV – Especialidade(s) envolvida(s): Infectologia, Terapia intensiva. V – Questão Clínica / Mérito: Há evidências científicas para o uso da polimixina E (colistina) em pacientes com infecção por bactérias gram-negativas multi-resistentes? O tratamento é custo-efetivo? VI – Enfoque: Tratamento VII – Introdução: Um dos maiores avanços da medicina foi o desenvolvimento de antibióticos para o tratamento de infecções potencialmente fatais. Entretanto, nas duas últimas décadas houve redução na descoberta de novos agentes antimicrobianos com aumento da resistência bacteriana aos agentes antimicrobianos já disponíveis. Há uma crescente emergência de cepas multirresistentes, particularmente das bactérias gram-negativas como Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii e Klebsiella pneumoniae. Com a falta de um novo agente antimicrobiano promissor, os infectologistas clínicos e microbiologistas tiveram que reavaliar as polimixinas, usadas na prática clínica nos anos 60 a 80 e abandonadas devido à alta toxicidade relatada, principalmente nefrotoxicidade e neurotoxicidade. As polimixinas são ativas contra bactérias gram-negativas, inclusive espécies de Acinetobacter, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella e Enterobacter. O uso parenteral das polimixinas foi abandonado, porém foi mantido para tratamento tópico, na oftalmologia e otorrinolaringologia. Em pacientes com fibrose cística que podem apresentar colonização precoce por Pseudomonas multirresistentes, com risco elevado para infecções pulmonares recorrentes, a polimixina continuou a ser usada por via intravenosa e inalatória. A reintrodução das polimixinas por via venosa para tratamento de infecções graves (pneumonia, sepse, ITU) por bactérias gram-negativas resistentes às classes de antimicrobianos disponíveis, levaram à conclusão de que esses antibióticos têm efetividade aceitável e menor toxicidade do que os relatadas nos estudos antigos (1) (2) (3). VIII – Registro ANVISA: Registrada na ANVISA: no. 12748.0023.001-0 5294.01-0 Colistimetato Sodico 0348.01-5 Colistina IX – Metodologia 1. Bases de dados pesquisadas: Bireme (Cochrane Library, Lilacs), Medline (Pub Med). 2. Palavras-chave utilizadas: colistina/colistin 3. Desenhos de estudos procurados: revisão sistemática de ensaios clínicos controlados e randomizados, metanálises, estudos prospectivos, série de casos, artigos de revisão e guidelines. 4. A pesquisa bibliográfica foi realizada no período 1995 a 2006. 5. Resultados encontrados e selecionados: 4 artigos de revisão, 4 estudos descritivos série de casos, 1 ensaio clínico. 6. População incluída: pacientes com infecções graves por bactérias gramnegativas multi-resistentes. X – Revisão Bibliográfica: As polimixinas são antibióticos polipeptídicos cíclicos que compreendem cinco componentes químicos diferentes (A, B, C, D, e E), descobertos em 1947. As polimixinas A e B são usadas amplamente em todo o mundo para tratamento tópico e oftalmológico. Em 1949 foi descoberta a colistina (polimixina E) que é sintetizada pelo Bacillus polymyxa (sub-espécie Colistinus koyama). A colistina foi usada inicialmente no Japão e Europa na década de 1950. Em 1959 foi introduzida nos Estados Unidos na forma de colistimetato sódico. O uso intravenoso foi abandonado gradualmente devido aos relatos de toxicidade renal, ficando restrito aos pacientes com fibrose cística para tratamento de infecções pulmonares por bactérias multirresistentes. São agentes bactericidas que atuam como detergentes nas membranas celulares dos micro-organismos. Há interação entre os polipeptídeos catiônicos da colistina com os lipopolissacarídeos da membrana das bactérias gramnegativas, levando a alterações da membrana, aumentando sua permeabilidade, com liberação do conteúdo celular e morte subseqüente. Tem, também