Degradação do Heme, Pigmentos Biliares e Icterícias Degradação do heme Heme: presente na hemoglobina, mioglobina, citocromos e enzimas (catalase, peroxidase, etc.) A maior fonte de destruição de heme provém das hemácias: estas são retiradas da circulação e degradadas principalmente por células reticuloendoteliais do fígado, baço e medula óssea As porções protéicas da Hb (globinas) são digeridas a aminoácidos e o Fe do heme entra no pool de ferro sendo ambos reutilizados D J Loegering et al. 1987. Infect Immun. 55: 2074. http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=260659 A primeira etapa do catabolismo do heme está a cargo do complexo heme oxigenase presente no retículo endoplasmático que usa NADPH e O2 , liberando Fe3+ , CO e biliverdina (IX-) A biliverdina sofre a ação da enzima citosólica biliverdina redutase que, às custas de NADPH, transforma a ponte metenil entre os anéis pirrólicos 3 (ou C) e 4 (ou D) em ponte metileno, surgindo a bilirrubina (IX-) Este processo de conversão de heme em bilirrubina pode ser acompanhado em um hematoma que passa da cor vermelho escuro (heme) para esverdeado (biliverdina) e depois amarelado (bilirrubina) Em condições fisiológicas, em um homem adulto de 70 Kg, são destruídas 1-2 x 108 hemácias por dia, gerando 6 g de hemoglobina (Hb). Cada grama de Hb gera em torno de 35 mg de bilirrubina. A formação diária de bilirrubina por um adulto gira entre 250-350 mg (~6 x 35mg da Hb + o restante de outras fontes) Transporte de bilirrubina ao fígado A bilirrubina (muito pouco solúvel em água) produzida nos tecidos que não o fígado, é a ele transportada pela albumina do plasma que possui dois sítios de ligação para a mesma: um de alta e outro de baixa afinidades: 100 ml de plasma podem ligar ~25 mg de bilirrubina com alta afinidade Bilirrubina em excesso no plasma se liga fracamente aos sítios de baixa afinidade da albumina, podendo se difundir para os tecidos Em condições normais algumas drogas e antibióticos competem com a bilirrubina pelo sítio de alta afinidade dando falsos sinais de icterícia No fígado a bilirrubina é removida da albumina pela superfície da face sinusoidal dos hepatócitos por um sistema de transporte facilitado de alta capacidade mesmo em condições patológicas METABOLISMO DO HEME ou urocromo Conjugação da bilirrubina com glicuronídeo no fígado Conjugação com glucuronídeo(s) torna a bilrrubina (apolar) em polar, solúvel em água: o fígado possui duas UDP-glicuronosil transferases distintas: ambas catalisam a reação As enzimas estão no retículo endoplasmático liso e usam o ácido UDPglicurônico como doador de radical glicuronosil A maior parte da bilirrubina excretada na bile está na forma de di-glicuronídeo. Contudo, quando glicuronídeos de bilirrubina existem anormalmente no plasma (icterícia obstrutiva) eles estão predominantemente na forma de mono-glicuronídeos Contudo, quando glicuronídeos de bilirrubina existem anormalmente no plasma (icterícia obstrutiva) eles estão predominantemente na forma de mono-glicuronídeos A atividade das UDP-glicuronosil transferases pode ser induzida por várias drogas, incluindo o fenobarbital Conjugação da bilirrubina com glicuronídeo no fígado Secreção da bilirrubina na bile Ocorre por mecanismo de transporte ativo É induzido pelas mesmas drogas (barbitúricos) capazes de induzir as glicoronosil transferases: conjugação e excreção atuam como sistemas coordenados Em condições fisiológicas, toda a bilirrubina é secretada na forma conjugada: só em fototerapia aparece bilirrubina não conjugada na bile (ver abaixo) Bilirrubina conjugada é reduzida à urobilinogênio por bactérias intestinais No íleo terminal os glicuronídeos são removidos por -glicuronidases bacterianas fecais e a bilirrubina reduzida a urobilinogênio (incolor) Nesse local, pequena parte do urobilinogênio é reabsorvida e re-excretada na bile pelo fígado: “ciclo entero-hepático do urobilinogênio” O urobilinogênio, presente em traços na urina, aumenta nesta quando sua produção é excessiva (e.g. hemólise) ou quando doença hepática (e.g. hepatite, cirrose) interfere com o ciclo A medida que o bolo fecal avança, parte do urobilinogênio (=estercobilinogênio, também incolor) é reduzida pelas bactérias intestinais à estercobilina (no rim, oxidada à urobilina) que dão cor às fezes ou urina, respectivamente Após excreção, as fezes vão escurecendo mais pela conversão de estercobilinogênio (=urobilinogênio) residual em mais estercobilina Hiperbilirrubinemia é a causa de icterícia Valores plasmáticos de bilirrubina superiores a (1mg/dL (1,1 uM/L) caracterizam hiperbilirrubinemia e, se superiores a 2-2,5 mg/dL, predispõe ao acúmulo de bilirrubina nos tecidos (icterícia) Reação de Van den Bergh A bilirrubina pode ser acoplada a sais diazônicos como o ácido sulfanílico diazotado (reativo de Ehrlich) formando produto vermelho-cian. Esta reação não ocorre com outros compostos reduzidos