A INFLUÊNCIA DA MOTIVAÇÃO NA PRODUTIVIDADE Emidio Aparecido Carrilho[1] Resumo O interesse pelo tema motivação organizacional vem crescendo significativamente nos últimos anos. Tem-se verificado que a escassez da motivação ocasiona diminuição no índice de produtividade. Têm-se observado comportamentos diferentes entre pessoas que desempenham as mesmas funções: enquanto alguns se mostram eficientes no trato com as pessoas, outros atendem muito mal. Para tanto, elencamos alguns fenômenos da motivação, como o fator humano nas organizações, a natureza e as concepções do trabalho, o desenvolvimento organizacional e o trabalho e a participação do homem. Neste estudo também se analisa as teorias e a motivação, objetivando identificar os programas de desenvolvimento de recursos humanos, bem como as manifestações no processo participativo. As conclusões resultantes permitem recomendar a política adequada de recursos humanos, estabelecendo estratégias eficazes. Palavras - chaves: Recursos humanos, motivação, necessidade, satisfação no trabalho. Abstract The interest in organizational motivation has been growing significantly in the last years. It has been verified that the lack of motivation causes reduction in the productivity index. One has observed that people with the same function behave differently: while some reveal efficiency in the treatment of people, others hardly pay attention. Thus, we enumerate some motivational elements, as the human factor in the organizations, the nature and the conceptions of work, the organizational development and the work, and the participation of man. In this study one also analyzes the theories and the motivation, aiming to identify the programs of development of human resources, as well as the manifestations in the collective process. The conclusions allow the recommendation of an adequate politics of human resources, establishing efficient strategies. Key-words: Human resources, motivation, necessity, satisfaction at work. Introdução O presente trabalho propõe-se a analisar a influência da motivação na produtividade, bem como averiguar, por meio da literatura científica as alternativas que possam contribuir para a melhoria do ambiente de trabalho e do desempenho organizacional. Os estudos que vêm sendo realizados a respeito apontam para o fato de que a pouca motivação do empregado pode ser um dos fatores que contribui para a incrementação da diminuição dos índices de produtividade e também para o aumento de tensões laborais, prejudicando o necessário equilíbrio emocional e social nas organizações (Schmidt, 1993). A escolha do tema é conseqüência das relações de trabalho e de produção dos funcionários e são determinadas em seu grau de flexibilidade na constante interação que se observa entre dois agentes: o homem e o trabalho. O trabalho varia de acordo com o grau de influência sobre os indivíduos, suas expectativas, suas vivências e as oportunidades que o meio social lhes oferece. As preocupações com os processos de trabalho devem convergir para a administração participativa que favoreça a competitividade, buscando sempre as relações homem-trabalho. Estudos comportamentais têm revelado que a conduta do indivíduo na organização influencia positiva ou negativamente o desempenho laborial e, como conseqüência, pode resultar em maior ou menor grau de produtividade. Portanto, essa influência tem provocado reflexos comportamentais. Casos isolados podem afetar grupos e trazer danos comprometedores para toda uma organização produtiva que, mesmo sendo setorial no início, se não estancada, poderá alastrar-se por todo um departamento. Problemas localizados de indivíduos que não se encontram motivados, comprometidos com a execução de sua tarefa, seu desempenho, merecem atenção e cuidado, uma vez que poderão prejudicar o andamento ou o resultado de todo um trabalho coletivo. Por outro lado, considerando-se o reverso da questão - a reação individual ou coletiva motivada de forma positiva - é aceitável como modelo incentivador e ensejará o aproveitamento, inclusive, para a qualidade no trabalho e, conseqüentemente, a qualidade de vida. O estudo do fator humano nas organizações pode ser dividido em três partes: a adaptação do homem ao trabalho; a adaptação do trabalho ao homem e a adaptação do homem ao homem (Weill, 1983). Daft (1997) ensina que o desenvolvimento de uma organização depende de um sistema aberto que deve interagir com o ambiente para sua sobrevivência e deve modificar continuamente e se adaptar. Junto aos recursos do