Informativo da Rede MPS Brasil Ano 2/nº 6 Janeiro-Março 2016 REDE NOTÍCIAS 12º Simpósio MPS Sul é realizado em Porto Alegre/RS Fotos: Débora Maria Bastos Pereira D os dias 27 a 29 de novembro, Porto Alegre reuniu pacientes, seus familiares e profissionais da área da saúde para um dos mais importantes encontros sobre mucopolissacaridose do Brasil, o Simpósio MPS Sul. Em sua décima segunda edição, o evento discutiu avanços em pesquisas e renovou esperanças. Contou com a presença de 160 pessoas, de diversas partes do país. Só de Minas Gerais, participaram 31 pacientes/familiares. A vinda da comitiva foi organizada pela presidente da Associação Mineira de Mucopolisacaridose (AMMPS), Miriam Sandra Gontijo de Oliveira. Conforme relata a dirigente, representantes da entidade participam do simpósio gaúcho desde a primeira edição, realizada em 2001. Segundo Mirian, todos saíram satisfeitos com as apresentações deste ano. “Os pacientes de Minas Gerais garantem ter sido um prazer participar mais uma vez do evento”, elogia. Mario, pai de Carlos (MPS II), 12 anos, ambos da Bolívia, também é frequentador assíduo do Simpósio MPS Sul. Ele marca presença no evento desde 2008, ano que antecedeu a mudança da família para o Brasil “Viemos em busca de tratamento para Carlos, pois o Serviço de Genética Médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre é referência mundial no tratamento da doença”, diz. “Então, antes mesmo de nos mudarmos já participávamos do encontro, que é sempre muito bem organizado”, comenta. “As informações trazidas pelos pesquisadores nesta edição parecem trazer novas perspectivas, pois sugerem que o diagnóstico está mais preciso”, observa. Os que participaram pela primeira vez dos debates do Simpósio MPS Sul igualmente avaliam o evento positivamente. É o caso da dona-de-casa Jacira, de São Leopoldo/RS. Mãe de Hella (MPS IV A), ela recém descobriu que a filha tem a doença. “Trouxe ela para o encontro para mostrar que o tratamento minimiza os efeitos da MPS”, destaca. “Foi bom participar do evento porque ele me ajudou a ver que não sou a única com o problema”, complementa Hella. Os agricultores Magda e Iltomar, de Mostardas/RS, pais de Gabriel (MPS IV A), 7 anos, aprovaram a primeira participação no simpósio gaúcho. “O evento nos ajudou a entender melhor o problema, pois nunca havia ouvido falar e na minha cidade não há ninguém com a doença”, aponta. “Ver outros pacientes e conversar com as famílias sobre como elas lidam com o assunto é importante. Queremos mostrar para o Gabriel que ele, assim como muitos outros, pode ter uma vida normal, estudar, se formar, trabalhar”, registra. De acordo com o coordenador geral da Rede MPS Brasil, entidade promotora do Simpósio MPS Sul, Roberto Giugliani, o país possui 1200 casos diagnosticados de mucopolissacaridose. Saiba mais em: www.ufrgs.br/geneticahcpa/rede-mps REDE NOTÍCIAS CAIU NA REDE • 02 Acompanhado de coordenadora adjunta, Dr. Jorge Venâncio (centro) conheceu instalações do HCPA. Coordenador da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa visita o HCPA. O Coordenador da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), Dr. Jorge Venâncio, e a coordenadora adjunta, Gabriela Marodin, estiveram no Hospital de Clínicas de Porto Alegre no último 27 de novembro. Na ocasião, Dr. Venâncio ministrou uma palestra aos pesquisadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), visitou o Centro de Pesquisa Clínica e o Serviço de Genética Médica, quando lhe foi apresentada uma amostra do trabalho que vem sendo desenvolvido na área de pesquisa clínica em genética no HCPA. A visita foi uma oportunidade para ampliar o canal de comunicação dos pesquisadores com a CONEP, que está avan- çando rumo a um sistema mais eficiente