AU TO RA L TO EI DI R DE UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES LE I PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PR OT EG ID O PE LA AVM FACULDADE INTEGRADA ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL DO CU M EN TO A IMPORTÂNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA UM Por: Kátia Cilene de Azevedo Marcelino Orientador Prof.(a) Flávia Martins Rio de Janeiro 2013 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Pública. Por: Kátia Cilene de Azevedo Marcelino 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, fonte de vida. Aos meus pais, que me ensinaram a viver com namorado Fernando que deixou desanimar, me dignidade. Ao meu nunca me estimulando a pensar no futuro ao qual escolhi. De forma muito especial, aos meus mestres pela orientação, seriedade, sabedoria e experiência transmitida, mostrando que é preciso avançar e ter dedicação. Nessa trajetória de formação profissional, reconheço a importância de cada um em minha caminhada, assim como os idosos e assistentes sociais, que irão colaborar com esta pesquisa. O meu obrigada. 4 DEDICATÓRIA Aos idosos que graças a Deus estão presentes em minha vida: meus pais, que mesmo não gozando de tanta saúde caminham bravamente para os seus 85 anos. 5 RESUMO Este trabalho pretende mostrar os impactos das políticas públicas de promoção do envelhecimento saudável e resgate da cidadania, discutindo as questões relativas às políticas públicas no âmbito da prefeitura do Rio de Janeiro voltadas para a terceira idade quanto ao programa social desenvolvido na Casa de Convivência Carmem Miranda, por está em busca de melhorias quanto à saúde preventiva do idoso, os programas de inclusão social, além de destacar os aspectos jurídicos elencados na Constituição Brasileira, bem como na Política e Estatuto do Idoso sobre os direitos da pessoa idosa. O tema proposto apresenta-nos grande relevância a considerar que as políticas públicas de proteção social ao idoso e as suas garantias de direitos ao longo dos tempos, mostra-nos estes benefícios e lutas para a implementação de leis de proteção aos idosos até os nossos dias como a criação da Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso. E desta forma buscar-se-á enfocar em particular nesta pesquisa a experiência da implantação dos projetos voltados para o envelhecimento ativo e longevo para a população idosa junto a Prefeitura do Estado do Rio de Janeiro. Ao considerar a temática proposta no presente trabalho, percebe-se que a discussão sobre as políticas públicas voltadas para o envelhecimento saudável e o aumento da população idosa, ainda gerarão acerca do tema. muitos debates 6 METODOLOGIA A ideia de desenvolver um trabalho de Conclusão do Curso de Pós Graduação em Gestão Pública no tema proposto foi se consolidando na medida em que fomos percebendo ao longo do curso a importância de uma boa gestão para que as políticas públicas possam ser dirimidas com maior qualidade e eficiência. Assim sendo, ressaltamos a importância das questões relativas às políticas públicas no âmbito da prefeitura do Rio de Janeiro voltadas para a terceira idade e quanto ao programa social desenvolvido na Casa de Convivência Carmem Miranda, por esta, em busca de melhorias quanto à saúde preventiva do idoso, além de destacar os aspectos jurídicos elencados na Constituição Brasileira, bem como na Política e Estatuto do Idoso sobre os direitos da pessoa idosa. Portanto, a execução da mesma se dá através de uma pesquisa bibliográfica através de teóricos que discorrem sobre o tema em questão e documental que destacam-se a evolução dos direitos legais pertinentes a pessoa idosa, até as leis vigentes no país, com o intuito de analisar e discutir as deficiências, as melhorias e os resustados das ações de governo, no âmbito municipal, “in casu” nas Casas de Convivência da cidade do Rio de Janeiro, voltada para o envelhecimento ativo e longevo da população idosa, buscando a partir deste trabalho contribuir para reflexão de todos nós sobre a temática apresentada. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I A CONQUISTA DOS DIREITOS E GARANTIAS SOCIAIS DOS IDOSOS UM AVANÇO LEGAL 1.1 Políticas públicas de proteção social ao idoso e sua garantia de direitos11 1.2 Política Nacional do Idoso: Um Brasil para todas as idades 22 1.3 Estatuto do Idoso (Lei 10741 , 01/10/2003) 24 CAPÍTULO II ENVELHECIMENTO NO BRASIL 2.1 Envelhecimento da população no Brasil 27 2.2 Visão e aspectos negativos da velhice 31 CAPÍTULO III LAZER E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NAS CASAS DE CONVIVÊNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 3.1 O nascimento das Casas de Convivência e Lazer 38 3.2 Formas de inclusão dos idosos na Casa de Convivência e lazer Carmem Miranda 44 3.3 Programas e projetos desenvolvidos na Casa Carmem Miranda 45 CONCLUSÃO 48 BIBLIOGRAFIA 50 ÍNDICE 54 FOLHA DE AVALIAÇÃO 55 8 INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende discorrer de forma clara, objetiva e sobretudo reflexiva no que diz respeito aos impactos das políticas públicas de promoção do envelhecimento saudável e resgate da cidadania, desenvolvidos pela Prefeitura do Rio de Janeiro, principalmente no que concerne ao espaço desenvolvido na Casa de Convivência e Lazer Carmem Miranda, para suprir as necessidades de crescimento de uma população cada vez mais idosa. Para tanto, o presente trabalho se desenvolve em três capítulos: Em seu capítulo I, a trajetória das políticas púbicas adotadas e a luta pelos direitos dos idosos ao longo do tempo, visando melhorar a qualidade de vida, saúde e dependência de forma generalizada. Para Debert (1997), a partir dos anos de 1980, as questões relacionadas a velhice ganharam cada vez mais espaço entre os temas que preocupam a sociedade brasileira, decorrente ao crescente número de idosos. Assim, a multiplicidade e diversidade do contexto das relações sociais, diretas e indiretas, que se constituem e se constroem em novas formas de se instituir o outro. Essas relações são engendradas pelas condições ou determinações do modelo econômico-social que operam, modelam e orientam a vida social de toda uma sociedade. Portanto em primeiro momento procura-se relatar no trabalho as políticas públicas de proteção social ao idoso e as suas garantias de direitos ao longo dos tempos, mostrando estes benefícios e lutas para a implementação de leis de proteção aos idosos até os nossos dias como a criação da Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso. Inclinamos a identificar o processo de formação das políticas sociais na sociedade capitalista, visualizando os elementos que norteiam sua constituição. A partir desta visão, destacaremos os elementos conceituais e históricos fundamentais constitutivos da Política Social no Brasil, traçando sua evolução histórica e contextualizando-se. Como direção, mostraremos a 9 trajetória percorrida das medidas de proteção social destinadas aos idosos, sendo reconhecida efetivamente na Constituição Federal, onde a partir daí apresenta-se o processo de constituição das Leis que beneficiam o idoso em nosso país, destacando-se, a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso. Portanto através desse estudo, procuramos analisar o processo, com vistas a identificar se as estratégias utilizadas contribuem, de forma efetiva, para a garantia de direitos e o fortalecimento dos mesmos. No Capítulo II, é abordado o fenômeno do envelhecimento na sociedade atual destacando vários aspectos que compõe o seu processo e enfatizando a fase da velhice e a imagem como representação social. Após identificamos o aumento da expectativa de vida provocando uma alteração na pirâmide etária do país. Isto sendo formado dentro de um processo histórico e contraditório, que faz nos apontar e analisar o modo de vida dos idosos e suas relações sociais seja na família, no trabalho ou na sociedade em geral, inserida no contexto capitalista, destacando assim, os elementos conceituais e históricos fundamentais. Traçamos também um paralelo do envelhecimento no Brasil através de dados estatísticos da ONU e IBGE mostrando um crescimento populacional de idosos e os estudos e políticas adotadas acerca do problema. É dissertado também os aspectos negativos do envelhecimento, onde o estereótipo “velho”, gera o preconceito e inferioriza o antigo, devido a uma sociedade que enaltece o novo, o jovem e o moderno, deixando o idoso de lado na “marginalização” e entregue muitas das vezes a própria sorte. Tais representações sociais e ideológicas e os elementos culturais revelam as formas de alienação, anulação e opressão, o que exterioriza os termos de violência no cotidiano do idoso e em suas relações sociais. O idoso e sua relação com o trabalho numa sociedade que prevalecem desigualdades sociais e cuja as relações sociais baseiam-se na produção capitalista. No capítulo III ressaltamos o trabalho desenvolvido nas Casas de Convivência do Estado do Rio de Janeiro com inserção na Casa de Convivência e Lazer Carmem Miranda, com o intuito de identificar e conhecer as ações voltadas para a população idosa (programas, projetos e serviços 10 socioassistenciais), assim analisá-las sobre o ponto de vista das políticas sociais que contemplam este público, de acordo com o material oferecido e conversas com assistentes sociais. Na tentativa de obter mais informações, materiais escritos e pesquisas relacionadas aos trabalhos realizados junto aos idosos pela Secretaria de Assistência Social, ressaltando também o nascimento das Casas de Convivência e Lazer, a inclusão dos idosos na mesma e os programas e projetos desenvolvidos. Enfim, este trabalho pretende resgatar a importância das políticas públicas para os idosos e provar que é possível prevenir a velhice com qualidade, quando se tem projetos voltados para o desenvolvimento ativo, longevo dos mesmos como o projeto desenvolvido dentro da Casa de Convivência e Lazer Carmem Miranda, 11 CAPÍTULO I A CONQUISTA DOS DIREITOS E GARANTIAS SOCIAIS DOS IDOSOS: UM AVANÇO LEGAL O crescimento do envelhecimento populacional é claro e notório na realidade de todo o mundo e, rapidamente, no Brasil. Nos países desenvolvidos aconteceu gradualmente, o que favoreceu uma