sistema, matérias primas, recursos físicos, financeiros, informações incluem-se os empregados. Nessa inclusão é que está a satisfação desses empregados como processo de transformação. O estudioso enfatiza ainda a Teoria do Caos, explicando que vivemos em um mundo complexo cheio de incertezas, caracterizado pela surpresa, pelas mudanças rápidas e pela confusão, que, muitas vezes, parece totalmente fora de controle. Uma das principais características dos sistemas caóticos, denominado “efeito borboleta”, é relevante para os administradores de hoje. O “efeito borboleta” ilustra que os pequenos eventos podem ter efeitos gigantescos. Uma borboleta agitando suas asas sobre Pequim pode causar perturbações no ar que poderão afetar o clima nos Estados Unidos. As Empresas de hoje são como o clima – pequenos eventos podem ter conseqüências muito além de sua força inicial. Portanto, os conflitos devem ser amenizados. Comportamentos no Ambiente de Trabalho Na literatura sobre o comportamento humano nas organizações, (CHIAVENATO, 1997, p. 107, apud PORTER et al, 1975), assim se situa: Embora nossa intenção seja visualizar as pessoas como recursos, isto é, como portadoras de habilidades, capacidades, conhecimentos, motivação de trabalho, comunicabilidade etc., nunca se deve esquecer que as pessoas são pessoas, isto é, portadoras de características de personalidade, expectativas, objetivos pessoais, histórias particulares etc. Convém, portanto, salientar algumas características genéricas das pessoas como pessoas, pois isto melhorará nossa compreensão do comportamento humano nas organizações. O comportamento das pessoas apresenta, em síntese, as seguintes características: 1. 2. 3. 4. 5. 6. O homem é pró-ativo. O homem é social. O homem tem diferentes necessidades. O homem percebe e avalia. O homem pensa e escolhe. O homem tem limitada capacidade de resposta. Em função dessas características do comportamento humano, avulta o conceito de homem complexo. Ainda persistem comportamentos autoritários e centralizadores por parte dos executivos, o que tem preocupado bastante as organizações, influenciando inclusive nos seus resultados. Por outro lado, também há o papel do trabalhador no seu ambiente de trabalho e o conjunto de procedimentos os quais tem acesso. A aceitação ou adaptação do homem ao trabalho depende do momento em que ele percebe o que busca e no que é atendido. A produtividade do ser humano ou de seu grupo relaciona-se com a conciliação dos seus objetivos pessoais, estruturais ou organizacionais. A preocupação em conciliar essas discrepâncias tem sido uma constante por parte de algumas organizações e de seus executivos, buscando tornar as relações interpessoais mais humanas, padrões de comportamento e relacionamentos entre chefes e subordinados que visam o trabalho com “qualidade de vida”. Os fatores contributivos para as reações dos indivíduos no complexo organizacional são variados. Destaca-se, entre eles, a própria estrutura, a tecnologia, o poder, a autoridade e o conflito, os mitos, as perspectivas, o processo de interação, os grupos, as lideranças, os fatores biológicos, a comunicação e a motivação humana no trabalho. As relações refletem as posições estabelecidas socialmente. A conduta do trabalhador está inserida no rebuscado mundo de ações e de opções vigentes na sociedade, que são destacadas com o poder e com as autoridades nos níveis da hierarquia. O ambiente próprio para uma interação social fácil, com apoio mútuo, parceria e reciprocidade dos seus participantes é um desafio que não pode ser desprezado. A modernidade requer realmente produtividade e qualidade. A tão propalada e evidenciada qualidade total tem enfoque e relação intrínseca com a qualidade de vida. A representação social está interligada ao meio, aos estímulos e às percepções, nas quais as pessoas se identificam, e aos espaços que ocupam. Elas tendem a influenciar a conduta e a direcionar as ações no ambiente laborial e na própria sociedade em que vivem. Assim, o coletivo sobrepõe o individual, isto é, a associação de homens produz um todo que sobrepõe as partes individuais ou, ainda em outras palavras, os valores da sociedade sobrepõem os valores de cada pessoa. A Motivação Segundo Bergamini (1993), a motivação cobre uma grande variedade de aspectos comportamentais. A diversidade de interesses percebida entre indivíduos permite aceitar, de forma razoavelmente clara, que as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões. É dentro dessa diversidade que se encontra a mais