UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O DESAFIO DA MOTIVAÇÃO NA GESTÃO DE PESSOAS Por: Danielle Dias Orientadora Prof (a) Mestre Adélia Maria Oliveira de Araújo Brasília - DF 2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O DESAFIO DA MOTIVAÇÃO NA GESTÃO DE PESSOAS Apresentação Cândido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos Por: Danielle Dias 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela sabedoria e saúde que me permitiram concluir mais esta realização pessoal. Também aos meus amigos, parentes e pais, pelo incentivo e compreensão à minha ausência durante a realização deste trabalho. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais sempre tão zelosos e presentes em minha vida. 5 “Nossos sonhos determinam nossas conquistas. Não podemos almejar grandes coisas se não tivermos a capacidade de sonhar e visualizar”. J. R. Román. 6 RESUMO A motivação pode ser facilmente definida como a disposição, a vontade que cada pessoa possui em realizar determinada ação. È responsável por levar as pessoas a empenhar seus esforços na realização de algum trabalho. Está relacionada com a personalidade do ser humano e com seu desenvolvimento mental, emocional, profissional e social. As pessoas possuem necessidades a suprir ou mesmo estabelecem para si metas e objetivos de vida que estão na maioria das vezes intimamente ligadas ao desempenho profissional de cada um. Precisa ser desenvolvida e estimulada positivamente para que leve as pessoas a se superarem e persistirem na consecução do objetivo a que visam. Seja um sentimento ou uma necessidade, a motivação funciona como um combustível que faz a pessoa movimentar-se rumo aos seus objetivos. Sendo assim é fundamental que as pessoas estejam motivadas em seus ambientes de trabalho, pois dessa maneira alcançarão tanto o sucesso individual como o organizacional, na medida em que estudos já comprovam que as pessoas são as grandes responsáveis pelo sucesso ou fracasso das organizações onde atuam. No cerne da questão está a premissa de que a motivação tem uma relação direta com o desempenho e, portanto, constitui-se num fator fundamental para ganhos de produtividade. Porém se percebe que muitos profissionais e líderes apresentam dificuldade em compreender o conceito de motivação, bem como seus mecanismos, e, por conseguinte, não obtêm êxito na motivação de suas equipes. Este trabalho irá apresentar algumas teorias e práticas motivacionais a serem aplicadas nos âmbitos organizacional, gerencial e pessoal. 7 METODOLOGIA Tendo por base o estudo e análise de obras científicas que abordam o assunto aqui proposto, este trabalho procura organizar sinteticamente as idéias concernentes à motivação pessoal e organizacional, abordando seus conceitos, definições e teorias motivacionais, desenvolvidas por renomados estudiosos, demonstrando também suas influências no desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas. A abordagem terá como fundamentação teórica os conceitos da motivação humana e organizacional segundo Idalberto Chiavenato, Cecília Bergamini, Silvio Brochado, algumas teorias de motivação desenvolvidas por Maslow, Herzberg, Mc Gregor, Alderfer, McClelland, Vroom, Locke e suas influências no desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas. Serão comentadas algumas falhas na motivação organizacional e sobre a importância do líder no processo motivacional. Por fim serão apresentadas algumas práticas motivacionais utilizadas atualmente por líderes de sucesso e profissionais de recursos humanos dentro das empresas. Práticas sugeridas por Bergamini, Chiavenato, Sylvia Vergara e outros autores. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - MOTIVAÇÃO: DEFINIÇÃO E CONCEITOS 12 1.1 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA 14 1.2 MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA 15 CAPÍTULO II – TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 16 2.1 TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES 18 2.2 TEORIA BIFATORIAL DE MOTIVAÇÃO 21 2.3 TEORIAS X E Y 22 2.4 OUTRAS TEORIAS MOTIVACIONAIS 2.4.1 Teoria ERC 24 2.4.2 Teoria das Necessidades Aprendidas 25 2.4.3 Teoria da Expectativa 26 2.4.4 Teoria do Estabelecimento de Objetivos 28 2.5 É REALMENTE POSSÍVEL MOTIVAR AS PESSOAS? 29 CAPÍTULO III – POR QUE A MOTIVAÇÃO É UM DESAFIO PARA A GESTÃO DE PESSOAS? 34 3.1 MOTIVAÇÃO X LIDERANÇA 42 3.2 PRÁTICAS MOTIVACIONAIS 3.2.1 Âmbito Organizacional 47 3.2.2 Âmbito Gerencial 58 3.2.3 Auto-motivação 64 CONCLUSÃO 68 BIBLIOGRAFIA 71 9 INTRODUÇÃO Fatores como a globalização, o avanço da tecnologia e do conhecimento dentro das empresas, bem como a facilidade de acesso a esses recursos por parte de praticamente todo o mundo corporativo, acabaram por provocar um estrondoso aumento da competitividade no mercado. As organizações se viram obrigadas a desenvolver estratégias que pudessem lhes proporcionar um diferencial na luta pelo destaque ou mesmo sobrevivência em seus ramos de atuação. Nesse momento de análise e estudo da situação veio à tona o fato de que os empregados se tornaram os principais responsáveis pelo sucesso ou fracasso das organizações, independente do nível funcional que ocupam na empresa, seja ele de direção, gerência ou operacional. Tornou-se urgente a necessidade de rever os processos concernentes à gestão de pessoas com vistas a valorizar os recursos humanos disponíveis, tendo em vista que o capital humano possui grande potencial no alcance de resultados da empresa, se tornando necessário certo investimento na área e não só em ativos tangíveis e tecnologia de ponta. Iniciaram-se então as mudanças que continuam ocorrendo no ambiente organizacional no âmbito das relações de trabalho e das políticas organizacionais e vêm assumindo importância crescente tanto em seus aspectos político-sociais, quanto nas esferas organizacionais. A emergência dos debates sobre relações de trabalho, relações interpessoais, clima organizacional, qualidade de vida, assim como o espaço ocupado por essas temáticas nas discussões diárias, são indicadores significativos do papel relevante que elas ocupam em diferentes esferas da vida social. 10 A base para o sucesso empresarial e o crescimento profissional que até pouco tempo era apenas a competência técnica dos empregados, passa a ser a competência técnica aliada aos valores pessoais que podem ser agregados à empresa e como cada empregado individualmente e em conjunto, pode apoiar e enriquecer os processos da organização. As empresas que trabalham fatores como valorização e motivação de seus empregados obtêm resultados positivos nos seus processos internos, resultando numa melhoria contínua do desempenho organizacional. É de fundamental importância que o gestor conheça as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento de seus empregados bem como entender o papel desempenhado por eles no ambiente organizacional. No cerne da questão está a premissa de que a motivação tem uma relação direta com o desempenho e, portanto, constitui-se num fator fundamental para ganhos de produtividade. Porém se percebe que muitos profissionais e líderes apresentam dificuldade em compreender o conceito de motivação e, por conseguinte, não obtêm êxito na motivação de pessoas. Motivação é um assunto altamente subjetivo, inexistindo uma regra geral para se atingir o sucesso motivacional. Descobrir porque as pessoas agem de determinada forma não é tarefa fácil, até porque nem sempre cada uma delas faz as mesmas coisas pelos mesmos motivos. As pessoas possuem objetivos diferentes, histórias de vida diferentes, necessidades diferentes, receios diferentes e não é possível compreender o comportamento das pessoas sem um mínimo de conhecimento dos fatores que as motivam. O estudo da motivação representa a busca de explicação para um determinado comportamento humano. Alguns princípios e teorias identificam forças impulsionadoras que levam as pessoas a se movimentarem, bem como a influência do ambiente e das relações interpessoais no desempenho dos indivíduos na organização. 11 O grande diferencial das empresas, sem dúvida, reside na valorização do capital humano, cujo sucesso está diretamente ligado à motivação eficaz, que dependerá tanto do gestor/administrador de pessoas como dos próprios funcionários, através do desenvolvimento da auto-motivação. O objetivo central do presente trabalho é demonstrar a importância da motivação como fator de sucesso pessoal e organizacional, bem como demonstrar estratégias que podem ser adotadas pelos administradores, gerentes e líderes das empresas atuais no importante desafio de resgatar e manter o nível de motivação de suas equipes. O Assunto foi distribuído entre os capítulos da seguinte forma: No Capítulo I - Definição e Conceitos - serão apresentadas algumas definições de motivação, e os conceitos de motivação intrínseca e extrínseca, à luz de estudos e pensamentos de autores da literatura internacional e profissionais da área de recursos humanos. No Capítulo II – Teorias da Motivação - serão expostas e comentadas algumas das principais teorias de motivação elaboradas por renomados teóricos e estudiosos do assunto. A proposta do último tópico do capítulo II é responder a questão: È realmente possível motivar as pessoas? com base nas teorias expostas e também apresentando o posicionamento de alguns autores em relação à questão. 12 No capítulo III – Por que a motivação é um desafio para a gestão de pessoas? - se pretende explicitar as falhas existentes no processo motivacional das organizações e também apontar diferentes sugestões para sua correção. Em um primeiro momento serão apontadas as falhas, depois será demonstrada a importância do líder para o processo e por fim serão apresentados alguns aspectos e sugestões a serem utilizados para a motivação no âmbito organizacional, gerencial e na auto-motivação. Ao longo de todo o trabalho será exposta a dicotomia que envolve o tema quanto ao entendimento de ser a motivação intrínseca ou extrínseca além de se responder às questões lançadas ao longo do texto. 13 CAPÍTULO I – MOTIVAÇÃO: DEFINIÇÃO E CONCEITOS Motivação segundo o dicionário é o ato de motivar; exposição de motivos ou causas; conjunto de fatores psicológicos, conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determinam certo tipo de conduta em alguém. Motivar significa dar motivo a, causar. A motivação pode ser considerada um estado de prontidão para a mudança ou como diz o consultor motivacional e palestrante Gilclér Regina: Motivação é como um motor em ação é uma pessoa em movimento. (...) Eu busco a inspiração nas palavras de Isaac Newton que dizia que as coisas só têm valor em movimento, isto é, a falta de uso atrofia, enferruja. A motivação é a diferença que faz a diferença e separa as pessoas que dão certo na vida, daquelas que estão sempre reclamando de alguma coisa e ficando para trás. (REGINA, 2003) Regina afirma ainda que: Motivação é atitude, é comportamento. Estes sentimentos funcionam como uma argamassa que reúne talento, educação, inteligência, criatividade e incentivo numa mesma pessoa e, sem dúvida, isso faz uma grande diferença. Acredito que esse processo alimenta aquela atitude que constrói a confiança necessária para sustentar a persistência e esta, por sua vez, fabrica resultados que é o que importa na vida. Eu creio piamente que é dessa forma que tornamos o impossível em possível, o possível em provável e o provável em definitivo. As empresas jogam um caminhão de dinheiro fora, treinam técnicas, mas não treinam atitudes e são elas que colocam a técnica em ação. (REGINA, 2003) Para o renomado autor Idalberto Chiavenato: A motivação funciona como o resultado da interação entre o indivíduo e a situação que o envolve. As pessoas diferem quanto ao seu impulso motivacional básico, e o mesmo indivíduo pode ter diferentes níveis de motivação que variam ao longo do tempo, ou seja, ele pode estar mais motivado em um momento e menos em outra ocasião. A conclusão é que o nível de motivação varia entre as pessoas e numa mesma pessoa através do tempo. Além das diferenças individuais, existem as variações no mesmo indivíduo em função do momento e da situação. (CHIAVENATO, 1999) 14 O professor e pesquisador Antônio Maximiano (1997) relata: “Motivação tem origem na palavra latina motivus, que significa aquilo que movimenta que faz andar.” O autor acrescenta: Em termos genéricos, a palavra motivação abrange as causas ou motivos que impelem determinado comportamento, seja ele qual for. No campo da administração, pessoa motivada usualmente significa alguém que demonstra alto grau de disposição para realizar uma tarefa ou atividade de qualquer natureza. (MAXIMIANO, 1997) O autor Gilmar Carvalho (1996) diz que para uma melhor compreensão de motivação seria interessante adicionar duas palavras para formar uma terceira: MOTIVO + AÇÃO = MOTIVAÇÃO. Assim: “motivar seria dar a alguém um bom motivo para praticar uma ação”. Por motivo pode-se entender como tudo aquilo que impulsiona as pessoas a agir de determinada forma ou, pelo menor, que dá origem a uma propensão ou a um comportamento específico. Esse impulso à ação pode ser provocado por um estimulo externo (provindo do ambiente) e pode também ser gerado internamento nos processos mentais do indivíduo (CHIAVENATO, 1999). O autor Stephen Robbins (2002) define motivação como “o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta”. Para Robbins, a motivação é um entrosamento do esforço em relação a qualquer motivo. “È o resultado da interação do indivíduo com a situação” complementa. O ser humano despende energias para o atendimento de determinadas metas, no entanto, as necessidades variam de indivíduo para indivíduo, produzindo diferentes padrões de comportamento. Além disso, as necessidades, os valores sociais e as capacidades variam no mesmo indivíduo conforme o tempo. O comportamento é conseqüência de uma força que impulsiona o indivíduo a movimentar-se para atingir determinado objetivo que varia de 15 acordo com a pessoa e com os objetivos que se pretende alcançar. Assim, o comportamento é diferenciado e diferençável. Motivação é algo que indica a relação de causa e efeito no comportamento das pessoas, significando que todo comportamento tem uma causa. Em linhas gerais a motivação é a disposição, a vontade que a pessoa tem de se esforçar para conseguir algo quando surge em seu interior a necessidade de alguma coisa. È a força que impulsiona estas pessoas a superar obstáculos e adversidades rumo ao alcance de um determinado objetivo. O comportamento é motivado por algum estímulo interno ou externo ao indivíduo. Nesse sentido a motivação pode ser classificada como Intrínseca e Extrínseca. 