UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE LOGÍSTICA E O GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Por: Ana Claudia Gadelha Jenny Orientador Profª. Emília Parentini Rio de Janeiro 2006 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE LOGISTICA E O GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Este trabalho foi apresentado a Universidade Candido Mendes, Instituto A Vez do Mestre, como requisito básico para a obtenção do título de especialista em Logística Empresarial. Por: Ana Claudia Gadelha Jenny. 3 AGRADECIMENTOS Ao corpo docente, em especial a Profª Emília, orientadora deste projeto, e a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a confecção deste trabalho. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, minha família e amigos, que em todo o curso me ofereceram apoio, incentivo e que colaboraram para a sua realização e aperfeiçoamento. 5 RESUMO Atualmente as Empresas estão buscando novas soluções para o aumento da eficiência de todo o fluxo de materiais dentro da Empresa e da cadeia de suprimentos. A logística está atualmente em evidência e a estratégia é o uso efetivo dos recursos de comunicação e tecnologias de informação. Nos últimos dez anos, um número cada vez maior de empresas de destaque reconheceu claramente que a logística é uma variável estratégica importante. Com os mínimos prazos de entrega impostos pelos clientes, as operações de repor a cadeia de suprimentos estão cada vez mais difíceis de gerenciar. As empresas estão atualmente enfrentando as ameaças dos clientes em trocar de fornecedor, portanto os administradores das empresas estão cada vez mais incorporando a logística. Ao longo da cadeia logística, os processos são organizados de tal forma que os resultados, ou seja, os serviços prestados pela logística obedeçam exatamente às necessidades de serviços expressas pelos clientes. Neste trabalho, procuramos esclarecer o que vem a ser, como surgiu e os demais sistemas utilizados na cadeia de suprimentos de materiais, além de proporcionar uma visão geral sobre cada passo da cadeia de suprimentos de materiais, sempre enfocando o futuro, ou seja, procurando o que há de melhor e mais atual no que diz respeito à logística de Materiais. 6 METODOLOGIA A metodologia utilizada neste trabalho foi basicamente voltada para o estudo de literatura específica sobre o tema, textos em revistas, sites, entrevistas, assegurando assim um maior aprofundamento do tema em estudo. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Logística Empresarial 10 CAPÍTULO II - Componentes de um sistema logístico 30 CAPÍTULO III – Supply Chain Management 41 CONCLUSÃO 49 BIBLIOGRAFIA 51 ANEXOS 53 ÍNDICE 54 FOLHA DE AVALIAÇÃO 55 8 INTRODUÇÃO O valor de um adequado gerenciamento do processo de mudança aumenta conforme as empresas evoluem de uma estrutura departamental para uma estrutura focalizada no processo e na Cadeia de Abastecimento. Voltando algumas décadas, podíamos visualizar as empresas, ou melhor, alguns de seus colaboradores desenvolvendo mudanças em suas áreas achando que se fizessem a sua parte estariam assegurando o sucesso da empresa. Perceberam, com o tempo, que reforçar apenas elos isolados de uma corrente não aumenta a resistência da mesma. A partir daí, conceitos como o da Logística Integrada começaram a encantar muitas empresas que passaram a descobrir as oportunidades de gerenciar o negócio através de seus processos, e não mais apenas pelos seus departamentos isolados. No passado, a logística como processo de abastecimento de materiais ou mesmo como atividade de transporte na distribuição física, ganhou maior abrangência nos anos 1980, quando as organizações perceberam sua importância na administração integrada dos processos de suprimentos, produção e distribuição física, ficando estabelecido o conceito da logística integrada. A partir do início deste processo de integração, consolidado pela obtenção de significativos resultados relacionados ao aumento de produtividade e à melhoria do nível de serviço ao cliente, as empresas elegeram a logística um instrumento de integração de toda a cadeia de negócios, envolvendo clientes, fornecedores e todos aqueles relacionados direta ou indiretamente com a mesma. Ou seja, a necessidade de integração evoluiu de dentro para fora das empresas, constituindo uma rede de organizações integradas desde os fornecedores de matéria-prima até os consumidores finais. A esta constituição 9 integrada foi dado o nome de cadeia de abastecimento, que naturalmente se transformou na visão da logística moderna. Por definição, o processo de gerenciamento de uma Cadeia de Abastecimento se preocupa com três Fluxos Principais: Fluxo de Materiais, Fluxo de Informações e Fluxo de Dinheiro. A complexidade de gerenciamento destes três fluxos cresce exponencialmente conforme aumenta o número de integrantes destas cadeias. Desta forma, entendemos que uma adequada análise do processo logístico da organização deve ser efetuada para que se possa gerenciar adequadamente estes três grandes fluxos. Portanto, deve ficar claro que embora existam soluções em tecnologia da informação já disponíveis para integração de uma Cadeia de Abastecimento, como por exemplo, os softwares de Supply Chain, o esforço que se deve conduzir para o sucesso desta integração é mais amplo e não podemos deixar de considerá-lo, pois, casos contrários, estarão automatizando um bando de empresas, e não uma verdadeira cadeia de abastecimento. Sabe-se que hoje, a elaboração de um sistema logística deve ser feita de forma cuidadosa – uma vez que a logística influi muito na geração dos negócios de uma organização. Foi recentemente que se atribuiu o grau de relevância adequado que o assunto merecia. 10 CAPÍTULO I LOGÍSTICA EMPRESARIAL ...Deus é maior que todos os obstáculos. Podemos dar inúmeras definições para Logística Empresarial. Uma delas, segundo Aurélio (1986, 2 ed. P 1045), é a seguinte: “Parte da arte da guerra que trata do planejamento e realização de projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material para fins operativos ou administrativos. Outra, mais diretamente relacionada com a logística empresarial no trabalho, conforme Ballou, em seu livro “Logística Empresarial”, diz que: “A logística Empresarial trata de todas atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável”. (Ballou,1983, 1 ed.;24) 1.1 – Origem da Logística Empresarial A origem da palavra vem do grego “LOGISTIKOS”, do qual o latim “LOGISTICUS” é derivado, ambos significando cálculo e raciocínio no sentido matemático. A logística tem suas origens nas organizações militares. Semanticamente, a palavra tem suas raízes na França – proveniente do verbo “loger” (alojar). Segundo Souza (2002), “a logística originou-se no século XVIII, no reinado de Luiz XIV, onde existia o posto de Marechal – General de Lógis – responsável pelo suprimento e pelo transporte do material bélico nas batalhas”. 11 O sistema logístico foi desenvolvido com o intuito de abastecer, transportar e alojar tropas – propiciando que os recursos certos estivessem no local certo e na hora certa. Este sistema operacional permitia que as campanhas militares fossem realizadas e contribuía para a vitória das tropas nos combates. Gallo (1998) diz que: O primeiro general a utilizar esse termo, foi o general Von Claussen de Frederico da Prússia, e foi desenvolvido mais adiante pela Inteligência Americana – CIA, juntamente com os professores de Harvard, para a Segunda Guerra Mundial. Logo depois, em meados de 1950, a logística, surge como matéria na Universidade de Harvard, nas cadeiras de Engenharia e Administração de Empresas. A partir do momento em que os militares começaram a perceber o poder estratégico que o sistema logístico possuía, deu-se mais atenção ao serviço de apoio que as equipes prestavam no sentido de deslocamento de munição, víveres, socorro médico nas batalhas etc. Conseqüentemente, despertou-se o interesse em estudos nesta área – que foi evoluindo após os resultados observados na Segunda Guerra Mundial em relação ao sistema logístico utilizados pelos militares. O desenvolvimento da logística está intimamente ligada ao progresso das atividades militares e das necessidades resultantes das guerras. Os persas utilizavam os carros de boi para o transporte de suprimentos. Um carro de boi, transportando cerca de 650 kg se movimentava a uma média de 3 km/h, num máximo de 5 horas por dia, limitando o avanço militar a 15 km por dia. Os assírios introduziram os cavalos, que podiam transportar aproximadamente 120 kg, mas moviam-se, carregados, a 6 km/h, durante 8 horas, permitindo a movimentação das tropas por 48 km a cada dia. O exército de Alexandre O Grande, há 2.300 anos atrás, através da introdução de importantes conceitos logísticos, movia-se 65 km por dia, o que permitiu a formação de seu império que abrangia a Grécia, a Índia e a Pérsia, percorrendo cerca de 6.500 km, a marcha mais longa da história. Graças aos 12 seus avançados conhecimentos logísticos, o exército de 35.000 homens de Alexandre O Grande derrotou o exército de 160.000 homens de Dario, o Rei da Pérsia, em 333 a.C., na batalha de Amuq Plain. A Guerra do Golfo foi conhecida como a guerra da logística. Durante os 43 dias da Guerra do Golfo, em 1991, a Força Aérea dos EUA realizou 109.876 vôos de ataque, uma média de 2.555 ataques aéreos por dia. Para se ter uma idéia da intensidade de ataques, na Guerra do Golfo foram lançadas 40.416 toneladas de bombas por mês. Na Segunda Guerra Mundial, foram lançadas 47.778 mil toneladas mensais e na Guerra do Vietnã, 44.014 toneladas. Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro, as primeiras atividades logísticas desenvolvidas pelos militares brasileiros remontam a época imperial. Em 1821, durante a regência de D. Pedro I, foram efetuadas as primeiras incumbências referentes ao rancho da tropa, ao fardamento, ao equipamento, ao material de acampamento, ao arreamento e aos utensílios usados no Exército. Nas Forças Armadas do Brasil, a logística é parte integrante do Serviço de Intendência – criado em 1920 com a vinda da Missão Militar Francesa. As atividades logísticas desenvolvidas nas organizações militares do Brasil trabalham, tal qual nas empresas, no sentido de desenvolver um planejamento eficaz e o provimento adequado, nos locais especificados e nas devidas quantidades. O Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro divulga que o Serviço de Intendência, atualmente, é responsável pela distribuição de fardamentos, equipamentos etc., além dos variados tipos de munição e gêneros alimentícios. Dentro das organizações militares, este setor é incumbido de outras missões, como transporte de pessoal e suprimentos; serviço de banho e lavanderia; suprimentos reembolsáveis etc. Além disso, os intendentes prestam o serviço de assessoramento aos comandantes de Unidades Militares na parte de administração financeira, controle interno, contabilidade e informática. 13 Já no meio empresarial, Martins e Alt (2003, p. 251) relatam que: “No Brasil, a logística apareceu nos anos 1970, por meio de um de seus aspectos: a distribuição física, tanto interna quanto externa[...]”. Ao perceberem que, em um país de dimensões continentais como o Brasil as empresas deveriam ter um gerenciamento logístico eficaz, os empresários atentaram definitivamente para a logística como um elemento que poder gerar vantagem em relação à concorrência. Mendes (2000, p. 15) afirma que: Muitos conceitos logísticos utilizados atualmente são provenientes da logística militar da Segunda Guerra Mundial, infelizmente, somente depois de muito tempo é que esse exemplo militar conseguiu influenciar as atividades logísticas das empresas comerciais. 1.2 – Evolução da logística nas últimas décadas. Há 20 anos atrás, a logística não era vista como uma importante ferramenta para os administradores. Atualmente a logística empresarial é um campo em grande expansão e com enorme potencial para a alta administração. Não significa que as atividades essenciais de transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos sejam novidades. Hoje, a Logística é reconhecida pela doutrina moderna como uma das 3 artes básicas militares: - Estratégia: amplos planos para emprego da força militar no ar, na terra e no mar. Isso inclui a estrutura de força e seus objetivos gerais em tempos de guerra e paz. - Táticas: o emprego e a manobra de forças para implementar as estratégias. - Logística: a provisão de recursos para suportar a estratégia e as táticas das forças de combate. 14 Apesar de as empresas demorarem a perceber o papel da logística como um diferencial competitivo – na logística militar, o diferencial da guerra – a expansão do mercado, a variabilidade de produtos e os diversos meios de telecomunicações fizeram com que as empresas atuais atentassem para um gerenciamento eficaz do processo logístico. O desenvolvimento histórico da logística empresarial deu-se em quatro fases: Ü Antes de 1950 Até 1950 a logística permaneceu adormecida, não existia nenhuma filosofia dominante para guiá-la. Nesta fase as empresas dividiam as atividades, que hoje fazem parte da operação logística, para diferentes áreas. Ou seja, o transporte ficava sob o comando da gerência de produção; Os estoques estavam sob a responsabilidade do departamento de marketing, finanças ou produção; e o processamento de pedidos era administrado pelo departamento de finanças ou vendas. Isto resultava em um conflito de objetivos e responsabilidades para as atividades logísticas. Um exemplo deste conflito vemos da seguinte forma: O departamento de marketing tinha a responsabilidade de obter mais estoque, enquanto a responsabilidade do departamento de finanças era diminuir a quantidade em estoque diminuindo assim os custos. Em outro exemplo claro, vemos que o departamento de marketing tinha o objetivo de efetuar uma rápida entrega, enquanto o departamento de produção, que tinha o comando dos transportes, tinha o objetivo de executar rotas de mínimos custos. Antigos estudiosos de marketing e empresários identificaram a natureza da distribuição física e como ela não poderia fazer parte do departamento de marketing. Por volta de 1945, algumas empresas já haviam colocado transporte e armazenagem de produtos acabados sob um único gerente. Pode-se observar que as atividades de logística sempre foram administradas pelas empresas, contudo, grande parte dos aperfeiçoamentos gerencias dessas atividades, apareceram após o reagrupamento das 15 atividades tradicionais dentro da empresa. A justificativa para pouca exploração dos benefícios do reagrupamento era que nem o ambiente econômico e nem a teoria estavam preparados para criar mudanças de atitudes. A área de administração de marketing estava desenvolvendo-se em importância, assim como a administração mudava seu foco da produção para uma inclinação ao consumidor. Além disso, após a Segunda Guerra Mundial, com a economia em processo de rápido crescimento, os EUA tinham como meta produzir e vender. Isto gerava altos lucros, fazendo com que certa ineficiência na distribuição de produtos fosse tolerada. Ü Entre 1950 e 1970 O período do desenvolvimento da logística foi compreendido entre 1950 – 1970, e representou a época de decolagem para a teoria e a prática da logística. Professores de marketing e administração estavam insatisfeitos com o que havia sido criado. Os professores de marketing diziam que as empresas estavam prestando mais atenção à compra e venda do que a distribuição física. A distribuição física estava sendo colocada de lado e subestimada como algo de pouca relevância. Os especialistas em administração estavam chamando as atividades de distribuição que ocorriam após a produção dos bens de “as áreas de negócios infelizmente mais desprezadas e mais promissoras na América.” Muito tempo depois é que se percebeu um fato primordial para a transformação da logística empresarial em uma disciplina, um estudo orientado para fixar qual o papel que o transporte aéreo desempenharia na distribuição física. Por meio desse estudo, verificou-se que o alto custo do transporte não impedia o uso desse serviço, mas que o ponto forte para sua aprovação seria seu menor custo total, proporcionado pela soma das taxas do frete aéreo e pelo menor custo em razão da diminuição por via aérea. Essa compensação de um custo por outro se tornou conhecida como conceito do custo total, que se tornou importante argumento para o reagrupamento lógico das atividades nas empresas, além de ajudar e justificar a reorganização das atividades de distribuição. 16 Algumas condições econômicas e tecnológicas contribuíram também para o desenvolvimento da logística. São elas: X Alterações nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores. Com a realização de censos, foram constatadas alterações dramáticas na população, que produziram substanciais impactos na formação da logística empresarial e, conseqüentemente, nos custos logísticos. Ocorreu migração das áreas rurais para as urbanas e, ao mesmo tempo, migração do centro das cidades para os subúrbios, fazendo com que os varejistas acompanhassem a população para os subúrbios com pontos-devendas adicionais. Isto ocasionou serviços de entrega em uma área metropolitana maior e manutenção maior de estoques totais, incrementando o custo da distribuição. Além das migrações, os consumidores passaram a procurar maior variedade de mercadorias, os produtos proliferaram-se nos supermercados, automóveis eram oferecidos em diversas cores e tamanhos, o mesmo ocorria nas indústrias. Essa variedade significava gerava custos maiores de manutenção de estoques. Por fim, os padrões de distribuição começaram a mudar, o varejista, percebendo o alto custo de manter estoques substanciais, passou essa função para os fornecedores ou centrais de distribuição especializada, gerando entregas mais freqüentes para ressuprimento. X Pressão por custo nas indústrias. Após a Segunda Guerra, houve crescimento econômico substancial, seguido de recessão e um período de prolongada pressão nos lucros. Períodos recessivos fazem os administradores procurarem novas maneiras de melhorar a produtividade, e a logística oferecia essa oportunidade, passando a ser vista pelos administradores como última fronteira para a redução de custos nas empresas americanas. 