Desaceleração do emprego na Indústria é indicativo de problemas a enfrentar Uma primeira análise dos números do CAGED reforça a preocupação com a geração de empregos. Setores da Indústria de Transformação mais expostos à concorrência e mais intensivos em mão de obra estão perdendo dinamismo na geração de empregos. Entre eles, vale destacar o caso da cadeia automotiva, da Indústria Têxtil e de Vestuário, da Indútria de calçados e da Indústria de Madeira e Mobiliário. A cadeia automotiva manteve bons índices de crescimento nos últimos anos, mas ao observar o crescimento do emprego de janeiro a julho desse ano, em comparação com o mesmo período de 2010, vemos que houve significativa queda na intensidade desse crescimento. A Indústria Metalúrgica caiu em 51% na quantidade de empregos gerados, apresentando 28.799 novas vagas. A Indústria Mecânica caiu 34%, com 23.254 vagas nesse ano e a Indústria de Materiais de Transporte 45%, com 22.759. Os setores intensivos em mão de obra, apesar do grande crescimento do consumo, sustentaram nos anos recentes indicadores muito baixos de crescimento de emprego. Em 2011, a Indústria de Têxteis e Vestuário despencou na geração de empregos: entre janeiro e julho gerou 14.936 empregos: 74% menos que o mesmo período do ano anterior, quando tinha gerado 57.381 vagas. A Indústria de Madeira e Mobiliário apresentou queda de 62%, com 8.005 empregos. E a Indústria de Calçados caiu 57% no mesmo período, reduzindo suas novas vagas a 18.265. A Construção Civil, que vinha apresentando expressivo crescimento nos últimos anos, também apresentou uma desaceleração de 32% na criação de vagas nos 7 primeiros meses desse ano, confrontando com os números de 2010. Foram 86 mil empregos a menos que no ano anterior. Sem dúvidas, a desaceleração da economia em 2011 contribui para este processo de menor força na geração de empregos. Contudo, percebe-se um processo estrutural de perda de competitividade que precisa ser sanado. As medidas de desoneração de folha definidos até o momento pelo governo estão na direção correta. No entanto, a transferência para outros tributos terminaram por gerar ganhos de competitividade muito pequenos e, possivelmente, com baixa capacidade de reversão da tendência. A associação de outros fatores ao crescimento expressivo do custo do trabalho acaba por forçar processos de automação e reduzir a atratividade de investimento. Com isso, o país é prejudicado, perdendo oportunidades e abrindo mão de um processo dinâmico de geração de empregos que esses setores poderiam propiciar. Portanto, o que se observa é que está passando da hora de aprofundar o debate sobre as muitas questões relacionadas ao custo do trabalho. Fonte: CNI Em, 23-08-2011.