1.1 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA Motivação Intrínseca é a motivação que vem de dentro do próprio indivíduo. A especialista em motivação e gestão de pessoas Cecília Bergamini, na obra “Motivação nas Organizações” (1997) diz: “Entende-se, assim, que a motivação seja um impulso que venha de dentro e que tem, portanto, suas fontes de energia no interior de cada pessoa” Sigmund Freud foi o primeiro a descrever a natureza intrínseca da motivação. Para ele a motivação é como um estímulo disparado de dentro para fora, e o comportamento humano é determinado, basicamente, pela motivação inconsciente e pelos impulsos instintivos. Sylvia Vergara (1999) apresenta motivação como “uma força, uma energia que nos impulsiona na direção de alguma coisa (...) ela nos é, 16 absolutamente intrínseca, isto é, está dentro de nós, nasce de nossas necessidades interiores”. Para a autora a pessoa é que se motiva ninguém é motivado por ninguém. Apoiando-se nesses conceitos algumas empresas acreditam que o sucesso organizacional está na motivação intrínseca, ou seja, nasce da autorrealização do colaborador, do seu equilíbrio de vida, da sua capacidade criadora, das respostas às suas motivações e frustrações. É a motivação que nasce dele, do seu interior. A motivação passa a depender da pessoa e não da própria organização. A empresa só tem que incitar o colaborador a criar a sua própria auto-motivação. 1.2 MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA A motivação extrínseca por sua vez, é a motivação que vem do meio ambiente. È aquela onde as forças exteriores podem provocar o impulso motivador por meio do estímulo e do incentivo. Para Bergamini (1990) “A motivação interior impulsiona o indivíduo a utilizar suas habilidades, mas a realização desse desejo pode também ser tanto facilitada quanto bloqueada pelo modo de funcionamento do ambiente de trabalho”. Segundo Mc Gregor: É obvio e cientificamente demonstrável que o comportamento é influenciado por certas características de seu meio ambiente. Quando falamos de motivar o pessoal, estamos nos referindo à possibilidade de criar relacionamentos entre características humanas e características ambientais que terão como resultados certos comportamentos desejados. “Recompensa” e “castigo” são termos de uso corrente que descrevem de um modo geral as características do meio ambiente que são dirigidas no sentido de influenciar o comportamento (Mc GREGOR, 1973). 17 CAPÍTULO ll - TEORIAS DA MOTIVAÇÃO Entre 1927 e 1932 um grupo de pesquisadores chefiado pelo psicólogo George Elton Mayo dava início, na fábrica de Hawthorne, da Wester Eletric Company, em Chicago, a uma pesquisa que visava estudar a relação entre a eficiência do trabalho e a iluminação no ambiente. As premissas sobre as quais se baseava essa pesquisa eram ainda as mesmas da época de Frederick Taylor, quando se supunha que os trabalhadores deviam ser estudados como unidades isoladas e que os fatores que influenciavam sua eficiência eram o controle de seus movimentos ao executar a tarefa, a fadiga e as más condições do trabalho. O incentivo oferecido aos trabalhadores, na época, girava em torno de recompensa monetária, uma vez que se acreditava que, no trabalho, o homem buscava apenas a satisfação de sua necessidade econômica. O grupo dirigido por Elton Mayo passou vários anos pesquisando o trabalho humano na fábrica de Hawthorne e os resultados das várias pesquisas levadas a efeito foram amplamente divulgados. Podemos resumir que as experiências realizadas mostraram que o operário não era uma simples peça do processo, mas sim um indivíduo com personalidade complexa, relacionando-se com os demais numa situação de grupo, motivado não só pela busca do conforto material, mas também pelas necessidades de natureza social e psicológica. As experiências mostraram também que quando os objetivos pessoais se identificavam com os da administração, a produtividade aumentava, e quando estes objetivos eram opostos, a produtividade diminuía. As pesquisas de Mayo foram o ponto de partida para um grande número de pesquisas e teorias na área de estudo do fator humano no trabalho. Segundo Chiavenato: 18 Para compreender a motivação humana, o primeiro passo é o conhecimento do que a provoca e a dinamiza. A motivação existe dentro das pessoas e se dinamiza com as necessidades humanas. Todas as pessoas têm suas necessidades próprias, que podem ser chamadas de desejos, aspirações, objetivos individuais ou motivos. As necessidades humanas ou motivos são forças internas que impulsionam e influenciam cada pessoa determinando seus pensamentos e direcionando o seu comportamento diante das diversas situações da vida. (CHIAVENATO, 2006) . Para Maximiano (1997) a mais importante das explicações sobre a motivação é a que defende que “as pessoas são motivadas essencialmente pelas necessidades humanas. Quanto mais forte a necessidade, mais intensa é a motivação”. Assim, a importância da recompensa ou do comportamento é determinada pela sua capacidade de satisfazer as necessidades. Pereira e Fonseca (1997) também defendem esse pensamento. Os autores observaram que: ”O que motiva alguém é a falta de alguma coisa. (...) as necessidades humanas são os grandes determinantes da motivação”. Quanto maior for a carência ou a necessidade de alguma coisa, maior será a motivação que mobilizará o homem na busca da satisfação de suas necessidades. Os motivos ou necessidades são pessoais e individuais. Cada indivíduo possui um nível diferente de motivação, pois, cada um tem sua própria história, e consequentemente, suas próprias necessidades, seus próprios valores, sua própria cultura e organização familiar. Apesar das diferenças individuais quanto aos motivos ou necessidades que regem o modo de ser das pessoas, certas necessidades são semelhantes quanto à maneira pela qual fazem as pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfação. Sob este ponto de vista, muitas teorias procuram identificar as necessidades que são comuns a todas as pessoas. 19 Para os estudiosos que desenvolveram as principais teorias da motivação tanto as diferenças individuais, como as diferentes situações devem ser consideradas em toda abordagem motivacional. Dentre os exemplos mais conhecidos e mais representativos dessas teorias, estão a teoria da hierarquia das necessidades humanas de Maslow, a teoria bifatorial de motivação de Herzberg e as teorias X e Y de McGregor. 2.1 TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES HUMANAS Psicólogo e consultor norte-americano, o Dr. Abraham Maslow criou a noção de hierarquia das necessidades humanas, a fim de melhor predizer e compreender a motivação. Ele parte do princípio de que as necessidades humanas, conscientes ou não, definem e influenciam a forma de agir e de se comportar do indivíduo. Maslow considera que as necessidades são qualitativamente diferentes entre si, e as classifica em cinco categorias: as necessidades fisiológicas, as necessidades de segurança, as necessidades sociais, as necessidades de estima e as necessidades de autorrealização. As necessidades humanas no entendimento de Maslow estão arranjadas em uma pirâmide hierárquica e são apresentadas como se fossem 20 manifestadas gradualmente seguindo uma ordem de importância na vida do indivíduo. Necessidades fisiológicas: São as necessidades humanas básicas para a manutenção da vida como a fome, sexo, sede, oxigênio e sono. Caso a pessoa careça de segurança, amor e estima, provavelmente, desejará alimento antes das outras. Nas organizações, são: salário, renda da família, vale refeição, alimento, etc. Necessidades de segurança: Quando as necessidades fisiológicas são satisfeitas, se manifestam as necessidades de segurança, e o organismo acaba sendo direcionado por elas, pois estas passam a definir e influenciar a forma de agir do indivíduo. A procura de segurança, o desejo de estabilidade, proteção contra o perigo, ameaça e privação, a busca de um mundo ordenado e previsível são manifestações destas necessidades de segurança. Em outras palavras, é a necessidade de preservação. Assim como as necessidades fisiológicas, as de segurança também estão relacionadas com a sobrevivência do indivíduo uma vez que se a segurança de um homem está em perigo, outros fatores perderão a importância. Nas organizações, são necessidades de segurança: sistemas de benefícios, salário educação, local onde a empresa funciona, seguro saúde, etc. Necessidades sociais: são as necessidades relacionadas com a vida associativa do indivíduo com outras pessoas. Quando satisfeitas as necessidades anteriores (fisiológicas e de segurança), surgem as necessidades de amor e afeição. Nesse momento quando o indivíduo sente necessidade de laços afetivos com os demais, necessita obter um lugar em seu próprio grupo organizacional e no mundo. O homem é um ser social, e como tal tem a necessidade de participar de vários grupos e de ser aceito por eles. A frustração dessas necessidades conduz geralmente à falta de adaptação social e à solidão. A necessidade de dar e receber afeto é uma 21 importante ativadora do comportamento humano. Para Maslow: “... a frustração das necessidades de amor é a origem mais comum da falta de adaptação e das psicopatologias graves”. Segundo Sílvio Broxado, as necessidades de reconhecimento e amor nas organizações são: “União dos setores, inexistência de fofocas invejosas, valorização verbal e não-verbal dos funcionários, comprometimento dos colegas com o negócio e as tarefas, fazer parte de equipes de trabalho, grupo e comissões”. Necessidades de estima: São as necessidades relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia, isto é, com a autoavaliação, autoestima e ego. Envolve a autoapreciação, auto-confiança, a necessidade de aprovação social e de reconhecimento, de status, prestígio e de consideração. A satisfação dessas necessidades conduz a sentimentos de auto-confiança, de valor, força, prestígio, poder, capacidade e utilidade. A sua frustração pode produzir sentimentos de inferioridade, fraqueza, dependência e desamparo, os quais, por sua vez, podem levar ao desânimo ou a atividades compensatórias. Nas organizações, a necessidade de autoapreciação pode ser satisfeita pela fama, tamanho da empresa, tipo do negócio e forma da empresa geri-los, as responsabilidades assumidas ao nível do cargo e etc. Necessidades de autorrealização: São as necessidades humanas mais elevadas e que se encontram no topo da hierarquia. Relacionam-se com o auto-desenvolvimento e a satisfação consigo mesmo É a necessidade de realizar tudo no máximo de seu potencial individual. Portanto, o desejo de autor realização é o desejo que o indivíduo tem de tornar-se aquilo que é capaz de ser. Esta necessidade aparecerá, à medida que as necessidades de estima forem adequadamente satisfeitas. A implicação prática da teoria de Maslow é que apenas os fatores que puderem satisfazer alguma das necessidades humanas servem para motivar 22 alguém. Assim os motivadores eficazes dentro das empresas serão aqueles que conseguirem incitar seus colaboradores a exercer suas atividades funcionais com, o objetivo de satisfazer uma necessidade pessoal existente. 2.2 TEORIA BIFATORIAL DE MOTIVAÇÃO Psicólogo clínico, consultor e professor norte-americano, o Dr. Frederick Herzberg, é conhecido por sua teoria bifatorial ou teoria dos dois fatores ou ainda teoria da motivação/higiene, onde afirma que a motivação é influenciada por dois fatores distintos: os que levam à satisfação e os que levam à insatisfação. Suas conclusões são baseadas nos resultados de uma pesquisa conduzida em organizações empresariais onde foi solicitado a 200 contadores e engenheiros que relatassem com detalhes situações ao longo de suas experiências profissionais em que se sentiram extremamente bem e extremamente mal com seu trabalho. Os resultados mostram que ao falar sobre condições em que se sentiam extremamente bem, as pessoas mencionavam fatores intrínsecos ao próprio trabalho. Esses fatores incluíam: a oportunidade de reconhecimento, a realização e o crescimento. São os chamados fatores motivacionais ou intrínsecos já que são necessários para o desempenho do trabalho. O indivíduo desenvolverá atitudes favoráveis ao trabalho quando este realmente proporcionar essas oportunidades. Em contrapartida contribuíam para a insatisfação com o trabalho os fatores ambientais ou extrínsecos, aqueles que se localizam no ambiente organizacional e abrangem as condições dentro das quais os empregados desempenham suas funções. São eles a administração e política da organização, supervisão, relações interpessoais, condições de trabalho, 23 salário, benefícios, status e segurança administração e política da organização, supervisão e relações interpessoais, Essas fontes de insatisfação que formam o ambiente de trabalho foram denominadas também de fatores higiênicos. Herzberg utiliza o termo "higiene" porque os considera essencialmente “preventivos e profiláticos”, ou seja, apenas evitam a insatisfação, não são suficientes para provocar a satisfação. Compara-os a alguns remédios como os analgésicos que aliviam a dor de cabeça, mas não tratam a saúde. Segundo ele: “Quando os fatores higiênicos são ótimos eles apenas evitam a insatisfação do empregado e quando são precários provocam a insatisfação do empregado”. A implicação prática da teoria bifatorial de Herzberg é que maximizar a satisfação e minimizar a insatisfação são dois processos diferentes, que precisam coexistir na organização, uma vez que para que a motivação ocorra com sucesso é necessário que haja além da ausência dos fatores de insatisfação a presença dos fatores de satisfação. 