17 Em meados da década de 50, poucas empresas sabiam ao certo quanto eram seus custos logísticos. Quando analistas começaram suas pesquisas, esses custos mostraram-se espantosos. Levando-se em consideração toda a economia, estimativas feitas nos EUA era de que 15% do valor de todos os bens e serviços produzidos (PNB – Produto Nacional Bruto) representavam custos logísticos. Se retirarmos o valor da indústria de serviços do valor de todos os bens e serviços produzidos, os custos logísticos seriam em torno de 23% do valor dos bens e serviços produzidos. Desses 23%, o transporte é responsável por dois terços e a manutenção toma o terço restante. Estimou-se também que 19% da riqueza nacional representam atividades logísticas e que essas atividades empregam 13% da força de trabalho. Estudos recentes apontaram que os custos logísticos representam 21% do PNB, (referente a 1950 – 1970). Desse total, 46% referem-se a transporte, 28% a armazenagem, 18% a manutenção de estoques e 6% a administração; no entanto, é evidente que, entre uma empresa e outra, existe grande variação nos custos logísticos. Analisando resultados de diversas pesquisas, verificouse que os custos logísticos para uma empresa particular estão entre 19 e 22% do faturamento liquido não incluindo os custos de mercadorias compradas. Caso incluam tais custos, os custos logísticos passariam a corresponder em média a 50% do faturamento. Ainda, por meio de outros estudos constatou-se que enquanto a indústria alimentícia possui custos logísticos na ordem de 32% das vendas, a indústria de máquinas os tem na ordem de 10% das vendas. A razão dessa variação esta no valor dos produtos. X Avanços na tecnologia de computadores. Com o decorrer do tempo os problemas logísticos ficaram mais complicados; apareceram não só mais tipos de serviços de transporte para selecionar, como também houve proliferação de produtos e maior quantidade 18 de depósitos no sistema de distribuição. Essa complexidade poderia então ser efetivamente tratada por novas tecnologias, como o computador que acabava de estrear no mundo dos negócios. Ao mesmo tempo, houve incremento do uso de modelagem matemática, particularmente da programação linear, da teoria de controle de estoques e da simulação. O interesse gerencial por essas técnicas foi estimulado, uma vez que elas auxiliariam na identificação de economias significativas em áreasproblemas da logística, que antes eram só encontradas usando-se métodos indutivos. X Experiência militar. Antes mesmo, das empresas em geral se interessarem em administrar atividades logísticas de forma coletiva, a área militar americana já desempenhava muito bem essa função. Mais de uma década antes, os militares já haviam executado a mais bem planejada e sofisticada operação logística da história - a invasão da Europa. Atividades típicas da logística, como aquisição, estoque, definição de especificações, transporte e administração de estoques estão incluídas na logística militar. Além disso, pesquisas em logística feitas por organizações como a RAND Corporation e o Escritório de pesquisas Navais, são apoiados por militares. Ü Entre 1970 E 1990 A partir da década de 70, a logística empresarial passou para o estado de semimaturidade, já que os princípios básicos estavam amplamente definidos, proporcionando benefícios a empresas. Mesmo assim, a aceitação do mercado ainda era vagarosa, uma vez que as empresas se preocupavam mais com a geração de lucros do que com o controle de custos. Contudo, algumas forças de mudança e evento influenciaram cada vez mais a logística, como a competido mundial, a falta de matérias-primas, a súbita elevação de 19 preços do petróleo, o estímulo da demanda para melhor gestão dos suprimentos. As funções de logísticas passaram a ser áreas de interesse à medida que as empresas também começaram a enfrentar o fluxo de mercadorias importadas. Com o aumento dos preços do petróleo, os custos com transporte elevaram-se e, conseqüentemente, os custos de manutenção de estoques. Na década de 70, iniciou-se a flexibilidade dos sistemas de produção, com redução dos tempos de set up das máquinas. Isto permitiu o atendimento da necessidade emergente de maior diversidade de produtos. Paralelamente, o desenvolvimento acelerado de informática trouxe expressiva contribuição para o aperfeiçoamento dos sistemas logísticos. A partir da década de 80, o desenvolvimento da logística tornou-se revolucionário em virtude de fatores, como explosão da tecnologia da informação, alterações estruturais surgidas nos negócios e na economia dos países emergentes, formação de blocos econômicos e no fenômeno da globalização. Ü Pós-1990 O interesse sobre o assunto logístico, provavelmente, não cessará no futuro. Haverá cada vez mais, uma procura maior pelos gestores, com o intuito de reduzir custos e aumentar produtividade. Qualquer alteração referente à desregulamentação dos transportes, ambiente macroeconômico e concorrência interempresas aumentará o estado de incerteza para planejamento e operação da logística. Visto que a logística é uma atividade de alto custo, os executivos continuarão a procurar por reduções de custo e aumento de produtividade nesta área. Isto exigirá administração hábil, pois alterações, como desregulamentação dos transportes, à competição emergente de países do Terceiro Mundo nos mercados de bens finais e a concorrência por matérias- 20 primas, aumentarão o nível de incerteza para planejamento e operação logística. Embora o foco ainda esteja nas operações manufatureiras e comerciais, é certo que as empresas que produzem e distribuem serviços se beneficiarão dos atuais conceitos e princípios logísticos e procurarão adaptá-los as suas necessidades. 1.3 - Papel da Logística na Empresa A logística também exerce a função de responder por toda a movimentação de materiais, dentro do ambiente interno e externo da empresa, iniciando pela chegada da matéria-prima até a entrega do produto final ao cliente. Suas atividades podem ser divididas da seguinte forma: Atividades primárias São essenciais para o cumprimento da função logística e contribuem com o maior montante do custo total da logística: Transportes, referem-se aos métodos de movimentar os produtos aos clientes via rodoviários, ferroviário, aeroviário e marítimo. De grande importância, em virtude do peso deste custo em relação ao total do custo de logística; Gestão de estoques dependendo do setor em que a empresa atua e da sazonalidade temporal, é necessário um nível mínimo de estoque, em que aja, como amortecedor entre oferta e demanda; Processamento de pedidos que determina o tempo necessário para a entrega de bens e serviços aos clientes. Atividades secundárias 21 Exercem a função de apoio as atividades primárias na obtenção dos níveis de bens e serviços requisitados pelos clientes. A armazenagem que envolve as questões relativas ao espaço necessário para estocar os produtos; Manuseio de materiais que se refere à movimentação dos produtos no local de armazenagem; Embalagem de proteção, que tem a finalidade de proteger o produto; Programação de produtos, programação da necessidade de produção e seus respectivos itens da lista de materiais; A manutenção de informação permite uma base de dados para o planejamento e o controle da logística. É por meio da gestão adequada das atividades primárias com as atividades de suporte que a logística empresarial vai atender ao objetivo de proporcionar aos clientes produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades. É pela coordenação coletiva e cuidadosa dessas atividades relacionadas com o fluxo de produtos e serviços que a empresa esta obtendo ganhos significativos, como redução dos estoques, do tempo médio de entrega, produtividade entre outros. A logística procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produção e distribuição de seus produtos aos clientes e consumidores finais. Esse agrupamento vai permitir a empresa melhor controle e maior integração dos diferentes departamentos, que originalmente tinham visão limitada de suas áreas de atividade. Muitas vezes, prevaleciam os interesses individuais, não importando o envolvimento que cada departamento tinha sobre a distribuição dos produtos finais e conseqüentemente influência em toda a empresa. 