maior consciência da população, o desenvolvimento de ciências acerca do assunto, bem como o planejamento das ações e políticas direcionadas a esse segmento etário, por parte do poder político. Particularmente, no Brasil, o envelhecimento vem ocorrendo de forma acelerada e bruscamente coincide com um quadro de crises por todo o território nacional, que se agrava devido aos problemas sociais e das desigualdades existentes. Diante desse quadro, aparecem novas demandas por serviços, benefícios, cuidados e atenção para os idosos. Por isso, mais do que nunca, é importante um destaque especial nas pautas de discussões e deliberações de direitos específicos para o idoso. Nessa perspectiva, apresentamos o processo de constituição das legislações que beneficiaram os idosos em nosso país. 1.1 – Políticas públicas de proteção social ao idoso e sua garantia de direitos Identificamos a primeira iniciativa de proteção social em nível federal, no ano de 1974, com a criação da Renda Mensal Vitalícia, que garantia um benefício de meio salário-mínimo para as pessoas acima de 70 anos e para os considerados “inválidos”, porém somente aos que não exerciam nenhuma atividade remunerada, ou não recebiam nenhum tipo de benefício da Previdência Social, e nem possuíam outra forma de subsistência. Posteriormente, é criado o PAI (Programa de Assistência ao Idoso), que 12 apreciava o atendimento dos primeiros grupos de aposentados ligados ao Sistema de Previdência Social. No ano seguinte (1975), é criada a Lei 6.334, que passa a controlar os aposentados pela previdência social e a do segurado que a ela se vincula, após completar 60 anos. Em 1978, o Governo Federal se preocupando com a questão do envelhecimento acelerado promove, através do MPAS (Ministério da Previdência e Assistência Social), três Seminários Regionais, realizados em São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza, com o objetivo de reconhecer as condições de vida do idoso no Brasil. Destes seminários, estabeleceu-se a “Política Social da Velhice”, dando início ao documento “Política Social para o Idoso – Diretrizes Básicas”, publicado em 1977. No ano de 1978, o PAI, programa que até então era de responsabilidade do INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), passa para a LBA (Legião Brasileira de Assistência), com o dever e a função de realizar e executar a Política Nacional de Apoio ao Idoso de forma direta, através de Unidades Executivas próprias e por meio da ação comunitária; e indireta, mediante a celebração de Convênios/Contratos com Entidades especializadas. Essa transferência responsabilizou a LBA pela execução de uma Política Social destinada a voltada para o idoso, tendo como foco central a procura e investigação do conhecimento de seus direitos sociais. Para a execução do trabalho junto à população idosa, a LBA teve como guia norteador de suas ações o Documento “Política Social para Idoso – Diretrizes Básicas”, instrumento normativo que, assinalava e mostrava uma necessidade de reposicionar-se o idoso no âmbito e contexto da sociedade, buscando, no redimensionamento de sua imagem, o reconhecimento de sua existência como força social. No entanto, é essencial salientar que até a década de 70, as políticas desenvolvidas para os idosos, desempenhavam caráter paliativo e fragmentário, visto que não abarcava uma ampla e vasta noção dos direitos sociais. Em termos de direitos adquiridos, exclusivamente a partir da Constituição Federal de 1988, passa ser factível assegurar às pessoas idosas 13 seus direitos civis, sociais e políticos. Esta constituinte retratou e representou o início da inserção da temática do idoso nas pautas jurídico legais, passando a fazer parte do discurso da democracia e do acesso universal aos serviços. Em meio as questões que permeiam a comunicação do segmento idoso da população brasileira, torna-se expressiva a participação política dos idosos que se propõem a reivindicar e protestar como também defender seus direitos, empreendendo neste período da vida um instante para discussão acerca da participação social e política, tendo em vista que a socialização de informações é uma estratégia importante para a garantia de direitos. O idoso na perspectiva de movimento de luta ou exercício da cidadania, tem conquistado um novo lugar e significado na sociedade por meio da ação política, garantindo desta forma, seu espaço social. O idoso tem conquistado seu papel principal no cenário político, o de protagonista, através de sua participação e organização cada vez maior na sociedade, seja através de fóruns ou associações. A Constituição de 1988 é quem assegurou estes direitos através dos movimentos e participação efetiva da sociedade, que culminaram na elaboração de leis que viessem a atender as diversas demandas dos segmentos sociais. Paz (2004) ressalta a participação política dos idosos ao exercer sua força política através da participação e da ocupação dos espaços destinados à luta por uma vida melhor. Aponta também meios de organização da população idosa ao revindicar seus direitos. “Os fóruns são espaços sociopolíticos abertos onde os idosos representantes de entidades e grupos tem direito à voz e voto. São espaços democráticos com reuniões sistemáticas onde são debatidas questões pertinentes à cidadania dos idosos e encaminhadas denúncias propostas aos órgãos deliberativos. Os conselhos (nacional, regionais, estaduais e municipais de idosos) são órgãos formais e legalmente constituídos em geral paritários (mesmo número de representantes governamentais e não governamentais, os primeiros nomeados pelo poder executivo e os últimos eleitos por fóruns próprios, normativos, consultivos, deliberativos, e fiscalizadores das políticas públicas 14 de ações de defesa dos direitos do idoso, em que só os conselheiros tem direito à voz e voto”. (p.239). Tais conquistas se deve graças as reivindicações realizadas pelos idosos desta época, que buscavam seus direitos. Assim sendo, podemos constatar que foi a partir daí que a população idosa começa a aparecer no cenário nacional por sua mobilização junto a sociedade em busca de seus direitos. Dessa forma, é salientado por Goldman: “O processo de redemocratização tem seu ponto culminante na promulgação Constituição de 1988. Os idosos de todas as partes do Brasil demonstraram sua força política nas galerias do Congresso, na Praça dos Três Poderes, nas inúmeras passeatas de aposentados e pensionistas, dentre outras manifestações públicas. Parece-nos impossível traçar um quadro completo das lutas populares no processo constituinte sem ressaltar a mobilização e a organização dos movimentos sociais constituídos por aposentados e pensionistas urbanos e rurais”. (2003:97) Ainda pela autora: “A garantia dos direitos da classe trabalhadora é fundamental que sua mobilização política seja constante e, quando necessário, intensificar as lutas para garantia de direitos estabelecidos e/ou esforços rumo a novas conquistas”.(2003:82) O texto constitucional resguarda os direitos dos idosos em seu Capítulo VII, pelos artigos: Art. 229. Os pais tem o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. 15 Art. 230. A família, a sociedade e o Estado tem o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhe direito à vida. 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Assim, através desses artigos expressos na Constituição Brasileira, percebemos que este processo de longevidade torna-se mais visível, e a cada dia projeta-se mais junto à sociedade, fazendo-se necessário, portanto a implementação de Políticas Públicas para o desafio da efetivação da longevidade com qualidade de vida, de modo peculiar o cenário brasileiro, onde a maioria da população idosa são pobres e uma parcela sobrevive abaixo da linha de pobreza, necessitando portanto dos mais variados serviços públicos. PAZ (2004) informa também que as décadas de 1980/1990 representaram um período de movimento de participação política dos idosos, mesmo com pequenas expressões e de uma forma ainda tímida. Mas após a década de 1990, isso se modificou, passando os movimento se expressarem de forma intensa na promulgação da Política Nacional do Idoso, em 1994. O movimento que deu a maior visibilidade à luta dos idosos foi o movimento dos 147%, em 1992 onde os aposentados e pensionistas reivindicam um direito garantido em lei, ou seja, a irredutibilidade dos benefícios, pelo reajuste ao qual tinham direito. Foi através deste movimento que representou a capacidade de organização e mobilização dos idosos aposentados, contribuindo para dar visibilidade as questões deste segmento como nos indica PAZ (2004). “Porém a luta dos 147% surpreendeu em especial na mídia. É a partir desta mídia que o idoso também se torna visível, pois ao mesmo tempo que se notifica sobre o aposentado, com a imagem de homens e 16 mulheres de cabelos brancos associada à aposentadoria, estampava-se a velhice (p.132). Portanto, a primeira legislação específica acontece, somente em 1994, pela Lei 8.842 que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso. Através de sua formulação objetivavam os legisladores, atender às necessidades dos idosos mediante programas e ações de diferentes tipos sob uma perspectiva intersetorial, por envolver previdência, assistência social, saúde, trabalho, justiça, planejamento, educação, cultura e outros. E assim, realizar o desenvolvimento de ações conjuntas das diversas secretarias de governo do Rio de Janeiro. Destacamos primeiramente, os beneficiários dessa legislação em seu art. 2º, “considera-se idoso, para os efeitos desta Lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade”. No Brasil embora existam alguns paradoxos com relação à idade, no que diz respeito a definição de idoso para fins de proteção, sendo que prevalece o que está estabelecido através da Política Nacional do Idoso. Portanto para se colocar em prática as ações preconizadas pela PNI, foi elaborado um Plano de Ação Conjunta, que tratava de ações preventivas, curativas e promocionais, objetivando a melhor qualidade de vida do idoso. Este plano procurava ações para viabilizar efetivamente a implantação da PNI, a partir das seguintes estratégias: definir ações para cada órgão