2.3 TEORIAS X E Y Psicólogo norte-americano, Professor universitário e um dos pensadores mais influentes na área das relações humanas Douglas Mc Gregor ganhou renome por defender a existência de uma dicotomia nos estilos de administração. Nas teorias X e Y a força motivacional está centrada na autorrealização e na satisfação das necessidades do indivíduo. Foram elaboradas considerando o estilo administrativo e as convicções de seus líderes em relação ao comportamento das pessoas sob seu comando. 24 TEORIA X - Visão tradicional da direção e do controle. Para os líderes tradicionalistas o homem: ü Não gosta do trabalho e o evita; ü Precisa ser forçado, controlado e coagido; ü Prefere ser dirigido e tem pouca ambição; ü Busca apenas a segurança; ü Trabalha o mínimo possível em troca de recompensas salariais ou materiais; ü Nem mesmo a promessa de recompensa faz com que o indivíduo tenha motivação para o trabalho. TEORIA Y – Visão Moderna da Administração, sem preconceitos em relação à natureza humana ü O trabalho pode ser uma fonte de satisfação e recompensa; ü O dispêndio de esforço no trabalho é algo natural; ü O controle externo e a ameaça não são meios adequados de se obter a dedicação no trabalho; ü Reconhece a delicadeza e dificuldade das relações interpessoais no ambiente de trabalho; ü Reconhece as variáveis que comandam o comportamento do homem e a satisfação de suas necessidades sociais: ü O homem procura e aceita a responsabilidade; ü O homem é criativo e competente Para Mc Gregor para se obter pessoas motivadas nas organizações deve-se optar pela utilização dos preceitos da teoria Y. Sua aplicação deve carrear para o empregado maiores responsabilidades, maior delegação de autoridade e garantia de oportunidades de trabalho mais desafiadoras a fim de que a satisfação seja estimulada e o trabalho seja considerado como algo agradável e prazeroso para o indivíduo. 25 A implicação prática da teoria de Mc Gregor é que o comportamento dos trabalhadores dentro das organizações dependerá da forma de administração a que forem submetidos. Se forem administrados conforme a teoria X apresentarão o comportamento forçado e descontente que este tipo de administração desperta ao passo que se administrados conforme a teoria Y apresentarão um comportamento de autorrealização e motivação. 2.4 OUTRAS TEORIAS MOTIVACIONAIS 2.4.1 Teoria ERC A teoria ERC proposta pelo psicólogo norte-americano Clayton Alderfer, é muito semelhante à teoria da hierarquia das necessidades proposta por Maslow, da qual se difere em três aspectos. O Primeiro aspecto diz respeito à classificação das necessidades. Enquanto Maslow as classifica em 5 categorias, para Alderfer as necessidades básicas são apenas três: Necessidades de existência: Necessidades do bem-estar físico, fisiológicas e de segurança. Ex.: salários, segurança no trabalho, benefícios sociais. Necessidades de relacionamento: Desejo de interação social com outras pessoas. Necessidades de crescimento: Desejo de crescimento e competência pessoal, de autorrealização. 26 O segundo aspecto reside no fato de que enquanto Maslow afirma que as necessidades são atendidas seguindo uma progressão hierárquica, a Teoria ERC admite que possa haver migração entre as categorias de necessidades superiores sem que as de nível mais baixo estejam completamente satisfeitas. Ou seja, se uma pessoa sentir-se frustrada quando não satisfeita uma necessidade elevada, vêm à superfície outras necessidades mais baixas como motivadores do seu comportamento. O terceiro aspecto está na questão de que enquanto a teoria de Maslow afirma que o indivíduo se ocupa em satisfazer uma necessidade por vez, a teoria ERC assume que várias necessidades podem ser ativadas ao mesmo tempo. Todas as necessidades (existência, relacionamento e crescimento) podem atuar num indivíduo ao mesmo tempo Assim como na teoria de Maslow, a teoria ERC também postula que o indivíduo é motivado apenas pelas necessidades que possui e deseja satisfazer. 2.4.2 Teoria das Necessidades Aprendidas Proposta pelo psicólogo norte-americano David McClelland a teoria das Necessidades Aprendidas ou Adquiridas, considera que as necessidades aprendidas são as forças impulsionadoras da motivação.. As necessidades aprendidas são as desenvolvidas e adquiridas pelas pessoas ao longo de suas vidas, à medida que interagem com os outros e com o meio ambiente. A Teoria das Necessidades Aprendidas está ligada aos conceitos de aprendizagem e destaca três necessidades que, para McClelland, estão presentes em todas as pessoas, em graus diferentes 27 Necessidade de realização: É o desejo de ser excelente, ser melhor ou mais eficiente, resolver problemas ou dominar tarefas complexas. Necessidade de poder: É o desejo de controlar os outros, ser responsável pelos outros ou influenciar o seu comportamento. Necessidade de afiliação: É o desejo de estabelecer e manter amizades e relações interpessoais com os outros. Segundo Chiavenato: Como as necessidades são apreendidas, o comportamento recompensado tende a repetir-se com mais freqüência. Como resultante desse processo de aprendizagem, as pessoas desenvolvem padrões únicos de necessidades que afetam seu comportamento e desempenho. A teoria permite que o administrador localize a presença dessas necessidades em si mesmo e nos subordinados para criar um ambiente de trabalho que privilegie os perfis de necessidades localizados. (CHIAVENATO, 1999) A implicação prática da teoria das necessidades adquiridas é que dentro das organizações estão presentes os indivíduos com alta necessidade de realização, poder e afiliação. Os indivíduos com alta necessidade de realização preferem situações de trabalho com maior responsabilidade, feedback e riscos moderados. Estes obtêm sucesso em atividades empreendedoras. Os indivíduos com alta necessidade de poder se sentem à vontade gerindo e influenciando pessoas e são geralmente administradores competentes. Os indivíduos com alta necessidade de afiliação se preocupam em não adotar posturas rígidas ou desagradáveis na tomada de decisões dentro da organização. Geralmente sobem na empresa se utilizando de seu carisma e aprovação das pessoas. 2.4.3 Teoria da Expectativa 28 A Teoria da Expectativa elaborada pelo professor canadense Victor Vroom, dispõe que: Para produzir algum tipo de força motivacional, as crenças e expectativas que as pessoas têm a respeito de seu trabalho devem combinar com a força de seus desejos e que o esforço depende do resultado que se deseja alcançar. (VROOM apud MAXIMIANO, 1997). Segundo a teoria da expectativa o desempenho que se alcança é proporcional ao esforço que se faz. O esforço que se faz é proporcional ao valor que se dá à recompensa. Se a recompensa for atraente, a motivação para fazer o esforço será grande. Para Vroom a motivação é produto de três fatores que influenciam o nível de desempenho do indivíduo: Expectativa, Instrumentalidade e Valência. Expectativa: é a relação estabelecida entre o esforço realizado e o resultado obtido; Instrumentalidade: é a estimativa de que o trabalho resultará em alguma recompensa; Valência: é o sentimento do empregado com relação aos resultados esperados; e o rendimento. A teoria dispõe que estes três aspectos influenciam a motivação das pessoas no trabalho. Se um dos elementos está ausente, a motivação torna-se fraca, se todos eles estão presentes, a motivação é alta. O autor David Hampton a respeito da Teoria da Expectativa acrescenta: Uma necessidade insatisfeita, ou combinação de necessidades, pode fazer com que algo ou alguma atividade, que a satisfaz, pareça atraente a você. Porém, sua motivação para obter aquela coisa ou exercer o esforço necessário para desempenhar aquela atividade será maior ou menor, dependendo de suas convicções e expectativas 29 sobre as chances de que suas ações levarão aos resultados que você espera. (HAMPTON, 1992) Para Chiavenato a Teoria da Expectativa em termos práticos: Um empregado estará motivado a se esforçar quando acreditar que o seu esforço o levará a uma boa avaliação do desempenho – a qual lhe proporcionará recompensas da organização, como bônus, prêmio, promoção, gratificação ou aumento salarial – e que essas recompensas satisfarão os seus objetivos individuais. (CHIAVENATO, 1999) A implicação prática da teoria de Vroom é que se a recompensa é o que move o empregado em seu desempenho e esforço para alcançar seus objetivos individuais, o processo de administrar a motivação requer saber administrar recompensas e esquemas de trabalho que atendam tanto às necessidades da organização como também às expectativas do empregado. 2.4.4 Teoria do Estabelecimento de Objetivos Segundo a Teoria do Estabelecimento de Objetivos do Psicólogo e Professor norte-americano Edwin Locke o estabelecimento de metas e objetivos a serem atingidos atua como um estímulo interno e orienta melhor o comportamento das pessoas que se esforçam mais e se sentem satisfeitas ao atingi-los. Chiavenato (1999) relata que uma pesquisa feita por Locke sobre o estabelecimento de objetivos revelou que: ü Objetivos mais difíceis conduzem a um melhor desempenho do que os objetivos menos difíceis; ü Objetivos específicos conduzem a um melhor desempenho do que os objetivos vagos, imprecisos, ou genéricos; 30 ü A oportunidade de participar do estabelecimento das metas aumenta a sua aceitação por parte do funcionário; ü O conhecimento dos resultados motiva as pessoas a um melhor desempenho. Isso permite à pessoa saber como está indo o seu esforço em direção aos objetivos. O melhor motivador é quando é permitido ao funcionário monitorar o seu próprio progresso. ü A pessoa deve estar capacitada a cumprir os objetivos e sentir-se confiante quanto à sua capacitação. ü O comprometimento com os objetivos motiva as pessoas a um melhor desempenho quando eles são aceitos. Um objetivo designado conduz a um mau desempenho quando não é adequadamente explicado. A implicação prática da teoria de Locke é que o estabelecimento de objetivos difíceis e específicos constitui uma poderosa força motivadora dentro das empresas. Quanto mais complexos forem os objetivos, mais resultados produzem, e quanto maior a participação dos empregados, maior será a aceitação das metas. 2.5 É REALMENTE POSSÍVEL MOTIVAR AS PESSOAS? Se definirmos "motivação" como a energia ou impulso que mobiliza os recursos de uma pessoa para alcançar uma meta, concluiremos que a motivação vem do interior de cada um, tendo como sinônimos: anseio, ânsia, aspiração, vontade, desejo, necessidade, incitamento, impulso e demanda. Nesse sentido, o indivíduo é o único responsável por sua própria motivação. 31 Se definirmos “motivador” como a pessoa que influencia outras, que as ajuda a alcançar uma meta, que fornece incentivos para o sucesso, cria um ambiente positivo e produtivo no qual as metas podem ser alcançadas, concluímos que existe a figura do motivador, que tem como sinônimos : encorajador, persuasor, influenciador, instigador, incitador, estimulador. Nesse sentido, é possível motivar outras pessoas. No livro: “Psicodinâmica da Vida Organizacional: Motivação e Liderança” (1997), Cecília Bergamini afirma que: “Essas duas maneiras diferentes de pensar ilustram a crença de que podem existir duas diferentes maneiras de justificar as ações humanas” Uma pressupõe que o comportamento motivado origina-se de estímulos externos. E a outra preconiza que o comportamento motivado ocorre espontaneamente impulsionado pela energia interior, capaz de levar cada um à ação.. Segundo a autora: Uma quantidade enorme de teorias e hipóteses foi se acumulando nas últimas três décadas (..). Da mesma forma que alguns pretendiam aprender como fazer para motivar pessoas, outros afirmavam que ninguém jamais conseguiria motivar quem quer que fosse. (BERGAMINI, 1990) Essas posições exemplificam conceitos antagônicos e contraditórios a respeito do assunto. As teorias motivacionais comentadas neste capítulo abordaram a motivação como um estímulo ou sentimento de empenho para se conseguir algo quando surge no indivíduo a necessidade de alguma coisa. Sendo assim a motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa, e é o que impele o indivíduo a partir de um estado de carência que tenta suprir, em busca do fator de satisfação que o irá atender. 