22 Um dos itens também estudados pela logística empresarial é como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores por meio de planejamento, organização e controles efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. A logística é um assunto vital para a competitividade das empresas nos dias atuais, podendo ser um fator determinante do sucesso ou fracasso das empresas. O tempo da logística está chegando a uma nova ordem. Isto irá demandar ótima administração para que as empresas se tornem mais competitivas, tenham sistemas logísticos mais eficientes e eficazes, proporcionando melhor padrão de vida para todos e tornando-se, dessa forma, vital para a economia e para a empresa como uma entidade individual. Em sua evolução histórica, a logística tem dispensado tratamento fragmentado á várias atividades de movimentação de materiais e informações nas empresas. No entanto, todas essas atividades procuravam contribuir com a melhoria dos fluxos ao longo de toda a organização, assim como melhorar os principais vínculos com fornecedores e clientes. A necessidade de compatibilizar todas as atividades para atingir o objetivo desejado permitiu que por si só elas fossem integrando-se uma as outras. A primeira integração parcial se originou de dois grandes subsistemas; o de materiais e o de distribuição física. E numa óptica de fluxos, as atividades logísticas, em seu conjunto, percorrem toda a cadeia de abastecimentos origem-destino. Daqui resulta, que pôr um lado, é evidente que existem realidades empresariais diversas, destacadamente às do produtor, do distribuidor e do prestador de serviços, por outro, fica clara a necessidade de uma visão global, isto é, de toda a cadeia de abastecimento. O tratamento das atividades logísticas nas empresas pode ser classificado em várias fases de acordo com o grau de inter-relação existente entre diversos agentes da cadeia. Esse relacionamento inicia -se na fase em que a empresa trata os problemas logísticos somente na óptica interna, passa em seguida pelos primeiros passos rumo a integração empresa-cliente, 23 progride posteriormente em direção ao tratamento integrado empresafornecedor e atinge finalmente a fase da logística integrada que é a tendência atual, a procura de uma forma mais rentável e racional de distribuição dos produtos, não somente no aspecto interno, como também na integração com o ambiente externo. Atendendo que sua importância empresarial está em estudar como a distribuição pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, existe o interesse de que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde quiserem, e na condição física que desejarem. Não podemos esquecer, porém, que temos o problema de os consumidores não residirem próximo das localizações onde os produtos se encontram. A logística empresarial é um composto de um número de organizações e indivíduos que se encarregam de levar os produtos ou serviços ao local onde o comprador potencial se encontra em tempo e momento convenientes e ao menor custo possível a esses compradores e em condições de transferir a posse. Essas vias são parte de um sistema complexo que tem envolvimento em forças sociais e culturais para que possa existir troca de consumo. Com a logística, as empresas passam a contar com uma ferramenta precisa para medir os reflexos de um bom planejamento na distribuição de suas mercadorias, tanto no que se refere aos aspectos externos, consumidores e fornecedores; quanto a seu aspecto interno, fluxo de materiais e armazenamento físico de matéria-prima e produtos acabados. Isto permite que as empresas tenham a possibilidade de reduzir custos e, conseqüentemente, aumentar sua competitividade diante dos concorrentes, nesta nova realidade de mercado globalizado, em que fatores como redução de custos são primordiais para a continuidade das empresas. A logística na empresa é um assunto vital, exercendo também a função de estudar as formas de como o administrador pode obter cada vez mais eficácia e eficiência em seus serviços de distribuição a seus clientes e consumidores, levando em consideração planejamento, organização e controle 24 efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. A logística representa também um fato econômico em virtude da distância existente tanto dos recursos (fornecedores), como de seus consumidores, e esse é um problema que a logística tenta superar. Isto é, se ela conseguir diminuir o intervalo entre sua produção e a demanda, fazendo com que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde quiserem, e na condição física que desejarem, já foi comprovado que ambas só tem a ganhar. Em virtude de nosso ambiente estar em processo acelerado de constantes mudanças em razão dos avanços da tecnologia, alterações na economia e em outros fatores, a empresa tem que se adaptar a todo o instante as novas realidades, colocando a prova seu desempenho e procurando sempre superar uma nova ordem das coisas (nova visão empresarial). Com isso, a logística esta gerando um ambiente competitivo e só sobreviverá quem seguir as regras dos outros. Como pontos centrais da Logística podemos destacar: • Visão integrada e sistêmica de todos os processos da Empresa. A ausência deste conceito faz com que cada área / departamento da empresa pense e trabalhe de forma isolada. Isto gera conflitos internos por poder e faz com que os maiores concorrentes de uma empresa estejam dentro dela mesma; • Fazer com que as "coisas" (materiais e informações) se movimentem o mais rápido possível, conseguindo assim otimizar os investimentos em ativos (estoques); • Enxergar toda a cadeia de suprimentos como parte importante do seu processo. Seus Fornecedores, Colaboradores, Comunidade e Clientes são como elos de uma corrente e estão intimamente interligados. Por isso, devemos sempre avaliar se suas necessidades e expectativas estão sendo plenamente atendidas; • 25 O Planejamento (Estratégico, Tático e Operacional) e a constante Avaliação de Desempenho, por meio de indicadores, são ferramentas gerenciais essenciais para o desenvolvimento de um bom sistema logístico; • O uso de sistemas de informação (ERP, WMS, TMS...) que forneçam suporte as decisões que precisam ser cada vez mais velozes e em um ambiente de incertezas e competição muito grande; • O aumento da colaboração entre Fornecedor e Consumidor através do compartilhamento de informações relevantes para o nível de serviço desejado. 1.4 - Logística Integrada Nas empresas, a logística tem ganhado diferentes definições, correspondendo a uma crescente amplitude de escopo, experimentada ao longo do tempo. A Figura 1, mostra a evolução histórica do conceito de logística. É importante notar que, ao mesmo tempo em que a função logística é enriquecida em atividades, ela também deixa de ter uma característica meramente técnica e operacional, ganhando conteúdo estratégico. Isso pode ser percebido na segunda fase da Figura 1 quando a função logística passa a englobar processos de negócios fundamentais para a competitividade empresarial. A estrutura integrada de logística passa, nesta fase, a orquestrar toda a cadeia de abastecimento, da entrada de matérias-primas até a entrega do produto final. Mas o conteúdo estratégico só fica patente na terceira e quarta fases, nas quais a participação da função logística nas mais importantes decisões empresariais é ressaltada. É o caso das alianças estratégicas, das parcerias e dos consórcios logísticos. 26 Consultas informais realizadas com alunos de pós-graduação (realizada pela revista Tecnologística, na edição de fevereiro de 2000, página 12), exercendo cargos executivos (inclusive em logística) mostrou que, entre as empresas brasileiras pesquisadas (cerca de 150), a quase totalidade encontrase ainda entre as fases zero e primeira descritas na Figura 1. De fato, não é incomum encontrar empresas que ainda não despertaram nem mesmo para a importância de controlar e reduzir estoques. Poucas são as que já implementaram o conceito de logística integrada (segunda fase) e raras as que iniciaram implantações do tipo supply chain management (terceira fase) ou efficient consumer response (quarta fase). O retrato revelado por estas consultas mostra o quanto ainda precisamos evoluir no campo da logística e da competitividade. Figura 1 – Evolução do Conceito de Logística As atividades da função logística integrada podem ainda ser decompostas em três grandes grupos: ¬ Atividades estratégicas: estas atividades relacionam-se às decisões e à gestão estratégica da própria empresa. A função logística deve 27 participar de decisões sobre serviços, produtos, mercados, alianças, investimentos, alocação de recursos entre outros. ¬ Atividades táticas: estas atividades relacionam-se ao desdobramento das metas estratégicas e ao planejamento do sistema logístico. Envolvem decisões sobre fornecedores, sistemas de controle de produção, rede de distribuição, subcontratação de serviços; ¬ Atividades operacionais: estas atividades relacionam-se à gestão do dia-a-dia da rede logística. Envolvem a manutenção e melhoria do sistema, solução de problemas . A Figura 2 mostra as dez funções essenciais da logística. Estas funções devem ser integradas à estratégia empresarial e orientadas para o atendimento as necessidades do cliente. Figura 2 – Funções Essenciais da Logística 1.5 – Objetivos da Logística 28 Segundo a SOLE (Society of Logistics Engineers), as finalidades da logística podem ser compreendidas nos “8 R´s”, que são: Right Material (Materiais justos) Right Quantity (Na quantidade justa) Right Quality (De justa qualidade) Right Place (no lugar justo) Right Time (no tempo justo) Right Method (com o método justo) Right Cost (Segundo um custo justo) Right Impression (com uma boa impressão) Um dos objetivos da logística é aumentar o grau de satisfação do cliente. Para esta meta, é necessário aplica-las as áreas funcionais e em campos de atividades: Função de projetos e tecnologia Unificação dos componentes; projeto orientado a facilidade de manutenção; sincronização da vida útil dos componentes de montagem; projeto de produtos facilmente transportáveis; projeto orientado a segurança , com economia dos componentes de matérias primas, recuperação e reutilização das mesmas. Função de abastecimento de materiais e componentes Abastecimento sincronizado com a produção; abastecimento com um Lead Time breve, que significa um abastecimento de materiais e componentes de qualidade elevada; abastecimento a custos limitados; abastecimento que responda com flexibilidade às variações da produção. 