Coluna do Cepea 1 Sergio De Zen¹ e Mariane C. Santos² Professor da Esalq/USP; coordenador de Pecuária do Cepea/Esalq/USP 2 Analista de mercado do Cepea/Esalq/USP Demanda por carne está ao alcance do Brasil! A 18DBO junho 2015 Consumo CADA VEZ MAIOR DE PROTEÍNA ANIMAL 5,000 30% 25% 4,000 20% 3,000 15% 2,000 10% modo geral e de 1,4% na produção de carne (bovina e suína) . No entanto, muitos países já estão no limite da fronteira produtiva há algum tempo. A Austrália, por exemplo, tem aumentado em 0,9% ao ano o peso das carcaças de bovinos desde 1980; os Estados Unidos, em 0,8% ao ano, enquanto o Brasil ainda trabalha com um percentual de 0,4% ao ano. Mesmo que os dois primeiros países consigam avançar, as possibilidades do Brasil são muito maiores. Outros indicadores reforçam o potencial O que é o IMS O IMS é uma organização mundial sem fins lucrativos, que reúne representantes de países que produzem mais de 75% da produção global de bovinos, suínos e ovinos. A entidade promove o Congresso Mundial da Carne. O Workshop de Economia IMS ocorre a cada dois anos, com participação de um a dois representantes de cada país. O BNDES e o Cepea participaram do evento, sendo o Cepea o responsável pelas apresentações brasileiras. 20 19 20 18 20 17 20 16 20 15 20 14 20 13 Consumo 20 12 20 11 20 10 Produção 20 20 20 20 20 09 0% 08 0 07 5% 06 1,000 20 Toneladas métricas té 2050, a demanda mundial por alimentos deve aumentar expressivos 70%, principalmente em relação às fontes de proteína animal, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas). Embora o ritmo de crescimento populacional deva se desacelerar em relação a períodos anteriores, o incremento de 2 bilhões de pessoas no mundo (totalizando 9 bilhões), associado à projeção de aumento da renda em alguns países em desenvolvimento, tendem a manter o consumo em alta. Um dos destaques é a China, que deve aumentar de 17% para 24% a demanda por carnes suína e bovina nos próximos 15 anos, em comparação com 2014. E o Brasil tem grande potencial para atender a esse aumento de consumo, conforme informações apresentadas nos dias 11 e 12 de maio no 5º Workshop de Economia do IMS (International Meat Secretariat, Secretariado Internacional da Carne), em Tóquio, Japão. O evento reuniu especialistas do setor pecuário, economistas e analistas de todo o mundo para discutir a indústria global da carne. Só de carne bovina, a perspectiva é a de que os chineses elevem suas importações, até 2020, para um volume equivalente a 32% de seu consumo – atualmente, importam 27%. Isso porque o consumo da proteína aumenta em ritmo mais acelerado do que o país consegue produzir (veja gráfico). Para o mesmo período, estima-se que mais de 200 milhões de chineses subirão de classe social, chegando à classe média – destaca-se que este é o tamanho da população total brasileira. Para que a produção de alimentos aumente com sustentabilidade ambiental, foi consenso entre os participantes do evento a necessidade de se investir em produtividade. Calcula-se que será preciso elevar a produtividade na média mundial de 1% ao ano para a agricultura de Importação/Consumo brasileiro para atender à demanda futura, entre eles a idade média das vacas no primeiro parto, de três anos, enquanto nos Estados Unidos e na Austrália é de dois anos. Já a taxa de abate, isto é, animais abatidos em relação ao total do rebanho por ano, é de aproximadamente 40% nos EUA e de pouco mais de 30% na Austrália, enquanto no Brasil não chega a 20%. Para que os brasileiros consigam elevar a produtividade é imprescindível avançar em melhoramento genético. A prática, que já é comum em alguns países, principalmente naqueles de maior produtividade, vem ganhando apoio, inclusive do governo chinês, com oferecimento de subsídios para uso no rebanho local. No Brasil, uma pequena parte das propriedades de pecuária de corte conta com genética provada. Além das vantagens econômicas, propriedades com genética zebuína geram 50% a mais de benefícios sociais e são 41% mais eficientes no uso dos recursos naturais quando comparadas às propriedades típicas (ou modais), conforme levantamentos feitos pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, e apresentados durante o Workshop IMS. n