O SR

Propaganda
O Sr. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT) pronuncia o
seguinte
discurso:
Senhor
Presidente,
Senhoras
e
Senhores Deputados, de maio para cá, todos os jornais do
País vêm noticiando a queda nos níveis de emprego em
diversos setores da economia. Atingindo todas as regiões,
a redução na oferta de postos de trabalho é a principal
consequência da desaceleração da atividade econômica e
já deveria se constituir na principal preocupação do
governo para os próximos meses.
Segundo a Folha de S.Paulo, o Ministério do Trabalho
e Emprego informou, no fim de maio, que quase 98 mil
empregos foram cortados em abril, no pior resultado para o
mês em duas décadas. A redução de vagas surpreendeu a
todos – autoridades, empresários e trabalhadores -, e piora
as expectativas em relação ao PIB. É o círculo vicioso da
economia recessiva: menos emprego, menos renda, menos
consumo, mais recessão.
De acordo com o Valor Econômico, na média
nacional, a taxa de desemprego passou de 7,2% para 7,9%
2
entre o primeiro trimestre de 2014 e o mesmo período
deste ano. Em números absolutos, isso significa que em
todo
o
País
7,9
milhões
de
pessoas
estavam
desempregadas no primeiro trimestre, 885 mil a mais do
que o mesmo período no ano passado. O estado com
maior índice é o Rio Grande do Norte, que atingiu 11,5% da
população.
Pois bem, Senhor Presidente, a mesma Folha de S.
Paulo, em 20 de junho, divulga que 116 mil vagas com
carteira assinada foram fechadas em maio, novamente no
pior desempenho do mercado de trabalho foram para o
mês desde o início da série histórica, em 1992. De acordo
com o Cadastro Geral dos Desempregados, do Ministério
do Trabalho, verifica-se uma perda de 452 mil postos de
trabalho no último ano, ou seja, quase meio milhão de
pessoas em apenas 12 meses.
O Correio Braziliense, o jornal O Globo e a Folha de
São Paulo, em 18 de julho, divulgaram que o Brasil perdeu
111mil empregos em junho e teve o pior desempenho para
3
o período desde 1992. Informam ainda que a economia
encontra-se em franca recessão e que as empresas já
eliminaram 345 mil vagas somente no primeiro semestre e
mais de 600 mil nos últimos 12 meses.
A análise do jornal O Estado de São Paul, agora, em
24 de julho, partindo dos mesmos dados, é muito
pessimista. Chegando a 6,9% em junho, sobretudo nas
seis regiões metropolitanas do País (São Paulo, Rio de
Janeio, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre), os
índices demonstram a fraqueza da atividade econômica e
prometem prejudicar seriamente qualquer ajuste pretendido
pelo
governo.
Devemos
permanecer
totalmente
dependentes das exportações, já que o consumo, tendendo
ao desaquecimento, não terá forças de expandir a
economia; enquanto isso, o mercado continuará incapaz de
absorver a mão de obra que se avoluma em busca de
emprego.
A própria qualidade dos empregos, aliás, gerados
nessas
circunstâncias,
evidencia
um
processo
de
4
deterioração. Enquanto cai o número de empregos formais,
aumenta o número daqueles que trabalham por conta
própria, sem acesso a quaisquer direitos trabalhistas e sem
capacidade de contribuir com a Previdência Social.
É certo, Senhor Presidente, que o problema se
apresenta em todos os setores da economia: comércio,
indústria, serviços. A população já se ressente visivelmente
e vem perdendo a confiança nas medidas adotadas pelo
governo para reverter a inflação e a recessão, e voltar a um
cenário de crescimento.
Na totalidade deste quadro alarmante, muito nos
preocupa a situação dos jovens em busca de um primeiro
emprego, em especial aqueles que vêm de obter diploma
de curso superior.
A desorganização geral da economia, que contaminou
o mercado de trabalho, atingiu fortemente a população
mais
qualificada,
conforme
divulgado
pelo
Correio
Braziliense há um mês. Entre janeiro e março, segundo
dados divulgados pelo IBGE, o total de desempregados
5
com diploma de curso superior cresceu 21,25% em relação
ao
mesmo
período
em
2014.
Mais
uma
vez,
o
desaquecimento da economia e a provável queda do PIB
enfraqueceram muito a perspectiva de trabalho daqueles
que acreditaram que um diploma seria garantia para um
emprego melhor.
Nos últimos anos, o governo federal tinha investido
muito em formação universitária, seja em instituições
públicas ou instituições privadas. Basta dizer que, de 2000
para 2010, o investimento saltou de 3,5% para 5,6% do
PIB, sendo que 0,9% desse total foi destinado à educação
superior. Não obstante todo esse esforço, a perspectiva é
que a falta de vagas para atender à demanda forme um
exército de diplomados com pouco espaço no mercado.
Se a realidade para trabalhadores em geral será dura,
para os que dispõem de formação superior deverá ser pior.
Sobretudo na indústria, o setor que historicamente mais
empregou mão de obra capacitada, a combinação de
ajuste fiscal, elevação de juros e aumento de impostos
6
deve impor um regime de concessão de férias coletivas,
desativação de parques e, finalmente, corte de vagas.
Segundo o Estado de S.Paulo, nos últimos dez anos,
saltou de 528 mil para 830 mil o número de jovens que se
formam anualmente nas universidades brasileiras. O
aumento de renda dos pais propiciou a melhor escolaridade
dos filhos, que foram dispensados de contribuir com o
orçamento familiar. Preocupados com a qualificação e a
exigência de experiência, não são poucos os que aportam
ao mercado com estágios e especializações.
Não obstante, de um ano para cá, mesmo esses
estão perdendo o emprego, e não se veem em condições
de prosseguir nos estudos para melhorar a qualificação.
Senhor Presidente, nossa preocupação com tal
quadro é plenamente justificável, considerando-se que a
situação dos jovens será sempre pior para os menos
escolarizados.
universitários,
Com
as
a
dificuldade
perspectivas
alcançando
tornam-se
sombrias, pelo menos para os próximos anos.
os
realmente
7
Concordamos em que há necessidade de otimismo,
de confiança na recuperação do País, no sucesso de uma
agenda positiva. Para tanto, é indispensável que o governo
demonstre mais força e coerência, e que se atenha de
modo prioritário à reversão das piores expectativas: as de
que, de junho a dezembro, cheguemos ao fechamento de
um milhão de vagas em todo o Brasil, com brutal
diminuição do número de trabalhadores com carteira
assinada. Até porque, se não houve uma melhoria nas
expectativas do empresariado, não haverá condições de
reposição de vagas nos próximos meses.
Esperando que o tema do desemprego permaneça
prioritário na agenda governamental, reiteramos nosso
apoio a qualquer iniciativa nesse sentido, tendo em vista a
gravidade da situação.
Muito obrigado, Senhor Presidente.
8
2015-13373.docx
Download