importante fonte de informações a respeito desse fenômeno que mostra até aspectos paradoxais. Quando se fala de motivação humana, parece desapropriado que uma simples regra geral seja o recurso suficiente do qual se possa lançar mão para se conseguir uma abrangente e mais precisa explicação sobre as verdadeiras razões que levam as pessoas a agirem. As necessidades que ocorrem no interior do indivíduo e que são sempre dirigidas para metas são chamadas incentivas. A vida sócio-emocional das pessoas consiste na busca incessante da consecução dos objetivos propostos antecipadamente em função das forças de seus motivos. A tensão resultante das dificuldades para alcançar a satisfação dos impulsos é benéfica, pois, sem esta força poderosa, permaneceria sempre imaturos, sem experiência e ignorantes. O papel importante da tensão está ligado a todas as formas de aprendizagem, seja no emocional, intelectual ou social. O crescimento pessoal está em procurar formas criativas que possam facilitar a obtenção de seus objetivos. Os teóricos de personalidade e aprendizagem baseiam-se nesses princípios motivacionais a seguir descritos, proporcionando estímulos ambientais que facilitem a percepção das estratégias mais adequadas para a satisfação das necessidades. A motivação insere-se no comportamento humano das organizações, sendo enfocado como cerne da questão: homem - trabalho. Ao estudar as concepções sobre o trabalho, a organização, o homem, suas atitudes e comportamentos, a idéia básica alicerça-se em três pilares, dando-nos o seguinte entendimento: a adaptação do homem ao trabalho, a adequação do trabalho ao homem e o ajustamento do homem ao homem (Weill, 1983). Drucker (1998, p. 115) assim se expressa: "(...)hoje todas as organizações dizem: as pessoas são nosso maior ativo, entretanto poucas praticam aquilo que pregam. Porém, as organizações precisam atrair as pessoas, retê-las, reconhecê-las e recompensá-las, motivá-las, servi-las, satisfazê-las." A motivação pode ser descrita como o processo de estimular um indivíduo para tornar ações que o levarão ao preenchimento de uma necessidade ou à realização de uma meta desejada (Montana, 1998). Para Robbins (1998, p.109) “motivação é o resultado da interação entre o indivíduo e a situação”. Segundo Bueno (1995, p. 37), “sem um motivo, um interesse, não há indivíduo que se mova, assim, cada organização deve ser competente para criar satisfatores capazes de colocar as pessoas em ação, gerando programas de incentivo ao desenvolvimento pessoal e profissional”. Minicucci (1995) explica que ao estudar os motivos humanos verifica-se que é por meio da conduta do indivíduo, de forma direta ou não, de forma verbal ou não verbal, que se pode entender os motivos do indivíduo, isto é, as condutas que os levam a agir. Procurando entender as pessoas que trabalham, a motivação desde há muito vem sendo um dos tópicos de maior importância e parece que ainda continuará merecendo, no futuro, o mesmo destaque. (Bergamini, 1993). Teorias Motivacionais Hersey & Blanchard (1982) explicam que o estudo da motivação e do comportamento procura responder a intrincadas questões sobre a natureza humana. O comportamento orienta-se basicamente para a consecução dos objetivos. Freud foi um dos primeiros a reconhecer a importância da motivação subconsciente. Que necessidades humanas fundamentais podem ser identificadas e até hierarquizadas, ou seja, classificadas segundo suas prioridades ou precedências, segundo a exigência de satisfação. O psicólogo Abraham Maslow, ao estudar a motivação, estabeleceu um esquema de organização hierarquizada dessas necessidades. São elas: fisiológicas, segurança, sociais, estima e auto-realização. As necessidades fisiológicas são aquelas de cuja satisfação depende a manutenção da vida, tais como o alimento, a roupa, o abrigo etc. Estão colocadas no alto da escala porque tendem a predominar, constituindo motivos intensos até que sejam, de algum modo, satisfeitas. Enquanto não dispõe do necessário para viver, isto é, para manter uma atuação suficiente do seu corpo, dificilmente uma pessoa orientará suas atividades ou comportamentos para outros níveis. Só objetivos ligados à satisfação dessas necessidades fisiológicas poderão então atuar como agentes motivadores para essa pessoa. Quando aquelas necessidades são de algum modo satisfeitas, começam a predominar as necessidades de segurança, em função das quais a pessoa quer estar livre do medo de perigo físico e ter a garantia de que não será privada da satisfação das necessidades