Cinco lições de marketing para o RH

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03/05/2015
Cinco lições de marketing para o RH | EXAME.com
Revista VOCÊ RH
30/04/2015 05:55
Cinco lições de marketing para o RH
São Paulo ­ O que leva mais de 70 000 jovens a tentar uma vaga em um programa de
trainee (http://www.exame.com.br/topicos/trainees) em troca de trabalho duro, ambiente
competitivo, metas agressivas e responsabilidade de dono logo nos primeiros meses de
casa? Uma forte marca empregadora funcionando como ímã.
A marca em questão atende pelo nome Ambev, dona de um dos processos seletivos de
recém­formados mais disputados do país. A companhia de bebidas consegue se manter
atraente mesmo quando a maior parte das empresas tem dificuldade em preencher vagas
abertas.
Em um estudo da recrutadora ManpowerGroup com 37 000 empregadores em 42 países,
36% dos entrevistados disseram enfrentar escassez de talentos em 2014, o maior índice
dos últimos sete anos. No Brasil, quinto lugar nesse ranking, a porcentagem é de 63%,
superada apenas por Japão, o líder, Peru, Índia e Argentina.
Os segredos da Ambev e de outras empresas permanentemente desejadas têm nome e
sobrenome: employee value proposition (EVP), que é a definição de uma proposta de valor
consistente para os empregados, e employer branding, a gestão da reputação da empresa.
“O EVP é o conjunto de políticas de carreira (http://www.exame.com.br/topicos/carreira­­2),
desenvolvimento, liderança e gestão, remuneração e ambiente de trabalho, que tornam a
empresa atrativa tanto para os profissionais do mercado quanto para quem faz parte do
quadro”, diz Paulo Bivar, sócio­fundador da consultoria de RH
(http://www.exame.com.br/topicos/recursos­humanos) Air Branding.
Na Ambev, isso significa um pacote que inclui plano de carreira claro e acelerado, cifras
altas de investimento em treinamento, preparação dos líderes para que desenvolvam as
equipes e remuneração vinculada ao desempenho.
Já o employer branding é a estratégia usada para mostrar essa proposta de valor ao público
interno e externo e, com isso, construir uma boa reputação corporativa. “Toda companhia
tem uma marca empregadora, uma percepção formada na cabeça das pessoas sobre como
é trabalhar lá, mesmo que essa impressão não seja verdadeira”, diz André Siqueira, gerente
da operação da Universum no Brasil, especializada em employer branding.
Se a empresa não define nem administra a própria imagem, os outros fazem isso por ela.
“Em um cenário de aumento da competição por talentos e de futuro incerto, é fundamental
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tomar as rédeas desse processo e cuidar para que as pessoas sejam o ativo estratégico da
empresa”, afirma Ricardo Guimarães, sócio e diretor­presidente da consultoria Thymus
Branding.
A gestão da marca gera mais ganhos, além do aumento da atratividade. Uma pesquisa do
LinkedIn com 2 250 recrutadores americanos mostrou que a iniciativa reduz pela metade os
custos com contratação e diminui até 28% o turnover. Para saber quais são os passos em
direção à construção de uma marca empregadora forte, veja a seguir as orientações dos
especialistas e de empresas que se destacam pelas boas práticas.
1. Identifique
A primeira iniciativa é saber o que a empresa tem de mais consistente e atraente em termos
de carreira (opções de carreira em Y ou expatriação, por exemplo), desenvolvimento (bolsas
de estudo, coaching), liderança (programas de preparação para gestores), remuneração
(participação nos resultados, bônus por performance), ambiente de trabalho (infraestrutura,
clima) e significado (ações socialmente responsáveis).
Esse é o EVP, a proposta de valor. “Fizemos esse diagnóstico no ano passado para
entender profundamente a identidade da empresa e o que a diferencia das demais”, diz
Danielle Arraes, diretora de aquisição de talentos da Johnson & Johnson. Com uma
reputação sólida e um EVP global definido há cinco anos, a Johnson começou, em 2014,
um plano de gestão estratégica da marca no Brasil para estreitar o relacionamento com os
profissionais daqui.