32 As teorias das necessidades humanas e a teoria bifatorial consideram que a motivação é interior ao indivíduo, que pode ou não, encontrar no meio exterior as condições para a sua motivação. Já as teorias da Expectativa, do Estabelecimento de Objetivos e as Teorias X e Y admitem que apesar do estímulo inicial partir do próprio indivíduo existe a participação de fatores condicionantes importantes para o processo motivacional. Na teoria da Expectativa a motivação é determinada pela relação Esforço X Resultado X Recompensa. As variáveis esforço e resultado dependem unicamente do indivíduo, porém a recompensa é determinada e concedida por terceiros, e exerce um papel de suma importância no processo motivacional. A teoria do Estabelecimento de Objetivos utiliza como principal fonte de estímulo a elaboração e o alcance dos objetivos propostos. O esforço e a capacidade de atingir os objetivos dependem unicamente do indivíduo, mas a elaboração e fixação dos mesmos são determinadas pela chefia cabendo a ela a função de estabelecer metas claras e atraentes para seus colaboradores, uma vez que serão esses fatores que irão estimular o desejo das pessoas em alcançar ou não os objetivos propostos. Nas teorias X e Y Mc Gregor afirma que o comportamento das pessoas e seu conseqüente grau de motivação dependerão do estilo de administração a que forem submetidos. Em linhas gerais os teóricos citados são unânimes em considerar que a motivação depende essencialmente dos desejos, vontades e esforço do próprio indivíduo, porém pode ser influenciada por fatores externos. Fatores como ambiente de trabalho, chefia, recompensas e metas estabelecidas são primordiais para o processo motivacional. Para alguns teóricos não é garantia de satisfação, mas pode ser fator determinante para a insatisfação. Nesse aspecto é possível que as empresas ao descobrirem os principais fatores de 33 motivação para seus empregados lhes proporcionem condições e estímulos para o alcance de melhores resultados Para Bergamini: O processo motivacional é íntimo e pessoal, o que pressupõe a necessidade de entender o sentido que cada pessoa atribui à sua função no ambiente de trabalho. Além disso, ninguém é capaz de motivar outra pessoa, pois o potencial motivacional já existe dentro de cada um. É preciso somente compreender como se pode fazer uso desse potencial de forma proveitosa (BERGAMINI, 1997). Segundo Chiavenato: A motivação está contida dentro das próprias pessoas e pode ser amplamente influenciada por fontes externas ao indivíduo ou pelo seu próprio trabalho na empresa. A motivação intrínseca e a motivação extrínseca devem se complementar através do trabalho gerencial. Ambas podem e devem ser compreendidas pelo gerente e utilizadas como ponto de apoio para potencializar e alavancar a satisfação das pessoas. O gerente deve conhecer o potencial de trabalho, as condições externas para elevar a satisfação profissional. O ponto de encontro dessas duas posições é o conteúdo do cargo participativo e ajustado às demandas pessoais de cada indivíduo. (CHIAVENATO, 1994) Já para a repórter Laura Somoggi da revista Você S/A : A maior motivação não vem de lugar nenhum. Se você espera que a sua empresa lhe dê injeções de ânimo, más notícias. O que todas as empresas querem é gente capaz de criar seu próprio entusiasmo e não depender dela para crescer pessoal e profissionalmente. (SOMOGGI, 1999) Ainda nesse mesmo artigo de Somoggi (1999) a motivação é considerada fundamental para qualquer coisa que se faça na vida. Sobretudo para aquelas que exigem um esforço maior: o trabalho. Além disso, a motivação tem que vir de dentro das pessoas, já não se pode esperar hoje, que as empresas se encarreguem disto. Pedro Mandelli, consultor de organização e mudanças e colaborador da revista Você S/A (apud Somoggi, 1999) afirma: “As empresas cada vez mais 34 estão convencidas de que não cabe a elas motivar os funcionários e sim investir na capacitação de funcionários já motivados”. O Professor Thomaz Wood comenta no artigo “Motivação a todo custo”, publicado na Revista Época (apud Termero 2004): “Se barreiras como líderes autoritários, injustiça, falta de transparência e processos confusos forem removidas, o trabalho ganhará um sentido para o funcionário e o circo da motivação não precisa existir". Sílvio Broxado, na sua obra “A Verdadeira Motivação na Empresa; Entendendo a Psicologia Organizacional e Dicas para a Motivação no Dia-a-dia das Empresas, diz: Muito freqüentemente as pessoas não fazem aquilo que lhes pedimos, simplesmente porque elas não querem fazer esse tipo de trabalho. A motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa e que pode estar ligada a um desejo. Uma pessoa não pode jamais motivar outra, o que ela pode é estimular a outra. A probabilidade de uma pessoa seguir uma orientação de ação desejável para determinado fim, está diretamente ligada à força de um desejo próprio da pessoa (BROXADO, 2001). Analisando as colocações aqui explicitadas conclui-se que a motivação é uma energia, uma força, um estímulo ou ainda, um impulso interno que leva as pessoas a agirem de forma espontânea para alcançar determinado objetivo. Nesse sentido, podemos depreender que não é possível se motivar uma pessoa, mas é possível criar situações que a estimulem a agir espontaneamente. Também é possível se criar um ambiente compatível, com suas necessidades e objetivos fazendo com que ela se sinta estimulada e motivada a alcançá-los sozinha, fazendo uso da auto-motivação. 35 CAPÍTULO III – POR QUE A MOTIVAÇÃO É UM DESAFIO PARA A GESTÃO DE PESSOAS? A motivação se constituiu uma das maiores preocupações dentro das organizações desde que se evidenciou que a produtividade não decorria apenas da qualidade técnica e da eficiência dos processos, mas também da atitude das pessoas em relação às tarefas que lhes eram solicitadas. As mudanças na sociedade e no mundo empresarial foram ocorrendo e exigindo das empresas novos conhecimentos, tecnologias e técnicas de competitividade mercadológica. Atrelada a essas mudanças surgiu a valorização gradual do fator humano dentro das organizações. Na sociedade atual o corpo funcional de uma empresa alcançou um alto índice de valorização, na medida em que, se percebeu sua inegável importância para a execução dos negócios e o sucesso organizacional. Os funcionários deixaram de ser tratados como meros empregados remunerados e, portanto obrigados a exercer suas funções a contento e passaram a ser vistos como colaboradores, pessoas que influenciam decisões e participam ativamente do alcance dos resultados. As pessoas são um ativo intangível das empresas. As máquinas trabalham, mas não inventam. O dinheiro é poder, mas não pensa. Na era da informação o conhecimento é o recurso organizacional mais importante das organizações, uma riqueza maior e mais importante que dinheiro. (STEWART, 1998) 36 Chiavenato no artigo “O Capital Intelectual”, define que o capital humano é constituído das pessoas que fazem parte de uma organização. São talentos que precisam ser desenvolvidos e mantidos. Capital humano significa capital intelectual, um capital invisível composto de ativos intangíveis, que atualmente vem determinando o valor de mercado das organizações. As empresas que desejam se manter competitivas no mercado, nessa era da informação onde o conhecimento é extremamente necessário, devem investir em seu capital intelectual, treinando, capacitando e motivando sua equipe pois a criatividade e a inovação decorrem do conhecimento e empenho na realização das atividades profissionais. Dentro das organizações as pessoas acabaram expondo seus problemas e seus sentimentos fazendo com que os ocupantes de cargos de chefia percebessem que o estado de espírito e os fatores externos influenciavam diretamente no desempenho das pessoas e consequentemente no desenvolvimento da empresa. Stephen Covey em sua obra “Liderança baseada em princípios”, (2002) afirma que as pessoas constituem as empresas e carregam suas tendências pessoais para dentro dela, transformando assim, os problemas individuais crônicos em problemas organizacionais crônicos. O estado de espírito das pessoas está diretamente ligado à sua motivação que por sua vez está diretamente relacionada com a qualidade dos produtos e serviços prestados pela empresa onde trabalham. A questão fundamental estava em descobrir como exatamente os aspectos motivacionais influenciavam no desempenho profissional e o que se fazer para motivar as pessoas. A motivação do indivíduo, enquanto parte de uma organização, brota da importância que cada um dá ao seu trabalho, do significado que é atribuído a 37 cada atividade desempenhada e o que cada pessoa precisa desenvolver profissionalmente para sanar suas necessidades e alcançar seus objetivos. Conforme Chiavenato (1999): “Motivação é o desejo de exercer altos níveis de esforços em direção a determinados objetivos organizacionais, condicionados pela capacidade de satisfazer algumas necessidades individuais”. No artigo “Contextualizando a motivação no trabalho” escrito por Carlotto e Gobbi a motivação é definida como “estratégia de desenvolvimento pessoal e organizacional”. Em várias situações profissionais, sejam elas de contrato inicial ou no decorrer de outras já estabelecidas, ouvimos com certa freqüência ser a “falta de motivação” a grande causadora das dificuldades individuais e/ou grupais. Complementam o discurso colocações do tipo: “o grupo está desanimado”, “as pessoas estão desmotivadas”, "a pessoa ou grupo não é comprometida com o trabalho" e "a produtividade está baixa, precisamos motivar as pessoas". Explorando melhor o comportamento individual ou grupal percebemos que em muitos casos relatados o que está sendo tratado não é a questão motivacional ou não é só esta a questão. Estamos tratando de desempenho, produtividade, satisfação no trabalho e de toda uma gama de variáveis que envolvem os sistemas micro e macro organizacional. (CARLOTTO; GOBBI, 1999) . Apesar de tantas transformações, inovações tecnológicas, inovações no planejamento estratégico, na busca de qualidade e até mesmo no campo da gestão de pessoas, fica cada vez mais evidente que a motivação é um fator determinante de sucesso pessoal e organizacional. Porém as dificuldades enfrentadas no processo motivacional são muitas e motivar o colaborador dentro das empresas continua sendo uma tarefa desafiadora. Conforme Glasser (apud Bergamini): O fracasso da maioria de nossas empresas não está na falta de conhecimento técnico. E, sim, na maneira de lidar com as pessoas. Foge a nossa compreensão o hábito dos administradores de achar que os trabalhadores não produzem com qualidade apenas por falta de conhecimento técnico. Na realidade, isso está ocorrendo devido à maneira como são tratados pela direção das empresas. (GLASSER apud BERGAMINI, 1997) 38 O despreparo dos administradores e líderes tem causado estragos imensuráveis à manutenção da satisfação motivacional das pessoas que chegam motivadas para o seu primeiro dia de trabalho. Bergamini em sua obra “Motivação” (1990) afirma: “É, portanto, inevitável que se examine com maior cuidado no que reside o fenômeno da liderança para que se possa entender e evitar os efeitos nefastos que um vínculo inadequado de chefia pode ocasionar.” Para Cecília Bergamini (1990), “A escolha e o treinamento daqueles a quem cabe chefiar pessoas dentro das empresas brasileiras, infelizmente, têmse regido por requisitos que muito pouco ajudam a manter um ambiente tipicamente motivado”. Muitos desses chefes podem ser excelentes nos aspectos técnicos, mas no que tange ao gerenciamento de pessoas não estão munidos de sensibilidade e habilidades para dirigir pessoas. Devido à sua falta de sensibilidade e preparo, em pouco tempo a mão-de-obra da qual dispõem atravessa uma série de etapas vividas no trabalho que a leva até a última fase de um processo apontado por Meyer como aquele de desmotivação total: ‘A teoria da desmotivação fundamenta-se no princípio de que os empregados já chegam na organização desmotivados por muitas razões, muitas das quais não são oferecidas pelos empregadores. Dessa forma, é inteiramente factível que o processo da desmotivação seja o resultado de um estado no qual se esteja subestimando os benefícios e potenciais de ação. Em resumo, olhamos apenas para aquele potencial que é óbvio em lugar de considerar todas as alternativas para o sucesso organizacional’. Assim sendo, parece que a principal preocupação deva ser aquela que visa encontrar recursos que evitem a desmotivação das pessoas, em lugar de se estar preocupado com aquilo que deva ser feito para motivá-las. (BERGAMINI, 1990) Apesar das deficiências apontadas, muitos administradores supunham serem profundos conhecedores do assunto. Tal presunção ocasionou a elaboração de diferentes entendimentos acerca da motivação, seus conceitos e aplicações. Segundo Bergamini (1990) a motivação ainda é confundida com fenômenos qualitativamente diferentes como o condicionamento e o 39 movimento “causados por estímulos externos e concebidos por algumas teorias como motivação extrínseca”. Fatores extrínsecos ao funcionário tais como salário, segurança, políticas organizacionais, relacionamento interpessoal, condições ambientais de trabalho, são reforçadores de comportamento, não motivam ninguém, apenas fazem com que as pessoas se movimentem ao buscá-los ou a lutar por eles quando os perderem. Aquilo que alguns autores como Herzberg, por exemplo, denominam de fatores de Manutenção, Higiênicos ou de Movimento nada mais são do que os estimuladores de diferentes reações que surgem e perduram enquanto o reforçador positivo estiver presente, mas que semelhantemente desaparecem quando se extingue a recompensa ou é ela substituída por reforçadores negativos e indesejáveis (BERGAMINI, 1990) Como motivação extrínseca, em empresas onde predomina a estratégia de controle, a remuneração varia segundo a capacidade financeira de cada uma delas, podendo ser enriquecida com prêmios de produção, bônus, promoção, status, carro, gabinete, méritos pelo desempenho individual, etc., Mas se a empresa suspender alguma dessas vantagens, cria indisposição, desmotiva os funcionários e o resultado é o fracasso organizacional. Segundo Bergamini (1990) ainda hoje se percebe nas organizações a crença de que o aumento salarial está diretamente ligado à satisfação profissional, portanto “os empregados que ganham mais dinheiro no fim do mês estão necessariamente mais motivados para o trabalho.” Porém estudos feitos a esse respeito demonstram que o período de satisfação atingido após cada novo aumento salarial era de curta duração Segundo Hampton (1992) “... Um bom pagamento ajuda a evitar a insatisfação e a deterioração do desempenho que pode vir a causar”. No entanto o dinheiro apenas suspende temporariamente a insatisfação. O 40 aumento de salário fará com que os empregados fiquem temporariamente satisfeitos, pois, com o tempo eles ficarão ansiosos novamente por outro aumento. A estabilidade no emprego também é apontada como importante fator motivacional, porém ao observamos, por exemplo, o funcionalismo público brasileiro, notamos que essa premissa não é verdadeira. O que vemos, na realidade, são pessoas muitas vezes desmotivadas exercendo suas tarefas tão somente para não perderem o cargo que conquistaram. Muitas empresas ainda insistem em atribuir aos fatores extrínsecos o título de principais fatores motivacionais e se frustram quando percebem que apesar de oferecerem bons salários, boas condições de