Demanda por carne está ao alcance do Brasil! - Cepea

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Coluna do Cepea
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Sergio De Zen¹ e Mariane C. Santos²
Professor da Esalq/USP; coordenador
de Pecuária do Cepea/Esalq/USP
2 Analista de mercado do Cepea/Esalq/USP
Demanda por carne está
ao alcance do Brasil!
A
18DBO junho 2015
Consumo CADA VEZ MAIOR DE PROTEÍNA ANIMAL
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10%
modo geral e de 1,4% na produção de carne
(bovina e suína) . No entanto, muitos países
já estão no limite da fronteira produtiva há
algum tempo.
A Austrália, por exemplo, tem aumentado em 0,9% ao ano o peso das carcaças de
bovinos desde 1980; os Estados Unidos, em
0,8% ao ano, enquanto o Brasil ainda trabalha com um percentual de 0,4% ao ano.
Mesmo que os dois primeiros países consigam avançar, as possibilidades do Brasil são
muito maiores.
Outros indicadores reforçam o potencial
O que é o IMS
O IMS é uma organização mundial
sem fins lucrativos, que reúne representantes de países que produzem
mais de 75% da produção global de bovinos, suínos e ovinos. A entidade promove o Congresso Mundial da Carne.
O Workshop de Economia IMS ocorre
a cada dois anos, com participação de
um a dois representantes de cada país.
O BNDES e o Cepea participaram do
evento, sendo o Cepea o responsável
pelas apresentações brasileiras.
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Consumo
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Produção
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Toneladas métricas
té 2050, a demanda mundial por alimentos deve aumentar expressivos
70%, principalmente em relação às fontes de proteína animal, segundo dados da
ONU (Organização das Nações Unidas).
Embora o ritmo de crescimento populacional deva se desacelerar em relação a
períodos anteriores, o incremento de 2 bilhões de pessoas no mundo (totalizando 9
bilhões), associado à projeção de aumento da renda em alguns países em desenvolvimento, tendem a manter o consumo
em alta. Um dos destaques é a China,
que deve aumentar de 17% para 24% a
demanda por carnes suína e bovina nos
próximos 15 anos, em comparação com
2014. E o Brasil tem grande potencial
para atender a esse aumento de consumo,
conforme informações apresentadas nos
dias 11 e 12 de maio no 5º Workshop de
Economia do IMS (International Meat
Secretariat, Secretariado Internacional
da Carne), em Tóquio, Japão. O evento
reuniu especialistas do setor pecuário,
economistas e analistas de todo o mundo
para discutir a indústria global da carne.
Só de carne bovina, a perspectiva é
a de que os chineses elevem suas importações, até 2020, para um volume equivalente a 32% de seu consumo – atualmente, importam 27%. Isso porque o
consumo da proteína aumenta em ritmo
mais acelerado do que o país consegue
produzir (veja gráfico). Para o mesmo
período, estima-se que mais de 200 milhões de chineses subirão de classe social,
chegando à classe média – destaca-se que
este é o tamanho da população total brasileira.
Para que a produção de alimentos
aumente com sustentabilidade ambiental, foi consenso entre os participantes do
evento a necessidade de se investir em
produtividade. Calcula-se que será preciso elevar a produtividade na média mundial de 1% ao ano para a agricultura de
Importação/Consumo
brasileiro para atender à demanda futura,
entre eles a idade média das vacas no primeiro parto, de três anos, enquanto nos
Estados Unidos e na Austrália é de dois
anos. Já a taxa de abate, isto é, animais
abatidos em relação ao total do rebanho
por ano, é de aproximadamente 40% nos
EUA e de pouco mais de 30% na Austrália, enquanto no Brasil não chega a 20%.
Para que os brasileiros consigam
elevar a produtividade é imprescindível
avançar em melhoramento genético. A
prática, que já é comum em alguns países,
principalmente naqueles de maior produtividade, vem ganhando apoio, inclusive
do governo chinês, com oferecimento de
subsídios para uso no rebanho local.
No Brasil, uma pequena parte das propriedades de pecuária de corte conta com
genética provada. Além das vantagens
econômicas, propriedades com genética
zebuína geram 50% a mais de benefícios
sociais e são 41% mais eficientes no uso
dos recursos naturais quando comparadas
às propriedades típicas (ou modais), conforme levantamentos feitos pelo Cepea
(Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, e apresentados durante o Workshop IMS.
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