e com mais agilidade na submissão e análise dos projetos de pesquisa clínica no Brasil. A realização deste evento, uma iniciativa do Grupo de Pesquisa em Genética Médica do HCPA, foi possível graças aos apoios do Grupo de Pesquisa e Pós-Graduação do HCPA e da ONG Casa Hunter. Foto: Divulgação AGMPS REDE NOTÍCIAS Dia Mundial das Doenças Raras se aproxima E stamos nos aproximando do dia 29 de fevereiro, data em que se comemora o Dia Mundial das Doenças Raras! O dia visa chamar a atenção da população para estas doenças cuja frequência é baixa, porém, cujo impacto é imensurável na vida das pessoas e famílias por elas acometidas. Estima-se que existam entre 6 a 8 mil doenças raras, sendo a maioria delas de origem genética e sem tratamento específico disponível. Discutir ações que permitam diagnosticá-las precocemente e implementar medidas assistenciais adequadas às necessidades destes pacientes é de suma importância. Desde 2013, próximo à data, é organizado um encontro entre autoridades, profissionais da área da saúde e pacientes e seus familiares para debater temas relevantes no contexto das doenças raras. Em 2016 não será diferente. De 29 de fevereiro a 05 de março será realizada a Semana Estadual de Atenção às Doenças Raras, com abertura da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, no dia 29/02. “Esta é uma oportunidade ímpar para levar ao conhecimento das autoridades as dificuldades e carências assistenciais que os pacientes com doenças raras sofrem”. Deise Zanin, comissão organizadora do evento Data é celebrada em 29 de fevereiro Para mais informações sobre este importante evento, entre em contato com Deise Zanin, Presidente da Associação Gaúcha de Mucopolissacaridose e Integrante da AFAG (Associação dos Familiares, Amigos e Portadores de Doenças Graves): (51) 9595 4131 ou [email protected] 03 • CAIU NA REDE Dra. Ângela Beatriz John Dra. Simone Chaves Fagondes Médicas contratadas do Laboratório do Sono Serviço de Pneumologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) Consultoras em Pneumologia do Serviço de Genética Médica do HCPA DICA DO ESPECIALISTA Problemas respiratórios podem dificultar sono de paciente com MPS Foto: Divulgação AGMPS Dormir bem é um dos pilares de uma vida de qualidade. Pacientes com MPS, no entanto, tendem a sofrer com problemas respiratórios que podem atrapalhar a rotina do sono. As médicas contratadas do Laboratório do Sono/Serviço de Pneumologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) Ângela Beatriz John e Simone Chaves Fagondes explicam o porquê da suscetibilidade a problemas do sono e orientam como lidar com eles na entrevista abaixo. Confira! Caiu na Rede – Por que as pessoas com MPS têm mais problemas respiratórios do que as pessoas em geral? ve e, se não diagnosticada e tratada, pode levar, ao longo dos anos, a sérios problemas cardíacos e cerebrais. Dra. Ângela e Dra. Simone – Devido, principalmente, às alterações no formato das vias aéreas ocasionadas pelo depósito dos mucopolissacarídeos, ou secundária às deformidades ósseas, especialmente nos pacientes com MPS IV-A. Adicionalmente, deve-se considerar o espessamento (engrossamento) e a excessiva produção de muco (secreção) nasal e pulmonar, bem como o aumento de estruturas das vias aéreas superiores, como amígdalas e adenoides e também da língua. Também as modificações na respiração (fisiologia pulmonar) ocasionadas pelo crescimento do baço e do fígado podem contribuir para a ocorrência de alterações respiratórias. Ainda deve ser lembrada a ocorrência de dificuldade para engolir, expressa como engasgos frequentes, tosse ou chiado no peito, relacionados com a alimentação, que podem levar a infecções respiratórias de repetição. Caiu na Rede – Como saber se eu