trabalho, excelentes vantagens adicionais, emprego estável, dentre outras vantagens, seus empregados não se apresentam dispostos a oferecer em troca nada além do que o esforço mínimo necessário para se manterem empregados. Bergamini destaca que esses fatores devem ser considerados fatores de condicionamento e movimento e não de motivação. Destaca também a necessidade de cautela por parte da empresa ao oferecer esse tipo de benefício uma vez que seus efeitos são efêmeros, precisam ser constantemente ampliados e uma vez oferecidos, nunca mais poderão ser retirados. Segundo a teoria bifatorial de Herzberg esses fatores não trazem satisfação, mas a sua inexistência causa grande insatisfação. Boas condições extrínsecas mantêm a insatisfação das pessoas em níveis baixos, mas não oferecem oportunidade de satisfação de suas verdadeiras necessidades. Para Hampton: (...) Se os gerentes quiserem aumentar a motivação e o desempenho acima do nível normal, é preciso enriquecer o trabalho em si. É 41 preciso aumentar sua capacidade de trazer mais responsabilidade, reconhecimento e avanço. (HAMPTON, 1992) Os fatores extrínsecos sozinhos não são motivadores, mas aliados à satisfação e realização profissional do indivíduo se tornam coadjuvantes no processo motivacional. Uma vez satisfeita a necessidade de autorrealização a presença de fatores como remuneração e premiação monetária complementará seu estado de motivação. È tarefa da organização desenvolver por meio de técnicas de gestão, métodos de conscientizar seus empregados sobre os efeitos positivos do esforço e do desempenho no alcance da recompensa desejada. Sobre esse assunto Robbins comenta: Infelizmente, muitos executivos têm limitações quanto às recompensas que podem oferecer o que dificulta a possibilidade de individualizá-las. Além disso, muitos executivos assumem erroneamente que todos os funcionários querem as mesmas coisas, deixando de perceber os efeitos motivacionais da diferenciação de recompensas. Em todos esses casos, a motivação do funcionário é submaximizada. (ROBBINS, 2002) Bergamini complementa: Ter consciência do fato de que cada um possa perseguir determinado objetivo motivacional não diz muita coisa. No entanto, conhecer as razões pelas quais essas pessoas fazem isso e como o fazem pressupõe um conhecimento mais profundo do comportamento humano, que não se restringe apenas àquele que o leigo usa para interpretar as ações humanas. (BERGAMINI, 1997) As pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões, haja vista a multiplicidade de interesses existentes em cada indivíduo.. Para Bergamini, é nessa diversidade que se encontra a principal fonte de informações a respeito do comportamento motivacional. Quando se busca explicações sobre possíveis razões que levam as pessoas a agir, há que se ter em mente que estas são extremamente variadas, haja vista serem determinadas pelos traços de personalidade, predisposições, emoções, atitudes, crenças, origens, formação familiar e acadêmica, aspirações dentre outras características inerentes a cada indivíduo. Não é necessário nenhum 42 estudo aprofundado para se notar observando o comportamento das pessoas, o quanto elas são diferentes entre si, portanto, nos parece bem claro que não podem ser tratadas como iguais possuidoras que são de características ímpares. O que motiva uma pessoa a realizar uma função ou atividade é o prazer que essa ação lhe proporciona. “Os incontáveis objetivos que cada pessoa tem e a forma própria de persegui-los determinam fatores de satisfação motivacional que são praticamente exclusivos a cada um” Bergamini, (1997). Para que as Organizações melhorem o nível motivacional de seus empregados, terão de identificar os fatores que motivam individualmente cada pessoa dentro de cada grupo e subgrupo dentro da organização, segmentando e qualificando o corpo de funcionários nas diversas escalas da motivação psicológica, e emocional, haja vista a impossibilidade de satisfação de tantos indivíduos diferentes utilizando as mesmas razões e estímulos. Segundo Covey, Para saber o que está acontecendo com todas as pessoas envolvidas em sua organização é preciso monitorar: a) as pessoas (suas percepções, motivações, valores, hábitos, habilidades e talentos); b) a organização formal (ambiente físico, tecnologia, estratégia, estrutura, políticas e procedimentos) e; c) a organização informal ou cultura (os valores e normas que resultam da interação entre as pessoas e a organização). (COVEY, 2002). Apesar de estar à disposição uma enorme e rica gama de teorias motivacionais amplamente divulgadas a motivação continua sendo um desafio para a gestão de pessoas.. Por mais que as teorias e estudos esclareçam aspectos importantes da motivação, as pessoas possuem as mais variadas aspirações e sentimentos a serem interpretados por seus gestores. Além disso, com a crescente procura pelo crescimento profissional, muitos indivíduos ingressam nas áreas de liderança e gestão sem a devida capacitação para tal. Somam-se a isso fatores extrínsecos causadores de insatisfação como o aumento da competitividade nas empresas, a crescente 43 necessidade de especialização constante e os fatores monetários muitas vezes ditados pela economia do país. Em conseqüência destes e de outros fatores inseridos no cotidiano das empresas o que se pode observar é que ainda nos dias de hoje são raros os exemplos de organizações que conseguem motivar e manter motivada a sua equipe. O que mais comumente se observa é a ocorrência de tentativas dentro das organizações que criam um estado de euforia inicial nas pessoas, mas que, gradativamente, perdem sua força original e acabam voltando para um estado não muito diferente do ponto de partida. 3.1 MOTIVAÇÃO X LIDERANÇA Não obstante a maioria dos estudos considerarem que o impulso motivacional é gerado no interior de cada indivíduo, sua manutenção não depende apenas dele. Para Bergamini: De nada adianta essa sinergia individual se o ambiente organizacional não esteja facilitando o seu livre curso. Muitas são as restrições organizacionais que podem bloquear a energia motivacional dos diferentes indivíduos a todos os níveis e nas mais variadas circunstâncias organizacionais. (BERGAMINI, 1990) Segundo a autora para que as forças da motivação possam fluir livremente no ambiente organizacional, os líderes devem coordenar a sinergia motivacional dos seus funcionários, modificando e melhorando aspectos organizacionais extrínsecos a eles procurando despertar em sua equipe o aumento dos níveis de satisfação. As pessoas possuem objetivos que desejam atingir para satisfazer suas necessidades de autoestima e autorrealização. Em contrapartida a empresa também imputa a elas o alcance de determinados objetivos de interesse da organização. Nem sempre esses objetivos são compatíveis entre si, ou seja, o alcance dos objetivos organizacionais nem sempre possibilita o alcance dos 44 objetivos individuais e vice-versa. Ao verificar a incompatibilidade dos objetivos a pessoa perde o interesse em contribuir ou até mesmo permanecer trabalhando nessa empresa.. Maximiano (1997) diz: “Para que a motivação ocorra, é preciso que a pessoa esteja sintonizada com seu trabalho, que enxergue nele a possibilidade de exercitar suas habilidades ou desenvolver suas aptidões”. Para o autor comportamentalista Kwasnicka: A forma como a teoria de Maslow pode ser vista como importante para a organização está no fato de que, se a organização está estruturada de tal modo que permita aos indivíduos satisfazerem suas necessidades sociais, do ego e da autorrealização, os conflitos entre os objetivos individuais e os da organização serão minimizados. (KWASNICKA, 1989) A interdependência entre as necessidades do indivíduo e as da organização é imensa, pois a vida e os objetivos de ambos estão inseparavelmente entrelaçados. A satisfação das pessoas na organização depende diretamente da idéia que elas têm a respeito de como a empresa poderá ajudá-las a alcançar os seus objetivos pessoais. Portanto é necessário que haja uma integração entre os objetivos organizacionais e individuais. È importante que o alcance do objetivo de uma das partes nunca venha a prejudicar ou a tolher o alcance do objetivo de outra. Ambas as partes devem contribuir mutuamente para o alcance dos seus respectivos objetivos. Para que essa integração ocorra é necessário que haja um gerenciamento eficiente e eficaz. O gestor de recursos humanos deve possuir capacidade para aplicar políticas que venham de encontro aos anseios tanto da organização, como dos indivíduos que dela fazem parte. Para Bergamini (1990), ao invés da rigidez da administração tradicional de recursos humanos, a organização “deve ceder lugar” a uma coordenação de esforços mais flexível, na qual o grande norteador seja, antes de qualquer coisa, o respeito à diferença individual de cada uma daquelas pessoas que compõem o efetivo organizacional. 45 O entendimento de que cada um precisa sentir-se tratado como um ser humano integral, com a seriedade e a sinceridade de propósitos que merece, deve ser transformado em atitudes concretas que deixem transparecer a retidão de intenções da cúpula administrativa (BERGAMINI, 1990). Para Hampton (1992): “Os administradores que queiram motivar seu pessoal aumentam as possibilidades de o fazerem se compreenderem as necessidades, crenças e expectativas das pessoas com relação ao trabalho”. Também é importante ressaltar que a motivação pelo trabalho é diferente da satisfação com o ambiente de trabalho. O indivíduo pode estar satisfeito com o ambiente de trabalho e não estar motivado com o trabalho em si. Maximiano (1997) relata que “parte” do desenvolvimento, motivação e desempenho de uma pessoa no trabalho são influenciados pela forma como ela é tratada, principalmente por superiores. Assim, se o superior transmitir expectativas positivas haverá mais “probabilidade” de se obter resultados positivos por parte dos subordinados. Na administração tradicional, controladora e autoritária, o gerente exercia apenas o papel de representar a empresa, repassar ordens e garantir o seu cumprimento. A gestão de pessoas e a capacidade de liderança não eram qualidades prioritariamente exigidas para o cargo. Ao longo dos anos essa postura foi se modificando e a figura do gerente tornou-se mais complexa e valorizada dentro das empresas. As organizações contemporâneas exigem de seus gerentes múltiplas habilidades. O desenvolvimento gerencial assume então um papel de suma importância dentro das empresas uma vez que no atual modelo de administração o gerente deve estar cada vez mais preparado para atuar como líder. O gerente precisa desenvolver conjuntamente as competências de chefia e liderança, pois necessita administrar seus subordinados com a autoridade conferida a ele pela empresa e ao mesmo tempo conquistar a 46 confiança e respeito de seus liderados por meio da admiração e identificação de ideais. Atuando como gestor e líder de sua equipe é sua responsabilidade extrair o potencial existente em cada colaborador, mantê-los capacitados e motivados, indicar e manter seus liderados na direção estipulada pela empresa além de levá-los a atingir as metas propostas pela organização. O consultor e palestrante Gilclér Regina afirma que: O bom líder é aquele que desperta no outro a vontade de fazer e vencer. Ele compartilha ideais e objetivos, ouve a equipe, mas acima de tudo, mostra a potencialidade de cada um, mostra para as pessoas as suas infindáveis possibilidades (REGINA, 2003) Para Chiavenato: A liderança é um processo chave em todas as organizações. O administrador deveria ser um líder para lidar com as pessoas que trabalham com ele. A liderança é uma forma de influência. A influência é uma transação interpessoal em que uma pessoa age para modificar ou provocar o comportamento de outra pessoa, de maneira intencional. (CHIAVENATO, 1994) A liderança é a habilidade de transformar um grupo de pessoas em uma equipe de trabalho, influenciando-as com ética e profissionalismo, inspirando confiança, priorizando as pessoas, seu desenvolvimento e seus objetivos. A liderança eficaz é motivadora quando consegue gerar identificação entre o líder e sua equipe. O líder consegue atingir positivamente as pessoas quando permite que seus liderados o vejam envolvido num grande projeto no qual eles também estão inseridos. Outro ponto de identificação se percebe quando o líder conhece bem o negócio e transmite esse conhecimento para o liderado convidando-o a participar mais ativamente dos projetos. E ainda quando o líder orienta, capacita e permite que seus liderados executem ações importantes para a empresa. Bergamini (1990) destaca que os líderes precisam ser pessoas hábeis para, junto aos seus liderados, pesquisar e caracterizar o que eles desejam, identificando assim suas necessidades motivacionais. No entanto, essas 47 necessidades não são definitivas, pois conforme postulam as teorias motivacionais, satisfeita uma necessidade outra surgirá logo em seguida. Portanto, devem estar atentos às constantes variações das necessidades internas que possam estar energizando os seus liderados. Ter capacidade de diagnosticar com precisão o que um colaborador espera do seu trabalho envolve, inicialmente, conhecer os próprios colaboradores individualmente para que não se cometa o equívoco de se considerar que todos estão à busca dos mesmos fatores de satisfação. Também é necessário que o administrador tenha recursos para oferecer aos colaboradores oportunidades para a satisfação das necessidades já detectadas. Fazer às pessoas aquilo que se espera ser feito para si próprio, talvez seja um grande princípio moral, mas em termos de liderança essa máxima não é verdadeira, pois se deve fazer aos outros, aquilo que eles esperam que lhes seja feito Ao seguir esse viés administrativo os líderes não estarão preocupados em fazer o diagnóstico das necessidades de suas equipes uma vez que estarão certos de que as pessoas buscam para si os mesmos objetivos que eles próprios buscam. Bergamini aborda o assunto