29 Função de Produção Permitir a manutenção de uma excelente qualidade; comprimir o estoque e o que existe na produção. Função de distribuição física Breve Lead Time entre o recebimento dos pedidos e a expedição; distribuição física com expedição sem erros, desejando os tempo de entrega desejado pelos clientes, custos reduzidos, em condições de responder aos picos de demanda. Função de Marketing e de venda Reorganização dos canais distributivos até os clientes; modalidade de distribuição dos empenhos de distribuição física entre os encarregados de vendas, modalidades ideais relativas aos serviços de entrega, ideais do after service, exposições e a mostra dos produtos nas lojas (Kobayashi, 2000). 30 CAPÍTULO II COMPONENTES DE UM SISTEMA LOGÍSITICO “Não é a organização (da distribuição física) que tem importância crítica e sim sua filosofia de operação”. Donald J. Bowersox Os componentes dos sistemas logísticos representam as fases do início do fluxo de materiais e informações, da aquisição de insumos até a entrega do produto final ao cliente. É comum encontrar as funções de logística não subordinadas a um mesmo departamento. Entretanto, um sistema de Logística Integrado deve abrigar dois grandes sub-sistemas: Suprimentos e Administração de Materiais e Distribuição Física. Figura 3 – Componentes do Sistema Logístico 31 2.1 – Administração de Materiais É neste sub-sistema que nasce a cadeia de suprimentos. É o Departamento de Compras que “protege” os programas de produção; não pode haver falha, pois excesso ou falta de peças geram gastos e prejuízos incalculáveis. Com grande importância, o Recebimento tem a finalidade de além de receber e conferir todo o material que chega à empresa, também informar os follow-ups sobre o que ocorre de irregularidades em anomalia com cada item. É o Recebimento que faz a ligação entre os fornecedores e o Controle de Qualidade de Peças Compradas, garantindo a qualidade dos materiais que irão para o estoque e/ou produção. Depois de recebidos, os materiais deverão ser retirados do Recebimento e estocados, antes de irem para a produção. Costuma-se afirmar corretamente que, quanto menor for à movimentação das peças, menor será a possibilidade de ocorrerem danos com as mesmas; porém, isto não é algo tão simples de se evitar, uma vez que as docas de recebimento, o almoxarifado e o ponto de uso nem sempre estão fisicamente bem situados de modo que não haja movimentação. Isto ocorre não por um erro no layout da empresa, mas sim porque há necessidade de espaços para cada área, e isso demanda grandes utilizações de áreas físicas. O grande dilema do estoque (falta x excesso) é de suma importância, pois, caso haja falta de materiais, a empresa fica com o seu desempenho comprometido, assim com a sua segurança quanto à produção; por outro lado, o excesso eleva os custos do produto, comprometendo a competitividade da empresa perante o mercado. Para que a produção da fábrica funcione, é necessário que haja, entre outros itens, material com qualidade garantida no ponto de uso, na quantidade e tempo corretos. 32 Este controle é feito pelo Controle de Produção, que é o responsável por todos os valores agregados ao Sistema de Suprimento. O processo de gerenciamento de uma Cadeia de Abastecimento se preocupa com três Fluxos Principais: Fluxo de Materiais, Fluxo de Informações e Fluxo de Dinheiro. A complexidade de gerenciamento destes três fluxos cresce exponencialmente conforme aumenta o número de integrantes destas cadeias. Neste contexto, seria muito importante que houvesse pessoas com o papel de “coach", facilitando, desta forma, o Gerenciamento da Mudança. Pode-se definir o Instrutor como uma pessoa que instrui os jogadores nos princípios e fundamentos de um esporte competitivo e orienta os mesmos nas novas estratégias da equipe. O papel dos "coachs" será de: 1. Compreender o pensamento dos consumidores de uma Cadeia de Abastecimento e auxiliar no processo de desenvolvimento de produtos ou serviços e mercado; 2. Ser capaz de especificar os processos necessários para fornecer, fabricar e entregar os produtos ou serviços; 3. Identificar participantes potenciais da Cadeia de Abastecimento que compartilhem valores similares; 4. Desenvolver meios para aumentar o conhecimento sobre os clientes da Cadeia de Abastecimento; 5. Identificar as funções e responsabilidades de todos os integrantes, baseado nos seus pontos fortes; 6. Estabelecer metas para a Cadeia de Abastecimento, para que todos os seus integrantes procurem atingí-las; 33 7. Possuir uma forte liderança perante a Cadeia de Abastecimento. 2.2 – Distribuição Física A administração dos Armazéns de Distribuição permite uma programação de fábrica e compras de uma forma mais ordenada, isto porque com uma boa programação se pode saber ao certo o estoque de um item disponível para atender à demanda. Os armazéns devem trabalhar enxutos (com estoques racionalizados), porém sempre sabendo que os pedidos podem oscilar, fazendo com que a produção seja flexível. A Movimentação e Armazenagem de materiais constituem um importante elo entre o fornecedor e as áreas que administram os materiais da fábrica. As embalagens representam um papel importante nesta cadeia de suprimento de materiais, pois têm as funções de proteger a integridade física do material e de manter sua qualidade. O tempo é um inimigo da cadeia de suprimento; o que se tenta fazer é minimizar a ação do tempo, para que não haja perdas nas linhas de produção e prejuízos para a fábrica. Christopher (op.cit., p.132) observa que “Não só o tempo representa custo, mas também prazos extensos implicam em penalidades ao serviço ao cliente. Na consideração dos custos, existe uma relação direta entre o comprimento do fluxo logístico e o estoque que fica retido nele, pois em cada dia de retenção do produto ocorrem despesas de manutenção de estoques.” O objetivo da distribuição física é levar os produtos certos para os lugares certos no momento certo e com o nível de serviços desejado. 34 2.3 – Cadeia de Suprimentos A logística é um conjunto de atividades funcionais que é repetido muitas vezes ao longo do canal de suprimentos através do qual as matérias primas são convertidas em produtos acabados e o valor é adicionado aos olhos dos consumidores. Como a fonte de matéria prima, a fábrica e os pontos de vendas não estão localizados no mesmo ponto geográfico e ao canal representa a seqüência de fases da manufatura, as atividades logísticas muitas vezes ocorrem antes que um produto chegue ao mercado. Para propósitos práticos, a logística empresarial para empresas individuais tem um escopo estreito. O canal de suprimento físico refere-se ao hiato de tempo e espaço entre as fontes de material imediato de uma empresa e seus pontos de processamento. Da mesma forma, o canal de distribuição física refere-se ao hiato de tempo e espaço entre os pontos de processamento da empresa e seus clientes. Devido às similaridades nas atividades entre os dois canais, o suprimento físico, popularmente chamado de administração de materiais, e a distribuição física compreendem atividades que estão integradas na logística empresarial. O gerenciamento da logística empresarial é conhecido também como Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Esta movimentação pode ser compreendida a partir de um exemplo que ilustra o conceito de cadeia de suprimento: Matérias-primas fluem para uma empresa fabricante, são processadas pela produção e, finalmente, produtos acabados são distribuídos para os clientes finais por meio de um sistema de distribuição física. Assim, geralmente, os produtos ou serviços fluem de um fornecedor para o consumidor, enquanto demanda e projetos geralmente fluem de um cliente para o fornecedor. O gerenciamento da cadeia de suprimentos abrange o fluxo de mercadorias do fornecedor, através da fabricação e distribuição até o usuário final. O gerenciamento logístico está voltado para a otimização de fluxos dentro da organização, enquanto que o gerenciamento da cadeia de suprimentos reconhece que a integração interna por si não é suficiente (Christopher, 1999). 