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Cientistas detectam no Brasil bactéria resistente à
maioria dos antibióticos
Estudo reporta 1ª detecção numa pessoa no país; caso aconteceu no RN. Bactéria com o
gene mcr-1 já havia sido encontrada em animais.
Matéria publicada em 16 de Agosto de 2016
Pesquisadores brasileiros detectaram o primeiro paciente infectado pela versão
resistente da bactéria Escherichia coli, que tem o gene mcr-1. Na prática, se uma
bactéria já resistente a alguns medicamentos adquire este novo gene, o microogranismo
sobreviveria à ação da maioria dos antibióticos do mercado, incluindo a colistina, um dos
mais fortes disponíveis.
O estudo feito pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São
Paulo (ICB-USP) foi publicado nas revistas científicas “Antimicrobial Agents and
Chemotherapy” e “Eurosurveillance”. A bactéria foi detectada em um paciente de um
hospital de alta complexidade em Natal, no Rio Grande do Norte.
Coautor, o pesquisador Nilton Lincopan aponta que esse gene da Escherichia coli é o
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mesmo detectado nos Estados Unidos recentemente. Ele disse que esse tipo de
bactéria é encontrada em diferentes habitats, incluindo a microbiota do intestino humano
- a maioria das variedades da E. Coli não apresenta risco aos seres humanos.
“Tanto no caso do Estados Unidos como aqui no Brasil, e outros países onde foram
encontradas cepas de Escherichia coli resistentes ao antibiótico colistina, a resistência
apresentada foi devido à aquisição de um gene de resistência chamado de mcr-1”,
explicou.
Ainda segundo o pesquisador, as bactérias são geneticamente versáteis “no sentido de
que podem se tornar resistentes a uma condição de estresse à qual são submetidas”.
Neste caso, ele diz que “existe a hipótese de que a pressão seletiva induzida pelo uso
de colistina na produção agropecuária possa ter contribuído para o aparecimento da
resistência a esta droga”.
O mesmo grupo do médico Nilton Lincopan já havia iniciado estudos de vigilância
epidemiológica em amostras de origem humana, veterinária e ambiental, e obteve os
primeiros resultados positivos para a identificação do gene mcr-1 em cepas de E. Coli
de origem animal, com artigo publicado em abril deste ano.
Recentemente, outros pesquisadores do Rio Grande do Sul mostraram em uma
pesquisa a presença da mesma bactéria resistente também em amostras de origem
animal.
“A grande questão central é o fato de este gene estar presente em um elemento
genético móvel, o plasmídeo, que pode ser transferido a bactérias da mesma espécie e
até mesmo a espécies diferentes. Desta forma, cepas portadoras de outros genes de
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resistência aos antibióticos, ao adquirirem este gene mcr-1, poderiam ficar resistentes a
múltiplos antibióticos, reduzindo as opções terapêuticas para o tratamento de uma
infecção”, completou Lincopan.
Fonte: G1
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