2. Ouça
O passo seguinte é conhecer seu público­alvo. Entenda o que ele pensa sobre a empresa,
do que não gosta, com o que sonha. Aqui entram as pesquisas de clima e de opinião, mas
não só elas. Aproveite todas as oportunidades, de interações na intranet e nas redes sociais
a entrevistas de desligamento. O objetivo é descobrir pontos de atração, retenção e
repulsão de talentos.
3. Seja coerente
Crie condições para que o discurso aconteça na prática. “Um de nossos valores é a crença
de que um ambiente de trabalho com pessoas diferentes é bom para os negócios e para a
sociedade”, afirma Joana Rudiger, gerente de talentos da Unilever. “Para garantir que isso
ocorra, estabelecemos uma meta de equidade de gênero: até o fim do ano, queremos que
50% da liderança seja formada por mulheres.”
O número atual é de 49%. E três das nove fábricas brasileiras já são lideradas por
executivas. A companhia foi uma das primeiras no país a adotar a licença­maternidade de
seis meses e também oferece creche e berçário em sua sede, além de um programa de
horário flexível e trabalho a distância, que, apesar de se estender a todos os gestores
administrativos, é um benefício valorizado pelas mães.
Outras iniciativas a favor da diversidade na Unilever são a licença de seis meses para
casais do mesmo sexo que adotem crianças e um programa de reconhecimento de chefes
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casais do mesmo sexo que adotem crianças e um programa de reconhecimento de chefes
inclusivos, que começa a valer agora.
“Os funcionários são incentivados a eleger na intranet líderes que se destacam por
promover a inclusão. Ainda não definimos como será feito o reconhecimento desse time,
mas já notamos uma forte adesão. Em um mês, foram 400 indicações", dia Joana.
4. Relacione­se
Uma das partes mais importantes do employer branding é a relação que a
empresa estabelece com os funcionários e os talentos do mercado. É da qualidade desse
entendimento mútuo que surge o engajamento com a marca. Há três anos, a J&J mantém o
programa Embaixadores, um grupo de 100 empregados, da base à alta liderança, que
organiza oficinas de negócio nas universidades relevantes para a companhia.
Os funcionários falam sobre a própria carreira, contam como é trabalhar lá e ouvem as
expectativas de quem ainda não entrou no mercado. E os alunos vivenciam um pouco da
cultura e dos valores da multinacional. A interação com os jovens mostrou à Johnson, por
exemplo, que eles querem se relacionar ativamente com a marca no Facebook, e não
apenas ler comunicados.
Então, a página de carreiras da empresa na rede social, que até o ano passado era usada
só quando algum processo seletivo estava aberto, passou a divulgar vídeos sobre os
bastidores da companhia, depoimentos de empregados e notícias alinhadas aos valores da
Johnson. “O que menos postamos é vaga”, diz Danielle. “Com essa mudança, o número de
fãs cresceu 40% em seis meses.”
5. Seja verdadeiro
A Ambev não esconde que a vida na companhia está longe de ser um mar de tregue
resultado, resolva problemas, assuma responsabilidades e trabalhe com afinco. Em troca,
oferece desenvolvimento acelerado e oportunidade de carreira. Segundo a companhia, em
2014 ela realizou quase 10 000 promoções e investiu 35 milhões de reais em treinamentos
presenciais e online para 23 000 funcionários.
“Mais do que falar, apresentamos fatos e dados para mostrar quem somos e o que
queremos”, diz Mariana Engelman, gerente nacional de recrutamento e seleção da Ambev.
Essa transparência é essencial para aumentar a eficiência e reduzir o custo das
contratações.
“Omitir algo que possa influenciar na decisão de um candidato pela empresa, como uma
carga de trabalho agressiva, é ruim. Ele descobre e acaba deixando o time”, afirma Paulo
Bivar, da Air Branding. Em um mundo amplamente conectado, capaz de colocar qualquer
promessa corporativa à prova, oferecer uma proposta de valor que parece perfeita, mas não
é real, pode pôr tudo a perder.
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