setorial, negociar recursos financeiros entre as três esferas de governo e acompanhar, controlar e avaliar as ações. Essa política foi norteada pelos seguintes princípios: Assegurar todos os direitos de cidadania ao idoso, sendo a família, a sociedade e o Estado os responsáveis em garantir sua participação na comunidade, defender sua dignidade, bem-estar e direito à vida; 1 – O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade de forma geral e o idoso não deve sofrer discriminação de nenhuma natureza, bem como deve ser o principal agente e o destinatário das transformações indicadas por essa política; 17 2 – Cabe aos poderes públicos e à sociedade em geral a aplicação dessa Lei, considerando as diferenças econômicas, sociais e também regionais. Para isso foram traçadas as seguintes diretrizes: v Viabilizar formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, proporcionando-lhe integração as demais gerações; v Promover a participação e a integração o idoso, por intermédio de suas organizações representativas na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; v Priorizar o atendimento ao idoso por intermédio de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, com exceção dos idosos que não possuíssem condições de garantir sua sobrevivência; v Descentralizar as ações político-administrativas; v Capacitar e reciclar os recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia; v Implementar o sistema de informações com vistas à divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos e programas em cada nível de governo v Estabelecer mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo biopsicossociais do envelhecimento; sobre os aspectos 18 v Priorizar o atendimento do idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços; v Apoiar estudos e pesquisas sobre as questões do envelhecimento. As ações governamentais serão providas por diversas áreas e são de competência dos Órgãos e entidades públicas , tais como: Ø Promoção e assistência social Desenvolver ações e serviços que pelo menos, atendam as necessidades básicas do idoso, com a participação da família, sociedade e entidades governamentais e não governamentais; criação de iniciativas, ações e alternativas de atendimento ao idoso; promoção de encontros, seminários e simpósios específicos. Ø Saúde A assistência à saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS); implementar programas e medidas profiláticas; aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas, sendo fiscalizadas pelo SUS; cooperação entre Secretarias de Saúde e Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia por meio de treinamentos interdisciplinar, inclusão da Geriatria como especialidade clínica a ser contemplada em concursos públicos; realizar estudos de doenças acometidas em idosos, na perspectiva da prevenção, tratamento e reabilitação e criação de serviços alternativos de saúde. Ø Educação Inclusão nos currículos dos cursos superiores da área de saúde as disciplinas de Geriatria e Gerontologia, visando formar e capacitar recursos humanos com competência para atender às demandas dos idosos e de seus familiares; investimento na área para a promoção para envelhecimento saudável que efetivamente atinja a população em geral (idosos e aos que vão 19 envelhecer) por meio de programas e materiais educativos e criação de universidade aberta para a terceira idade como meio de socializar diferentes formas do saber. Ø Trabalho e previdência social Criar mecanismos para conter a discriminação ao idoso e garantir sua participação no mercado de trabalho; atendimento prioritário nos benefícios previdenciários e desenvolvimento de programas de preparação para aposentadoria. Ø Habilitação e urbanismo Inserir aos programas habitacionais melhores condições de habilitação e adaptação de moradia, considerando os aspectos físicos dos idosos; acesso da pessoa idosa à habilitação popular Ø Justiça Defesa dos direitos da pessoa idosa, garantindo aplicação das normas de punição. Ø Cultura, esporte e lazer Garantia da participação dos idosos nos bens culturais, facilitando seu acesso aos locais e eventos mediante preço reduzido; desenvolvimento de atividades culturais por parte dos idosos; programas de lazer, esporte e atividades físicas que promovam qualidade de vida à população idosa, além de sua inserção na comunidade. Todos estes aspectos foram aplicados na Política Nacional do Idoso, assim como as questões onde caibam denunciar os casos de desrespeito ou negligência ao idoso, assim como ao que se refere ao direito do idoso prover seus bens, pensões e benefícios, porém se for considerado sua incapacidade “judicialmente” deverá ser nomeado um Curador especial em juízo. Vale ressaltar que a partir da Política Nacional do Idoso, estavam previstos a criação de Conselhos Municipais, de caráter permanente, paritário e 20 deliberativo, que tem como função principal formular, supervisionar e avaliar a política do idoso, devendo cobrar do Estado efetivação de políticas públicas que sejam de fato de interesse da população idosa. Entretanto, no capítulo que seria estabelecida a sua criação, foram vetados os artigos que instituíam os Conselhos Municipais. A legislação não deixou de lado a população que irá envelhecer, visando um processo de envelhecimento com qualidade para garantir uma velhice mais saudável. É importante frisar também uma compreensão e análise da velhice na sua totalidade, pensando nas suas características físicas, psicológicas e sociais, proporcionando uma avaliação de forma articulada, não isoladamente. Assim sendo, podemos observar que a criação da PNI significa para o governo adotar medidas efetivas voltadas para a política de atenção ao idoso, numa perspectiva intersetorial e envolvendo a sociedade globalizada como um todo, em parceria com os demais Ministérios envolvidos na formulação, acompanhamento e avaliação de políticas. No entanto, para ultrapassar o que rege o texto da Lei, é preciso levar ao conhecimento de toda a população sobre seus direitos, no sentido de que haja uma maior conscientização e preparação das famílias, dos profissionais, da sociedade e dos próprios idosos para lidar com as questões que envolvem o envelhecimento e cobrar do poder público os direitos resguardados em lei. O Estatuto do Idoso representa um marco, um grande avanço em termos de garantias legais para o idoso em nosso país, sendo bem mais abrangente que a PNI e a própria Constituição Federal de 1988. É consolidado pela Lei nº 10.741/2003, que dispõe de 118 artigos destinados a regular os direitos assegurados as pessoas com 60 anos ou mais. Estão presentes nele os direitos fundamentais e de cidadania, que dizem respeito à saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, convivência familiar e comunitária, profissionalização, cultura, esporte e lazer, previdência e assistência sociais, assistência judiciária, medidas específicas de proteção aos idosos de um modo geral e, principalmente, aos institucionalizados. O artigo 2º trata sobre uma das disposições preliminares, cujo é atribuído a obrigação da família, da comunidade, a sociedade e do poder 21 Público assegurar aos idosos os seguintes direitos: a vida, a saúde, a alimentação, a educação, a cultura, ao esporte, ao lazer, a cidadania, a liberdade, a dignidade, o respeito a convivência familiar e comunitária. Portanto ao se pensar nas políticas públicas, como a PNI, podemos constatar que o Estatuto ratifica os direitos já instituídos e acrescenta outras normativas de proteção. Os direitos fundamentais contemplam: Liberdade, o respeito a dignidade; alimentação; saúde; educação; cultura; esporte; lazer, profissionalização, habitação e transporte. Podemos assim destacar o Estatuto das demais leis, pois é somente à partir dele que definiu-se uma série de crimes contra a pessoa idosa e suas respectivas penas (detenção, reclusão e multas), desta forma, facilitando o combate ao desrespeito, ao abuso, aos maus tratos, à agressão, a violência e ao abandono pelo Ministério Público. Destacando como maior reclamação e violação de direitos da pessoa idosa, o abandono. Apesar do Código Penal (1940) prevê penalidades aos que cometam crimes contra a pessoa idosa, esse instrumento já está ficando ultrapassado, vistas às novas emergências do cotidiano da realidade brasileira. É neste sentido, que a Lei 10.741/03 inova e abrange, ainda mais, as normas relativas as penalidades cometidas por quem desrespeitar e/ou violar seus direitos. É público e notório que o Estatuto perpassa por muitas dificuldades no sentido de sua efetivação, visto que o maior desafio é divulgá-lo, é fazer com que o mesmo seja conhecido pela população em geral e principalmente, pelas famílias, profissionais que lidam com o envelhecimento bem como os próprios idosos. Assim sendo, este processo, podemos lançá-lo em espaços de estudo, discussão e deliberação, em especial junto aos conselhos de direito dos idosos. Contudo, através desse estudo, foi possível conhecer as medidas de proteção social destinadas aos idosos ao longo do processo histórico brasileiro. Além disso, verificamos que é preciso cobrar as ações designadas ao Estado e aos setores públicos e privados à materialização dos direitos 22 garantidos, proporcionando aos idosos exercerem, de fato, sua cidadania e uma vida social com dignidade. 1.2 – Política Nacional do Idoso: Um Brasil para todas as idades O envelhecimento da população trouxeram vários desafios, entraves, dificuldades e diversas dimensões, porém, não há nada mais justo do que garantir ao idoso sua socialização e integração na comunidade. Podemos constatar que o envelhecimento da população, influencia o consumo, impostos, pensões, a transferência de capital e propriedades, o mercado de trabalho, a saúde e assistência médica, a composição e organização da família, que pode ocorrer o convívio de até 4 gerações. Este processo não é uma doença, porém é inevitável e irreversível, assim sendo, não pode ser tratado apenas como soluções médicas, mas também por intervenções sociais, econômicas e ambientais. Portanto, podemos constatar um tripé onde política pública de atenção ao idoso, se relaciona com a ação reivindicatória dos movimentos sociais e também com o desenvolvimento sócio econômico e cultural, isto graças a um marco dessa trajetória que foi a Constituição Federal de 1988, que introduziu em suas disposições o conceito de Seguridade Social, fazendo com que a rede de proteção social alterasse o seu enfoque estritamente assistencialista, passando a ter uma conotação ampliada de cidadania. Foi a partir daí que a legislação brasileira procurou se adequar. Com a Política Nacional do Idoso, estabelecida em 1994 (8.842), que criou-se normas para os direitos sociais dos idosos, garantindo integração e participação efetiva como instrumento de cidadania, assim como, garantir sua autonomia. 