AGRONEGÓCIO: Commodities em alta de novo?

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DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO • ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ"
Piracicaba, 21 de agosto de 2008.
A reprodução do artigo abaixo ou de trechos do mesmo é autorizada, sendo obrigatória a citação do
nome do autor. Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros é professor titular da Esalq/USP e coordenador
científico do Cepea.
COMMODITIES EM ALTA DE NOVO?
Geraldo Barros1
Os preços das commodities, que vinham em impressionante alta até meados do primeiro semestre,
passaram por uma reversão deste então, indicando para o estouro de uma possível bolha. No decorrer do
último mês, mais especialmente na última semana, caracterizou-se uma “re-reversão”. Assim, segundo
o Financial Times, na última semana, o petróleo (Brent) elevou-se 8%; o ouro, 5%; o milho, 11%, o
trigo, 10%; soja, 8%; o café, 6%; açúcar, 5%; algodão, 4%; suco de laranja, 4%2. São as maiores altas
em uma semana dos últimos 3 anos, segundo a Bloomberg3.
O quê terá ocorrido nesta última semana para provocar a retomada de alta das commodities? Uma
possível explicação vincula essa mudança a uma revisão de expectativas a respeito do crescimento
mundial. O mercado havia se convencido de que a aceleração inflacionária iria forçar as principais
economias (em termos de crescimento) a pisar no freio. A expectativa era a de que, terminada a
Olimpíada, a China iria conter o ritmo de crescimento visando a controlar a inflação, que parecia
preocupar as autoridades daquele país. A desaceleração chinesa representaria perda de fôlego para o
resto do mundo.
No entanto, as informações que chegam ao Ocidente dão conta que a China está providenciando não só
a retomada do ritmo de atividades que havia sido contido em preparação à Olimpíada, mas muito mais.
Os jornais de hoje relatam pronunciamento do vice-primeiro ministro incitando os agentes econômicos
a acelerarem o crescimento do consumo interno (51% do PIB) como alternativa à esperada queda das
importações do resto do mundo.
Como referência, pode-se ter em mente que as previsões da Fapri4, por exemplo, indicavam que as
commodities agropecuárias – com exceção do açúcar - permaneceriam nos altos níveis do primeiro
semestre a menos que, entre outras coisas, a China reduzisse seu crescimento para menos que 8,5% ao
ano. A probabilidade de que essa redução se concretize diminui bastante com as informações desta
semana.
1
Professor titular da Esalq/USP e coordenador científico do Cepea
http://markets.ft.com/markets/commodities.asp
3
http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20670001&refer=home&sid=aS5cpxZqCfFA
4
http://www.fapri.iastate.edu/outlook2008/
2
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Piracicaba, 21 de agosto de 2008.
Fica o problema, porém, de que o maior freio ao crescimento vem da limitação ao uso de recursos
naturais: petróleo, minérios em geral, terra, água. Imensos investimentos são necessários para aumentar
a oferta desses bens. Isso toma tempo, além de vultosos recursos. Ou seja, se fica mais difícil de a
inflação ir embora, os preços altos vieram para ficar – até que a demanda mundial se ajuste à oferta.
Outras informações sobre as pesquisas do Cepea, bem como contato com o autor, podem ser feitos
através do Laboratório de Informação: 19-3429-8837 / 8836 e [email protected]
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