Depressão: Detecção, Prevenção e Intervenção do RH

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Depressão: Detecção, Prevenção e Intervenção do RH.
Depressão no Trabalho:
O trabalho é uma das grandes contradições da modernidade. Da invenção da roda ao
surgimento do cérebro de Bill Gates, passando pela linha de montagem de Henry Ford e a
caixa de cotonetes com mais conteúdo pelo mesmo preço, sempre ouvimos falar que os
avanços tecnológicos iriam diminuir nossa carga de serviço, aumentando o tempo
disponível para cultura, reflexão e atividades sexuais sem cunho reprodutivo. Infelizmente,
não foi bem assim que a coisa toda aconteceu.
As conquistas da modernidade não trouxeram mais horas livres. Trouxerem, sim, novas
formas de levar o trabalho para toda parte, com Internet, e-mails, celulares, PDAs, smartphones... O trabalho passou a nos perseguir como um daqueles vira-latas de cidade de
interior, correndo atrás da bicicleta dos correios. Mas neste caso, a bicicleta somos nós. E o
sujeito sentado sobre sua cabeça atende pelo nome de Senhor Ganância.
O problema afeta nada menos que 20% das pessoas que trabalham.
A falta de identificação com seu emprego pode resultar em alterações em certos
neurotransmissores, principalmente serotonina, acetilcolina, dopamina, epinefrina e
norepinefrina, aumentando a susceptibilidade para depressão.
Aos poucos e sem sinalizar, a depressão pode afetar muito o desempenho no trabalho e a
qualidade de vida de uma pessoa.
Hoje, a doença atinge aproximadamente 15% da população mundial, ou seja, uma em cada
seis pessoas desenvolverá depressão em alguma fase da vida. É a 4ª doença de maior
impacto global e, em 2020, estima-se que será a 2ª, perdendo apenas para as doenças
cardíacas.
Do ponto de vista econômico, seu custo é elevado tanto para o doente quanto para a
sociedade em geral. O custo relacionado com morte prematura e o custo indireto por
redução na produtividade e absenteísmo no trabalho são preocupantes. Pessoas com
depressão apresentam quatro vezes mais probabilidade de faltar ao trabalho. Nos EUA, o
custo anual direto (hospital, medicamentos e honorários médicos) para o tratamento da
depressão está estimado em 12,4 bilhões de dólares. No Reino Unido, o excesso de
mortalidade decorrente da depressão está estimado em um custo de 4,7 milhões de libras
por ano, enquanto no Canadá o custo indireto da depressão (perda da produtividade no
trabalho) está estimado em 2,5 bilhões de dólares canadenses.
- Como identificar uma depressão:
Os sintomas de depressão podem variar, sendo os principais:

Tristeza persistente;

Perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas;

Perda de energia, desânimo:

Dificuldade de concentração ou de tomar decisões;

Alterações do apetite;

Sentimentos de culpa, inutilidade ou fracasso.
Outros sintomas comuns:

Falta de esperança, pessimismo;

Insônia ou sonolência excessiva;

Choro sem razão aparente;

Irritabilidade;

Mais de 5% de perda ou de ganho de peso;

Idéias de morte ou tentativas de suicídio;