semelhantes ou com a biliverdina A bilirrubina conjugada (solúvel) reage imediatamente (bilirrubina direta). A bilirrubina acoplada à albumina só reage após sua dissolução (extração) com metanol (bilirrubina indireta) Por causa de sua hidrofobicidade, só a bilirrubina não conjugada pode atravessar a barreira hemato-encefálica: encefalopatia devido à hiperbilirrubinemia (kernicterus) só pode ocorrer com o aumento da bilirrubina não conjugada (indireta no plasma) Por sua solubilidade em água, só a bilirrubina conjugada sai facilmente pela urina, enquanto a não conjuga, ligada à albumina, não sangue urobilinogênio albumina albumina bilirrubina sinusóide canalículo biliar (Canal de Hering) hepatócitos ALT ALP GGT ALP GGT ALP GGT albumina albumina AST Kuppfer dúctulo biliar Hemopexina sangue (HPX) Haptoglobina (HGb) sinusóide AST, aspartato amino-transferase (antigamente GOT): citoplasma ALT, alanina amino-transferase (antigamente GPT): citoplasma GGT, g-glutamil transferase(ou transpeptidase, GGP): membrana face canalículo ALP, fosfatase alcalina: membrana face canalículo ICTERÍCIAS Acúmulo de bilirrubina nos tecidos do organismo Tipos de icterícias Pré-hepáticas ou hemolíticas Ocorrem em casos de hemólise intensa: Ex: malária, anticorpos antihemácias (doença de Combs) transfusões, transplantes de medula, tromboses, febre intensa e contínua..... albumina albumina urobilinogênio HGb~Hb albumina albumina urobilinogênio HPX~Heme Hemólise Pré-hepáticas ou hemolíticas Características laboratoriais: Aumento de bilirrubina indireta no plasma Aumento de urobilinogênio na urina Ausência de bilirrubina na urina Hepáticas ou parenquimatosas Ocorrem quando do comprometimento do parênquima hepático: hepatites virais ou não, câncer, alcoolismo e envenenamentos (acetominofen, isoniazida, anfetaminas clorofórmio, anfetaminas, CCl4, toxinas de cogumelos e aflatoxinas de fungos de amendoim) albumina albumina AST ALP GGT ALT ALP * ALP GGT AST ALT GGT ALP GGT ALT GGT ALP AST sais biliares B albumina albumina Causa: hepatócitos mortos Consequências: entupimento dos canalículos biliares por micro-coágulos e debris celulares Bile retida obstrui-os ainda mais (colestase intra-hepática) podendo gerar cálculos (litíase) Bile também se acumula dentro de hepatócitos (mais morte) Hepatócitos se fundem formando células multinucleadas O processo é só inflamatório (ativação de células de Kupfer) no caso de drogas No caso de microorganismos também imunológico O processo crônico induz a substituição gradual do parênquima por tec. conjuntivo (cirrose) e até falência hepática Hepáticas ou parenquimatosas Características laboratoriais: Aumento no plasma de alanina aminotransferase (ALT) aspartato amino- transferase (AST) (enzimas de hepatócitos) e fosfatase alkalina (ALP) e gama-glutamil transpeptidase (g-GGT) (enzimas de hepatócitos e trato biliar) Aumento da bilirrubinas direta também da indireta no plasma e frequentemente Presença de bilirrubina direta na urina Urobilinogênio em traços normais ou aumentado na urina Pós-hepáticas ou obstrutivas Bloqueio dos dutos biliares maiores (cálculos no colédoco ou ampola de Vater), em maior ou menor grau, faz a bile regurgitar para o plasma albumina albumina GGT GGT ALP ALP ALP GGT ALP X albumina GGT urobilinogênio sais biliares albumina Pós-hepáticas ou obstrutivas Características laboratoriais: Aumento de bilirrubina direta no plasma (mono- e diglucuronídio) Ausência ou valores abaixo dos traços normais de urobilinogênio na urina Presença de bilirrubina conjugada na urina (mono- e diglucuronídio) Icterícia fisiológica neonatal Um dos casos mais freqüentes (45-60% a termo 80% prematuros): resulta de uma intensa hemólise ao nascimento associada a um sistema hepático ainda imaturo para a captação, conjugação e excreção de bilirrubina (deficiência de UDP-glicurosonil transferases e de ácido UDP-glicurônico). Aumento de bilirrubina indireta pode causar encefalopatia (kernicterus) com retardamento mental. Tratamento: fototerapia (luz azul). administração de fenobarbital. A irradiação luminosa promove a secreção de bilirrubina não conjugada pelo fígado, transformando-a em fragmentos de maleimida e isômeros geométricos da bilirrubina que são mais solúveis e excretados pela urina e bile. ~20 W Distância 25-50 cm, >1dia….. Pode ser usada ou acrescentada Irradiação inferior Erros genéticos (muito raros) Shunt. Situação 2: a célula precisa de NADPH mas não de ribose-5-P Gliceraldeído-3-P e frutose-6-P voltam à via glicolítica. Ex. hemácia Ramo oxidativo Glicose-6-P-desidrogenase ATP ADP NADP NADPH 6-Fosfogliconato Glicose 6-P Glicose NADP gliconato-6-P desidrogenase Ribulose 5-P Ramo não oxidativo Gliceraldeído 3-P TDP Frutose 6-P Transcetolase epimerase Xylulose 5-P Gliceraldeído 3-P CO2 NADPH Ribose 5-P (5 carbonos) Transcetolase TDP Sedoheptulose 7-P (7 carbonos) Transaldolase Eritrose 4-P Fructose 6-P TDP = di-fosfato de tiamina