23 Inúmeras discussões e consultas ocorreram nos Estados, como resultado das reivindicações efetuadas pela sociedade para a promoção e promulgação desta lei, nas quais participaram idosos ativos, aposentados, professores universitários, profissionais da área de gerontologia e geriatria e várias entidades representativas desse segmento, que elaboraram um documento que se transformou no texto base que posteriormente transformouse em lei. Devido a diversos fatores, que vão desde contradições dos próprios textos. Entretanto, essa legislação não foi eficientemente aplicada. Isto se deu a vários fatores, que vão desde contradições dos próprios textos legais até o desconhecimento de seu conteúdo. Na análise de muitos juristas, a dificuldade de funcionamento efetivo daquilo que está disposto na legislação, está muito ligada à tradição centralizadora e segmentadora das políticas públicas no Brasil, que provoca a superposição desarticulada de programas e projetos voltados para um mesmo público. A área de amparo à terceira idade é um dos exemplos que mais chama a atenção para a necessidade de uma “intersetorialidade” na ação pública, pois os idosos muitas vezes são “vítimas” de projetos implantados sem qualquer articulação pelos órgãos de educação, de assistência social e de saúde. De acordo com membros do Ministério Público, algumas deficiências da Política Nacional do Idoso, foram; a falta de especificação da lei que contribua para criminalizar a discriminação, o preconceito, o desprezo e a injúria em relação ao idoso, assim como para publicidades preconceituosas e outras condutas ofensivas; dificuldades em tipificar o abandono do idoso em hospitais, clínicas, asilos e outras entidades assistenciais para a punição de parentes das vítimas; falta de regulamentação criteriosa sobre o funcionamento de asilos, sendo preciso que a lei especifique o que devem essas entidades disponibilizar para a clientela, quem deverá fiscalizá-las, e qual a punição para os infratores. A Política Nacional do Idoso objetivou criar condições para promover a longevidade com qualidade de vida, colocando em prática ações voltadas não apenas para os que estão velhos, as também para aqueles que vão 24 envelhecer, bem como lista as competências das várias áreas e seus respectivos órgãos. A implementação dessa lei estimulou a articulação dos ministérios setoriais para o lançamento, em 1997, de um Plano de Ação Governamental para Integração da Política Nacional do Idoso. São nove os órgãos que compõem este plano. Ministérios da Previdência e Assistência Social, da Educação, da Justiça, Cultura, do Trabalho e Emprego, da Saúde, do Esporte e Turismo, Transporte, Planejamento e Orçamento e Gestão. Na relação do que compete às entidades públicas, encontram-se importantes obrigações como estimular a criação de locais de atendimento aos idosos, centros de convivência, casas-lares, oficinas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros; apoiar a criação de universidades aberta para a terceira idade e impedir a discriminação do idoso e sua participação o mercado de trabalho. s direitos garantidos, proporcionando aos idosos exercerem, de fato, sua cidadania e uma vida social com dignidade 1.3 – Estatuto do Idoso (Lei 10.741, 01/10/03) O distanciamento entre a lei e a realidade dos idosos no Brasil ainda é enorme. Segundo os especialistas, para que esta situação se modifique, é preciso que ela continue a ser debatida e reivindicada em todos os espaços possíveis, pois somente a mobilização permanente da sociedade é capaz de configurar um novo olhar sobre o processo de envelhecimento dos cidadãos brasileiros. Em 1º de outubro de 2003 foi sancionado o Estatuto do Idoso, consolidado através da Lei 10.741, pelo Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. Ele vem complementar a lei que institui a Política Nacional do Idoso e definir a tarefa de cada Órgão Público. Ministério Público, Ministério 25 da Saúde, Ministério da Educação na execução das diretrizes dessa política, sob a coordenação de órgão específico. Contudo o Estatuto deu um cunho mais objetivo aos direitos dos idosos, ressaltando como direitos inalienáveis da população idosa; a ocupação e trabalho; a participação na vida familiar e comunitária; o acesso a educação; a cultura; a justiça; ao esporte e lazer; ao acesso a saúde; a moradia; aos serviços públicos; participação na formulação das políticas para o idoso. Importantes também são os direitos que se referem às sanções definidas para ações de negligência, discriminação, crueldade, opressão, violência contra o idoso, bem como para a ação ou omissão que atendam contra seus direitos. Para o relator do substitutivo deste projeto, deputado Silas (PMDB/MG), consideráveis avanços já foram obtidos, com a edição da lei que institui a Política Nacional do Idoso. Porém, ela cuida essencialmente da atuação do poder público na promoção das políticas sociais básicas de atendimento ao idoso, enquanto o Estatuto do Idoso consolida os direitos já assegurados na Constituição Federal, sobretudo tentando proteger o idoso em situação de risco social. São novas exigências da sociedade brasileira para o atendimento da população idosa. Então, podemos verificar que não é por falta de legislação que o desrespeito à população idosa é recorrente em nossa sociedade. Pelo contrário, o problema está no descumprimento da referida legislação. Segundo PAZ (2004), devemos ter em mente que o Estatuto, por si só não é suficiente para concretizar e fazer cumprir todas as suas determinações, o que significa que cada vez mais o movimento social dos idosos, tendo estes como verdadeiros atores e protagonistas coletivos, deverá empenhar-se na luta pelos seus direitos pro conquistas sociais e pela cidadania. “Essas conquistas só serão plenamente alcançadas se revertermos a participação tutelada do idoso para uma proposta de cidadania emancipada onde o idoso se torne verdadeiramente autor protagonista sujeito testemunha – de sua própria história, com a coparticipação de toda a sociedade, sem que os idosos 26 dependam que se lute por eles mas que estejamos aliados na luta com eles”. PAZ, 2004:250 GOLDMAN (2004), complementando, afirma que o Estatuto “trata-se de um avanço considerável, as só terá eficácia com a mobilização não só dos próprios idosos, mas da sociedade como um todo, visto que o envelhecimento é uma questão que interessa a todas as gerações, classes sociais, gêneros e etnias”. CAPÍTULO II ENVELHECIMENTO NO BRASIL 2.1 – Envelhecimento da população no Brasil 27 No que tange a questão do envelhecimento, a cada dia, isso vem ganhando representatividade visto o prolongamento da expectativa de vida da população e o consequente crescimento do número de idosos no Brasil e em todo o mundo, principalmente em países subdesenvolvidos. O limite cronológico proposto pela ONU, em 1982, para o início da chamada terceira idade, tomou por base a média de idade da aposentadoria estabelecida na maioria dos países. Este limite proposto induz à associação corrente entre velhice e aposentadoria, que embora na prática, nem sempre se confundem. Desde o século XIX até meados da década de 1940 (no século XX), o Brasil caracterizou-se pela prevalência de altas taxas de natalidade e de mortalidade. A partir desse período, com a incorporação das políticas de saúde pública em todo o país, com os avanços da indústria farmacêutica e principalmente da medicina, o país experimentou uma primeira fase de sua transição demográfica, caracterizada pelo início da queda das taxas de mortalidade (IBGE, 2003). A tabela abaixo retrata a distribuição da população total do Brasil e da população com seus 60 anos ou mais. Anos Pop. Total Pop. C/ 60 anos % da pop. Idosa ou mais sobre o total 1970 93 137 796 4 716 206 5,06% 1980 119 002 706 7 216 017 6,06% 1990 150 367 841 10 613 000 7,06% 2000 169 700 000 14 536 029 8,6% 2025 322 666 670 34 000 000 15% Fontes: Censos demográficos IBGE de 1970, 1980,1990 e 2000 (estimativa IBGE) Portanto, no gráfico acima podemos verificar que a partir dos sensos demográficos, a visibilidade do envelhecimento está sendo detectada, nas últimas décadas uma participação crescente da população idosa, e por conta disso vem ocorrendo uma mudança na pirâmide etária brasileira. Projeções 28 realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam tendência ascensional de tal participação nas próximas décadas. Segundo a pesquisa, junto ao IBGE, podemos observar que a permanência das altas taxas de natalidade, ocasionando elevadas taxas de crescimento populacional: 2,39% na década de 1940 e 2,99% na década de 1950. As taxas de natalidade, por sua vez, somente iniciam sua trajetória de declínio em meados da década de 1960, período que se inicia a introdução e a difusão dos métodos anticonceptivos orais no Brasil, por isso a justificativa sobre a queda. Portanto, na década de 1960 e 1970 já se observava uma discreta diminuição das taxas de crescimento populacional no Brasil (2,89%), fenômeno que se confirma ao longo dos dez anos seguintes, quando se constata uma taxa de crescimento de 2,48%. A partir da década de 1970, tanto a taxa de mortalidade quanto a taxa de fecundidade encontravam-se em amplo processo de declínio de seus níveis gerais, principalmente pela propagação da esterilização feminina no país. Atualmente conforme IBGE (2008), a taxa de fecundidade total do país decresceu de 1,99% em 2006, para 1,95% em 2007, ficando abaixo do nível de reposição da população (2,1 filhos por mulher). Assim sendo, através dos dados apresentados anteriormente e obtidos historicamente, podemos conferir que o efeito combinado da redução dos níveis da fecundidade e da mortalidade no Brasil, resultou nas alterações que se processaram na composição etária da população, percebidas, sobretudo, a partir de meados da década de 1980. Com a realização do Censo Demográfico 1991, foi definitivamente comprovado o início do processo de transformação do perfil demográfico da população do Brasil, fenômeno que as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs) realizadas no período 1985 – 1990 já sinalizavam este declínio. O aumento da população idosa no Brasil é consequência do crescimento da esperança de vida ao nascer combinado com a queda no nível geral da fecundidade. Esse crescimento ocorreu inicialmente nos países desenvolvidos, como Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos (EUA) e outros. 