em sua obra “Motivação” (1990). Segundo ela os líderes cujo primeiro organizador comportamental seja, a “Ação”, acreditam freqüentemente que seus subordinados, assim como ele próprio, estão em busca de desafios. Os líderes que têm como principal orientador de seu comportamento motivacional a “Participação”, também acreditam que o enfoque participativo seja o que melhor corresponde àquilo que seus liderados buscam como estratégia. Os líderes caracteristicamente classificados como representantes típicos do estilo de “Manutenção”, oferecerão um esquema de trabalho sistematicamente organizado, pensando suprir, assim, da melhor 48 forma, as expectativas de seus funcionários. Os indivíduos de Conciliação muito freqüentemente usarão o enfoque da convivência harmônica e interações informais ao dirigirem seu grupo de trabalho. È pouco provável que os líderes que se utilizam desse tipo de administração obtenham êxito na motivação de suas equipes. Basicamente porque segundo Covey (2002) as pessoas não se dispõem a trabalhar por uma causa que não se identifique com elas, mesmo que isso as leve ao aproveitamento total de suas capacidades. As pessoas se empenham em atingir metas cujo alcance lhes cause prazer e satisfação. Em termos práticos se os líderes se empenharem em conhecer as necessidades de seus colaboradores e integrarem eficazmente os objetivos e expectativas pessoais aos organizacionais, estarão desenvolvendo uma equipe competente e motivada. De posse das informações individuais poderão alocar cada pessoa na função mais adequada ao seu perfil e competência, aproveitando assim o máximo de sua potencialidade. Ao desempenharem tarefas que lhes proporcionem satisfação e autorrealização as pessoas ficarão motivadas e utilizarão essa motivação como força propulsora rumo ao sucesso profissional, ocasionando também o sucesso da organização onde trabalham 3.2 PRÁTICAS MOTIVACIONAIS 3.2.1 Âmbito Organizacional O trabalho sempre foi considerado parte importante na vida do homem. È responsável pelo estabelecimento e desenvolvimento de civilizações e sociedades. Se analisarmos as necessidades humanas percebermos que com o trabalho são satisfeitas as necessidades desde as fisiológicas até as de 49 autorrealização, pois o trabalho é gerador do sustento, de proteção, estabelece as relações sociais do indivíduo, promove seu desenvolvimento cognitivo, além de ser responsável por grande parte do sentimento de autorrealização das pessoas. Por seu importante papel dentro da sociedade e do desenvolvimento humano, as pessoas ingressam no mercado de trabalho cada vez mais cedo e acabam passando mais tempo nas organizações do que em suas próprias casas. Por esse motivo foi se evidenciando a necessidade de se transformar o local de trabalho em um ambiente agradável e o trabalho em si em uma atividade prazerosa e compensatória. A organização possui fundamental papel nesse processo de transformar o ambiente de trabalho em um local saudável e o trabalho executado em algo motivador para as pessoas. Nesse sentido é importante que a organização, seus administradores e diretores tenham em mente a necessidade de se utilizar técnicas e estratégias motivacionais como fatores primordiais na administração de suas empresas, uma vez que segundo os autores comportamentalistas a motivação não é apenas gerada pelos fatores alheios à vida funcional das pessoas, mas sofre grande influência do ambiente organizacional e dos fatores comportamentais internos à organização. A motivação no âmbito organizacional é a responsável pela qualidade do serviço prestado pelos funcionários, pela intensidade, direção e persistência do esforço despendido por cada um em suas atividades, bem como o sucesso ou fracasso no alcance das metas e objetivos propostos pela organização. Em suma está diretamente ligada ao sucesso, desenvolvimento e lucratividade das organizações. Estudos da relação entre motivação e desempenho nos mostram que os principais pontos influenciadores da motivação dentro das organizações são: a inter-relação entre os objetivos individuais e organizacionais, o sistema de 50 recompensas e punições, as relações interpessoais e de chefia e a qualidade do ambiente organizacional. Os autores Champy e Nohira em sua obra “Avanço rápido: as melhores idéias sobre o gerenciamento de mudanças nos negócios” (1997) destacam a existência de cinco ferramentas motivacionais que podem ser utilizadas pelas organizações no encorajamento do bom desempenho e dedicação de seus funcionários: ü Convencer as pessoas quanto à importância do trabalho que realizam, pois a sensação de se realizar algo importante é altamente motivadora a qualquer ser humano. ü Oferecer aos empregados tempo livre para trabalharem os projetos de sua preferência. ü Conceder incentivos empresariais, tais como prêmios e reconhecimento quando do desenvolvimento de novos empreendimentos e projetos. ü Oferecer aos empregados oportunidade de aprender e/ou aplicar novas habilidades facilitando o acesso a treinamentos e projetos desafiadores. ü Conceder ao empregado visibilidade de seu trabalho e melhora de sua reputação por meio de prêmios e reconhecimento público. Antes da utilização das ferramentas acima é necessário que a organização estude e saiba reconhecer as diferenças individuais e o que é importante para cada empregado, pois assim poderá estipular metas e recompensas individuais promovendo uma maior identificação com o empregado e consequentemente um maior envolvimento e empenho. A recompensa é um retorno fornecido ao empregado como reconhecimento do seu trabalho. Para Sylvia Vergara (1999) o reconhecimento manifesta-se de várias formas, tais como: promoção, novo cargo, viagemprêmio, ou até mesmo por uma palavra, um gesto, um olhar. 51 Para Chiavenato (2009) as recompensas são utilizadas para estimular o comportamento das pessoas e reforçar as atividades humanas. O objetivo das organizações ao criar um sistema de recompensas é aumentar a consciência e a responsabilidade dos funcionários; desenvolver a interdependência e ajudar a solidificar o controle que a organização exerce sobre seu próprio destino. (CHIAVENATO, 2008). O sistema de recompensas deve ser composto por elementos considerados pelos empregados como motivadores como, por exemplo, o reconhecimento dos colegas e da chefia, a autorrealização e a remuneração. Também deve ser bem planejado e dosado pela administração para que em não provocando impulsos motivadores, acabe por provocar impulsos desmotivadores Para grande parte dos autores a remuneração não deve ser considerada como principal motivo gerador de ânimo e estímulo à produção, mas para Chiavenato (2008) as recompensas monetárias são altamente motivadoras quando a pessoa acredita que o dinheiro satisfará as suas necessidades e que sua obtenção exige algum desempenho ou esforço de sua parte; Segundo Hampton (1983) há estudos comprovando que o pagamento possui espaço para motivar tanto quanto a participação, aceitação e características do trabalho em si. A teoria da expectativa explica que o pagamento motiva o desempenho desde que: ü As pessoas queiram o pagamento; ü As pessoas acreditem que o desempenho é tanto possível quanto necessário para obter o pagamento. Para o autor é positivo o desenvolvimento de esforço pela organização no sentido de usar o pagamento como motivador do desempenho, desde que se atenda às seguintes considerações: 52 ü Determinar quais recompensas extrínsecas os empregados desejam; ü Determinar a chance que os empregados acham que têm para obter as recompensas, se tentarem alcançá-las; ü Determinar se o custo para os empregados, na forma de esforço e alternativas prévias, parece-lhes valer a recompensa potencial; ü Demonstrar que o pagamento está ligado ao desempenho; Robbins 2002 concorda que as recompensas devem estar vinculadas ao desempenho e os empregados precisam perceber esta ligação. Caso contrário o desempenho será fraco, haverá diminuição da satisfação com o trabalho, assim como o aumento de rotatividade e absenteísmo; Para ele deve-se também acompanhar as atitudes no trabalho para ver o que pensam as pessoas a respeito da relação pagamento e desempenho e se os empregados mais satisfeitos são os que apresentam melhor desempenho. Ainda segundo Robbins (2002) deverá ser apresentada com clareza a diferença de remuneração, atribuições de tarefas e outras recompensas que, por sua vez, estão alinhadas ao desempenho, experiência, habilidades e esforços de cada funcionário. Isso permitirá que os funcionários considerem justa a distribuição de recompensas. Vergara (1999) diz que, ao realizar um trabalho, as pessoas colocam toda a sua emoção, o seu raciocínio e o seu esforço. A satisfação de se sentir importante e reconhecido faz com que a pessoa tenha necessidade de ser recompensado pelo que fez. Quando esse reconhecimento não ocorre, surge um sentimento de frustração e de vazio, fato que diminui a motivação e a produtividade. 53 Maximiano (1997) apresenta a questão do sentimento de frustração do empregado quando qualquer uma de suas necessidades não é satisfeita. Segundo o autor esse sentimento provoca manifestações negativas do comportamento humano tais como: ü Compensação - O indivíduo busca a satisfação da necessidade em outra alternativa. Ex.: procurar outro emprego ou profissão; ü Resignação – O indivíduo se entrega a um estado de desânimo, apatia e falta de interesse pela organização e seus objetivos; ü Agressão – O indivíduo comete ataques físicos ou verbais, associados a sentimentos de ira e hostilidade; ü Deslocamento - O indivíduo descarrega sua frustração em outro objeto ou pessoa. Ex.: o chefe repreende o empregado e este responde com indelicadeza o colega. A administração da organização deve ser cautelosa na elaboração de seu sistema de recompensas. Mais uma vez se destaca a necessidade da organização conhecer seus empregados, pois se não souber o que de fato os motiva não obterá êxito com as recompensas adotadas. Outro cuidado que a organização deve ter é em relação ao sistema de punições a adotar. Maximiano (1997) expõe que, conforme de acordo com o behaviorismo, o castigo não é um método positivo para a motivação, uma vez que, além de seus resultados não serem tão previsíveis quanto os da recompensa, seus efeitos não têm a mesma permanência quanto os da recompensa. Salienta-se que os castigos normalmente são acompanhados por atitudes negativas, tanto em relação a quem os aplicou quanto em relação à atividade que os ocasionou. Chiavenato, citando Dessler (2008) comenta: “(...) Recompensas também punem. Recompensas e punições são dois lados da mesma moeda. A recompensa tem um efeito punitivo potencial quando ela deixa de ser ganha". 54 È, portanto conveniente evitar atitudes punitivas por se tratar de um método que apresenta como retorno um empregado desmotivado, improdutivo e talvez rebelde. A empresa deve primar por buscar fórmulas que gratifiquem e encorajem o crescimento pessoal e remunerem as diferenças de habilidades e competências, na busca de resultados positivos para a empresa e para os empregados e não se dedicar à elaboração de regras punitivas para quem não se desenvolver conforme o esperado. O primeiro passo a ser dado pelas organizações rumo à motivação de seus empregados, seria levá-los a uma reflexão que possibilitasse a conscientização dos membros do grupo quanto às carências que apresentam. A conscientização baseada em uma análise feita pelos próprios interessados surte um efeito maior na medida em que eles mesmos reconhecem suas falhas e se dispõem a superá-las inclusive sugerindo ações de aperfeiçoamento. Decisões tomadas de cima para baixo certamente provocam um maior grau de resistência do que decisões tomadas em conjunto e com a participação de todos os interessados. A organização deve entender que governar por consentimento é mais eficaz do que por comando, e que o entendimento compartilhado é o melhor meio de fazer as coisas acontecerem. Quando os funcionários participam das decisões que os afetam tornamse mais produtivos, mais comprometidos com os objetivos, ficam mais motivados e satisfeitos com o trabalho. Ter o empregado como parceiro na busca de objetivos e metas é o ideal de toda empresa. Para isso além da definição adequada de objetivos, a organização deverá levar em consideração a importância da participação do empregado quando do estabelecimento de metas, evitando, assim, o sentimento de indiferença e resistência. Para Hampton (1992) “a falta de participação do empregado no estabelecimento de metas tornou mais provável o aparecimento de indiferença e resistência do que uma dedicação verdadeira e alta produtividade”. 55 Assim, entende-se que quando a organização estabelece metas específicas e de forma participativa, muitos problemas são reconhecidos e solucionados tempestivamente uma vez que os empregados se sentem mais responsáveis pelo cumprimento das metas que eles mesmos ajudaram a estipular. È importante ainda o estabelecimento claro dos objetivos e descrição de atividades concernentes a cada função ou cargo dentro da empresa. As pessoas precisam saber exatamente o que se espera delas e onde precisam chegar para serem considerados empregados competentes. Além de poderem perceber se possuem as habilidades, perfis e competências exigidos para a função que exercem ou gostariam de exercer. Para Sílvio Broxado: É necessário que exista nas organizações, espaço na cultura organizacional para a descoberta de padrões psicológicos adequados às funções/cargos, levando em conta além de habilidade no processo, a habilidade emocional (BROXADO, 2001). Hampton (1992) esclarece que a definição de objetivos para cada atividade das empresas melhora a motivação e serve de condutor para o desempenho individual em uma melhor eficiência empresarial e departamental. Nos dias atuais o sucesso de uma organização dependerá muito da qualidade de sua política de Recursos Humanos. A organização deve procurar para seu quadro de administradores, profissionais capacitados e envolvidos pessoalmente na valorização da eficácia motivacional. As organizações não devem se preocupar em primeiro lugar com os altos lucros no curto prazo, mas, sim, com uma política de investimento no ser humano a longo prazo, pois com essa atitude poderão obter altos lucros no futuro. As pessoas devem ser administradas com mais sensibilidade e reconhecimento, por meio da valorização e incentivo da 56 instrução/aprendizagem e do desenvolvimento do trabalho compartilhado. Precisam ser levadas a perceber a necessidade de fazerem projetos, investirem em si mesmas e se desenvolverem cada vez mais. A organização deve se preocupar com o crescimento intelectual de seus empregados investindo recursos financeiros na implantação de cursos, seminários, incentivo à graduação e elaboração de atividades e recompensas relacionadas ao desenvolvimento pessoal. Também podem reestruturar a jornada de trabalho de seus empregados em função da implantação de programas de desenvolvimento. È necessário ainda ajustar a tarefa continuamente, de acordo com o desenvolvimento da pessoa que a executa oferecendo oportunidade de atuar utilizando as novas habilidades adquiridas È importante para a empresa investir em pessoas e fazer com que elas se descubram capazes de cumprir suas tarefas e ainda dedicar-se a atividades de desenvolvimento e a outras formas de interação social. Segundo Hampton (1992) os empregados estão mudando, pois estão com níveis mais elevados educacionalmente e, conseqüentemente, mais críticos e sensíveis quanto aos aspectos sobre justiça, seus direitos e segurança. O autor ainda relata que os empregados “Buscam também lugar para a individualidade e autoexpressão no trabalho. Em suma, procuram melhorar a qualidade de suas vidas de trabalho. Novas normas e novas exigências daí resultam e desafiam os gerentes”. Várias empresas já estão adotando medidas para buscar o equilíbrio entre carreiras e vida pessoal, apostando nesse equilíbrio como fator de aumento de produtividade de seus funcionários. Estão desenvolvendo programas de qualidade de vida, como ginástica laboral, incentivo à prática de exercícios e palestras sobre nutrição, alimentação e saúde. 57 Algumas estão adotando também programas de integração entre a empresa e os familiares de empregados, promovendo eventos informais e comemorações conjuntas em datas festivas As empresas que adotam essa postura conquistam seus empregados e terão seus familiares como aliados, melhorando também sua imagem institucional nos mais diversos aspectos. As famílias, principalmente os filhos, se sentem reconhecidos e satisfeitos quando podem visitar o local de trabalho de seus pais. Ao passo que o empregado ao poder levar sua família ao seu local de trabalho se sente orgulhoso e satisfeito com a empresa onde trabalha. Esse tipo de ação, que para a empresa gera custos irrelevantes, provoca satisfação no empregado, na família e na sociedade que é sempre defensora das posturas pró-família. A empresa pode provocar a motivação por meio de estímulos, Vergara (1999) listou o que entende ser estímulo à motivação. Para ela a empresa deve: ü Desafiar as pessoas a alcançarem seu padrão de excelência; ü Explicitar os padrões empresariais desejados; ü Utilizar sempre a boa comunicação; ü Estimular as pessoas a sentirem orgulho do que fazem; ü Explicitar as recompensas individuais e as grupais oferecidas pela empresa como um reconhecimento pelo esforço desdobrado; ü Reconhecer e explicitar o trabalho realizado; ü Compartilhar autoridade, gerando comprometimento e cumplicidade na busca e realização dos objetivos empresariais; ü Ser solidária com as pessoas, reafirmando-lhes o valor como seres humanos; ü Dar às pessoas o direito de expressarem seus sentimentos; ü Fazer com que o discurso da empresa corresponda às ações que estão sendo tomadas 58 Chiavenato (1999) elenca aspectos que devem ser incentivados pelo administrador para obter uma boa motivação dos funcionários: ü Participação ativa das pessoas; ü Atribuição de responsabilidades e de desafios; ü Rotação, ou seja, estágios em diferentes atividades; ü Ampliação do trabalho; ü Nomeações públicas; ü Reconhecimento do trabalho feito; ü Conhecimento do conjunto; ü Estímulo institucional da organização; ü Solenização e honrarias por trabalhos realizados; ü Realização pessoal; ü Supervisores que ouvem as pessoas; ü Atitude positiva dentro da organização; ü Remuneração variável. Caudron (1997) em um estudo feito em várias organizações americanas identificou que os colaboradores ficaram desmotivados após perderem aquilo que mais gostavam de fazer dentro das organizações em que trabalhavam, e após discutir amplamente com os dirigentes das organizações estudadas e especialistas no assunto, propõe uma lista de vinte técnicas que podem ser aplicadas para resgatar e/ou manter a equipe motivada. Das técnicas ainda não apresentadas neste tópico temos: ü Adotar uma política abrangente de promoção dos funcionários. ü Enfatizar o compromisso da empresa com a manutenção do empregado em longo prazo. ü Dar aos funcionários uma razão financeira para serem excelentes. Isto pode incluir a participação nos lucros. 59 Sheldon (apud Maximiano, 1997) postula que nas organizações deve haver um equilíbrio entre o problema e a humanidade da produção, uma vez que a produção é feita de homens. Propôs regras para tratamento dos empregados que abrangem todos os aspectos retratados neste tópico de motivação no âmbito organizacional. Para eles os trabalhadores: ü Devem ajudar a organizar seu ambiente de trabalho; ü Devem dispor de meios para alcançar um padrão respeitável de vida; ü Devem dispor de tempo apropriado de lazer para o auto- desenvolvimento; ü Devem ficar protegidos do desemprego involuntário; ü Devem participar dos lucros de acordo com sua contribuição; ü Deve predominar nas relações entre mão-de-obra e empregados, riam o espírito da igualdade. 3.2.2 Âmbito Gerencial Apesar do termo “motivação” apresentar definições e sentidos complexos que vão além do âmbito das organizações, observa-se a existência de alternativas para o gerente/líder resgatar ou manter o nível de motivação de seus empregados. Maximiano (1997) relata que parte do desenvolvimento, motivação e desempenho de uma pessoa no trabalho são influenciados pela forma como ela é tratada, principalmente por seus superiores. Se o chefe transmitir expectativas positivas haverá uma maior probabilidade de se obter resultados positivos por parte dos subordinados. Da mesma forma, se a expectativa gerada for negativa a probabilidade de se obter resultados negativos também é maior.. 60 Maximiano (1997) cita quatro fatores considerados principais, que esclarecem referida abordagem: Clima, Informações, Feedback e Resultado Final. Quanto mais favorável o clima criado pelo gerente maior será a confiança por parte do subordinado e, conseqüentemente, seu empenho em contribuir. O clima é definido principalmente pela forma de condução do gerente, sua maneira de falar, expressão facial e corporal, tom de voz. È função do gerente estabelecer o bom humor e criar condições para que o bom humor faça parte da cultura da empresa. Portanto devem evitar a carranca e a cara fechada. O sorriso deve sempre fazer parte de seu semblante. Uma liderança autocrata e dominadora anula o interesse dos liderados em cooperar, impede o crescimento e gera revolta resultando assim no desenvolvimento de um ambiente carregado pela frustração, apático e monótono onde só se obtém resultados por meio de coação e controle. As pessoas não são exclusivamente técnicas, nem puramente profissionais. Necessitam de afetividade e de ambientes onde possam exprimir sentimentos e valores humanos. Antipatias, preconceitos, mal entendidos, e julgamentos precipitados, vão enfraquecendo a necessária integração de um grupo. Neste caso, o gerente deve estabelecer um clima de abertura e espontaneidade. Para alimentar as expectativas positivas de seus liderados e supri-los de forma que estejam seguros em realizar suas atividades, o gerente deve fornecer a maior quantidade possível de informações acerca da tarefa solicitada. Deve também designar tarefas, apresentar sugestões ou formular qualquer pedido, de maneira clara e precisa. Ninguém poderá empenhar-se com entusiasmo, sem que esteja informado sobre o significado real da atividade e devidamente subsidiado pra realizá-la. 61 Independente da avaliação formal de desempenho é necessário que os funcionários sintam-se acompanhados e vejam seus esforços considerados. Daí a importância do feedback. Ao manter o empregado informado sobre o seu desempenho o gerente estará ajudando-o no seu desenvolvimento, pois, assim, ele saberá o que fazer para melhorar e quando fazê-lo; Robbins (2002,) sugere: deverá ser fornecido aos funcionários feedback em relação aos seus progressos. Isso ajudará no desenvolvimento dos seus objetivos que devem ser específicos e desafiantes; O gerente deve sempre dar informações ao subordinado, sobre o seu desempenho no trabalho, analisando suas forças e fraquezas, reforçando umas e minimizando outras. Se há confiança no desempenho do subordinado os gerentes tendem a mostrar-lhe as recompensas que este receberá quando do alcance de algum objetivo ou resultado final positivo para a empresa. È imprescindível que a chefia conheça seus subordinados e faça um diagnóstico de seus valores, cultura, potencialidade, e nível motivacional. Cada funcionário possui uma maneira de ser, exigindo tratamento especifico, para que de um adequado relacionamento, surjam os resultados esperados. O gerente precisa estar consciente de que a uma mesma solicitação, as pessoas respondem diferentemente, em virtude de sua individualidade. È importante que o gerente conheça seus funcionários, suas aptidões, aspirações, a fim de que, na medida do possível, possa proporcionar-lhes atividades ou tarefas que estejam de acordo com seus interesses. Para conhecer seus subordinados é preciso ouvi-los. Saber ouvir exige um grande esforço do gerente uma vez que muitos associam autoridade à imposição de pensamentos e ações e se condicionam apenas a falar e serem 62 ouvidos. O gerente que não sabe ouvir, cuja preocupação é apenas ser ouvido e atendido se isola, conhece sua equipe superficialmente e acaba perdendo o controle da situação. Encorajar os subordinados a falar, é uma responsabilidade do líder e para ele é fonte rica de informações uma vez que para a liderança de sucesso conhecer seus liderados é um dos fatores mais importantes a se trabalhar. Há uma tendência em se rotular as pessoas conforme a atividade que exercem robotizando-as sem se considerar suas aptidões, capacidades e perspectivas. Com esses aspectos bem trabalhados pela gerência, suas atividades se enriquecem, tornam-se desafiadoras e passam a motivar as pessoas transformando-as em colaboradores versáteis e eficazes. Cabe ao gerente/líder tornar o ambiente de trabalho, um local onde possa predominar a participação, a iniciativa e a criatividade. O espírito rotineiro é a maior enfermidade do trabalho. A burocracia tende a uma excessiva normatização e a procedimentos rígidos, que são desestimuladores da ação criativa. .Um líder eficaz cumpre as normas e procedimentos estipulados, mas aceita e estimula a contribuição criativa, que é uma característica da liderança que atinge bons resultados. È necessário cautela ao receber idéias ou sugestões de subordinados. Quando o gerente rejeita imediatamente uma idéia ou a arquiva sem comentários ou observações estará bloqueando o potencial criativo de sua equipe. As idéias devem ser recebidas com entusiasmo e caso não sejam aplicáveis o gerente deve discutir o assunto com o autor da idéia tentando convencê-lo tecnicamente de sua inviabilidade. Outro aspecto importante no estímulo à criatividade é a descentralização das atividades. Descentralizar as atividades torna o grupo criativo ao passo que o gerente que se põe como executor de atividades intransferíveis marginaliza os subordinados e os tornam dependentes, imaturos, desmotivados e inoperantes. Estabelecendo a ordem um manda o outro 63 obedece. Ao oferecer atividades para todos, o gerente estará estimulando o funcionário a sugerir novas idéias, desenvolver um espírito renovador e criativo, manifestar interesse em servir, não se acomodar e se envolver na busca pelos resultados. O funcionário deve se sentir personagem participativo de seu trabalho Se ele sentir que apenas cumpre regras, não sentirá prazer no que faz. Ele deve sentir que tem autonomia em relação ao seu trabalho. Ainda nesse aspecto de estímulo à criatividade, o gerente deve procurar delegar a seus subordinados atividades que apresentem sempre um grau maior de dificuldade do que a atividade anterior pois ao executar trabalhos com dificuldades um pouco acima de suas atuais habilidades o empregado envidará cada vez mais esforços para executá-las, explorará mais sua criatividade, favorecendo assim oportunidade de especialização e crescimento profissional. Porém deve-se tomar cuidado para que não seja tão grande a diferença entre a habilidade do funcionário e a dificuldade do serviço a ser realizado uma vez que a incapacidade de realizar a tarefa pode gerar desânimo e frustração. O Gerente precisa criar o hábito de compartilhar com o subordinado a alegria do eficiente cumprimento de determinado projeto ou trabalho, elogiando os seus esforços em cada etapa de realizações e sucesso e comemorando o resultado final quando positivo. Deve-se elogiar um trabalho ou esforço sempre que possível e para que esse elogio alcance níveis motivacionais maiores deve ser tornado público. Apesar de muito freqüentemente ocorrer o contrário nas empresas, a boa administração recomenda dar publicidade aos aspectos positivos e tratamento reservado aos negativos O Reconhecimento pelo chefe e pelos colegas de trabalho além de fator motivacional muito eficiente é uma recompensa pelo esforço ou trabalho executado. Assim como o empregado, o gerente/líder é passível de erros, também embora muitos hajam desastrosamente, como se fossem infalíveis. Ao admitir honestamente seus erros, a liderança se fortalece junto aos liderados A distancia entre chefia e subordinados fica menor, quando as limitações 64 técnicas e humanas são compreendidas através de um esforço conjunto de treinamento. Carvalho (1996) relata alguns fatores que, segundo estudos da psicologia, proporcionam a motivação dos empregados e que devem ser observados e praticados pelos gestores: ü Não destratar um funcionário. O funcionário não se dedicará ao trabalho depois de ter sido destratado; ü Não criticar um funcionário diante de outros. O funcionário nunca esquecerá nem perdoará a crítica recebida; ü Não deixar de dar atenção a um funcionário. Faz bem para o funcionário sentir que é importante; ü Não favorecer apenas alguns funcionários. Quando o líder adota uma postura de preferência pessoal a determinado funcionário os demais funcionários adotam uma postura de pouco caso em relação ao trabalho; ü Não deixar de ajudar um funcionário. É fundamental a demonstração de solidariedade; ü Não deixar um funcionário desconfiar do seu líder. A falta de confiança gera descontentamento. Para Sylvia Vergara serve de estímulo motivacional: ü Elogiar, incentivar e confiar nas pessoas; ü Aceitar as possibilidades e os limites das pessoas; ü Permitir que as pessoas errem e incentivar-lhes a aprenderem com o erro; ü Respeitar o tempo das pessoas, afinal cada pessoa possui seu ritmo; ü Educar, principalmente pelo exemplo; ü Não constranger uma pessoa na frente de outra; Caudron (1997) em sua lista de técnicas motivacionais cita: 65 ü Cumprimentar pessoalmente o funcionário por um trabalho bem feito. ü Reconhecer o poder de sua presença física em sua posição de gerente. ü Enviar uma mensagem escrita ao empregado, elogiando seu desempenho. ü Reconhecer publicamente um trabalho bem-feito. ü Promover reuniões destinadas a comemorar o sucesso do grupo. ü Dar ao empregado uma tarefa interessante para executar. ü Verificar se o empregado dispõe das ferramentas para realizar o melhor trabalho. ü Usar o desempenho como base para a promoção. ü Estimular o sentido de comunidade. 3.2.3 Auto-motivação Motivação é identificar aquilo que alguém deseja, reconhecer o que essa pessoa quer, avaliar os obstáculos que a impedem de alcançar seus objetivos, buscar as soluções e levantar-se e trabalhar a fim de conseguir essas soluções. (ROMAN, 2000) . J. R. Román, formado em Administração de Empresas, hoje, presidente da Hispanic Business Networking, uma associação de homens de negócios nos Estados Unidos, no seu livro “As forças da motivação” (2000) define: “A motivação significa encontrar o que se quer. Depois que alguém descobre o que quer, deve buscar as opções para conseguir seus intentos. Pode-se dizer que a motivação é o que dá significado à vida.”. Portanto, quando as pessoas conseguem identificar o que realmente desejam alcançar em suas vidas passam a ter uma razão para viver e lutam se necessário por toda a vida para alcançar a meta desejada. Quando começar a buscar dentro de si mesmo respostas para a vida, você se dará conta de uma coisa: você é o arquiteto do seu próprio futuro. Você é o principal responsável pelo seu futuro. Você é o projetista, o artista principal do filme da sua vida. (ROMAN, 2000). Algumas empresas acham que o sucesso organizacional está na motivação intrínseca, aquela que nasce da autorrealização do colaborador, do seu equilíbrio de vida, da sua capacidade criadora, das respostas às suas 66 motivações e frustrações. É a motivação que nasce dele, do seu interior. A motivação passa a depender da pessoa e não da própria organização. A empresa só tem que incitar o colaborador a criar a sua própria auto-motivação. Auto-motivação é a capacidade de encontrar dentro de si mesmo forças para fazer alguma coisa, sem a necessidade de serem estimulados ou convencidos, a agir ,por outra pessoa. Para que alguém consiga motivar-se a si mesmo precisa conhecer-se profundamente, saber seus pontos positivos, pontos negativos, pontos fracos e pontos que precisam ser aprimorados. Deve-se ter em mente seus sonhos, objetivos e a definição do que para ele significa ser feliz e realizado. Para Roman: A visão que você tem do que vai acontecer nos próximos anos é muito importante. Em que tipo de pessoa você vai se converter? Que contribuição vai dar ao seu país, aos seus filhos e à sua vida? Você deve começar a responder a essas perguntas e definir o que vai fazer. Dessa forma você se sentirá motivado para seguir em frente, a caminho da vitória (ROMAN, 2000). Alberto Alvarães, Analista de Treinamento e Desenvolvimento da área de Pessoal, no artigo “Auto-motivação, o caminho da felicidade plena” define a auto-motivação como o “ato de dar a si mesmo algum motivo para alguma coisa.” A pessoa tem que gerar os seus próprios motivos, “ser uma pessoa entusiasmada e não um otimista”. Ele afirma que o entusiasmo é diferente do otimismo. O otimista acredita que tudo acontecerá da melhor maneira possível e pode se influenciar pelos fatores externos. Já o entusiasta possui dentro de si uma força veemente que o impele a acreditar nas pessoas e em si mesmo, não se influencia pelos fatores externos e faz acontecer tudo o que deseja, já que para ele todas as coisas são possíveis. Para Alvarães a auto-motivação só é possível nas pessoas entusiastas, pois “possuem um deus dentro de si” e são capazes de se modificar, se adaptar, lutar pelos seus sonhos e planos até alcançá-los. 67 Roman (2000) afirma que: todas as pessoas possuem um “gigante adormecido” dentro de si e o responsável por despertá-lo é a própria pessoa. Segundo ele, “Da mesma forma que você tem a capacidade de falar, respirar e ver, também tem a capacidade de motivar-se, de manter-se feliz e confiante em sua capacidade de identificar as soluções para as dificuldades”. A auto-motivação, portanto depende unicamente do indivíduo que deve manter-se constantemente preparado para lutar por seus sonhos, ideais e realizações pessoais e profissionais. A seguir algumas técnicas de auto-motivação. Segundo Alvarães, 10% são teoria e os outros 90% ficam por conta da capacidade da pessoa de se modificar utilizando as técnicas. ü Antes de qualquer coisa se deve internalizar que todas as pessoas são capazes de gerar motivação sincera, de seguir em frente e de conquistar a felicidade, paz, tranqüilidade. ü È importante definir visões e criar objetivos para atingi-las. Visão pessoal: ser, criar e acontecer no âmbito da vida pessoal. Visão profissional: realizar-se profissionalmente. Visão do trabalho: alcançar objetivos dentro da empresa onde trabalha. ü Planejar o que se pretende ser (ou ter) nos próximos anos, pois tudo que se deseja ter ou ser no futuro depende de um planejamento. ü Administrar bem o tempo. Administrando bem o tempo a pessoa encontrará auto-motivação para fazer cada vez mais coisas úteis. Os dois fatores da administração do tempo são: importância e urgência. As tarefas importantes e urgentes devem ser executadas de imediato, com muita dedicação, pois ajudará o indivíduo a alcançar pelo menos uma de suas visões. 68 ü Apoiar-se nos eixos de auto-motivação: Deus (que nos orienta), em si mesmo (a pessoa é capaz, é inteligente, tem vontade e determinação) e em suas aspirações (acreditar que vai alcançá-las). ü Melhorar a autoimagem. O respeito que se tem por si próprio e o que se quer desenvolver em nosso interior são elementos indispensáveis na obtenção do êxito ü Aceitar os fracassos, reconhecer a própria ignorância e irresponsabilidade. Cada um é o único responsável por sua própria tristeza, necessidade, dor e derrota, portanto, se deve ter a consciência de que cada um é a única pessoa que pode mudar esta situação. ü Aprender com as frustrações do passado. Tire lições do que aconteceu de positivo e negativo no decorrer de sua vida procurando imitar e aperfeiçoar os acontecimentos positivos e corrigir os negativos. ü Cuidar da imagem e preservar a autoestima. A imagem e o visual das pessoas é como a embalagem de um produto, é o que chama a atenção de quem repara de fora e muitas vezes é o que define em um primeiro momento a impressão que as pessoas têm de você. ü Não encarar o trabalho como uma luta e sim como uma diversão; ü Modificar a rotina sempre que puder; ü Ter vontade de progredir: ü Se manter atualizado, ler, estudar, aprender novas técnicas; ü Estar sempre de bem com a vida; ü Irradiar simpatia e alegria; ü Falar e pensar sempre positivo; ü Afastar-se de pessoas negativas; ü Afastar-se de pessoas de estratégias maldosas e fofoqueiras; ü Dedicar tempo para a família, lazer e diversão; ü Elogiar sempre que puder; ü Expor com clareza suas opiniões e agir sempre com honestidade; ü Criar e inovar sempre que puder; ü Manter a saúde física e mental; ü Incentivar as pessoas; 69 ü Ser o que realmente é, e não o que as pessoas querem que você seja; ü Incentivar e aceitar o feedback, analisando como as pessoas o vêem e melhorar na medida do possível. CONCLUSÃO Após análise e estudo de um vasto material produzido por teóricos e profissionais competentes na área da gestão de pessoas podemos perceber que todos são unânimes em declarar que a motivação é um dos principais fatores de sucesso das organizações atuais. Para tanto se percebe que muitas mudanças ainda deverão ocorrer no âmbito da direção das organizações, no âmbito gerencial e também no âmbito individual de cada empregado. A Administração e a Liderança muitas vezes não obtêm êxito na motivação de suas equipes porque não conferem à mesma a importância devida, antes tratam a motivação de forma simplista, sem dominarem técnicas e teorias motivacionais e sem se preocuparem em fazer um estudo aprofundado do comportamento das pessoas sob seu comando. O comportamento motivacional não é uniforme. Mesmo que as necessidade e carências dos seres humanos sejam essencialmente as mesmas, são as diferentes formas como elas se apresentam que definem o padrão comportamental de cada indivíduo. 70 O entendimento geral desses estudiosos é que apesar de ser um impulso gerado no interior de cada indivíduo, a motivação é fortemente influenciada por fatores extrínsecos como o ambiente de trabalho, as relações interpessoais e de chefia, o reconhecimento e a remuneração recebida. Nesse sentido a participação da administração da empresa e do gestor imediato é fundamental na percepção e adequação desses fatores que são tanto geradores de satisfação como geradores de insatisfação. A motivação tornou-se um desafio para a gestão de pessoas porque as pessoas envolvidas na administração e gestão muitas vezes não estão suficientemente preparadas para lidar com ela.. Várias teorias e técnicas têm demonstrado a necessidade de aperfeiçoamento tanto por parte da administração geral da empresa quanto do líder/gerente das equipes. Se em outros tempos as empresas se limitavam a motivar oferecendo um bom sistema salarial, hoje, esse argumento é insuficiente uma vez que as pessoas estão cada vez mais interessadas em se desenvolver e se realizar por meio do trabalho. A diretriz mais eficiente prioriza o crescimento do ser humano visando à obtenção de resultados, permitindo a participação das pessoas e enfatizando as emoções humanas associadas a métodos e técnicas de estímulo à criatividade e treinamento. A motivação no âmbito organizacional se revela com um novo conceito de gerenciamento, com a integração das necessidades psicológicas e sociais dos empregados com os objetivos da empresa, com a individualização de metas e atividades, remuneração adequada, boas condições de trabalho, participação dos empregados na elaboração das metas, investimentos em educação e treinamento e programas de qualidade de vida envolvendo saúde e família. O novo conceito de gerente abrange além das competências já 71 exigidas o perfil e as características da liderança. O gerente imediato no uso de suas atribuições de líder possui o importante papel de estimular cotidianamente a motivação em sua equipe, proporcionando um ambiente de liberdade e participação, propondo e incitando o cumprimento de metas desafiadoras, valorizando e reconhecendo o esforço de cada colaborador. Porém de nada adianta dispor de todas as condições materiais necessárias para a produção, se não houver um sincero e íntimo desejo ou entusiasmo daqueles que são efetivamente responsáveis pela produção. Para que o processo motivacional ocorra por completo é necessário que o empregado também contribua desenvolvendo a sua auto-motivação. O controle emocional, capacidade de se modificar, desenvolver altos níveis de disposição e entusiasmo fazem parte da capacidade de auto-motivação. As pessoas possuidoras dessa capacidade tendem aos melhores desempenhos, alta produtividade e eficácia em qualquer atividade que exerçam na organização. A abordagem utilizada neste trabalho monográfico se deu no sentido de explicitar e demonstrar a importância da motivação na obtenção do sucesso profissional pessoal e organizacional. As conclusões a que chegamos ratificam o posicionamento inicial tendo por base teorias elaboradas por grandes nomes da administração e psicologia como Maslow, Herzberg, Mc Gregor, Experiências de autores consagrados como Idalberto Chiavenato, Silvio Brochado, Cecília Bergamini e também com opiniões e sugestões práticas de profissionais contemporâneos atuantes na área de gestão de recursos humanos. 72 BIBLIOGRAFIA ALVARÃES, A. Auto-motivação, o caminho da felicidade plena Disponível em: http://www.albertoalvaraes.adm.br/artigos/artigo001.htm. Acesso em 30 ago 2010. BERGAMINI, C. W. Motivação. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1990. BERGAMINI, C. W. Motivação nas Organizações. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1997. BERGAMINI, C. W. Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. 2ª ed. São Paulo; Atlas, 1997. BROXADO, Sílvio. A verdadeira motivação na empresa; entendendo a psicologia organizacional e dicas para a motivação no dia-a-dia das empresas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. 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