Universidade de Brasília Instituto de Psicologia -Departamento de Psicologia Social e do Trabalho Segundo Período Letivo de 2007 Disciplina: Aprendizagem, Processos Piscossociais e Mudança nas Organizações Aluno(a):__________________________________________ Matrícula:_____________ Modelo de Sinopse Crítica – Textos Teóricos Autor(es) do texto Hugo Pena Brandão Fonte (Livro, revista, jornal) Artigo Ano 2006 Titulo Competências no Trabalho e nas Organizações: Uma Análise da Produção Científica Brasileira Editor(a) Local Páginas RJ 14 Idéias Principais O estudo objetivou revisar criticamente a produção cientifica nacional sobre competências humanas no trabalho, entre os anos de 96 e 2004; Constatou-se a predominância de estudos que buscam identificar competências relevantes a determinados papéis ocupacionais, bem como daqueles que buscam identificar necessidades de desenvolvimento de competências; Competências no trabalho constitui uma categoria de investigação no campo do comportamento organizacional; No inicio do século passado, o termo competência era utilizado para qualificar a pessoa capaz de desempenhar eficientemente determinado papel; Gilbert (1978) destaca que competência é expressa em função do desempenho ou comportamento da pessoa no trabalho. Por trás dessa proposta está expressa a base teórica influenciada pelo movimento S-R, a qual advoga que a compreensão do comportamento deve ser vinculada à investigação das relações entre estímulos (S) e respostas (R). Abordagem behaviorista; Durand (2000) dá ênfase aos elementos que constituem a competência, ou seja, conhecimentos, habilidades e atitudes. Essa abordagem é influenciada pelo movimento S-O-R, pois parte da premissa de que essas relações, para serem plenamente compreendidas, precisa considerar o que ocorre no indivíduo (O), que mediaria as relações entre estímulo (S) e resposta (R). Abordagem cognitivista; Dutra (2004) sugere a existência de 2 grandes correntes teóricas. A primeira é representada por norteamericanos (Boyatzis, 1982 e McClelland, 1973, por exemplo) e entende que as competências são qualificações ou características subjacentes à pessoa, que permitem a ela realizar determinado trabalho ou lidar com uma dada situação. A segunda é representada por autores franceses (Lê Boterf, 1999 e Zarifian, 1999) e associa competências não a um conjunto de atributos da pessoa, mas sim às suas realizações em determinado contexto, ou seja, àquilo que o individuo produz ou realiza no trabalho (Dutra, 2004); Nos últimos anos, uma terceira vertente, integradora das duas concepções anteriores, tem se destacado. Essa abordagem é defendida por Gonczi (1999), para quem a competência associa atributos pessoais ao contexto em que são utilizados, isto é, ao trabalho que a pessoa realiza. A competência é entendida, então, não apenas como um conjunto de CHAs necessário para realizar determinada atividade, mas também como o desempenho de uma pessoa em determinado contexto, em termos de comportamentos adotados no trabalho e realizações decorrentes (Carbone et al., 2005) = Movimento S-O-R, abordagem cognitivista; Freitas e Brandão, 2005: Sob a perspectiva cognitivista, portanto, competências podem ser entendidas como a combinação sinergética de CHAs, expressas pelos desempenho profissional dentro de um contexto organizacional, que agregam valor às pessoas e às organizações; A ABORDAGEM COGNITIVISTA DE COMPETÊNCIAS, SUGERE QUE O INDIVIDUO (O) É CAPAZ DE DESENVOLVER CHAs QUE MEDIAM SUA RELAÇÕES ENTRE SEU COMPORTAMENTO (R) E O AMBIENTE (S). ISSO SUGERE QUE ESSE DESENVOLVIMENTO PODE SER OBTIDO ATRAVÉS DE AÇÕES DE TD&E!!; Segundo Carbone et al. (2005) a definição mais ampla de competência considera as diversas dimensões do trabalho (cognitiva, psicomotora e afetiva) e associa a competência ao desempenho, no âmbito de uma estratégia ou de um contexto organizacional; Zarifian (1999): as competências se revelam quando as pessoas agem frente às situações profissionais com as quais se deparam; Prahalad e Hamel, (1990): as competências servem como ligação entre as condutas individuais e a estratégia da organização; Freitas e Brandão (2005) comentam que a competência esta associada à noção de aprendizagem, uma vez que resulta da aplicação de CHAs adquiridas pelas pessoas em processos de aprendizagem, sejam eles naturais ou induzidos; Em estudo realizado em um banco público, Magalhães e Borges-Andrade (2001) também deram ênfase a elementos constitutivos da competência, avaliando conhecimentos, habilidades e atitudes relevantes ao exercício da função de caixa-executivo. A pesquisa realizada por esses autores, no entanto, teve como objetivo principal o desenvolvimento de uma metodologia para diagnóstico de necessidades de treinamento. Utilizando questionários estruturados, procuraram avaliar, junto a uma amostra de 669 bancários (caixas e seus superiores imediatos), os graus de importância de 34 conhecimentos, habilidades e atitudes supostamente relevantes ao desempenho da função de caixa, bem como o domínio dos caixas em relação a esses itens. Por meio da aplicação de uma fórmula específica, esses autores identificaram as necessidades de desenvolvimento de competências dos caixas e examinaram as relações entre a auto e a hetero-avaliação de necessidades. Verificaram que existe relação significativa entre auto e hetero-avaliação, embora os supervisores tendam a apontar maiores necessidades de treinamento, em seus subordinados, do que estes em suas auto-avaliações. Fórmula para calcular LNT: N = I (4 – D), onde “N” representa a necessidade ou prioridade de aprendizagem, “I” refere-se ao grau de importância atribuído à competência e “D”ao grau que o profissional domina a competência. Freitas e Brandão (2005): a competência está associada a noção de aprendizagem organizacional, uma vez que ela resulta da aplicação de CHAs adquiridos pela pessoa em processos de aprendizagem, sejam naturais ou induzidos; Produção nacional sobre competência no que se refere à natureza dos estudos feitos: cases, surveys (predominante), pesquisa-ação; Produção nacional sobre competência no que se refere à abordagem metodológica dos estudos feitos: pesquisas quali, quanti e quali e quanti. Nos estudos de natureza quantitativa, os autores comentaram que a construção do instrumento de pesquisa foi precedida por investigação qualitativa, conforme sugerido por siqueira (2002); Produção nacional sobre competência no que se refere à natureza da amostragem dos estudos feitos: estudos amostrais, amostras selecionadas em uma só organização, amostras selecionadas em duas ou mais organizações. Predominância da utilização de dados primários e, algumas vezes, secundários; Produção nacional sobre competência no que se refere aos instrumentos dos estudos feitos: questionários estruturados, combinação de questionários estruturados e realização de entrevistas e/ou análises documentais, vídeo-gravação e protocolo de análise; Produção nacional sobre competência no que se refere aos procedimentos para análise de dados dos estudos feitos: análise descritiva, análise de conteúdo, combinação de análise descritiva e inferencial, combinação de análise de conteúdo e analise descritiva; Produção nacional sobre competência no que se refere ao setor pesquisado dos estudos feitos: predomínio dos estudos em organizações públicas. Empresas privadas. Não há relatos de produção de pesquisa em organizações do terceiro setor. Foram produzidos estudos no setor de serviços, industrial e secundário. Nenhum relato sobre estudos no setor primário. A ausência de pesquisas nesse setor pode ser decorrente da dificuldade de coleta de dados junto a sujeitos com baixa escolaridade, uma vez que, segundo Borges e Pinheiro (2002), os trabalhadores da agricultura esta tipicamente entre aqueles com menor grau de instrução; FALTAM PESQUISAS DESTINADAS A INVESTIGAR CAUSAS E EFEITOS DA EXPRESSÃO DE COMPETÊNCIAS NO TRABALHO, DE TAL FORMA QUE IMPORTANTES PRESSUPOSTOS TEÓRICOS, AINDA CARECEM DE INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA. POR EXEMPLO: (A) O DOMÍNIO DE CHAs EXPLICA, EM ALGUMA MEDIDA, DESEMPENHO NO TRABALHO; (B) O SUPORTE ORGANIZACIONAL CONTRIBUI PARA A EXPRESSÃO DE COMPETENCIAS PROFISSIONAIS E (C) A EXPRESSÃO DE COMPETÊNCIAS HUMANAS EXPLICA, EM ALGUMA MEDIDA, A VARIÂNCIA DOS RESULTADOS ORGANIZACIONAIS; Verificou-se também inexistirem correlações significativas entre CHAs, o que sugere que eles seja independentes; AGENDA DE PESQUISA SUGERIDA POR BRADÃO (2006): - Identificar competências relevantes para o futuro, em função de tendências de introdução de tecnologias no trabalho e de mudanças na natureza das ocupações; - Identificar estímulos e barreiras ao desenvolvimento de CHAs no trabalho; - Investigar quais fatores (disposicionais e situacionais) exercem maior influencia sobre o desempenho ou a expressão de competências no trabalho; - Examinar quais estratégias de aprendizagem no trabalho estão mais associadas ao desenvolvimento de competências à melhoria de desempenho; - Utilizar a avaliação por múltiplas fontes no diagnostico de competências; - Construir instrumentos de pesquisa e procedimentos aplicáveis a pessoas com baixo nível de escolaridade;