29 Nos países em desenvolvimento, como Brasil, Indonésia, entre outros, o envelhecimento da população é um fenômeno relativamente recente como podemos vislumbrar também no gráfico apresentado pelo IBGE. Recentemente, no Brasil, segundo IBGE (2008), a esperança média de vida ao nascer no País era, em 2007 de 72,7 anos de idade. A vida média ao nascer cresceu 3,4 anos, com as mulheres em situação bem mais favorável que a dos homens (de 73,2 para 76,5 anos, no caso das mulheres e de 65,5 para 69,0 anos para os homens). Em decorrência, a taxa bruta de mortalidade que representa a freqüência com que ocorrem os óbitos em uma população, caiu de 6,60% em 1997, para 6,23 em 2007. A taxa de mortalidade infantil continua em declínio, passando de 35,20 para 24,32% entre 1997 e 2007. Atualmente, em pesquisa realizada pela PNAD (2007), são quase 20 milhões de idosos correspondendo a 10,5% da população. Os idosos nas regiões metropolitanas somam 6,3 milhões de pessoas, com destaque para Rio de Janeiro e São Paulo com 1,7 milhão e 2,1 milhões respectivamente. Diante desses dados cada vez mais, os fatores demográficos denotam a incidência cada vez maior do contingente de idoso no Brasil. Esse crescimento se reflete nas condições objetivas da vida da população, interferindo sobre o envelhecimento tanto no aumento quantitativo da expectativa de vida bem e como impactando na qualidade de vida oferecida aos que envelhecem, por meio principalmente de políticas sociais. Ao conferirmos nossa realidade, percebemos que o envelhecimento brasileiro é marcado por grandes e inúmeras desigualdades, onde a maioria se apresenta pela desvantagem social, em função de nossa estrutura histórica, as constantes crises econômicas, a defasagem do salário mínimo, a ineficiência das políticas sociais, logo gerando impactos sobre os idosos, família, sociedade e Estado. Ao avaliarmos em termos quantitativos a velhice aparece a primeira vista, uma condição bem simples, um processo neutralizado. No entanto, na realidade, é uma questão bastante complexa, pois enumera múltiplos fatores e dimensões, dentre eles o biológico, existencial, psicológico, social, cultural, econômico e o político. 30 Em um país onde existem situações distintas, fatores individuais e sociais como família, saúde, classe, condição econômica, tipos de trabalho e outros mais, se interagem tornando variável o entendimento sobre velhice. Assim, é preciso pensar nas contradições, diante dessas mudanças no perfil demográfico da população brasileira, que trazem consigo uma série de implicações, dentre as quais se destacam medidas eficazes que garantam a saúde física e mental e o bem-estar social de uma população idosa, cujo crescimento vem ocorrendo com velocidade superior as demais faixas etárias. Segundo Goldman (2003) o aumento da expectativa de vida da população traz em seu bojo uma contradição que pode ser assim sintetizada: de um lado a maior expectativa de vida revela um progresso e o alcance de uma meta há muito tempo desejada pelas gerações que nos antecederam. As conquistas médicas e sanitárias aparecem como principais responsáveis pelo aumento da vida média e estudos geriátricos e também os estudos gerontológicos se aperfeiçoam a cada dia no sentido de estudar e intervir no processo de envelhecimento. Por outro lado, a população que chega a alcançar idade mais elevada encontra dificuldades em se adaptar às condições de vida atuais, pois além das dificuldades físicas, psíquicas, sociais e culturais decorrentes do envelhecimento, sente-se relegada a plano secundário no mercado de trabalho, no seio da família e na sociedade em geral. Um outro aspecto referente ao envelhecimento, podemos verificar conforme os indicadores sociais (IBGE, 2008), é o fenômeno das famílias intergeracionais, decorrente do aumento da esperança de vida, que possibilita a convivência de até três gerações adolescentes e jovens (0 a 24 anos), 36,2% tinham entre 25 e 59 anos; 29,1% tinham entre 60 e 79 anos; e 4,6% tinham 80 anos ou mais de idade. Hoje podemos argumentar que o aumento da longevidade da população do Brasil já proporciona a verificação de um feito que se tornará cada vez mais evidente na sociedade como um todo. Trata-se da difícil convivência entre o mais idoso membro do grupo familiar e o mais jovem deles, acarretando, em alguns contextos, um intercâmbio de valores, expectativas e experiências vividas e/ou conflitos familiares e crises no relacionamento 31 interpessoal, em outras estruturas, a necessidade de um olhar mais abrangente e transformador para as novas relações sociais. 2.2 – Visão e aspectos negativos da velhice O envelhecimento faz parte da vida, é definido como um processo natural e gradual, e ele faz parte do ciclo de vida biológico, inerente a todos os seres vivos; começa com o nascimento, prossegue com o desenrolar da vida e termina com a morte. Não há dúvida de que com o avançar da idade surgem alterações estruturais e funcionais que embora variem de um indivíduo a outro, são encontradas em todos os idosos e são próprias do envelhecimento normal. Podemos portanto, instaurar uma reflexão que avança na direção de ultrapassar o processo de envelhecimento não apenas como leis naturais, mas sim imbicado de fatores sociais, políticos, econômicos, culturais e históricos. Segundo Netto. “O envelhecimento assumiu status de fenômeno, com o qual todos precisam aprender a conviver, estudar e apresentar soluções para os seus problemas atuais e futuros, envolvendo especialistas, governos e população em geral, na medida em que suas repercussões são amplas e significativas”. (NETTO, 2001:42). Para Goldman (2003) o processo de envelhecimento da humanidade não se resume aos aspectos demográficos. Sua complexidade exige que seja estudado por diversas disciplinas, sob múltiplos ângulos. É um fenômeno que percorre toda história da humanidade, mas apresenta características diferenciadas de acordo com a cultura, com o tempo e com o espaço existente. O tema só emerge enquanto fenômeno social de alta relevância a partir do século XX,onde se testemunha maior expectativa de vida e de avanços na área da saúde. 32 Segundo Organização Mundial de Saúde (OMS) a população idosa é definida como pessoas a partir de 60 anos de idade para os países em desenvolvimento assim como o Brasil e 65 anos nos países considerados desenvolvidos. Esta idade cronológica serve para ter como um índice objetivo, ou seja, para demarcação da velhice. As definições de velhice não são tarefa fácil de se demarcar em apenas um momento específico, como a da idade de uma pessoa para que ela possa ser classificada como velha, e somente o parâmetro da faixa etária torna a definição simplificada. Portanto, devemos considerar as diferenças entre gêneros, classes sociais, padrões de qualidade de vida no processo de envelhecimento. Quanto ao que cabe ao discurso relacionado ao envelhecimento, existem estudiosos que destacam uma diferença entre o significado de envelhecimento e velhice. O primeiro é condicionado como parte do ciclo biológico de cada pessoa e o segundo da velhice possui um caráter social dotado de valores, costumes e culturas de cada sociedade, dentro de um determinado contexto histórico. A transformação do envelhecimento como objeto do saber científico coloca em jogo múltiplas dimensões, e essa pluralidade de abordagens não impede a constituição de um corpo de saber claramente delimitado em que cada uma das disciplinas à sua maneira, contribui para definir a última etapa da vida. Almeida (2003) cita que a definição de etapas da vida é uma invenção recente da história ocidental, algo que a modernidade trouxe fazendo um recorte no todo social. Do ponto de vista da perspectiva antropológica e também da pesquisa histórica, podemos ressaltar, em primeiro lugar, que as representações sobre a velhice, a posição social dos velhos e o tratamento que lhes é dado pelos mais jovens ganham significados particulares em contextos históricos, sociais e culturais distintos. A mesma perspectiva orienta a análise das outras etapas da vida, como infância, adolescência e juventude. Segundo os argumentos de Debert, a velhice se revela insuficiente ao se restringir à última etapa da vida. Pode ser entendida em toda sua 33 complexidade, de forma multidisciplinar, como resultante de um conjunto de determinantes econômicos, sociais, políticos e ideológicos que ocorrem na correlação de forças e contradições aparadas pelo modo de produção capitalista. Logo, a velhice não se constitui por fenômeno homogêneo. A posição de classe social torna diferenciada a situação dos idosos, além de formas diferenciadas de cultura e das condições sócio econômicas e sanitárias individuais e/ou coletivas da cada região. Embora as categorias de idade, relacionadas anteriormente, são construções culturais e que mudam historicamente, não significa dizer que elas não tenham efetividade. Essas categorias etárias são constitutivas de realidades sociais específicas, uma vez que, estabelecem direitos e deveres, diferenciais em uma população, definindo relações entre gerações e distribuindo poderes e privilégios como a fixação da maioridade civil, do início a vida escolar e da entrada no mercado de trabalho. Assim, são elementos fundamentais na distribuição de poder e prestígio no interior das classes sociais que tem como referência a idade cronológica. Categorias e grupos de idade implicam, portanto, a imposição do contexto social que contribui para manter ou transformar as posições de cada um em espaços sociais específicos. Junto a essa “doutrina” adotada por nossa sociedade em faixas etárias, surgem diversas terminologias variando conforme o termo mais adequado, temos: terceira idade, melhor idade, sênior, anciães, idosos, velhos dentre outros, que ainda poderão aparecer futuramente. Isso reflete uma forma de tentar suavizar no discurso que o idoso sofre um estigma em seu cotidiano, porém o mais importante do que ultrapassar essa rotulação, seria superar os estigmas e dar um novo significado ao idoso na construção de espaços de cidadania enquanto sujeitos históricos. Dentre todos os termos, existentes, um dos mais utilizados referente à população idosa é a “Terceira Idade”. Seu conceito surgiu na França os anos de 1960, buscando dar significado mais positivo à velhice, associada a uma imagem que simboliza um tempo de liberdade, ou mesmo de ser jovem 34 independentemente da idade. Estando os idosos livres das responsabilidades profissionais e familiares, refletindo-se em dispor de saúde, independência financeira e satisfação pessoal. A partir daí, dissocia-se da visão que se tem da velhice como uma fase de decadência, dependência e doença. Então podemos dizer que atribui-se ao idoso novas práticas relacionadas ao envelhecimento, com um novo tipo de sensibilidade em relação à vida adulta e à experiência do envelhecimento. Também com esse novo discurso percebe-se que vem ganhando cada vez mais espaço na mídia, atendendo aos interesses das novas tecnologias de rejuvenecimento e do mercado de consumo. Mas, esse momento em que o indivíduo pode usufruir de novos prazeres, livres de qualquer opressão do sistema em que estão inseridos, não é realidade para a maioria dos idosos nos países em desenvolvimento. Portanto, diante de diversas terminologias, o mais importante não seria se preocupar pela busca de uma precisão conceitual, mas sim o reconhecimento valorativo que este “ser” que envelhece seja reconhecido pela sociedade, apresentando suas limitações biológicas, psíquicas e sociais, mas que não deixa de ser uma fase de sabedoria e experiência. Na verdade, devemos é perceber o conteúdo valorativo dessa fase da vida, ao invés de procurar terminologias mais modernas à contemporaneidade, já que o conceito de pessoa idosa é tão polissêmico, segundo as reflexões que se remetem ao assunto. Se formos pensar nas sociedades primitivas veremos outros parâmetros em relação à figura do velho, pois estes eram objetos de veneração; os jovens a eles recorriam em busca de seus conselhos; os idosos eram respeitados, a ponto de se confiar a elas negócios de grande importância social e economia. Havia uma supervalorização de tradição de tudo o que nasce segue ao exemplo e ensino dos mais velhos. Hoje, o que se nota é uma inversão de valores, fruto da Revolução Industrial co os avanços tecnológicos, cuja importância se dá pela força de produção, obviamente mais próxima dos jovens. Logo, perpassado pelo imaginário social, o ser velho está representando pelas idéias e visões que 35 condicionam e reproduzem um pensar sobre o idoso como indivíduo inapto, incapaz e improdutivo. Uma percepção discriminatória, decorrente das relações sociais deterioradas que reforça o ideário da “juventude”. Nesse sentido, por vivermos em uma sociedade capitalista, a qual está baseada na exploração caracterizada pelo sistema através da venda da mercadoria (a força de trabalho), os mais jovens são valorizados e, assim, representados pela vitalidade e virilidade, enquanto os mais velhos são depreciados por não possuir mais este rigor. Essa orientação ideológica nos faz pensar como se um dia todos fossem se tornar velhos, em tal grau que não percebemos nosso envelhecimento como um processo natural e biológico. O envelhecimento é pensado como uma realidade distante e não desejada, já que não podemos parecer “inúteis” ao sistema e, o resultado é a marginalização do idoso e a perda de sua condição social. Podemos ver essas situações quando a sociedade idolatra o moderno, o novo, o jovem e inferioriza o antigo e o velho. Desta forma, o idoso se depara com baixa auto-estima e tende a absorver como verdadeiro os valores da sociedade. Com isso, o idoso se encontra a face de uma marginalização, e é em muitas vezes assumida por ele próprio, que não reage e se entrega as dificuldades naturais do envelhecimento, o que propicia conduzir pelos existentes padrões preconceituosos. Muitos desses determinantes socioeconômicos e ideológicos estão bem visíveis na relação direta, nas vivências, nas experiências com os idosos, assim como são presenciados no cotidiano urbano pelas condições desfavoráveis de existência e as perdas sucessivas, que colocam a face da presença da “morte” ainda mais próxima. As condições objetivas da vida ao idoso se interligam aos fatores subjetivos, onde as representações sociais e ideológicas, os símbolos e os elementos culturais revelam as formas de alienação, anulação e opressão, o que exterioriza os tipos de violência no cotidiano do idoso e nas relações sociais mais próximas. Outro fator que adentra no universo do idoso, é a relação trabalho e velhice, a qual não é muito fácil, ainda mais em uma sociedade que 36 prevalecem as desigualdades sociais cujo modelo de relações sociais baseiam-se na produção capitalista. Como é citado por Iamamoto (2009), a nova tendência das linhas de produção traz à tona o aspecto individualista do homem, aquele que precisa se sair melhor do que o outro a cada dia, que é necessário assegurar o número maior de certificados, bem como também pensar de forma nova e criativa. Tais tendências fazem com que a luta de classes seja cada vez mais esquecida, e somente a liberdade individual prevaleça. O mercado busca por profissionais altamente especializados e qualificados, que estejam sempre à frente daquilo que é chamado como “novo”, assim estejam acompanhando as transformações da informática e da robótica, trazendo a classe trabalhadora idéias como o homem polivalente. Em contrapartida, para o Estado em termos econômicos, os idosos representam uma sobrecarga no orçamento previdenciário devido ao decréscimo do número de pessoas que deixam de fazer parte da força de trabalho. O trabalho é com toda certeza, uma necessidade humana e própria da condição do homem, no sentido da realização e satisfação. Entretanto, o modelo produtivo que está incorporado, faz com que o trabalho transformasse o homem em mercadoria, dentro de novas regras e exigências. Dessa forma, o trabalho pode passar a ser um fardo, onde ser promove o desgaste físico bem como o mental. Para os homens à medida que envelhecem vão perdendo suas capacidades físicas e disposições para esse “trabalho”. O homem vem sendo influenciado pela cultura da “juventude”, na qual o homem tenta manter –se jovem, não aceitando seu próprio envelhecimento. Dentro do imaginário, a velhice é eliminada, pois quando uma criança ou adolescente projeta o futuro é mais provável que pense na sua fase adulta com alguma profissão e gerando dinheiro. Contudo, com os novos arranjos familiares e o número reduzido de membros, tornou-se mais um desafio para o envelhecimento, visto que a sociedade moderna movida pelo mundo do trabalho, tem seu tempo reduzido para conviver com os idosos. Outro fator, é que as mulheres antes cuidadoras 37 dos filhos, pais e avós, hoje estão inseridas no mercado de trabalho, e assim, esses cuidados foram transferidos às creches e asilos. Alcântara (2004) diz ser uma tarefa socializar e adaptar o indivíduo de acordo com o modelo cultural estabelecido, de modo não homogêneo, pois há alterações na estrutura familiar numa mesma sociedade, exemplificadas pela variação de constituição das famílias de uma classe para outra. Sendo assim, quanto mais se conhece acerca da história da família mais é possível desenhar como são constituídas as relações e os papéis que cada um exerce no grupo, uma vez que se apresenta um perfil hierárquico ao considerar a idade e também o poder econômico. Enfim, torna-se notório o processo de envelhecimento em nosso país, e esse crescimento não ocorreu junto a um preparo para receber a população idosa, muitos são os preconceitos, esteriódipos, estigmas, símbolos, em virtudes, principalmente, do sistema capitalista que fazemos parte. Logo, as mudanças também deverão ser de valores, isto é, a partir do individual para o coletivo, mudando a visão que se tem da velhice. Este é um assunto que não deve ser tratado apenas por geriatrias e/ou gerontólogos, mas sim por toda população já que todos nós envelhecermos. Sendo assim, é preciso uma conscientização que a vida deve ser prolongada em conjunto pela luta constante dos direitos, respeito, igualdade e justiça social. CAPÍTULO III LAZER E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NAS CASAS DE CONVIVÊNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 38 3.1 – O nascimento das Casas de Convivência e Lazer Gerar bem-estar para os idosos, deve-se ao fato de que o trabalho não pode ser encarado como a única resposta possível para o aumento da qualidade de vida na terceira idade, mesmo que ele possa realmente ser uma fonte de prazer para os indivíduos que encontram nesta faixa etária, ou seja, terceira idade. A partir da década de 90 podemos constatar uma preocupação maior em relação ao idoso no Brasil, principalmente devido a Política Nacional do Idoso (PNI) e a mobilização da sociedade civil. Foi criada em janeiro de 2001, objetivando gerar políticas voltadas, exclusivamente, a população idosa do município do Rio de Janeiro. Em 2006, a nomenclatura foi alterada para Secretaria Extraordinária da Qualidade de Vida (SQV) e, atualmente, é designada por Secretaria Especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SESQV). Encontra-se dividida em duas diretorias: Diretoria de Serviço Social e Diretoria de Projetos, além da Assessoria de Estudos e Pesquisas oferecendo cursos, debates, ciclo de palestras e seminários, grupos de estudos científicos e documentação sobre envelhecimento. Os programas e projetos estão subdivididos por atenção, sendo gerenciados pelas respectivas diretorias. Segundo a Secretaria, hoje, suas atividades atendem mais de 50.000 idosos, tendo por objetivo elaborar ações na área social, área cultural, área de esporte e lazer e na saúde. Como meta a alcançar, dirige-se a implantação e ampliação de projetos para a Terceira Idade, juntamente com parcerias que favoreçam o seu crescimento e, por conseguinte, a valorização do idoso. Na Prefeitura do Estado do Rio de Janeiro, o SESQV é um órgão municipal e ele é responsável pelas políticas públicas voltadas para a disseminação de hábitos saudáveis, envelhecimento saudável, qualidade de vida e defesa da 3ª idade. 39 Dentro da estrutura organizacional dessa Secretaria, o papel da Diretoria de Serviço Social bem como destacar os programas, projetos e serviços sociais sob sua gestão. O objetivo da Diretoria é elaborar, implantar, implementar, monitorar e avaliar projetos, programas e serviços de assistência ao idoso no município. Funciona também como um setor articulador das políticas sociais voltadas para a Terceira Idade, junto a outras esferas de atendimento ou em debates sobre a temática do envelhecimento. Dentro da estrutura da SETI, a Diretoria de Serviço Social também segue os parâmetros da PNAS e SUAS, sendo dividida em atenção e proteção básica e especial. Este órgão tem como seu objetivo promover ações que contribuam para o envelhecimento ativo, digno e longevo da população. Dentre estes projetos podemos citar: (SESQV, 2010) • Projeto Rio Experiente – oferece alternativas de serviços que os mantenham ou os reintegrem á família e à comunidade, despertando suas potencialidades, viabilizando a integração e a socialização deste segmento. É desenvolvidos pelas seguintes modalidades. Grupos de Convivência – desenvolve atividades que propiciem autonomia, integração e a socialização dos idosos e contribui para o resgate da cidadania e auto-estima. Atualmente existem 60 grupos próprios, que oferecem oficinas e atividades livres de uma a três vezes por semana. Centros de Convivência – Oferece espaço de convivência e socialização aos idosos sujeitos ao isolamento social, desenvolvendo atividades sistematizadas de forma a contribuir para o envelhecimento ativo e saudável, evitando a ruptura dos vínculos familiares e a institucionalização. Atualmente a PCRJ tem um centro próprio e três conveniados que funcionam diariamente por um período de 6 horas. 40 Casas de Convivência – Oferece oficinas e atividades livres diárias que ocorrem simultaneamente, que propiciam a socialização, a integração e o resgate da auto-estima. Hoje existem 6 Casas de Convivência e Lazer que serão o objeto de estudo desta monografia. • Projeto Rio Dignidade – um programa de transferência de renda, criado em 1996 para idosos a partir de 70 ano, atualmente atende aproximadamente 820 idosos do Município do Rio de Janeiro, não estando aberto para inscrições. Concede-se uma renda complementar de até um salário mínimo, dando prioridade para aqueles que possuíam alguma doença crônica. • Atendimento social – atendimento prestado por Assistentes Sociais aos idosos e familiares nas Coordenadorias de Assistência Social ou da Terceira Idade. A partir daí, são feitos os encaminhamentos necessários. Nesse tipo de atendimento as maiores demandas são relacionadas as vagas em abrigos conveniados da Prefeitura, denúncias de maus-tratos, e outros. • Instituições de longa permanência – oferece atendimento aos idosos em situação de vulnerabilidade social, sem referência familiar ou que as famílias não tenham condições de mantê-los, por meio de abrigos próprios e conveniados com a prefeitura. • Projeto Agente Experiente – é oferecido ao idoso a possibilidade de acesso ou complementação de sua renda com uma bolsa auxílio mensal. O objetivo é atrelado a possibilidade de trabalho e a experiência do idoso a fim de contribuir no combate à exclusão 41 social e promover a socialização com outros segmentos populacionais. • Projeto Idoso em família – tem como proposta evitar a institucionalização da pessoa que ocorre anualmente no Município do Rio de Janeiro. Através dessa parceria, a Secretaria Municipal de Saúde realizou uma pesquisa para conhecer melhor o perfil e a carência dos idosos, para juntos implementarem projetos e outras ações em vários âmbitos para este segmento da população. Sem dúvida, os projetos disponibilizados pela Prefeitura do Rio são uma forma de aumentar a qualidade de vida da população idosa, pois proporcionam o conhecimento ao oferecerem uma diversidade de cursos, palestras, debates das questões relativas ao envelhecimento, o divertimento, um espaço de convivência com outras pessoas, (já que a solidão é um fator que não pode ser desconsiderado em se tratando de idosos) e finalmente dão ainda um suporte institucional, seja jurídico, médico, psicológico etc. (SESQV, 2010) As Casas de Convivência do Rio são uma referência no que diz respeito à inclusão social de idosos no município, de forma totalmente gratuita. As atividades desenvolvidas nas Casas de Convivência e Lazer geram impacto direto na promoção da saúde física e emocional dos frequentadores, ou seja, os idosos. São seis espaços em funcionamento, nos bairros da Gávea, São Conrado, Tijuca, Lagoa, Botafogo e a mais nova Casa de Convivência, que está localizada na Penha, que proporcionam um convívio saudável e prazeroso ao idoso, procurando reproduzir do modo mais digno possível um ambiente familiar. As Casas de Convivência são: Casa de Convivência e Lazer Naná Sete Câmara, localizada na Av. Niemeyer, 776, 11º andar, São Conrado; 42 Casa de Convivência e Lazer Padre Velloso, localizada na rua São Clemente 312, Botafogo; Casa de Convivência e Lazer Dercy Gonçalves, localizada no Parque da Catacumba, Lagoa; Casa de Convivência e Lazer Bibi Franklin Leal, localizada na rua General Espírito Santo Cardoso 541, Tijuca, Casa de Convivência e Lazer Maria Haydee, localizada na rua Padre Leonel França 240, Gávea E a mais nova a Casa de Convivência e Lazer inaugurada em 10 de dezembro de 2010, um enorme centro de atividades para os idosos nas proximidades da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, comunidades estas pacificadas. Esta iniciativa fez parte da ocupação social que está sendo desenvolvida nas regiões do entorno pelo governo municipal. Este novo equipamento público recebeu o nome de Casa de Convivência e Lazer para idosos Carmem Miranda, localizada na Avenida Nossa Senhora da Penha, 42 3º andar, Penha. As atividades oferecidas diariamente são para as pessoas com 60 anos ou mais e esta casa se torna referência no que diz respeito à inclusão social de idosos no município e geram impacto direto na promoção da saúde e no emocional dos frequentadores. (portal: http://www.rio.rj.gov.br/web/sesqv) A esposa do ex-prefeito, Cesar Maia preocupada com a saúde de sua mãe que não se relacionava com pessoas de sua idade por não possuir nacionalidade brasileira e ter dificuldades de comunicação devido ao idioma, procurou desenvolver um espaço para idosos, onde os mesmos pudessem ser acolhidos, orientados e que desenvolvessem atividades físicas, recreativas, culturais, associativas e de educação para a cidadania. Através desta intenção nasceram as Casas de Convivência do Rio de Janeiro, onde é oferecido um espaço gratuito de convivência para permanência diurna, adequado ao desenvolvimento de atividades. Com o acelerado crescimento da população de idosos, trouxe a necessidade de transformação nos aspectos social, político e econômico. Portanto, devido as demandas foram expandindo o número de Casas de 43 Convivência no Rio, para que pudessem proporcionar espaços onde os “velhos” pudessem, a princípio, ocupar o seu tempo livre e ampliar o grau de sociabilidade, melhorando assim, sua qualidade de vida, passando a construir o principal território da construção da nova imagem da velhice. Com o passar do tempo a ampliação dos serviços nas Casas também se tornou inevitável, devido ao grau de procura. Hoje o público alvo é o idoso independente maior de 60 anos. Hoje nas Casas de Convivência devem ter aproximadamente cerca de 5.000 idosos distribuídos nas seis casas. O horário do funcionamento das Casas de Convivência são de 2ª a 6ª feira das 8 às 18hs e aos sábados de 9 às 12hs. No cenário atual, com a proposta do Estado para a Reforma da Previdência Social, os trabalhadores terão direito a sua aposentadoria já bem próximos da terceira idade, o que faz com a introdução desta temática seja imprescindível. Deste modo, as Casas de Convivência podem ser consideradas uma via de aumento da qualidade de vida do idoso ao fornecer um apoio substantivo para se pensar a vida após o desligamento do trabalho. A Organização Mundial da Saúde argumenta que os países podem custear o envelhecimento se os governos, as organizações e a sociedade civil implementarem políticas e programas de envelhecimento ativo que melhorem a saúde, a participação e a segurança dos cidadãos mais velhos. 3.2 – Critério de Inclusão dos Idosos nas Casas As Casas oferecem um centro de convivência, onde os idosos possam receber atendimentos conforme suas necessidades físicas, psíquicas e sociais. Desse modo, presta assistência ao idoso, promovendo saúde e bem-estar e colaborando para que as famílias tenham alternativas evitando a institucionalização. Para isso, basta que o idoso compareça a qualquer uma das Casas de Convivência e Lazer espalhadas pelo Rio com seus documentos pessoais, tais como: identidade, CPF, comprovante de residência e se pronunciar acerca do interesse em participar dos eventos e atividades promovidas e disponibilizadas 44 para os idosos. Este processo de inclusão nas Casas também pode vir através de encaminhamentos de outras instituições, visando atender a necessidade daquele idoso em questão. Após detalhada entrevista com uma Assistente Social das Casas de Convivência e Lazer, para verificar as necessidades daquele idoso, suas limitações físicas e psíquicas, para inclusive fazer algum encaminhamento caso seja necessário e essencial para o idoso. Posteriormente, a Assistente Social vislumbrando as necessidades e as demandas ao qual fez o idoso ter o ímpeto de procurar as Casas, é feito um cadastro contendo todas as informações acerca de seu quadro. Onde mora, com quem, relação familiar, renda mensal, doenças e quadro clínico atualizado. A partir de todas as informações colhidas são montados os dias e horários das atividades que o idoso possa a vir se interessar. Caso o mesmo se interesse por atividades físicas, serão necessários a apresentação de atestado médico para o cumprimento de tais atividades. Segundo o Informativo das Casas de Convivência, apesar da grade montada a realização das atividades não são obrigatórias como também a presença ininterrupta, podendo promover o cancelamento de sua inscrição junto as unidades; como ocorre em alguns projetos disponibilizados para idosos, cujo o cumprimento de horários e presença são obrigatórios para se manterem inscritos em um determinado projeto e/ou instituição. Sendo assim, os idosos são livres para participar das atividades, ou não, mesmo que estejam inscritos e presentes no local e não estiverem dispostos a participar, poderão se entreter com qualquer outra atividade ou até mesmo ler um livro ou assistir TV. Portanto, nas Casas de Convivência e Lazer (SESQV) não é feita nenhuma seleção de inclusão ou exclusão do idoso em participar de tal projeto. Todos são “bem vindos”. 