fisiológicas básicas, isto é, quer a segurança de sua preservação. Exemplificando: um emprego que garanta casa, comida, vestuário. Se há possibilidade de perdê-lo a qualquer momento, a única coisa que preocupará o indivíduo será conservá-lo. Tudo o mais não interessará, não motivará. Uma vez razoavelmente satisfeitas as necessidades fisiológicas e estabelecida a segurança, é a vez de predominarem as necessidades sociais: participar de grupos, obter a aceitação destes, relacionar-se com o outro. Objetivos de ordem social passam a exercer motivação. Mas ninguém se contenta apenas em ser “mais um”. Todos querem ser “alguém”. É a vez das necessidades de estima: amor próprio, autoconfiança, reconhecimento alheio, prestígio, poder, controle e comando, sentimento de utilidade e eficiência etc. Note-se que se tais necessidades não forem satisfeitas positivamente poderão gerar complexo de inferioridade, levando a formas negativas de satisfação: “ser diferente”, agredir, esnobar, discutir. O que importa, então, é a obtenção de estima. Os objetivos que a proporcionam são os verdadeiros motivadores, e a hierarquia de Maslow novamente se modificará. Adequadamente satisfeitas as necessidades de estima, intensificam-se as necessidades de auto-realização. Tão múltiplas e diversas são as pessoas, e mesmo uma só pessoa, em seus diferentes ciclos de vida. Segundo Maslow, o que um homem é capaz de ser ele deve ser e, por conseguinte, auto-realização consiste na atualização de todo o potencial: o professor ensinando, o médico cirurgião operando, o artista atuando, cada qual na sua melhor forma possível. A plenitude é que conta e os objetivos pertinentes a ela são a motivação maior. Chiavenato (1993) explica a Experiência de Hawthorne, desenvolvida por George Elton Mayo, que em 1924, alguns especialistas em eficiência da Western Electric Company planejaram para a fábrica, localizada em Hawthorne, um programa destinado a verificar os efeitos da iluminação na produtividade. Buscaram observar quais as condições físicas, número de horas e métodos de trabalho ideais para estimular um operário visando produzir com o máximo de sua capacidade. E, mais especificamente, se uma maior iluminação determinaria automaticamente produção maior. No decorrer da pesquisa patenteou-se que “fatores não ligados às condições físicas do trabalho”, isto é “fatores humanos” influenciam na produção. Mayo e seus colaboradores, trabalhando no projeto, passaram a estudar cuidadosamente esses fatores, realizando inúmeras entrevistas, experimentos e, ao final dos Estudos de Hawthorne, concluíram que haviam adquirido algumas certezas definitivas: 1. Mais do que “por boas condições de trabalho!” As pessoas são motivadas pela atenção que merecem, pela integração participante em seu grupo de trabalho, pelas oportunidades de auto-realização personalizante que encontram ali; 2. A administração deve estudar e compreender as relações interpessoais dos que trabalham e promover a sua identificação com os objetivos da empresa; 3. A realização de tarefas rotineiras e simplificadas num ambiente impessoal sobre o qual não se tem controle leva à tensão, à angústia e à frustração, gerando um sentimento de humilhação, confusão e alienação, que Mayo chamou de “anomia”; 4. A administração que mais propicia a anomia é aquela que parte de suposições negativas sobre a natureza humana: a sociedade não passa de uma horda de indivíduos não organizados, onde cada qual só se preocupa egoisticamente com a sua auto preservação. Trabalhando então, fundamentalmente para satisfazer suas necessidades fisiológicas e de segurança, as pessoas estão empenhadas apenas em obter o máximo de dinheiro em troca do mínimo esforço. O trabalho de Mayo, porém, marcou, pelo menos cientificamente, a passagem da fase mecanicista para a fase humanista nas concepções acerca do trabalho humano, abrindo caminho para a psicologia aplicada à administração e para muitos outros estudos e teorias. Kwasnicka (1995) enfatiza a clássica Teoria “X” e “Y” de Douglas McGregor, em que a organização tradicional, com decisão centralizada, de rígida estrutura piramidal, superior-subalterno e controle exterior do trabalho, baseia-se em certas suposições ou preconceitos sobre a natureza do homem e sua motivação para o trabalho, a Teoria “X”. Segundo a Teoria “X”: 1. O ser humano médio não gosta intrinsecamente de trabalhar e trabalha o mínimo que pode; 2. Como o trabalho desagrada, a maior parte das pessoas precisa ser coagida, vigiada, dirigida, ameaçada com