tenho este problema? Dra. Ângela e Dra. Simone – O relato de sono agitado; ronco durante o sono, esCaiu na Rede – Como posso melhorar a mipecialmente ronco alto; paradas ou paunha respiração e o meu sono? sas prolongadas na respiração (apneias) Dra. Ângela e Dra. Simone – Realizar reviou acordar subitamente durante a noite sões médicas periódicas, permitindo assim sentindo-se engasgado ou sufocado são a detecção precoce de possíveis anormasintomas sugestivos da doença. Além dislidades respiratórias é importante. Evitar so, a repercussão diurna de uma noite mal auto-medicação. Manter as vacinas recodormida pode dar indícios da existência da mendadas pelo seu médico em dia, espeapneia do sono. Acordar cansado ou com cialmente a vacina contra a gripe (influendor de cabeça; sentir-se sonolento duranza) e a pneumonia (pneumocócica). Quanto te o dia, cochilando em locais e situações ao sono, manter uma higiene do sono adenão usuais; dificuldades de aprendizado e quada (veja quadro) e atentar para o surgide memória com consequente prejuízo no mento de sintomas durante o sono, como rendimento escolar; agitação ou hiperatironco e sono agitado. vidade nas crianças, são sinais que devem servir de alerta. O diagnóstico definitivo, assim como a deterMecanismo da apneia do sono e do CPAP minação da gravidade da doença, será estabelecido através do exame do sono (polissonografia). Tal exame consiste em uma monitorização no laboratório do sono. Para fazer o exame são colocados alguns fios (eletrodos) e sensores para avaliar a respiração e Na apneia do sono, a passagem de Com o CPAP a passagem do a qualidade do sono. Caiu na Rede – Quais são os problemas mais comuns? Dra. Ângela e Dra. Simone – As doenças que atingem as vias aéreas superiores e inferiores são as mais frequentes. Entre elas, destacaríamos as rinites, o aumento das adenoides e das amígdalas, contribuindo para a ocorrência de otites e sinusites recorrentes e para o surgimento da apneia do sono, e as infecções respiratórias, como as traqueobronquites e pneumonias. Também a asma, como uma condição bastante comum na população em geral, pode ocorrer. Caiu na Rede – O que significa ter Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono? Dra. Ângela e Dra. Simone – A síndrome da apneia-hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS), ou simplesmente apneia do sono, consiste em paradas repetidas da respiração durante o sono, geralmente interrompidas por um despertar. Tal condição é gra- ve geralmente são indicados equipamentos de CPAP (Continuous Positive Airway Pressure). Esses aparelhos são um tipo de compressor e geram pressão positiva nas vias aéreas prevenindo assim o fechamento da via aérea durante o sono. ar é bloqueada durante o sono Caiu na Rede – Existe tratamento? Ouvi falar em equipamentos que ajudam os pacientes a respirar melhor. A informação é verdade? Dra. Ângela e Dra. Simone – Sim, existe tratamento efetivo para a apneia do sono. O tipo de tratamento pode variar de paciente para paciente. Nos pacientes com MPS a cirurgia para retirada de amígdalas e adenoides é muito comum. Para os casos de apneia do sono moderada a graInformativo da Rede MPS Brasil ar é reestabelecida Dicas de higiene do sono Dormir em quarto silencioso, escuro e confortável, sem calor ou frio excessivo. Manter horário regular para deitar e acordar, mesmo em finais de semana e feriados. Não consumir substâncias com cafeína (café, chimarrão, chá preto, chocolate, refrigerantes e energéticos) 4 a 6 horas antes de dormir. Evitar o uso de TVs, computadores e dispositivos portáteis eletrônicos (celulares, tablets e jogos) duas horas antes de ir para cama. Não realizar exercícios físicos vigorosos antes de dormir. Porém atividades relaxantes