35 A cadeia de suprimentos inclui todas as atividades e processos necessários para fornecer um produto ou serviço a um consumidor final. Cada elo da cadeia de suprimentos deve preocupar-se em prover o melhor serviço ao seu cliente, com os mais baixos custos de produção, o menor investimento em estoques e os menores custos de distribuição. O problema é que estes objetivos podem ser conflitantes, tornando-se difícil balancear as necessidades em minimizar o total dos custos envolvidos e maximizar o serviço ao cliente consistentemente com os objetivos da organização. Um modo eficiente de resolver esses objetivos conflitantes é promover uma coordenação estreita das funções de fornecimento, produção e distribuição. Os fornecedores são parte importante deste esforço. Desta forma, é razoável supor que uma boa seleção de fornecedores possa contribuir decisivamente para a eficácia e eficiência da operação dentro da cadeia de suprimentos. Esse aspecto considera a capacidade do fornecedor para fornecer as mercadorias necessárias na quantidade e na qualidade exigidas, no tempo desejado, e também quaisquer outros serviços necessários. Várias são as formas utilizadas pelas empresas para avaliarem os seus fornecedores. De um modo geral devem enfatizar os seguintes aspectos: ¬ Custo. Verificar se os custos estão compatíveis com o mercado, partindo do princípio que eles devem ser reduzidos. O cliente deverá dispor de meios para analisar os processos produtivos e a partir daí compor custos e compará-los com os propostos pelo fornecedor. ¬ Qualidade. O relacionamento somente frutificará se o fornecedor dispuser de qualidade. Mesmo que ainda não seja um padrão de qualidade desejável, é fundamental que reconheça suas deficiências e esteja disposto a implantar programa de melhoria contínua, visando dispor de um sistema de qualidade nos moldes da ISO 9000 ou QS 9000. O cliente-comprador deverá dispor de meios para avaliar a qualidade e as melhorias que estão sendo obtidas. 36 ¬ Pontualidade. O fornecedor deverá possuir uma cultura de pontualidade nas suas entregas. Caso contrário, o relacionamento jamais poderá ser do tipo comakership, isto é, quando a relação de parceria atinge um elevado grau de confiança mútua, participação e fornecimento com qualidade assegurada. A não-pontualidade quebrará a cadeia clientefornecedor, com efeitos devastadores nas imagens de ambos, já que o cliente-comprador não irá, por sua vez, cumprir os prazos. ¬ Inovação. O fornecedor inovativo cria uma alavancagem muito importante no cliente-comprador, embora o mais comum seja a necessidade de atender a solicitações de inovações que lhe são impostas. ¬ Flexibilidade. É a capacidade que tanto o cliente quanto o fornecedor devem ter para rapidamente adaptarem-se às alterações e solicitações do mercado. No relacionamento cliente-fornecedor, este deve ter agilidade para as adaptações tão rápidas quanto às do seu cliente. ¬ Produtividade. É a relação output sobre input ou valor dos produtos/serviços sobre o custo dos insumos. Tanto o cliente quanto o fornecedor devem estar preparados para, de forma contínua, implantar programas de melhoria da produtividade, visando, por exemplo, reduções de custos, melhoria na qualidade dos processos e produtos e redução dos prazos de entrega. ¬ Instalações. O cliente deve avaliar as instalações produtivas do fornecedor quanto às condições mínimas de fabricar produtos de qualidade. Outros aspectos a serem avaliados são layout, movimentação interna de materiais, condições de armazenagem de matérias-primas e produtos acabados, limpeza (housekeping) e gestão visual. ¬ Capacitação gerencial e financeira. Verificar se o fornecedor dispõe de estrutura organizacional definida, com a cadeia decisória estruturada, 37 possibilitando a identificação dos responsáveis pelas decisões. Checar também se a capacidade financeira da empresa é saudável, se dispõe de capital de giro para atender os pedidos que eventualmente lhes seriam colocados. A comunicação entre comprador e fornecedor deve ser aberta e plena, de modo que ambas as partes entendam o problema uma da outra, e possam trabalhar juntas na solução de problemas que beneficiaram, ambas. Assim, a seleção do fornecedor e a relação com ele estabelecida são de fundamental importância. No ambiente de negócios moderno, o tipo de relação entre fornecedor e comprador é crucial para ambos. Idealmente, a relação será baseada numa dependência mútua e duradoura. O fornecedor pode confiar em negócios futuros, e o comprador terá garantia de fornecimento de produtos de qualidade, apoio técnico e ambiente de produto. Figura 4 – Cadeia de Abastecimento Analisando a cadeia acima, pode-se dividi-la em 4 grandes grupos: O primeiro como sendo o grupo dos fornecedores; o segundo, o grupo de empresas manufatureiras, que transformam as diversas matérias-primas em produtos acabados; o terceiro grande grupo é o centro de distribuição, responsável em receber, acondicionar e entregar os produtos ao quarto grande grupo, que são os consumidores finais. 38 As atividades logísticas deverão, em cada um dos quatro grandes grupos, encontrar respostas para algumas questões, quais sejam as aplicações em análise: a) Fornecedores: de quem se adquirem materiais e componentes. Aqui se pode perceber a importância da atividade logística no desenvolvimento dos fornecedores, uma atividade de fundamental importância, a exemplo do que estão fazendo as montadoras de automóveis, colocando os seus principais fornecedores dentro do seu parque fabril. b) Manufatureiras: onde se vai produzir, ou seja, onde se vai instalar a fábrica; quanto e quando produzir determinado produto. Aqui fica clara a atividade de planejamento de materiais, pois é a partir das decisões acima que poderá ser definida toda a política de estoques da organização em questão. c) Centros de distribuição: onde se devem armazenar produtos acabados? Onde se devem armazenar peças de reposição? Quanto se deve armazenar de peças e de produtos acabados? Aqui fica clara a preocupação com o nível de serviço a ser repassado ao consumidor. Muito produto em estoque quer sejam peças de reposição ou produtos acabados, diversos locais de armazenagem melhoram, sem sombra de dúvida, o nível de serviço para o consumidor, porém com uma conseqüente elevação dos custos, o que, em ultima análise, diminuirá as vendas devido ao incremento nos preços de venda. d) Consumidores: este quarto e último grande grupo dentro da cadeia de suprimentos é o ponto central onde desembocam todos os outros grupos. Entretanto, não se deve supor de antemão que a organização será perfeita e atenderá a todos os mercados com a mesma presteza. Nesse sentido, a atividade logística estará preocupada em definir para que mercado será fornecido o produto e 39 com que nível de serviço. É sempre bom lembrar também que a definição do nível de serviço implica um incremento de custos: quanto maior o nível, tanto mais caro. Não fossem suficientes as respostas a todas as questões acima, não se pode esquecer ainda que essas definições logísticas envolvem algumas características fundamentais das organizações, em nível estratégico, como o impacto em múltiplas funções dentro das organizações, a troca ou tradeoffs entre objetivos conflitantes, como aumentar vendas, diminuindo custos e barateando os produtos, ou aumentar o nível de serviço, com um acréscimo, em curto prazo, nos custos. Some-se a tais dúvidas a dificuldade de se precisar o custo que sistemas logísticos irão gerar; nesse sentido, análises quantitativas são essenciais para a tomada de decisões inteligentes e científicas, não calcadas no achismo e em sensações estranhas. 