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AVALIAÇÃO DAS HISTERECTOMIAS VAGINAIS REALIZADAS NO
HOSPITAL DE CÍNICAS DE TERESÓPOLIS.
VASCONCELLOS, Marcus Jose do Amaral. Docente do Curso de Graduação em Medicina.
FAGUNDES, Maitê Salles Perna. Discente do Curso de Graduação em Medicina.
Palavras chaves: cirurgia ginecológica, controle pós-operatório, histerectomia vaginal.
INTRODUÇÃO:
A primeira histerectomia encontrada na literatura remonta ao ano de 1507, na
cidade de Bolonha, e é creditada a Berengarius. O útero foi retirado pela vagina. No
entanto existem controvérsias se o útero foi retirado integral ou parcialmente. ( 1 )
Somente no século XIX a histerectomia vaginal foi realizada com planejamento,
e na época indicadas nos prolapsos, retroversão aguda ou crônica ou câncer de colo. ( 1 )
A técnica mais aceita para a histerectomia vaginal pode ser descrita em 14
passos, após sondagem vesical com cateter nº 12: ( 3 ).
Não podemos esquecer os aspectos emocionais relacionados com a
histerectomia. Precisamos discutir exaustivamente a cirurgia com a paciente, permitindo
que ela entre no procedimento sem qualquer dúvida que possa, no futuro, trazer
seqüelas emocionais de difícil tratamento.
A evolução da cirurgia vaginal foi trazendo modificações que não só
aperfeiçoaram o método como também aumentaram as indicações.
Uma dificuldade para os cirurgiões são os úteros grandes não prolapsados.
Santos-Lopez et al. (
7
) utilizando a técnica do morcelamento, concluíram que a via
vaginal poderia ser escolhida com segurança e eficácia.
Outra abordagem interessante foi a de Robert et al ( 8 ) que com a finalidade de
diminuir o risco de câncer de ovário, propuseram que durante a histerectomia vaginal,
também se realizasse a salpingectomia bilateral.
E finalmente devemos nos lembrar da possibilidade da histerectomia por via
laparoscópica. Jokinen et al (
9
) publicaram inquérito realizado nos países nórdicos, e
computaram que entre 1990 e 2012, aconteceu uma diminuição em 50% do numero de
indicações da retirada do útero nestes países. Também citam que em cerca de 40%
destas cirurgias, a via de escolha foi a laparoscópica, com melhores resultados quando
comparadas com as outras duas possibilidades.
JUSTIFICATIVA:
Este trabalho foi idealizado, após a constatação que a maioria das mulheres eram
encaminhadas do Serviço de Ginecologia do HCTO ao centro cirúrgico a fim de serem
histerectomizadas, com a proposta inicial da via vaginal.
Percebi que estas mulheres tinham um tempo operatório médio de uma hora,
ficavam no máximo um dia internadas, que o procedimento anestésico era feito
rotineiramente pela via raquidiana, e principalmente, o pós-operatório era muito menos
doloroso que quando a escolha era a via abdominal.
Com estas observações, ainda subjetivas, resolvi estudar mais detalhadamente
estas pacientes e informar os resultados em meu trabalho de conclusão de Curso de
Medicina.
OBJETIVOS:
GERAL: Analisar os principais parâmetros das histerectomias vaginais
realizadas no Serviço de Ginecologia do HCT.
ESPECÍFICOS: Estudar as indicações, os resultados e possíveis complicações.
Avaliar o grau de informação que a pacientes recebiam no pré e no pósoperatório.
METODOLOGIA:
Estudo de casos, prospectivo, realizado entre 03 de março de 2015 e 26 de
janeiro de 2016 quando foram entrevistadas 20 pacientes submetidas à histerectomia
vaginal no Serviço de Ginecologia do HCT.
Após assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido, e com alguns
dados epidemiológicos levantados, as pacientes respondiam questionário estruturado.
RESULTADOS:
No período estudado foram realizadas 20 histerectomias vaginais, e as pacientes
na sua maioria tinham mais de 40 anos ( 55% ) e 40% estava entre 26 e 40 anos. Neste
grupo 55% era casada, 20% com união estável e 25% solteira. As indicações da cirurgia
foram: Miomatose – 19 ( 45% ), Adenomiose – 4 ( 20% ), prolapso – 4 ( 20% ),
mioma e pólipos – 1 ( 5% ) e pólipos 1 ( 5% ).
Uma vez analisado os resultados das questões propostas à paciente no
questionário aplicado no pós-operatório, podemos notar que a maioria recebeu
informações sobre a cirurgia, mas as informações sob como seria o pós-operatório
foram falhas. O sangramento aconteceu em 50% dos casos, e o incomodo foi raro nos
relatos das pacientes. No entanto um grande percentual das pacientes “ participou “ na
cirurgia pois ouviram conversas durante o ato operatório. Cerca de 50% das pacientes
saiu do hospital com dúvidas em relação ao seu futuro ginecológico.
Em relação as escalas de dor (Escala de Fascies de Baker; Escala analógica de dor;
Escala de descritores verbais; Escala de 0 – 10) que foram aplicadas com as pacientes,
podemos apreender que tanto para a paciente como para o observador a dor, quando
existia, tinha o caráter leve, no máximo moderado.
CONCLUSÃO:
A nossa casuística está de acordo com a literatura quanto às indicações da
histerectomia vaginal: miomatose uterina e prolapso genital.
Nossas pacientes recebem informações adequadas quanto a cirurgia que será
realizada, mas aparece uma falha quanto ao pós-operatório e ao seu futuro ginecológico.
A percepção de conversas no centro cirúrgico foi assinalada durante o ato
operatório, provavelmente pelo tipo de anestesia utilizada: raquidiana com sedação.
O incomodo durante este período foi quase desprezível.
As escalas de dor aplicadas mostraram que se trata de cirurgia com componente
álgico muito baixo.
Em nosso serviço a preferência pela via vaginal está plenamente justificada,
permitindo um processo de formação adequado de mão de obra para nossa comunidade.
REFERÊNCIA:
1 – Steege JF. Indications for hysterectomy: have they changed? Clin Obste ynecol.
1997;40(4):878-85.
3 – Ribeiro SC, Ribeiro RM, Pinotti JÁ. Estudo comparativo entre histerectomia total
abdominal, histerectomia vaginal e histerectomia laparoscópica. Hospital de Clínicas da
Faculdade de medicina de São Paulo.2003.
7 – Santos-Lopez A, Gorbea-Chavez V, Rodriguez-Colorado S et al. Histerectomia
vaginal para uterus grandes y sin prolapso mediante morcelation y aguja de Deschamps.
BMJ.2015:34(5):148-54.
8 – Robert M, Cenaiko D, Sepandj J et al. Success and complications of salpingectomy
at the time of vaginal hysterectomy. J Minim Invasive Gynecol.2015;22 ( 5 ):864-9.
9 – Jokinen E, Brummer T, Jalkanen J et al. Hysterectomies in Finland in 1990-2012:
comparison of outcomes between trainees and specilists. Acta Obstet Gynecol
Scand.2015;94(7):701-7.
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