potente atividade anti-endotoxina. As bactérias gram-negativas podem desenvolver resistências às polimixinas, através de mecanismos adaptativos. A mutação é herdada em baixo nível e independente da presença contínua da colistina. Outros mecanismos de resistência podem estar presentes como alterações na membrana celular e alterações no efluxo transmembrana do sistema bomba de potássio. A resistência cruzada entre a polimixina B e E é quase completa. É importante fazer a diferença entre a colistina e o colistimetato sódico de colistina. A colistina é geralmente usada como um sulfato e é um produto catiônico, enquanto que o colistimetato sódico é aniônico em pH fisiológico. O último não é estável in vivo e in vitro e é hidrolizado para derivados metasulfonatados mais colistina. A colistina é mais estável no plasma que o colistimetato. As apresentações disponíveis comercialmente podem apresentar quantidades diferentes dos produtos, portanto a verificação da bula do fabricante é importante, quando das prescrições clínicas. O colistimetato é excretado principalmente pelo rim e envolve secreção tubular, e a colistina é eliminada não predominantemente pela via renal, e pelo menos em parte sofre reabsorção renal. Depois da administração intravenosa de colistimetato a meia vida plasmática é aproximadamente a metade da colistina gerada in vivo em animais de experimentação e pacientes com fibrose cística. Como as polimixinas foram retiradas da prática clínica há várias décadas, as normas exigidas quanto ao conhecimento da farmacocinética e padrões de sensibilidade bacteriana não foram incorporadas e melhoradas para essa classe de antibióticos. A concentração inibitória mínima (CIM) é fundamental para avaliação da susceptibilidade bacteriana aos antibióticos e é usada amplamente como um guia no tratamento clínico. Os testes de sensibilidade avaliam a susceptibilidade bacteriana ao sulfato de colistina. Na França a faixa para CIM ≤ ! % & ' ( ) "# ! "# $ ≤ 4 mg/L indicam susceptibilidade, e resistência para níveis ≥ 8 mg/L. É necessário que haja padronização e melhoria dos testes de sensibilidade, além de maiores conhecimentos da farmacocinética e farmacodinâmica dessa droga. O colistimetato sódico é menos potente e menos tóxico que a colistina. Duas formas farmacêuticas são disponíveis no mercado: o sulfato de colistina para uso oral e o colistimetato sódico para uso intravenoso ou intramuscular. Pode ser usada pela via inalatória através de jatos, inaladores ultra-sônicos e por máscaras inaladoras de ventiladores. A toxicidade das polimixinas está relacionada principalmente aos efeitos renais e neurológicos. A nefrotoxicidade envolve necrose tubular aguda com redução do clearance de creatinina e aumento dos níveis de uréia e creatinina séricas. A neurotoxicidade está associada a tonturas, fraqueza muscular, paralisia facial, parestesia periférica, distúrbios visuais, confusão, ataxia. Bloqueio neuromuscular pode levar à insuficiência respiratória e apnéia. Na literatura antiga foi relatada incidência de aproximadamente 7% de neurotoxicidade e até 20% para nefrotoxicidade. Em estudos recentes para pacientes com fibrose cística a incidência foi mais baixa. Porém, nesses pacientes, a ocorrência de eventos neurotóxicos relacionados à colistina foi maior com relatos de até 29% de parestesias, ataxia ou ambos. A toxicidade renal e neurológica estão relacionadas às doses e geralmente são reversíveis com a suspensão da droga. As reações alérgicas ocorrem em aproximadamente 2% dos pacientes. As reações adversas de hipersensibilidade são representadas por rash cutâneo, urticária, prurido generalizado, febre, além de discretos distúrbios gastro-intestinais. Colite pseudo-membranosa é rara mas pode ser um efeito colateral adicional. O uso da via inalatória pode levar a constrição torácica e broncoespasmo. Uso prévio de broncodilatadores à inalação com colistina pode prevenir estes sintomas. Se usado via intratecal, principalmente em altas doses, pode levar a convulsões. Os estudos recentes demonstraram menores efeitos colaterais que quando usadas no passado. As explicações para isso podem ser pela melhoria da qualidade dos cuidados de suporte dos pacientes gravemente enfermos, pela monitorização renal, não uso concomitante de outros medicamentos nefrotóxicos e uso de doses mais baixas. As formulações que contém maior quantidade de sulfato de colistina apresentam maior toxicidade que a forma * colistimetato usada por via venosa e possivelmente os primeiros foram mais usados no passado. Tabela 1. Apresentação, vias de administração e doses das polimixinas (1) (2) , / - 0 500.000 UI pó liofilizado/inal/inj e com 1.000.000 UI - 1 . 2 2 0 2 3 0 . 4 5 4 )3 / 6 725 8 & / / ) 3: / &/ / / ' , 8 8 8 0 9 + &/ / / ) 3 6 / &/ / / 8 6 + &/ / / ) 3 6 0 , # & ; *Obs. As doses devem ser ajustadas para insuficiência renal. Nenhum ensaio clínico bem desenhado randomizado e controlado de fase II e fase III foi realizado para avaliação da eficácia, efetividade e segurança das polimixinas no tratamento de infecções por bactérias gram-negativas. Em pacientes infectados por essas bactérias e que apresentaram falha terapêutica com outras classes de antibióticos disponíveis em que os micro-organismos mostravam sensibilidade somente às polimixinas, empregou-se esse antibiótico como última escolha. Considerável experiência foi acumulada com esse uso, mostrando a sua utilidade. Séries de casos publicados mostraram eficácia e segurança da polimixina B e do colistimetato sódico usados por via intravenosa. Foram usados em pacientes gravemente doentes infectados com bactérias gram-negativas multirresistentes, cujos sítios de infecção eram bacteremia, pneumonia, feridas cirúrgicas, infecções do trato urinário, pele e sistema nervoso central. Estudos mais recentes incluíram pacientes gravemente doentes com escores de APACHE II (Acute Physiology and Chronic Heath Evaluation II) variando de 13 a 26, infectados por bactérias multirresistentes. A freqüência de cura foi promissora. Entretanto, as limitações desses estudos se referem à combinação das polimixinas com outros antibióticos, ficando difícil a avaliação das polimixinas particularmente. Um + estudo comparativo entre uso de meropenen versus colistimetato sódico em pacientes com pneumonia ventilador-dependente por Acinetobacter baumannii observaram-se índices de cura e mortalidade semelhantes (4). Reina et al compararam a toxicidade renal e o desfecho medido por reposta clínica e sobrevida de pacientes, em unidade de terapia intensiva com infecções graves, tratados com colistina (polimixina E) e outras classes de antibióticos. O estudo foi prospectivo de 2000 a 2004, com seguimento de 185 pacientes infectados por Acinetobacter ou Pseudomonas aeruginosa depois de 48 horas da admissão na UTI. Tratados com colistina n = 55 e com outros antibióticos não-colistinas = 130. Tratamento adicional com aminoglicosídeo foi utilizado em 36% dos pacientes. Os pacientes de ambos os grupos estavam sob ventilação mecânica. A mortalidade, cura clínica, evolução dos parâmetros clínicos fisiológicos e período de normalização foram semelhantes em ambos os grupos. Febre foi significativamente mais elevada nos pacientes com microorganismos susceptíveis aos antibióticos não-colistinas, no momento do diagnóstico. No sexto dia de tratamento a proporção de normalização dos parâmetros fisiológicos foi semelhante para os dois grupos. Nenhuma bactéria foi resistente à colistina nesse estudo. Infecção por Pseudomonas aeruginosa foi encontrada em 48% dos pacientes (88/185). Dez pacientes morreram: cinco em cada grupo. Os níveis de creatinina foram normais em ambos os grupos no momento do início da terapia antimicrobiana e assim se mantiveram até o final do tratamento. Dois pacientes em cada grupo, com insuficiência renal prévia, não apresentaram piora ou necessitaram de diálise. Apesar do poder estatístico do estudo ser baixo, as conclusões ainda são relevantes: a colistina é tão eficaz quanto outros antibióticos usados para tratamento de infecções por Acinetobacter e Pseudomonas adquiridas em UTI, mostrando nível aceitável de toxicidade renal (5). Estudo realizado em hospital de cuidados terciários (Atenas), avaliaram-se 43 pacientes admitidos na UTI e apresentaram cepas gram-negativas somente sensíveis à colistina, no período de julho de 2001 a dezembro de 2003. Trinta e oito pacientes (88,4%) desenvolveram pneumonia sendo a maioria ventilador- < associada (84,2%) e 15 desenvolveram bacteremia. Muitos desenvolveram bacteremia associada à infecção localizada, principalmente pneumonia. Antes fizeram uso de outros antibióticos: cefalosporina de 3a. geração (33), quinolona (30), clindamicina (19), aminoglicosídeo (9), glicopeptídeo (7), carbapenêmico (7), metronidazol (4) e penicilina G (2). Durante a estadia na UTI todos os pacientes apresentaram infecção por Pseudomonas aeruginosa ou Acinetobacter baumanni somente sensíveis à colistina. Todos os pacientes receberam colistina intravenosa na dose de 141,2 (±75,3 ) milhões de unidades por 18,6 dias (±5,8). Uso concomitante de outros antibióticos incluiu: carbapenêmicos (17), piperacilina-tozobactam (10), ampicilina-sulfobactam (2), aminoglicosídeo (2) e ciprofloxacina (1). Concorrentemente 14 pacientes usaram glicopeptídeo para tratamento de baccteremia por gram-positivos. Além disso, 12 pacientes receberam drogas inotrópicas para tratamento de choque séptico. A cura clínica ocorreu em 30 pacientes (69,8%), e melhora em dois. Sete (25,6%) pacientes não responderam à colistina e morreram. Nenhum dos pacientes do estudo teve infecção nosocomial recorrente causada pelo mesmo patógeno multirresistente. Erradicação dos patógenos ocorreu em 29 pacientes (67,4%) e houve colonização em três. Insuficiência renal aguda ocorreu em 18,8% dos pacientes, mas principalmente para os que já tinham história de insuficiência renal crônica. A toxicidade renal não pode ser imputada somente à colistina, já que outras drogas nefrotóxicas também foram usadas, além do que os pacientes apresentaram choque séptico e falência de múltiplos órgãos, contribuindo para os danos renais. Considerando que a nefrotoxicidade é o efeito adverso mais importante ao uso da colistina, a taxa de 18,6% foi similar aos relatos de estudos em pacientes de UTI quando tratados com outros antibióticos. Concluíram que a colistina pode ser relativamente segura e efetiva em pacientes gravemente enfermos de UTI, com infecções causadas por bactérias gram-negativas multirresistentes (6). = Outro estudo retrospectivo, ampliou a casuísta deste mesmo hospital de Atenas, no período de 2000 a 2004, para pacientes que receberam terapia antimicrobiana combinada que incluiu colistina intravenosa, para bactérias gram-negativas multirresistentes. O uso foi após falha terapêutica com outros esquemas e testes de susceptibilidade microbiana pelos métodos rotineiros (difusão em disco e por microdiluição). Os dados foram recuperados do banco de dados eletrônico da farmácia. O objetivo primário do estudo foi observar desfecho mortalidade intra-hospitalar. Objetivo secundário foi analisar a evolução da infecção e a toxicidade renal. A cura definida como resolução dos sintomas no final do tratamento com colistina e alta hospitalar e melhora foi resolução parcial dos sinais e sintomas da infecção. A falha terapêutica foi definida como persistência ou piora dos sintomas à apresentação da infecção e/ou aparecimento de infecção durante a administração da colistina. Analisaram-se os dados de 50 pacientes em que todos receberam outros esquemas terapêuticos com antibióticos antes da administração da colistina. Pneumonia foi o sítio predominante de infecção (33,3%), seguido por bacteremia (27,8%), a ITU (11,1%), infecção intra-abdominal (11,1%), meningite (5,6%) infecção de ferida cirúrgica (3,7%), infecção e pele ou subcutâneo (1,9%). A mortalidade intra-hospitalar foi de 24%. Somente um paciente dos que faleceram respondeu ao tratamento com colistina. Não foi observada deterioração renal para os pacientes com função normal antes da administração da colistina. Mesmo com as limitações desse estudo retrospectivo e sem grupo controle, concluiu-se que o uso intravenoso da colistina é relativamente seguro e efetivo, para o tratamento de casos graves de infecção nosocomial devido à bactérias gram-negativas multirresistentes (7). Analisando esse mesmo banco de dados eletrônicos Michalopoulos et al publicaram o resultado do uso de colistina inalatória como tratamento adjuvante em oito pacientes, seis deles com pneumonia ventilador-relacionada. Sete pacientes receberam colistina intravenosa associada, ou outros antimicrobianos. A dose diária de colistina foi de 1,5 milhões a 6 milhões de UI, divididas em 3 ou 4 doses, com duração média de 10,5 dias. Durante o / tratamento todos os pacientes foram monitorizados para possíveis reações respiratórias adversas, mas nenhum apresentou constrição torácica ou broncoespasmo. Pacientes (2) que tinham doença pulmonar obstrutiva crônica receberam beta 2 agonistas, por inalação, previamente. A sobrevida e a evolução clínica da infecção foram melhores, em comparação aos pacientes que receberam apenas colistina intravenosa. O número de pacientes foi pequeno nesse estudo, e não houve significância estatística. São necessários estudos controlados com maior número de pacientes para confirmar a efetividade e segurança do tratamento adjuvante com colistina inalada, para pacientes com infecções por bactérias gram-negativas multirresistentes (8). Estudo prospectivo realizado por Garnacho-Montero et al comparou-se a eficácia e toxicidade da colistina intravenosa em pacientes com pneumonia ventilador-dependente, causadas por Acinetobacter baumanni multirresistente, comparados com o uso do imipenen. De janeiro de 1997 a junho de 2001, 73 casos de pneumonia ventilador-dependente foram diagnosticados, em 69 pacientes. Dos 35 episódios de pneumonia por A. Baumannii, 21 casos eram sensíveis somente à colistina. Em 14 casos as cepas eram susceptíveis ao imipenen-cilastatina e foram tratados com este agente antimicrobiano. A pneumonia foi considerada curada para 57% dos casos em ambos os grupos. A mortalidade intra-hospitalar foi de 38% e 35,7% para os grupos colistina e imipenem, respectivamente. Quatro pacientes do grupo tratado com colistina desenvolveram insuficiência renal e seis do grupo tratado com imipenem. Foi feita avaliação neurológica em 12 casos do grupo da colistina e não foi detectado nenhum sinal de bloqueio neuromuscular. O estudo mostrou que o tratamento com a colistina foi pelo menos tão efetivo quanto o tratamento com imipenem-cilastanina, que é o tratamento convencional de escolha para pneumonia ventilador-dependente causada por cepas de A. baumannii multiresistentes (9). XI-Análise de Custo: Tienam® Imipenem/cilastatina Meropenen 1g Colis-Tek® Apresentação 500mg 500 mg Preço diário 3g: 53,16x6=318,96 3g: 86,40x6=518,40 3g: 1.160,77 300mg: 172,80 Total (10d) 3.189,60 5.184,00 1.728,00 11.607,70 150 mg Fonte: Auditoria Farmácia/Unimed-BH XII- Considerações finais: A emergência de bactérias gram-negativas multirresistentes levou ao uso dos antibióticos da classe das polimixinas como terapêutica de última