podem auxiliar. Evitar refeições fartas à noite. REDE NOTÍCIAS CAIU NA REDE • 04 Novas perspectivas para o tratamento da Mucopolissacaridose tipo I No último trimestre de 2015 foi realizada, pela primeira vez no mundo em seres humanos, a infusão de uma nova droga para tratar a Mucopolissacaridose tipo I (MPS I). O procedimento ocorreu no Centro de Pesquisa Clínica do HCPA, em caráter de teste ainda, em seis pacientes adultos com MPS I. A A grande vantagem do AGT-181, observada nos estudos em animais, é que, mesmo sendo administrado por via intravenosa, ele consegue ultrapassar a barreira sangue-cérebro e atingir o sistema nervoso central, podendo prevenir, também, os danos neurológicos que alguns pacientes apresentam. A próxima fase do estudo avaliará a ação desta droga em pacientes a partir de dois anos de idade. Também para MPS I, um estudo de fase 2 aguarda aprovação dos órgãos regulatórios para ter início no Brasil no primeiro semestre de 2016. Trata-se de um estudo com uma droga já utilizada para tratar alguns pacientes com Distrofia Muscular de Duchenne. Esta droga chama-se Ataluren e é fabricada por uma empresa norte-americana. Serão incluídos no estudo pacientes com MPS I que apresentem um tipo específico de alteração Fotos: Débora Maria Bastos Pereira droga, que tem o nome provisório de AGT-181, é fabricada a partir de engenharia genética por uma empresa da Califórnia. Essa empresa, depois de visitar inúmeros serviços em vários países, escolheu o HCPA para a fase I do estudo, em função da excelente estrutura para pesquisa clínica e da longa experiência do Serviço de Genética Médica com o diagnóstico, assistência e pesquisa em doenças raras, especialmente nas mucopolissacaridoses. Para o Brasil, a notícia também é excelente, pois o país dificilmente é escolhido para testes clínicos fase I pelos laboratórios estrangeiros. Geralmente esses testes iniciais acontecem na Europa ou nos Estados Unidos. genética (pelo menos uma mutação sem sentido) que geralmente leva à produção de uma proteína incompleta, com atividade nula. Espera-se que o medicamento seja capaz de permitir a produção de uma proteína mais próxima da normal, com alguma atividade, que possa contribuir para tratar os componentes da doença do sistema nervoso central e dos ossos e articulações, problemas não completamente resolvidos pelas terapias disponíveis. O que vem por ai? O que? 12th Annual World Symposium 2016 Quando? 29 de fevereiro a 04 de março Onde? San Diego, EUA Informações: http://www.worldsymposia.org/world-symposium/ O que? 28º Congresso Brasileiro de Genética Médica. Quando? 15 a 18 de junho Onde? Belém, Brasil Informações: http://fellinievents.com. br/br/eventos/xxviii-congresso-brasileiro-de-genetica-medica/ O que? 14th International Symposium on MPS and Related Diseases Quando? 14 a 17 de julho Onde? Bonn, Alemanha Informações: http://www.mps2016.com/ en/willkommen-14-mps-symposium/ Provisoriamente chamada de AGT-181, droga renova esperanças de pacientes expediente Coordenação geral: Roberto Giugliani Caiu na Rede é um informativo trimestral da Rede MPS Brasil Serviço de Genética Médica/Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) Edição 06 - Janeiro-Março 2016 Supervisão: Andressa Federhen Consultor administrativo: Célio Luiz Rafaelli Planejamento gráfico e diagramação: CD D’VAZ design editorial Jornalista responsável: Sabrina Auler - MTb 13.799 Colaboraram nesta edição: Andressa Federhen, Ângela Beatriz John, Débora Maria Bastos Pereira, Deise Zanin e Simone Chaves Fagondes. Contate a equipe do Caiu na Rede para comentar as reportagens, sugerir assuntos e fazer críticas ou elogios! Fone: 0800 510 2030 / E-mail: [email protected] Informativo da Rede MPS Brasil A Rede MPS tem apoio de: