ÓTICAS DIFERENTES DE “VER” O IDOSO Texto extraído das

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ÓTICAS DIFERENTES DE “VER” O IDOSO
Texto extraído das páginas 79 a 81 do livro “CONQUISTAS POSSÍVEIS E RUPTURAS
NECESSÁRIAS”, de autoria da Dra. Maria Helena Novaes, doutora em Psicologia,
com Pós-Doutoramento feito na Universidade de Genebra e Paris V, professora titular
da PUC Rio de Janeiro e livre-docente da UFRJ.
Texto digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier, da Rede de Informações
Área Deficiências e Programa Futuridade da SEADS – Secretaria Estadual de Assistência
e Desenvolvimento Social de São Paulo; FENAPAES, Brasília, Diretoria para Assuntos
Internacionais; Rebrates, SP; Carpe Diem, SP; Sorri Brasil, SP; Inclusion InterAmericana
e Inclusion International em 24 de novembro, 2009.
Há alguns anos tivemos a felicidade de conhecer e trocar idéias com a excelente
psicóloga carioca Maria Helena Novas que, sabendo de nosso interesse por temas
relacionados ao envelhecimento de maneira geral nos ofertou o excelente livro de sua
autoria, do qual retiramos hoje alguns parágrafos que nos pareceram muito
interessantes como, aliás, o livro inteiro. A editora do livro é a GRYPHO Edições e
Publicações Ltda, Rio de Janeiro, CEP 26650-000.
Vamos refletir no que nos ensina Maria Helena Novaes:
“Óticas diferentes de “ver” o idoso
Cada um avalia e percebe o processo de envelhecimento a seu modo, com base no que
sucede consigo, evocando experiências passadas ou presentes tidas com idosos.
Entretanto a velhice não deve ser entendida como uma entidade isolada, mas sim
através de pluralidade de inscrições sócio-culturais, o que faz com que a representação
social do idoso se diferencie nos diversos contextos e esteja sujeita à interferência de
preconceitos e estereótipos sociais.
O culto à mística da Terceira Idade, que ressalta apenas seus aspectos positivos
representa, sem dúvida, uma visão míope e unilateral, válida também no caso de
interpretação dramática e pessimista dessa etapa da vida.
A complexificação do mundo contemporâneo leva, isso sim, à necessidade
de se preparar as pessoas de mais idade a adotarem comportamentos compatíveis
com as demandas e exigências sociais, desenvolvendo capacidades cognitivas,
emocionais, afetivas, criativas e de interação social.
O poeta Mario Quintana dizia que o choque do envelhecimento se dá
“quando a gente vê no espelho um sujeito dez anos mais velho que você, te olhando
com cara de espanto”.
Características atribuídas pela sociedade ocidental aos idosos, são: perda gradativa de
energia física e mental, baixa auto-estima, falta de confiança em si mesmo,
intolerância, sentimento de impotência, hipersensibilidade, conformismo com as
perdas sofridas, sentimentos de solidão, de isolamento e depressão.
As pessoas não-idosas percebem a velhice como uma ameaça inevitável, um processo
gradual de diminuição das forças e capacidades, um tempo difícil que traz alteração da
qualidade de vida, quebra de status social e profissional.
O importante é não se deixar levar por “clichês” dessas representações sociais,
procurando sempre significar essa Idade nos vários contextos sócio-culturais, pois as
relações desses modos do pensamento social levam a compreender a identidade dos
idosos através das relações interpessoais, bem como das influências mútuas e4ntre
idosos e não-idosos.
Ao compararmos a representação social do idoso em países ocidentais e orientais
verificam-se significativas diferenças, assim como em países industrializados ou
agrícolas, em grupos urbanos ou rurais e assim por diante.
Várias pesquisas de campo têm sido realizadas por geriatras, psicólogos, psiquiatras,
assistentes sociais e apresentam resultados interessantes, como aquela desenvolvida
na PUC-Rio por Negreiros, em 1992, com amostra de 120 pessoas, estratificadas por
categorias de sexo, idade e nível sócio-econômico. Verificou que os homens tinham
uma percepção mais desfavorável e severa quanto às capacidades dos idosos do que
as mulheres; quanto ao nível sócio-econômico dos participantes não se registrou
acentuação de determinado estereótipo e preconceito, variando no sentido daqueles
de nível mais baixo preocuparem-se mais com os aspectos físicos e as condições de
saúde e aqueles de nível mais alto com os aspectos psicológicos; no tocante à imagem
das pessoas mais velhas sobre o idoso é mais negativa do que a das pessoas mais
jovens.
Estudos psicossociológicos comprovam que a representação social do idoso é
influenciada pela ordem sócio-cultural vigente, sendo percebido, geralmente como um
inútil, inválido, não produtivo economicamente, um peso social, necessitando de
cuidados essenciais ligados mais à saúde, alimentação e segurança. Tal representação
influencia a ideologia do seu atendimento institucional, bem ccmo as atitudes dos
profissionais que lidam cm ele e os comportamentos interativos de comunicação
individual e social.
Sabemos que as representações advindas das práticas educativas e sociais circulantes
num determinado contexto sócio-histórico são o suporte para a interiorização das
ideologias.
Desejos conscientes e pré-conscientes formariam o espaço ou território onde as
ideologias transitórias em forma de ideofantasias vão formando o mundo imaginário
do sujeito, enquanto ser social; esse transita em dois vértices: o de realização de
desejos e necessidades e o da fantasia transformadora, deformadora e encobridora da
realidade.
No processo da interiorização das ideologias estão presentes desejos e fantasias que
irão influenciar a tomada de decisões e organizar os processos simbólicos das relações
sociais, influenciando as dinâmicas institucionais.
Normas e valores passam pela ideologia, sendo interiorizadas de acordo com os
modelos vigentes e as expectativas dos grupos sociais e culturais
Observa-se que as experiências institucionais com os idosos têm vários significados e
podem abrigar distorções defesas e transformações – quanto ao processo de
idealização, também presente, é aquele pelo qual a pessoa atribui aos objetos
qualidade e valor, podendo também ser conseqüência direta da angústia persecutíva
do ego pelos objetivos envolvidos .
Digitado por Maria Amélia Vampré Xavier em São Paulo, 24 de novembro, 2009
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