Dores freqüentes de cabeça, na coluna ou no resto do corpo.
É comum aparecerem com maior evidência sintomas físicos (dores musculares, dores na
coluna, cefaléia, dores epigástricas, ataques de pânico) associados ao quadro clínico da
depressão, que dificultam o diagnóstico preciso ou postergam o tratamento clínico. Sono
ruim e má alimentação podem ser freqüentemente confundidos com sintomas de algum
outro tipo de doença ou estresse, sem considerar que podem ser sintomas da própria
depressão. Esses fatores contribuem para a piora do estado físico do deprimido e do quadro
clínico da doença e aumentam os gastos com consultas médicas, idas ao pronto-socorro,
internações e, por conseqüência, faltas ao trabalho.
Como a depressão afeta o desempenho no trabalho? O cansaço físico excessivo e a perda
de interesse em geral dificultam a realização das atividades rotineiras. Tudo parece
demandar esforço extra. O raciocínio e a memória ficam lentos e o que antes era fácil de
entender e resolver, agora não é mais. O deprimido esquece-se do que era para fazer, para
quem era para ligar, o que escreveu ou falou, etc. Por não conseguir armazenar os dados em
sua memória, tem mais dificuldade para tomar decisões, se concentrar, se organizar e
planejar suas tarefas.
Os relacionamentos interpessoais no trabalho também são afetados. O humor deprimido
pode ser triste (choro excessivo sem motivo correspondente), apático ou irritável (comum
em crianças).
Psicologicamente, seus pensamentos, sentimentos e comportamento são alterados para
uma forma negativa.
-Trabalho Em Excesso Pode Causar Depressão, Estresse E Problemas De Memória:
Uma pesquisa liderada por cientistas finlandeses afirma que excesso de trabalho pode
aumentar o risco de declínio mental e, possivelmente, de demência - termo genérico que
descreve a deterioração de funções como memória, linguagem, orientação e julgamento.
O estado depressivo pode ser classificado em três grupos;
1) Depressão Menor: 2 a 4 sintomas por duas ou mais semanas, incluindo estado deprimido
ou anedônia;
2) Distimia: 3ou 4 sintomas, incluindo estado deprimido, durante dois anos, no mínimo;
3) Depressão Maior: 5 ou mais sintomas por duas semanas ou mais, incluindo estado
deprimido ou anedônia.
Os sintomas da depressão interferem drasticamente com a qualidade de vida e estão
associados a altos custos sociais: perda de dias no trabalho, atendimento médico,
medicamentos e suicídio. Pelo menos 60% das pessoas que se suicidam apresentam
sintomas característicos da doença.
Embora possa começar em qualquer idade, a maioria dos casos tem seu início entre os 20
e os 40 anos. Tipicamente, os sintomas se desenvolvem no decorrer de dias ou semanas e,
se não forem tratados, podem durar de seis meses a dois anos. Passado esse período, a
maioria dos pacientes retorna à vida normal. No entanto, em 25% das vezes a doença se
torna crônica.
Fatores De Risco Para Depressão:
· História Familiar De Depressão;
· Sexo Feminino;
· Idade Mais Avançada;
· Episódios Anteriores De Depressão;
· Parto recente;
· Acontecimentos estressantes;
· Dependência de droga.
O número de casos entre mulheres é o dobro dos homens. Não se sabe se a diferença é
devida a pressões sociais, diferenças psicológicas ou ambas. A vulnerabilidade feminina é
maior no período pós-parto: cerca de 15% das mulheres relatam sintomas de depressão nos
seis meses que se seguem ao nascimento de um filho.
A doença é recorrente. Os que já tiveram um episódio de depressão no passado correm
50% de risco de repeti-lo. Se já ocorreram dois, a probabilidade de recidiva pode chegar a
90%; e se tiverem sido três episódios, a probabilidade de acontecer o quarto ultrapassa 90%.
Como é sabido, quadros de depressão podem ser disparados por problemas psicossociais
como a perda de uma pessoa querida, do emprego ou o final de uma relação amorosa. No
entanto, até um terço dos casos estão associados a condições médicas como câncer, dores
crônicas, doença coronariana, diabetes, epilepsia, infecção pelo HIV, doença de Parkinson,
derrame cerebral, doenças da tireóide e outras.
Diversos medicamentos de uso continuado podem provocar quadros depressivos. Entre