castigos, punida, a fim de ser levada ao esforço exigido pelos objetivos da organização; 3. O ser humano médio prefere ser dirigido, evita responsabilidades, relativamente pouco ambiciosas e pretende segurança acima de tudo. A Teoria “Y” assim preconizava: 1. O dispêndio de esforço físico e mental no trabalho é tão natural quanto a distração e o descanso, assim o ser humano médio não tem aversão inerente pelo trabalho, onde pode até encontrar satisfação; 2. Controle exterior e ameaças de castigo não são os únicos meios de suscitar esforços dos que trabalham. Adequadamente motivado, o homem pode dirigir a si mesmo e ser criativo no seu trabalho. Por isso, cabe à administração despertar potencialidade humana e orientar os esforços pessoais para a realização dos objetivos organizacionais; 3. O empenho em alcançar esses objetivos varia com as recompensas atribuídas aos êxitos das tarefas. O ser humano médio, em condições propícias, aprende aceitar e até a procurar responsabilidades. Os administradores embasados na Teoria “Y” usualmente não estruturam, não controlam, nem supervisionam rigorosamente seus empregados no ambiente de trabalho. Antes, procuram ajudá-los a amadurecer, substituindo progressivamente o controle externo pela permissão de autodomínio. Ainda sobre teorias motivacionais Vergara (1999, p. 45 - 46) explica: Teoria de Herzberg: Segundo ele, existem dois fatores que explicam o comportamento das pessoas no trabalho: os higiênicos e os motivacionais. Fatores higiênicos localizam-se no ambiente de trabalho. São extrínsecos às pessoas. Fatores motivacionais são intrínsecos. Dizem respeito aos sentimentos de auto-realização e reconhecimento...A Teoria da Expectativa relaciona desempenho com recompensa e a Teoria da Equidade, as pessoas se sentirão mais ou menos motivadas para o trabalho, à medida que percebam, ou não, a presença da justiça, da igualdade das relações de trabalho. Estilos Comportamentais e a Orientação Participativa A respeito de estilos de comportamento motivacional e de fazer com que as pessoas participem de atividades, Bergamini (1997, pp. 123 e 124) preconiza a orientação participativa, aconselhando seguir as situações motivacionais que seguem: Situações que Trazem Grande Satisfação Motivacional: poder seguir orientação grupal; consultar pessoas e ser consultada por elas usar os seus talentos pessoais para o desenvolvimento da organização; promover o desenvolvimento dos talentos daqueles com os quais trabalha; Situações que Trazem Grande Insatisfação Motivacional: tratamento impessoal ser forçada a desenvolver atividades sem significado; sentir que suas intenções não são reconhecidas; ter que conviver em meio a um clima de falsidade em que as pessoas não são levadas a sério Enfatiza, também, a orientação para ação, para ser desenvolvida através de esforços, a saber: Situações que Trazem Grande Satisfação Motivacional: sentir-se desafiada a comprovar a sua eficiência; poder dirigir-se com autonomia; desenvolver atividades variadas; ser tratada de igual para igual, sem medo; Situações que Trazem Grande Insatisfação Motivacional: sentir-se cerceada na sua ação e presa a rotinas desinteressantes; falta de objetivos claramente fixados; quando há falta de responsabilidade dos demais; sentir-se que é impossível controlar as variáveis que afetam os resultados; E também a orientação para conciliação: Situações que Trazem Grande Satisfação Motivacional: desfrutar de uma convivência social e harmônica; contar com um ambiente flexível onde seja possível fazer concessões; reconhecer-se importante dentro do grupo; conhecer a repercussão social das suas ações; Situações que Trazem Grande Insatisfação Motivacional: ser colocado em ridículo perante o grupo; precisar seguir normas e horários rígidos; sentir-se socialmente colocado de lado; estar num ambiente sério demais em que as pessoas se atritam constantemente. Considerações Finais Kanaane (1995) enfatiza que as atitudes e os comportamentos no ambiente de trabalho, os valores, os pensamentos e as crenças são condicionantes que podem desencadear atitudes e reações de uma pessoa na conduta humana. Seus componentes formadores partem dos sentimentos ou da reação que a pessoa apresenta, o qual denomina-se de afetivo-emocional. Já nossas motivações, nossos anseios e desejos são volitivos. Portanto, esse conjunto de determinantes afeta as reações humanas que influem na ação. Comportamentos são as reações dos seres humanos e as respostas dadas a cada vez que se apresentam novos estímulos. As características