linha, para os micro-organismos susceptíveis a esses antimicrobianos. A literatura antiga, relata efeitos colaterais acentuados com o seu uso, entretanto a experiência clínica acumulada nos últimos anos mostrou que podem ser usados com relativa segurança e efetividade. Embora vários trabalhos sejam recuperados na literatura, ainda existem dificuldades quanto às diversas formulações dos fabricantes, com doses ainda não bem estabelecidas, principalmente para as vias intratecal, intraventricular e inalatória. É necessário, segundo a maioria dos autores, o estabelecimento da equivalência das doses para formulações em miligramas e unidades internacionais, inclusive para melhor interpretação dos dados quanto toxicidade e eficácia, publicados em trabalhos científicos. Além disso, é importante que mais estudos, com amostras e controles adequados, sejam conduzidos para melhor avaliação da efetividade das polimixinas. XIII- Parecer do GTAS: 1. O GTAS é favorável à incorporação da polimixina E (colistimetato sódico) para tratamento de última linha em pacientes com infecção por bactérias multirresistentes, sensíveis à droga. 2. O GTAS sugere que seja adicionada aos protocolos de utilização de antimicrobianos formulados pelas CCIH de cada hospital, com critérios rigorosos, evitando-se a emergência de resistência bacteriana. 3. O GTAS sugere, ainda, que os melhores cuidados e monitorização sejam dispensados aos pacientes, evitando-se os efeitos adversos, em particular a nefrotoxicidade. XIV – Referências Bibliográficas: 1. Li J, Nation RL,Turnidge JD, Milne RW, Coulthard K, Rayner C, Paterson DL. Colistin: the re-emerging antiobitic for multidrug-resistant Gram-negative bacterial infections. Lancet Infect Dis 2006; 6:589-601. 2. Falagas ME, Kasiakou SK. Colistin:The Revival of Polymyxins for the Management of Multidrug-Resistant Gram-Negative Bacterial Infections. Clinical Infectious Disease 2005; 40:1333-1341. 3. Li J, Nation RL, Milne RW, Turnidge JD, Coulthard K. Evaluation of colistin as an agent against multi-resistant Gram-negative bacteria. International Journal of Antimicrobial Agents 2005; 25:11-25. 4. Falagas ME, Kasiakou SK, Tsiadras S e Michaloulos A. The use of Intravenous and Aerolized Polymixins for the Treatment of Infections in Critically Ill Patientes: A Review of the Recent Literature. Clinical Medicine & Research 2006; (4) 2:138-146. 5. Reina R, Estenssoro E, Sáenz G, Cnales HS, Gonzalvo R, Vidal G. Martins G, Das Neves A, Santander O, Ramos C. Safety and efficacy of colistin in Acinetobacter and Pseudomonas aeruginosa infections: a propective cohort study. Intensive Care Med 2005; 31:1058-1065. 6. Michalopoulos AS, Tsiodras S, Rellos K, Mentzelopoulos S, Falagas ME. Colistin tratment in patients with ICU-aquired infections caused by multiresistant Gram-negative bacteria: the renaissance of an old antibiotic. Clin Microbiol Infect 2005; 11:115-121. 7. Kasiakou SK, Michalapoulos A, Soteriades ES, Samonis G, Sermaides GJ, Falagas ME. Combination Therapy with Intravenous Colistin for Management of Infections Due to Multidrug-Resistant Gram Negative Bacteria in Patients without Cystic Fibrosis. Antimicrob Agents Chemother 2005; 49:3136-3146. 8. Michapoulos A, Kasiakou SK, Mastora Z, Rellos K, Kapaskelis AM e Falagas ME. Aeroxolized colistin for the treatment of nosocomial pneumonia due to multidrug-resistant Gram-negative bacteria in patients without cystic fibrosis. Clinical Care 2005; 9:R53-R59. 9. Garnacho-Montero J, Ortiz-Leyba C, Jiménez-Jiménez J, Barrero-Almodóvar J, García-Garmendia JL, Bernabeu-Wittell M, Gallego-Lara SL, Madrazo-Osuna J. Treatment of Multidrug-Resistant Acinetobacter baumanni VentilatorAssociated Pneumonia (VAP) with Intravenous Colistin: A Comparison with Imipenem-Susceptible VAP. Clin Infect Dis 2003;36:1111-1118.