2.3.1 –Riscos na Cadeia de Suprimentos Ao apresentar oportunidades e riscos, a cadeia de suprimentos é uma das áreas importantes para proporcionar a redução de custos nas operações de uma empresa. Além disso, cadeias de suprimentos flexíveis possibilitam maior conectividade e colaboração entre parceiros de negócios, características que implementadas corretamente, podem melhorar a eficácia operacional, o serviço de atendimento ao cliente, e em último caso, a rentabilidade. À medida que a complexidade da cadeia de suprimentos aumenta, a exposição ao risco também aumenta. À medida que as empresas continuarem a visar à cadeia de suprimentos para reduzir custos e obter vantagem estratégica, elas continuarão a investir em tecnologias voltadas para a cadeia de suprimentos, a colaborar com um número maior de terceiros e a se beneficiar da economia global. Entretanto, para se obter os benefícios de um gerenciamento eficaz da cadeia de suprimentos, as empresas devem certificarse das oito áreas críticas de risco e concentrar-se em diminuir sua exposição a esses riscos, para assim aproveitar as oportunidades apresentadas por tais iniciativas. As oito áreas críticas citadas são: 40 1. Planejamento da continuidade dos negócios 2. Integridade dos dados 3. Segurança de seus aplicativos da cadeia de suprimentos 4. Governança corporativa 5. Relações de colaboração 6. Despesas de capital e investimento 7. Força de trabalho 8. Riscos fiscais 41 CAPÍTULO III SUPPLY CHAIN MANAGEMENT – SCM “Não há nada mais difícil de controlar, mais perigoso de conduzir, ou mais incerto no seu sucesso, do que liderar a introdução de uma nova ordem”. Nicolo Machiavelli (1496 – 1527) O uso do SCM em empresas nacionais é recente, porém seus resultados têm alcançado índices cada vez maiores, um exemplo prático dessa evolução é o resultado demonstrado na redução significativa dos custos logísticos, tempos do fluxo de produtos no canal de suprimentos, maximização dos lucros, ampliação e penetração em novos mercados. A empresa que busca sucesso sustentável no ambiente competitivo atual, deve observar com grande atenção a ponta de rede de suprimentos (o cliente final), parece óbvio para muitos, mas a grande realidade é que esse aspecto se perde quando as crises aparecem. A procura incessante por sua satisfação e fidelidade é recompensada pela confiabilidade e fortalecimento dos elos da cadeia. O segmento logístico tomou um novo rumo em desenvolvimento, com o advento da implementação de novas tecnologias na produção industrial, utilização de novas ferramentas de gestão e a necessidade de adequação aos padrões da globalização da economia mundial. Segundo CECATTO (2002) em seu artigo “A importância do Supply Chain Management no desenvolvimento das Empresas Brasileiras” ressalta, que o envolvimento das empresas ainda é uma barreira nas empresas brasileiras, onde é muito comum encontrarmos estruturas muito departamentalizadas e com má comunicação interna. Alguns fatores inibem o desenvolvimento do mercado de SCM no Brasil, destacando-se entre eles: a pouca confiança nos fornecedores nesse tipo de 42 solução, altos custos de implementação e a falta de um claro entendimento sobre os benefícios das ferramentas. Embora os resultados estejam aquém das expectativas, quando comparados com números internacionais, é inegável que a cadeia de suprimentos continuará revolucionando os processos de gestão da logística. 3.1 – Conceito É uma ferramenta que, usando a Tecnologia da Informação (TI) possibilita à empresa gerenciar a cadeia de suprimentos com maior eficácia e eficiência. Nestes tempos modernos em que a exigência de consumo atingiu o limite extremo, o SCM permite às empresas alcançarem melhores padrões de competitividade. O Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de Suprimentos) tem representado uma nova e promissora fronteira para empresas interessadas na obtenção de vantagens competitivas de forma efetiva e pode ser considerada uma visão expandida, atualizada e, sobretudo, holística da administração de materiais tradicional, abrangendo a gestão de toda a cadeia produtiva de uma forma estratégica e integrada. SCM pressupõe, fundamentalmente, que as empresas devem definir suas estratégias competitivas e funcionais através de seus posicionamentos dentro das cadeias produtivas nas quais se inserem. Assim, é importante ressaltar que o escopo da SCM abrange toda a cadeia produtiva, incluindo a relação da empresa com seus fornecedores e clientes, e não apenas a relação com os seus fornecedores. A Figura 3 ilustra genericamente uma cadeia de suprimentos. Figura 3: Representação de uma Supply Chain 43 Baseando-se em elementos freqüentemente sobrepostos e de alta dependência entre si, algumas características são muito importantes para condução dessa nova visão como: - Confiança; - Relações de longo prazo; - Compartilhamento de Informações e - Forças individuais da organização. SCM também introduz uma importante mudança no paradigma competitivo, na medida em que considera que a competição no mercado ocorre, de fato, no nível das cadeias produtivas e não apenas no nível das unidades de negócios (isoladas). Essa mudança resulta num modelo competitivo baseado no fundamento de que atualmente a competição se dá, realmente, entre "virtuais unidades de negócios", ou seja, entre cadeias produtivas. Atualmente, as mais efetivas práticas na SCM visam obter uma "virtual unidade de negócio", providenciando assim muito dos benefícios da tradicional integração vertical, sem as comuns desvantagens em termos de custo e perda de flexibilidade inerentes à mesma. Uma virtual unidade de negócios é então formada pelo conjunto de unidades (geralmente representadas por empresas distintas) que compõe uma determinada cadeia produtiva, conforme ilustra a Figura 4. Uma unidade de negócios pode então participar de diversas virtuais unidades de negócios, como é o caso, por exemplo, de várias empresas de autopeças que atuam em virtuais unidades de negócios lideradas por grandes montadoras. 44 Figura 4: Competição entre "Virtuais Unidades de Negócios" Em termos práticos, o modelo enfatiza que cada unidade dessa virtual unidade de negócios deve se preocupar com a competitividade do produto perante o consumidor final e com o desempenho da cadeia produtiva como um todo. Isso acarreta numa necessidade de gestão integrada da cadeia produtiva, requerendo um estreitamento nas relações e a criação conjunta de competências distintas pelas unidades (empresas) da mesma. A Tabela abaixo apresenta algumas diferenças básicas entre o modelo de administração de materias tradicional e o modelo introduzido pela SCM. Item Modelo Tradicional SCM Contexto histórico do aparecimento produção em massa customização em massa Mercado competitivo geralmente local e/ou regional geralmente global Escopo e ação gerencial operacional e reativo estratégico e proativo Parâmetros geralmente considerados nas decisões sobre "fazer" ou "comprar" custos de produção, utilização da capacidade e política de integração vertical parâmetros produtivos múltiplos (como custo, qualidade, flexibilidade), estratégia competitiva e desenvolvimento de novas competências e negócios Modelo competitivo baseado em unidades de negócios virtuais unidades de negócios 45 Um conceito importante dentro do contexto da SCM é o de "competência", o qual costuma ser utilizado para representar o aprendizado coletivo de uma organização numa determinada área. Competência é o link entre a estratégia e a infra-estrutura, podendo ser descrita somente qualitativamente e é um atributo que geralmente não é visto, ou percebido, pelos clientes. O conceito de "capabilidade" está intimamente ligado ao de competência e representa o know-how, habilidades e práticas associadas com a integração e operação de processos. Capabilidade tem que ser vista em termos relativos, isto é, comparativamente aos competidores e é um atributo visto, ou percebido, pelos clientes. Por exemplo, os clientes podem perceber a capabilidade de uma empresa produzir rapidamente novos e inovativos produtos, mas não podem ver a competência da mesma em Engenharia Simultânea e na SCM, as quais garantem essa capabilidade. Também sob a perspectivas da SCM é importante definir três tipos de competências: · Competências Distintas: são aquelas que garantem à unidade de negócio uma vantagem competitiva única, ou seja, representam um conhecimento exclusivo e não atingido pela concorrência; · Competências Qualificadoras: são aquelas competências que são necessidades competitivas em determinados mercados e/ou ramos de negócios. Por exemplo, a posse de um certificado da ISO 9000 passou a ser uma condição essencial para empresas interessadas em comercializar produtos com a Comunidade Econômica Européia; · Competências Básicas: representam a competência na realização de tarefas que necessitam serem feitas pela unidade de negócio, mas que não têm nenhum impacto direto nos produtos da mesma (por exemplo, o pagamento das contas de energia elétrica e telefone da empresa). Conforme já relatado, as mais efetivas práticas na SCM visam obter uma "virtual unidade de negócio", providenciando assim muito dos benefícios da 46 tradicional integração vertical, sem as comuns desvantagens em termos de custo e perda de flexibilidade inerentes à mesma. Assim, é fundamental a escolha correta das empresas (parceiros) e o alinhamento de objetivos e competências distintas dentro da cadeia produtiva. Cabe lembrar, também, que a SCM pressupõe um modelo dinâmico de gestão conjunta e interdependente entre os parceiros da cadeia (através de uma agenda comum de melhorias e capacitação), o que deve resultar numa estrutura produtiva com uma competência distinta e muito difícil de ser combatida pela concorrência. Um outro conceito importante na SCM é o de "outsourcing", o qual começou com áreas tidas como periféricas (como a de informática) e agora chega a áreas como manufatura, manutenção, distribuição e marketing. Outsourcing é uma prática em que parte do conjunto de produtos e serviços utilizados por uma empresa (na realização de uma cadeia produtiva) são providenciados por uma empresa externa, num relacionamento colaborativo e interdependente. A empresa fornecedora desenvolve e continuamente melhora a competência e a infra-estrutura para atender o cliente, o qual deixa de possuí-los total, ou parcialmente. O cliente continua, entretanto, mantendo uma estreita e colaborativa integração com o fornecedor. É importante notar que a visão contemporânea de outsourcing vai além das práticas rotuladas de "sub-contratação" ou "terceirização", freqüentemente conduzidas no Brasil nos últimos anos. Outsourcing significa, essencialmente, a opção por uma relação de parceria e cumplicidade com um ou mais fornecedores da cadeia produtiva, numa decisão tipicamente estratégica, abrangente e de difícil reversão. Por sua vez, sub-contratação (ou terceirização) tem significado apenas um negócio, uma decisão operacional, mais restrita e relativamente de mais fácil reversão. Nos últimos anos o interesse pela SCM tem crescido muito no mundo e no Brasil. Os avanços têm sido muito significativos tanto na área de serviços como na manufatura. 