são adquiridas ou ambientais, genéticas ou hereditárias e determinadas ou absorvidas pelo exercício no meio ambiente e devem considerar, também, a adaptação assimilável pela qual se submete constantemente por fatores sócio-organizacionais. Comportamento é a reação e atitude é a tendência à reação. Note-se, portanto, que os termos apontados não são sinônimos que possam confundir a conduta do trabalhador - ser humano. Significa, então, que o superior hierárquico – a chefia – deva estar atento e apto para captar o especial significado das ações verificadas no trabalho, convergindo para um comportamento mais aceitável e para o nivelamento de comando, visando o ser humano trabalhador e o ambiente de trabalho - a organização. Devem ser identificados os componentes afetivos, volitivos e cognitivos e os significados dos comportamentos e as determinantes que levam os seres a agir e os componentes que estão interligados. Embora algumas organizações queiram desejar que elas pudessem empregar somente as habilidades ou cérebro de uma pessoa, elas realmente estão empregando a pessoa como um todo, em lugar de certas características apenas. Os diferentes traços humanos podem ser estudados separadamente, mas numa análise final, eles todos são parte de um sistema que constrói o todo da pessoa. A habilidade não existe fora de uma bagagem ou conhecimento. A vida doméstica não é totalmente separada da vida de trabalho e as condições emocionais não estão separadas das condições físicas. As pessoas funcionam como seres humanos totais. (Davis, 1992). Para exercício da reflexão sobre a prática gerencial e os processos motivacionais Vergara (1999, pp. 70 e 71) conta a seguinte parábola chinesa: (...) no século III o Rei Ts’ao mandou seu filho, o Príncipe T’ai, para um templo onde iria estudar sob a orientação do Mestre Pan Ku. Como o príncipe iria suceder seu pai, o mestre deveria instruí-lo para tornar-se um bom dirigente. Com esse intuito, Pan Ku mandou que o jovem príncipe fosse sozinho para a floresta Ming-Li e só retornasse ao templo depois de um ano, ocasião em que deveria descrever os sons da floresta. Um ano se passou e, ao ser questionado pelo mestre sobre os sons que ouviu, o Príncipe T’ai respondeu: Mestre, eu pude ouvir o canto dos pássaros, o farfalhar das folhas, o zumbido dos beija-flores e das abelhas e o som dos ventos. Assim que o príncipe terminou sua descrição, o mestre mandou-o de volta para a floresta com a orientação de que ficasse atento ao que mais poderia ouvir. Ainda confuso, o jovem T’ai retornou e, após passar quatro dias e quatro noites atento aos sons, não conseguiu identificar nenhum diferente dos que já havia ouvido. Até que certa manhã, sentado em silêncio entre as árvores, começou a discernir sons muito tênues, diferentes dos que havia percebido até então. Sentindo-se profundamente esclarecido, o príncipe voltou para o templo e, novamente abordado por Pan Ku, respondeu: - Mestre, ao prestar mais atenção pude ouvir o inaudível: o som das flores se abrindo, o som do Sol aquecendo a Terra e o som do capim absorvendo o orvalho da manhã. Fazendo um gesto de aprovação, o mestre disse: - Ouvir o inaudível é uma qualidade necessária ao bom dirigente. Somente quando o dirigente aprende a ouvir atentamente o coração das pessoas, percebendo seus sentimentos não comunicados, suas dores não expressas e suas queixas não formuladas, é que ele pode inspirar confiança, entender quando alguma coisa está errada e identificar as verdadeiras necessidades dos cidadãos. Bibliografia BERGAMINI, C. W. Motivação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1993. ________. Motivação nas organizações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. BUENO, J. H. Manual do agente de mudanças: a era da qualidade. 2. ed. São Paulo: LTR, 1995. CARRILHO, E. A. A influência da motivação na produtividade: um estudo de caso. 1999 - Dissertação (Mestrado em Ciências Gerenciais). Universidade de Marília, Marília. CHIAVENATO, I. Recursos humanos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. ________. Teoria geral da administração. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1993. DAFT, R.L. 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WEILL, P. Relações humanas na família e no trabalho. 37. ed. Petrópolis: Vozes, 1983. [1] Coordenador do Curso de Administração Geral, Administração de Cidades, Professor da Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos. Mestre em Ciências Gerenciais pela Universidade de Marília - [email protected]