eles estão os anti-hipertensivos, as anfetaminas (incluídas em diversas fórmulas para
controlar o apetite), os benzodiazepínicos, as drogas para tratamento de gastrites e úlceras
(cimetidina e ranitidina), os contraceptivos orais, cocaína, álcool, antiinflamatórios e
derivados da cortisona.
-Depressão Na Empresa É Sinal De Alerta Para o RH:
Olhe com atenção para os funcionários da sua empresa. A depressão, mal que ataca
milhões de pessoas em todo o mundo e já vem sendo tratado como a "doença do século".
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, a depressão é a segunda maior
causa de perda de qualidade de vida e em 2020 será tão comum quanto ter dores nas costas.
De acordo com Sérgio Gonçalves Henriques Júnior, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, a maior parte dos profissionais
de Recursos Humanos ainda não percebeu a gravidade do problema. "Geralmente, a
atenção está voltada para doenças musculares, alcoolismo e tabagismo, mas não para a
depressão, que hoje em dia está cada vez mais presente no mundo empresarial".
Mas como detectar a depressão nos funcionários? Primeiramente, é preciso saber que a
depressão independe da realidade e da situação social, pessoal e profissional em que o
indivíduo está inserido.
Os especialistas afirmam que depressão não é estado emocional, mas sim uma doença que
precisa ser tratada. Ela pode acontecer em diferentes níveis de intensidade, sendo que os
quadros leves são os mais comuns. O departamento de RH deve estimular e motivar os
funcionários, não permitindo que eles cheguem a esse ponto. Ações como condicionamento
físico, atividades artísticas, alimentação adequada e serviço de terapia são alguns dos
recursos utilizados pelas companhias para motivar seus funcionários e tentar diminuir o
risco de depressão.
Porém, como todos os seres humanos, os profissionais de RH também estão sujeitos a
depressão.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão ocupa o segundo
lugar dentre as doenças que causam incapacidade no trabalho, e a projeção é que até 2020
ela esteja no topo da lista. Ainda segundo a OMS, a média de falta no trabalho de um
indivíduo com depressão é de sete dias por mês, enquanto a média geral é uma vez a cada
30 dias. Em linha com essa afirmação, uma pesquisa realizada pela Universidade de
Brasília (UnB) em parceria com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) revela que
48,8% dos trabalhadores que se afastam por mais de 15 dias do trabalho sofrem com algum
transtorno mental, sendo a depressão o principal deles.
-Falta de Informação:
Muitos colaboradores não sabem as causas de seu aparente desinteresse no trabalho ou do
mau relacionamento com os colegas, por vezes, chegam até a passar por incompetentes,
arrogantes e estressados e ficam muito sujeitos a perder o emprego.
72% dos deprimidos não fazem a menor idéia dessa possibilidade, segundo a Associação
Brasileira de Transtornos Afetivos (Abrata). Mais que isso: 44% têm redução significativa
da capacidade de trabalho.
O RH é o ponto central de percepção do impacto do problema. Essa porta precisa ser
aberta para a entrada de especialistas que possam identificar os portadores da depressão e
iniciar ações concretas que facilitem a vida desse trabalhador. Iniciativas como formação de
grupos psicoeducacionais pode ser um bom começo, além de contribuir para a integração e
o aumento da produtividade. Ganha o colaborador, ganha a empresa.
É fundamental que a empresa tenha uma política bem definida para lidar com o assunto.
Isso ajuda a determinar a postura das pessoas diante do problema. O comportamento dos
funcionários, de certa forma, reflete as políticas da empresa; organizações que têm como
valores o respeito e a atenção ao ser humano certamente estimulam ambientes de trabalho
em que as mesmas práticas são percebidas. O mesmo vale, segundo ele, para situações
inversas.
Ambientes preconceituosos, por exemplo, produzem pessoas preconceituosas. Dentre as
maneiras de lidar com o problema, o contato direto com o funcionário deprimido é sempre
indicado. E essa é uma função, em geral, do chefe, já que é ele quem está mais próximo do
