Dois terços do alojamento local não são nem

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ID: 68632959
15-03-2017
Tiragem: 33872
Pág: 19
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 11,22 x 29,08 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
Ministro da Economia:
“Dois terços do alojamento
local não são nem em
Lisboa nem no Porto”
Turismo
Margarida David Cardoso
Manuel Caldeira Cabral
destacou a importância
do alojamento local para
o desenvolvimento das
cidades de média dimensão
Há uma realidade que está a escapar ao debate sobre o alojamento
local em Portugal, alertou o ministro da Economia: “Dois terços do
alojamento local não são nem em
Lisboa nem no Porto, mas em cidades de média de dimensão.” E, para Manuel Caldeira Cabral, “ignorar
dois terços deste mercado é ignorar
o mercado”, disse ontem durante o
seminário Alojamento Local — Negócio e Fiscalidade, promovido pela
Abreu Advogados, em Lisboa.
À frente do ministério que tutela
o turismo, Caldeira Cabral entende que o alojamento local permite
“espalhar o turismo pelo resto do
território”, em grande medida por
permitir a entrada de não empresários para o negócio.
O ministro da Economia acredita
que o desenvolvimento de plataformas de alojamento local “criou
oportunidades muito interessantes”
para outros agentes, que não empresários hoteleiros. Surgiu assim
uma malha de novos, pequenos
e informais empresários no país.
Entre eles, pessoas que alugam as
casas de férias, rentabilizando um
investimento já feito, e pessoas que
avançam com a compra de casas por
conhecerem a possibilidade de as
vir a alugar em plataformas de alojamento local (como o Airbnb).
Desta forma, este tipo de alojamento oferece formas diferenciadas de alojar turistas — por “ocupar
espaços históricos de forma interessante” —, tem um importante papel
geográfico — “há sítios onde apenas
existe alojamento local” — e contribui para a requalificação urbana.
“Quando se fala em Lisboa e no
Porto, é bom que se fale na reabilitação urbana”, prosseguiu o ministro.
Caldeira Cabral referia-se às zonas
actualmente valorizadas destes dois
centros urbanos, onde antes “ninguém queria viver”.
Mas à margem destas duas cidades — onde se têm levantado questões sobre as consequências da proliferação deste tipo de alojamento
turístico no aumento das rendas
e descaracterização dos espaços,
principalmente nos centros históricos —, Caldeira Cabral vê o alojamento local com um agente importante na economia local de cidades
de menor dimensão em zonas como
o Gerês, a serra da Estrela e a região
do Alentejo.
A falar para uma plateia de advogados, Manuel Caldeira Cabral destacou o facto de o alojamento local
sempre ter existido “em grande medida à margem da lei”. O número
de alojamentos existente ultrapassa ainda o número de registos, mas
a diferença está a diminuir dado o
“esforço do Governo” para colocar
este tipo de alojamento turístico
“para dentro do sistema”, assegurou o ministro.
DANIEL ROCHA
Muitas unidades de alojamento local estão a legalizar-se
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