3.3 – Programas e projetos desenvolvidos 45 Os projetos podem também se constituir como uma condição importante para o aumento da qualidade de vida na terceira idade, porque são uma forma de dar sentido à existência dos indivíduos (como seres que mantêm suas faculdades mentais ativas, capazes de poder projetar e concretizar seus desejos). A própria existência dos projetos, já garante significado à vida. A concretização de um projeto na terceira idade tem um peso muito grande, pois mostra que o idoso, apesar das diversidades, pode superar algumas limitações (tais como: idade, condição física, etc.) e ir em busca de seus desejos, superando alguns estereótipos ainda tão arraigados em nossa sociedade. Sem dúvida, o bem-estar proporcionado pela elaboração e/ou concretização de projetos é traduzido, inegavelmente, como um aumento da auto estima e, consequentemente, na melhoria da qualidade de vida das pessoas idosas. Nas Casas de Convivência do Rio, são trabalhadas as potencialidades do ser humano, a sua capacidade de conceber projetos e principalmente de poder realizá-los; dando a pessoa idosa estímulos ao seu potencial e à sua capacidade criativa, mostrando-lhe que é possível aprimorar uma habilidade manual, aprofundar seus conhecimentos, praticar esportes, enfim, que pode tornar possível a realização dos seus desejos, fazendo-a perceber que não está “velha” demais para iniciar uma nova empreitada, pois nunca é tarde para começar. A proposta da das Casas é oferecer um espaço gratuito de convivência para permanência diurna, adequado ao desenvolvimento de atividades para o benefício dos idosos. É um programa que busca criar novas estratégias de sociabilidade tentando reduzir ao máximo o isolamento social do idoso, e proporcionar uma maior autonomia e cidadania para a população envelhecida. As Casas desenvolvem estudos, debates e assistência aos idosos, promove a saúde física, mental e social; oferece cursos para a atualização do conhecimento dos idosos, bem como sua integração aos aspectos contemporâneos; divulgação ampla dos serviços e benefícios (LOAS/1993); 46 aborda temas de interesse do público alvo em questão; acolhimento, atendimento e acompanhamento multiprofissional ao idoso; planejamento e articulação com instituição da rede sócio assistencial; ações coletivas e reuniões de equipe; resgate de frequência com estímulo a convivência; capacitação continuada de 6 em 6 meses, ou seja mudam os profissionais e também as atividades, podendo assim, as Casas oferecer atividades variadas durante todo ano. O programa mais recente e inovador dentro das Casas de Convivência é conscientizar aqueles que já atingiram a terceira idade de que é possível, exercer a sexualidade após os 60 anos. Esse é o principal objetivo da nova série de palestras e oficinas que entram na grade permanente de atividades. O projeto se chama: “Sexo: por que não eu?”. A princípio os encontros que discorre deste projeto acontecerão nas Casas: Padre Velloso, Naná Sete Câmara e Maria Haydee, no entanto, as atividades são abertas a todos os usuários, independente da unidade que freqüentem. A oficina é coordenada pela psicóloga Denise Ribeiro, que é especialista em Sexualidade Humana e mestre em Sexologia. Segundo informativo das Casas de Convivência e Lazer da Secretaria Especial de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida é importante ressaltar que entre esses idosos, representados principalmente por aposentados e pensionistas, que mostram-se mais disponíveis ou livres das responsabilidades com a família e o trabalho, para desenvolver atividades que lhes proporcionem maior participação na sociedade, a presença do sexo feminino também é predominante. Portanto, as atividades disponibilizadas para os idosos como a “dança de salão”, não é apenas dança; “inglês por música”, não é apenas o aprendizado de uma língua, é muito mais do que isso. O objetivo principal é que sejam desfrutados os anos de vida a mais, com qualidade, priorizando a saúde integral dos idosos, tornando possível uma velhice participativa e cidadã. Esses são alguns dos resultados da busca por uma velhice ativa, positiva e dinâmica, que refletem uma nova ideologia da terceira idade, 47 revelando uma tendência em criar um novo modelo de envelhecimento, buscando adaptar-se cada vez mais a modernidade, a fim de desfrutar melhor longevidade conquistada. Com a independência econômica e a autonomia, os idosos começaram a desfrutar dos prazeres que o período da terceira idade pode oferecer, quando se tornam mais disponíveis, livres das responsabilidades com o trabalho e com a família e interessados em aproveitar a fase. A terceira idade passou a ser o momento de realizar desejos reprimidos ou não realizados na juventude e de usufruir o tempo livre com atividades que sejam prazerosas e promovam bem estar, como as oferecidas nas Casas de Convivência do Rio. CONCLUSÃO No presente trabalho apresentamos uma das grandes conquistas da espécie humana nos últimos tempos, que nada mais é do que o aumento da expectativa de vida. Por conta da aquisição da maior longevidade destacamos o progressivo envelhecimento populacional e consequentemente o surgimento das necessidades decorridas do aumento do número de pessoas idosas. Como vimos no decorrer do presente trabalho, a velhice é uma crescente categoria que nas últimas décadas vêm sofrendo transformações e causando impactos à sociedade. O fenômeno do envelhecimento traz o desafio de assegurar uma maior expectativa de vida com boa qualidade, que permita que os anos de vida conquistados sejam vividos com dignidade e não anos com acréscimo de sofrimento e tristeza para os idosos e suas famílias. Com o aumento da população de idosos surgiram novas demandas junto à estes grupos etários, que conforme as transformações já ocorridas até 48 os dias de hoje e devido a toda diversidade do grupo, se fez e se faz necessários políticas públicas de qualidade para amenizar ou até mesmo sanar tais demandas. Assim como, se faz essencial informar a população idosa seus direitos e deveres para com a sociedade, ressaltando o seu papel perante a mesma. Diante disso, se fez necessário traçar estratégias para conduzir tais demandas através de políticas públicas voltadas para a promoção do envelhecimento saudável e resgate da cidadania do idoso como integrante da nossa sociedade, além de ter vivido a maior parte do processo histórico brasileiro, precisa ser reconhecido como um sujeito social ativo, respeitado e provido de dignidade e com garantia de direitos expressos em lei. A concretização de políticas públicas voltadas para a terceira idade pretende resgatar sua importância e provar que é possível prevenir a velhice com qualidade, quando se tem projetos voltados para o desenvolvimento ativo e longevo dos mesmos como o projeto desenvolvido pela Prefeitura do Estado do Rio de Janeiro, dentro das Casas de Convivência e Lazer. Fundamentado nestes termos, podemos assim ressaltar que a busca de uma melhor qualidade de vida e o resgate dos anseios da terceira idade são aspectos, ainda, não muito discutidos, e nem afirmados, nas diversas áreas, mas com uma sugerivel preocupação. Deve-se tomar essa grande decisão de tentar melhorar a vida, de entender as coisas do mundo que nos cercam, de compreender o que vai dentro de todos e de tudo aquilo que se pode, de certa forma, mudar, melhorar, evitar e impedir. Todavia, ainda precisam ser feitos muitos esforços pelos diferente setores da sociedade, na busca de expectativa do futuro com melhores condições e não somente, o ganho pelo aumento da expectativa de vida, pois a necessidade do avanço nas políticas públicas será sempre imprescindível para a garantia de um envelhecimento bem sucedido. . 49 BIBLIOGRAFIA BERZINS, Marília A.V.S. Envelhecimento populacional: uma conquista para ser celebrada. IN: Revista Serviço Social e Sociedade. Ed. Cortez, 2003, p. 19-34. 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São Paulo: junho, 1997. 53 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I A CONQUISTA DOS DIREITOS E GARANTIAS SOCIAIS DOS IDOSOS UM AVANÇO LEGAL 1.1 – Políticas públicas de proteção social ao idoso e sua garantia de direitos 11 1.2 – Política Nacional do Idoso:Um Brasil para todas as Idades 22 1.3 - Estatuto do Idoso (Lei 10741 , 01/10/2003) 24 CAPÍTULO II ENVELHECIMENTO NO BRASIL 2.1 -Envelhecimento da população no Brasil 27 2.2 -Visão e aspectos negativos da velhice 31 CAPÍTULO III LAZER E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NAS CASAS DE CONVIVÊNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 54 3.4 O nascimento das Casas de Convivência e Lazer 38 3.5 Formas de inclusão dos idosos na Casa de Convivência e lazer Carmem Miranda 44 3.6 Programas e projetos desenvolvidos na Casa Carmem Miranda 45 CONCLUSÃO 48 BIBLIOGRAFIA 50 ÍNDICE 54 55 FOLHA DE AVALIAÇÃO • Nome da Instituição: AVM FACULDADE INTEGRADA • Autor: Kátia Cilene de Azevedo Marcelino • Avaliado por: Prof.(a). Maria Flávia Martins de Carvalho