funcionário e pode avaliar as alterações de desempenho que, eventualmente, estejam
acontecendo. O profissional de RH, nesse caso, entraria numa segunda etapa do processo.
- Possíveis Tratamentos:
A maioria dos autores concorda que a psicoterapia pode controlar casos leves ou
moderados de depressão. O método oferece a vantagem teórica de não empregar
medicamentos e diminuir o risco de recidiva do quadro, desde que a pessoa aprenda a
reconhecer e lidar com os problemas que a conduziram a ele. A grande desvantagem, no
entanto, está na lentidão e imprevisibilidade da resposta. A psicoterapia não deve ser
indicada como tratamento exclusivo nos casos graves.
Embora reconheçam os benefícios da psicoterapia, a maioria dos autores admite que a
tendência moderna é empregar medicamentos para tratar quadros depressivos. O plano
terapêutico deve compreender três fases:
1) Fase Aguda: Dura seis a doze semanas, e tem o objetivo de fazer regredir os sinais e
sintomas da doença. Cerca de 70% dos pacientes responde a esta fase. Quando não ocorre
resposta, o diagnóstico de depressão precisa ser reavaliado e, se houver confirmação, o
esquema de tratamento modificado.
2) Fase de Continuidade: Nela, a medicação deve ser mantida em doses plenas por quatro a
nove meses, contados a partir do desaparecimento dos sintomas, com o objetivo de evitar
recidivas. A descontinuação prematura aumenta o risco de recidiva em 20% a 40%.
3) Fase de Manutenção: Não tem duração definida (pode ser mantida por muitos anos). Está
indicada apenas nos casos de depressão grave, com alto risco de recidiva ou idéias
dominantes de suicídio. Deve ser considerada nas pessoas que tiveram três ou mais
episódios de depressão, ou dois episódios mais história familiar de depressão recidivante,
instalação dos sintomas antes dos 20 anos de idade ou em qualquer caso com risco de morte.
Quem começa um tratamento desses deve ser alertado para o fato de que os benefícios
podem não ser aparente nas primeiras duas a quatro semanas. Nessa fase, em que alguns
experimentam os efeitos colaterais dos medicamentos sem notar melhora, muitos desistem
do tratamento.
Muitos portadores de depressão não se dispõem a fazer psicoterapia nem a tomar remédio.
Esses devem praticar exercício físico com regularidade (melhora o humor e a auto-imagem)
e aumentar o número de atividades diárias capazes de lhes dar prazer. Precisam estar
cientes, porém, de que depressão é doença potencialmente grave, recidivante, capaz de
evoluir independentemente do controle voluntário.
Programa De Intervenção do RH.
Para os especialistas, os programas de qualidade de vida adotados pelas empresas podem
ajudar no processo, seja na forma de suporte necessário ao funcionário deprimido seja pela
prática de ações gerais de prevenção à saúde e melhoria do bem-estar.
Exemplo:
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Esse é o caso da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp), que oferece ginástica laboral três vezes por semana para cerca de 2,4 mil
funcionários, como forma de aliviar o estresse e a tensão diária. Em aulas de dez a
quinze minutos, os professores realizam trabalhos de alongamento e resistência
muscular, possibilitando ao funcionário uma parada para relaxar e descontrair. As
aulas fazem parte de um programa maior chamado Viver Feliz, implantando há
quase um ano como resultado de uma parceira entre a Associação dos Funcionários
da Sabesp e a empresa.
O Que Deve Fazer O Gestor De RH Ao Diagnosticar Um Quadro De Depressão:
Ao diagnosticar um quadro de depressão, deve-se ter muito cuidado, sempre oferecer
segurança a esse funcionário, no sentido de que ele precisa e deve tratar-se, e que tem
estabilidade no emprego, até que ele se cure.
Nesse caso, seu superior, a empresa e o gestor, devem mostrar amizade e compreensão ao
colaborador, lhe dando a opção de querer se afastar para fazer o tratamento, descansar, sair
da pressão do dia-dia na organização, ou continuar trabalhando com uma rotina mais leve,
com menos pressão e tarefas para cumprir, tendo apoio e atenção de seu superior e do
gestor de RH.E fazer o tratamento adequado pelo período necessário.
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