47 3.2 – Objetivos, Práticas e Funções do SCM Um objetivo básico na SCM é maximizar e tornar realidade as potenciais sinergias entre as partes da cadeia produtiva, de forma a atender o consumidor final mais eficientemente, tanto através da redução dos custos, como através da adição de mais valor aos produtos finais . Redução dos custos tem sido obtida, através da diminuição do volume de transações de informações e papéis, dos custos de transporte e estocagem, e da diminuição da variabilidade da demanda de produtos e serviços, dentre outros. Mais valor tem sido adicionado aos produtos, através da criação de bens e serviços customizados, do desenvolvimento conjunto de competências distintas; através da cadeia produtiva e dos esforços para que, tanto fornecedores como clientes, aumentem mutuamente a lucratividade. Práticas eficazes na SCM têm sido implementadas em todo mundo, as quais têm visado à simplificação e obtenção de uma cadeia produtiva mais eficiente. Dentre as funções do SCM, o sistema inclui processos de logística que abrangem desde a entrada de pedidos de clientes até a entrega do produto no seu destino final, envolvendo aí o relacionamento entre documentos, matériasprimas, equipamentos, informações, insumos, pessoas, meios de transporte, organizações, tempo etc; Fiscalizar alguns indicadores de performance fundamentais para o controle do resultado, como por ex: a qualidade e a inovação dos produtos e serviços, velocidade da execução dos processos, tempo de chegada ao mercado e aos consumidores, nível de serviço adequado às necessidades de cada cliente e custos compatíveis com a percepção de valor da demanda; Possibilitar à empresa usuária cumprir rigorosas condições de entrega e qualidade para os relacionamentos de longo prazo com clientes que se baseiam na produtividade; Integrar os fluxos de informações para as programações de envio e recebimento com os outros processos. A logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, 48 através de planejamento, organização e controle efetivo para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. Um problema enfrentado pela logística é a diminuição do hiato entre a produção e a demanda, de modo que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde quiserem, e na condição física que desejarem. Portanto, a filosofia da administração se altera com o tempo, de forma a se adaptar às novas exigências de desempenho para as firmas. 49 CONCLUSÃO Considerando que o Brasil possui dimensões continentais, grande potencial de mão-de-obra e rápida adequação aos avanços tecnológicos, a tendência das linhas de suprimento e distribuição demonstra um futuro promissor. Estas tendências rumam para uma economia mundial integrada. Empresas estão buscando, ou têm desenvolvido, estratégias globais nas quais os seus produtos são projetados para o mercado mundial e produzidos onde os baixos custos de matéria-prima, componentes e mão-de-obra possam se encontrados ou simplesmente a produção local é mantida e vendida para o mercado internacional. Essa tendência não vem ocorrendo somente de forma natural, através de empresas que buscam reduzir custos e expandir seus mercados, sendo fortemente encorajadas por arranjos políticos que promovem grandes negócios entre economias globais. BALLOU (2001). A realidade das empresas nacionais mostra com evidente clareza que não é possível imaginar a condução de um planejamento estratégico nesse segmento sem o conhecimento dessa ferramenta. Observa-se nesse tema um vasto campo de estudos, podendo destacar importantes aspectos nessa evolução como o avanço de novos recursos tecnológicos, aumento de competitividade reduzindo o ciclo de vida dos produtos com a utilização das ferramentas abaixo relacionadas: - EDI - (Intercâmbio Eletrônico de Dados – Electronic Data Interchange): ligação direta entre a base de dados do produtor e a de seus fornecedores; - RR - programa de Respostas Rápidas: sistema de reposição Just-intime com fornecedores, baseado na utilização de código de barras e de EDI. Este sistema possui a intenção de criar um Just-in-time entre fornecedores e empresas; - ECR - Sistema de Resposta Eficiente ao Consumidor - (Efficient Consumer Response): é um sistema usado como estratégia de negócio onde 50 distribuidor, fornecedores, e comerciantes trabalham próximos e em conjunto para levar produtos aos seus clientes; A partir do momento em que os administradores tomaram consciência do grau de relevância ocupada pelas atividades logísticas nas empresas, os estudos direcionados à logística empresarial passaram a ser mais afincos. Com isto, vários conceitos e definições emergiram. No cenário atual, diante de dos avanços tecnológicos e da globalização, as empresas também precisam vencer “batalhas” diárias – onde todos os elementos da sociedade estão direta ou indiretamente envolvidos. É necessário, que cada vez mais, os gerentes estejam atualizados nas mudanças constantes (e ás vezes quase instantâneas) que ocorrem no mercado. Para isto, é preciso usar a logística como um diferencial competitivo – delineando objetivos e estratégias na “guerra” da competitividade travada entre as empresas. 51 BIBLIOGRAFIA I. BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial. 1ª ed. São Paulo. Ed. Atlas 1993 II. CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO BRASILEIRO. A evolução do apoio logístico no Exército Brasileiro. Disponível em: <www.exercito.gov.br/01Instit/Historia/Artigos/0031605.htm>. Acesso em: 03 ago. 2006. III. CHRISTOPHER, M. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – Estratégias para a Redução de Custos e Melhoria de Serviços. São Paulo: Editora Pioneira, 1ª ed. 1999 IV. DIAS, Marco Aurélio P., Administração de Materiais: Uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 1993. V. FERREIRA, Aurélio B. Holanda. Dicionário Aurélio. 2ª ed. Ed. Positivo 1986 VI. FONSECA, Luis Roberto Palma da. Gerenciamento da mudança na Cadeia de Abastecimento. São Paulo, 1998. Disponível em: <http://www.guialog.com.br/ARTIGO103.html>. Acesso em: 12 nov 2006 VII. GALLO, Ítalo Amauri. O Papel da Logística na Globalização. São Paulo, 1998. Disponível em: <http://www.guialog.com.br/ARTIGO56a.html>. Acesso em: 04 dez. 2006 VIII. LOPES, Silvana Cristina. Seleção e Avaliação de Fornecedores – Ferramentas para o Desempenho Logístico na Cadeia de Suprimentos. São Paulo, 1998. Disponível em: <http://www.guialog.com.br/ARTIGO398.html>. Acesso em: 12 nov 2006 IX. MACHADO, Daniel. Tecnologia da Informação – Um grande recurso. São Paulo. Editora Pioneira, 1999. X. MARTINS, P. G; ALT, P. R. Administração de Materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2003. XI. 52 MENDES, S. V. Gestão Financeira de um Sistema Logístico. Taubaté, 2000. 71p. Monografia – Universidade de Taubaté. Disponível em: <http://www.unitau.br/prppg/cursos/ppga/mba/2000/mendes_sheila_valdire ne.pdf>. Acesso em: 05 Jan 2007 XII. MOURA, Reinaldo A. A Logística como Processo de Gerenciamento do Fluxo de Materiais, Informações e Financeiro. São Paulo, 1998. Disponível em: <http://www.guialog.com.br/ARTIGO502.html>. Acesso em: 12 nov 2006 XIII. SOUZA, Paulo Teixeira de. Logística Interna Para Empresas Prestadoras de Serviço. 2002. Disponível em: <http://guialog.com.br/ARTIGO350.htm>. Acesso em: 12 nov. 2006. 53 ANEXOS 54 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I LOGÍSITICA EMPRESARIAL 10 1.1 – Origem da Logística Empresarial 10 1.2 – Evolução da Logística nas últimas décadas 13 1.3 – Papel da Logística na Empresa 20 1.4 – Logística Integrada 25 1.5 – Objetivos da Logística 28 CAPÍTULO II COMPONENTES DE UM SISTEMA LOGÍSTICO 30 2.1 – Administração de Materiais 31 2.2 – Distribuição Física 33 2.3 – Cadeia de Suprimentos 34 2.3.1 – Riscos na Cadeia de Suprimentos 39 CAPÍTULO III SUPPLY CHAIN MANAGEMENT 41 3.1 – Conceito 42 3.2 – Objetivos, Práticas e Funções do SCM 47 CONCLUSÃO 49 BIBLIOGRAFIA 51 ANEXOS 53 ÍNDICE 54 55 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: