1 EDUCAÇÃO SOCIAL E O TERCEIRO SETOR: ATUAÇÃO DE EDUCADORES SOCIAIS E UMA PEDAGOGIA VOLTADA À LIBERDADE Alessandro Euzébio Batista1 Faculdade de São Paulo – Centro Novo Debora Sapienza2 Faculdade de São Paulo – Centro Novo Resumo: A educação social (não-formal) nas últimas décadas tem ocupado um espaço significativo dentro das áreas de educação e pedagogia, como também passou a serem propostas curriculares em universidades e faculdades, principalmente porque as Leis de Diretrizes Básica da Educação Nacional nº. 3.394/96 (LDBEN) possibilitam uma abertura institucional para atuação de processos educativos fora dos ambientes institucionais, reforçando a atuação de educadores em espaços não-formais de educação, pode-se dizer que essa abertura está estreitamente ligada a ações afirmativas conjuntas de educadores sociais e o terceiro setor. A pedagogia da liberdade proposta de Paulo Freire é uma das principais referências para atuação do educador social, que em seus espaços de educação não formais atuam na construção de aprendizagens de saberes necessários para a vida em coletividade, pautadas na liberdade, nos direitos sociais e humanos, e, sobretudo por meio da busca constante da autonomia do sujeito. Palavras-chave: Educação social. Educação não formal. Pedagogia. Liberdade. Abstract: No formal education in recent decades has occupied a significant place within the areas of education and pedagogy, as well as with curriculum proposals in universities and colleges, mainly because of the Leis de Diretrizes Básica da Educação Nacional nº. 3.394/96 (LDBEN) enable institutional openness to performance of educational processes outside the school environment, enhancing the role of educators in non-formal education spaces, it can be said that this opening is closely linked to joint affirmative actions of social workers and the third sector. The pedagogy of freedom of Paulo Freire’s proposal is one of the main references for performance of the social educator who in their spaces non-formal education work in the construction of knowledge of learning necessary for life in community, rooted in freedom, social rights and, above through the constant pursuit of autonomy of the subject. Keywords: Social education. Non-formal education. Pedagogy. Freedom. 1 A EDUCAÇÃO SOCIAL COMO EDUCAÇÃO “NÃO FORMAL” A reflexão acerca da educação social como proposta de educação não formal está ligada em suas diversas faces na sociedade principalmente em relação ao espaço-escola, essa Professor da Faculdade de São Paulo – FASP - Centro Velho e Centro Novo do Grupo Educacional UNIESP, pesquisador nas áreas de Educação, Psicologia da Educação e Movimentos Sociais e Serviço Social, Coordenador do Projeto Jovem Social - SP e Professor de Sociologia e Filosofia do Grupo Colégio Majô. 2 Professora da Faculdade de São Paulo – FASP - Centro Novo do Grupo Educacional UNIESP, pesquisadora nas áreas de Educação, Coordenadora de Projetos Sociais. 1 2 modalidade de educação se desvincula da relação institucional, no entanto desenvolve processos de aprendizagens e construção de saberes por meio de vivências, concepções e relações prazerosas no processo de ensino-aprendizagem que sugere uma relação social entre “educando e educador”. Nessa perspectiva vários teóricos discutem a respeito dessa proposta de educação não formal. Segundo Gohn (2010, p.15), [...] a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via dos processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianos, e a educação informal como aquela na quais os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização gerada das relações e relacionamentos intra e extrafamiliares - amigos, escola, religião, clube etc. (grifos nossos). Já Paulo Freire (1994, p.31) afirma que [...] o universo do estudo sobre educação social é muito complexo porque envolve a contradição premente pelas disputas de projetos sociais, de classes antagônicas, por participação na sociedade e na educação. Nessa relação conflituosa, favorece o lugar do oprimido por visualizar o acréscimo do “social” nos sentidos das circunstâncias dos processos educativos. A atuação de educadores sociais nos espaços de educação não formal sejam eles quais forem: comunidades, associações, ONGs, institutos, igrejas (organizações do terceiro setor), buscam através de suas ações construírem debates acerca: dos direitos sociais e humanos dos indivíduos, da sustentabilidade ambiental, da conscientização política, da luta pelo direito das mulheres, dos negros, dos índios, da comunidade LGBT, entre outros, e se por outro lado são considerados excluídos da sociedade, se tornam objetos para trabalho de ações afirmativas e propostas sócio pedagógicas. Para pesquisadora Maria Glória Gohn a educação não formal, além de ter uma intencionalidade, também sugere uma proposta curricular, desse modo ela também capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é criar oportunidades de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais. Portanto seus objetivos são construídos, inclusive por meio de um processo interativo e interdisciplinar, gerando um processo educativo que favoreça a reafirmação nos diversos espaços educativos. Para Garcia (2005, p.27). A educação não formal não tem, necessariamente, uma relação direta e de dependência com a educação formal. É um acontecimento que tem origem em diferentes preocupações e busca considerar contribuição vinda de experiências que não são 3 priorizadas na educação formal. Desse modo a educação não formal tem uma ligação lógica em espaço temporal, por não necessitar se submeter a priori em um currículo definido (ou seja, com conteúdo, temas e habilidades a ser desenvolvidos e planejados anteriormente), e dessa forma por dar espaço para receber temas, assuntos, variedades que interessem ou seja válidos para um público específico naquele determinado momento e que esteja participando de propostas, programas ou projetos nesse campo, faz com que cada trabalho e experimentação sejam únicos. A educação social nasce do anseio de lutas por políticas públicas específicas. Desse modo essa modalidade de ensino é constituída por fatores que permeiem diretamente ações protagonizadoras de sujeitos que por algum motivo tiveram seus direitos sociais e humanos comprometidos. Pensando nesta perspectiva acredita-se ainda que a educação não-formal tem se tornado na atualidade uma ação que assuma diretamente uma função equalizadora de questões ligadas à falta de compromisso por partes dos representantes da sociedade. Mundo essas ações têm tornado fundamentais para a garantia dos direitos sociais e humanos que tanto são discutidos nas conferências, fóruns, congressos e outros grupos de discussão social acerca da educação e da pedagogia social no mundo. Para Gonh (2010, p.102), [...] na educação não-formal a cidadania é o objetivo principal, e ela é pensada em termos coletivos. Organizações e processos de acesso à escrita e à leitura – por meio de métodos de alfabetização – para coletivos específicos, a saber: grupos de trabalhadores, grupos de jovens adultos etc. Ou organizam-se processos de reciclagem ou formação de determinadas demandas sociais. Portanto um dos supostos básicos e centrais para o trabalho no campo da pedagogia social- educação não formal é o do que a aprendizagem se dá por meio da prática social voltada para o coletivo. 2 REFLEXÕES A CERCA DO TERCEIRO SETOR NA MODERNIDADE Para reflexão do estudo desta pesquisa é preciso diferenciar os setores de forma a entender o porquê do chamado “terceiro setor ou setor terciário”. O primeiro setor é o “Estado” como uma instituição acima de todas as instituições, se colocando como representante da sociedade, frente a outras estado-nações. O mercado (empresas, comerciários em geral, entidade que trocam força de trabalho por capital) é o segundo setor. O terceiro setor 4 na atual conjuntura social e econômica é uma expressão com diversos significados historicamente diferentes, e se em outro tempo seu sentido era caracterizado por um movimento de militância, na modernidade3 o terceiro setor, é, e está ligado a uma nova ordem que se coloca ao lado do estado, ou seja, as instituições e organizações sem fins econômicos. Para Araújo e Barbosa (2008), as ONGS (Organizações Não-Governamentais) - como expressão do setor terciário - ganham evidência na da década de 90, sendo instituições entendidas como “independentes” do governo, de caráter público comunitário não estatal, que possuem como denominador comum a razão social de fins não lucrativos. Após a Segunda guerra mundial o conceito de ONG incorporou-se ao terceiro setor, se inicialmente a sua nomenclatura estava ligada a ONU (Organização das Nações Unidas) por outro lado agora passa está ligada aos diversos movimentos sociais voltados ao acesso à educação, saúde, habitação, transporte entre outros. Segundo Gohn (2001, p.74) ONG se referia a um universo de entidades que não representavam governos, mais tinham presenças significativas em várias partes do mundo, como a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o Conselho Mundial das Igrejas, a Cruz Vermelha Internacional e outras que passaram a ser estruturas articuladas à própria ONU, como a UNESCO, suas missões de paz, a FAO etc. Na atualidade seu campo de atuação tem sido o do assistencialismo, o do desenvolvimentismo e por fim o campo da cidadania. Nessa perspectiva, a autora conceitua o termo “terceiro setor” no Brasil como: [...] tipo peculiar de organização da sociedade. Trata-se de um agrupamento de pessoas, organizado sob a forma de uma instituição da sociedade civil, que se declara sem fins lucrativos, com o objetivo de lutar e/ou apoiar causas coletivas” (GOHN, 1997, p.62). Para uns significa uma nova forma de agir politicamente; para outros, um espaço propício para ações do neoliberalismo. A nosso ver, se, de um lado, o embate político permanece não resolvido, por outro, medidas concretas têm contribuído para a construção do espaço público não estatal, do “terceiro setor”. Segundo Frei Betto (2006, p.3) “O mundo atual é marcado por profundas desigualdades que impedem a tão almejada paz”. Portanto, pode-se perceber que de acordo com as atuais proposições e propostas de atuações dentro do setor terciário que, não se busca 3 Não cabe aqui fazer uma discussão teórica acerca do conceito modernidade, a discussão propõe um embate que vise o entendimento da atual conjectura social e econômica para educação não-formal. 5 mais direitos, bem como, não mais se reivindica, agora o que está em pauta, é a cultura pela paz, pela ética, pela moral, pela formação humana. É enfatizada então, a solidariedade, cabe a esses movimentos ampliar os vínculos capazes de estreitar a globalização da solidariedade. E nessa vertente, retira-se o foco das questões econômicas e ressaltam-se as questões ligadas ao relacionamento interpessoal e humano, ao campo subjetivo, tendo como finalidade as questões humanitárias. 3 EDUCADORES SOCIAIS E UMA PEDAGOGIA PARA PRÁTICA DE LIBERDADE Um dos pontos de partida a ser evidenciado neste trabalho é saber quem é o educador e o que ele propõe como formação de sujeitos em uma sociedade, e ainda saber se o mesmo é mero reprodutor de conhecimento ou agente social protagonista no processo de ensinoaprendizagem nos seus diversos campos. Para a Gonh (2006), [...] Na educação formal sabemos que são os professores. Na nãoformal, o grande educador é o outro, aquele com quem interagimos ou nos integramos. Na educação informal, os agentes educadores são os pais, a família em geral, os amigos, os vizinhos, colegas de escola, a igreja paroquial, os meios de comunicação de massa etc. Para Silva (2000), Paulo Freire faz uma ressalva em relação às práticas pedagógicas que resistem à teoria. Identifica-se, assim, teoria com verbalismo. Esclarece que a teoria é necessária para uma educação crítica. Teoria esta que implica uma inserção na realidade. A educação escolar vigente não é teórica porque lhe falta o gosto da comprovação, da invenção e da pesquisa. Ela é verbosa, palavresca e não comunica. Paulo Freire em suas fundamentações teóricas sempre buscou esclarecer uma filosofia para o que entendemos por educar, esta que ao nosso ver é de caráter existencial e único. Nessa perspectiva para ele, existir ultrapassa viver, porque é mais do que estar no mundo ou mesmo é estar nele e com ele. O existir, portanto tem um sentido individual e ao mesmo tempo coletivo, e acima de tudo só se configura dentro do verbo existir se por si só se realizar a relação com outros "existires". É sem dúvida para o autor o mesmo que transcender, discernir, dialogar, sim até mesmo por que dentro do processo de diálogo há a intenção de um ou de outro em comunicar e participar, que são exclusividades do próprio existir. 6 Portanto, Silva (2000), afirma que essa experiência é adquirida pelo existir, criando e recriando, integrando-se às condições de seu contexto social, respondendo a seus desafios, objetivando-se a si próprio, discernindo, transcendendo, lança-se o homem num domínio que lhe é exclusivo o da História e o da Cultura destes nas diversas sociedades. As contribuições de Paulo Freire no que se refere às fundamentações teóricas respaldam a atuação de educadores sociais nos ambientes de educação não formais, e são na atualidade como um livro de “bolso ou cartilha” para ações destes nestes espaços. É através de uma educação conscientizadora que busca os saberes necessários à formação do indivíduo, que se tem uma ação afirmativa atuante por parte de grupos determinados e comunidades. Ações que vão ao encontro da aprendizagem da democracia, da cidadania, e da busca constante da liberdade, na construção de identidades sejam elas quais for uma busca dos variados e diversificados projetos sociais na área de educação social (pedagogia social). Segundo Tavares e Santos (2010, p.2) [...] a necessidade de uma educação corajosa por parte desses agentes sociais. Outro desafio que se coloca é que se observa um deslocamento no perfil do (a) “clássico” educador (a) popular e/ou do educador social engajado, o qual, hoje, não é necessariamente um (a) ativista ou militante, mas alguém que, com ou sem formação acadêmica, que não está devidamente envolvido com a causa. Também merece ser mencionado como fragilidade na legitimação desse espaço o advento do trabalho voluntário. Sem que se pretenda realizar, aqui, uma análise pormenorizada desta prática, corre-se o risco de tornarem-se ações que apenas respaldam e legitimam as hegemônicas visões de homem e de sociedade. Paulo Freire faz uma ressalva em relação às práticas pedagógicas que resistem à teoria. Identifica-se, assim, teoria com verbalismo. Esclarece que a teoria é necessária para uma educação crítica. Teoria esta que implica uma inserção na realidade. A educação escolar vigente não é teórica porque lhe falta o gosto da comprovação, da invenção e da pesquisa. As oportunidades para atuação com propostas de educação social que têm predominado nas práticas vinculadas as políticas públicas sociais na modernidade é a do modelo assistencialista, lógica ancorada na alienação. No entanto a esse modelo conservador, a pedagogia progressista tem avançado epistemologicamente no sentido da educação social como educação não-formal na perspectiva transformadora ou mesmo revolucionária. 7 Segundo Paulo Freire (1967, p.94) [...] entre nós, repita-se, a educação teria de ser, acima de tudo, uma tentativa constante de mudança de atitude. De criação de disposições democráticas através da qual se substituíssem no brasileiro, antigos e culturológicos hábitos de passividade, por novos hábitos de participação e ingerência, de acordo com o novo clima da fase de transição. Aspecto este já afirmado por nós várias vezes e reafirmado com a mesma força com que muita coisa considerada óbvia precisa, neste País, ser realçada. Portanto faz se necessário, no exercício do educador social, relembrar que cidadão significa indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado e que cidadania tem que ver com a condição de cidadão, quer dizer, com o uso dos direitos e o direito de ter deveres de cidadão. Portanto dentre as ações de atuação plena do educador social cabe ressaltar que a cidadania é a ponte que liga o saber popular ao saber teórico, não cabe dentro da atuação do educador social se utilizar somente de fundamentações teóricas como base de formação nos espaços não-formais de educação. É através da troca de saberes entre educando e educadores sociais que se veem a importância da luta pela liberdade e autonomia dos sujeitos envolvidos nos processos educativos, é nessa perspectiva que a pedagogia para a liberdade tem uma contribuição fundamental para atuação dos educadores sociais que em sua essência agem na reinvenção pedagógica e volta-se para apresentar fundamentos que os justificam no sentido de combater os efeitos do sistema educacional alienante. 4 UMA EDUCAÇÃO CONSCIENTIZADORA: EDUCAÇÃO ALÉM DO CAPITAL Paulo Freire mostra que nos 60 no Brasil, o número de crianças em idade escolar, sem escola, aproximava-se de 4.000.000, e o de analfabetos, a partir da faixa etária de 14 anos, 16.000.000. Um número alarmante que na visão do educador narrada no livro Educação como prática de liberdade foi o objetivo da equipe que participava na busca por uma educação conscientizadora que fosse além do capital, esta equipe acumulou uma experiência de mais de 15 anos no campo da educação de jovens e adultos. O interessante desta experiência era a troca entre educadores sociais entre diversas cidades do Nordeste, em especial as que estavam sendo desenvolvidas pelo Movimento de Cultura Popular do Recife. Assim Paulo Freire coordenava, naquele movimento, o Projeto de educação de adultos, através do qual foram 8 lançadas duas instituições básicas de educação e de cultura popular: que ficou conhecido como o Círculo de cultura e o Centro de Cultura. Os educadores sociais, que eram chamados de coordenadores, instituíam debates de grupos e os reuniam a fim de dialogar sobre os trabalhos. A programação desses debates era oferecida pelos próprios grupos, através de entrevistas que os coordenadores mantinham com eles e de que resultava a enumeração de problemas que os alfabetizandos gostariam de debater. Esses assuntos, acrescidos de outros, eram tanto quanto possíveis esquematizados e, com auxílio de recursos visuais, apresentados aos grupos, sob a forma de diálogos. Paulo Freire sempre buscou fazer um questionamento acerca da educação como uma educação que não visasse o capital, mas sim o direito individual de casa sujeito, pela construção do seu conhecimento, e que a troca de saberes entre educadores e educandos resultava a busca pela liberdade e pela democracia do saber. Segundo Paulo Freire (1999), os educadores sociais buscam recriar alternativas pedagógicas tendo em vista a realidade. Esses educadores devem estar inseridos e comprometidos com as suas comunidades de origem, pois são elas quem indicam sua necessidade de formação. Os educandos, por sua vez, são percebidos como responsáveis por todos os trabalhos e saberes que devem ser elevados, os quais devem se relacionar diretamente à sua sobrevivência. Os acolhidos em contexto de educação social participam, constroem e implementam a composição dessa ideia de educação. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A prática de educação social atualmente tem suas intervenções na modernidade, uma grande ligação com terceiro setor, e este tem oportunizado um diálogo constante na busca pela luta dos direitos sociais e humanos. Foi pensando deste modo que o trabalho se aprofundou diretamente nos trabalhos de educação nos ambientes não-formais de ensino como proposta de formação de saber cultural voltada ao coletivo. Desde a importância dos educadores socais que não obrigatoriamente são “licenciados”, mas agentes sociais que visam à lutam pela garantia de direitos e pela autonomia dos sujeitos atingidos pela falta de saberes tidos como fundamentais na sociedade capitalista. A educação social é sem dúvida uma área de atuação que sugere a participação de todos pela busca da democracia e liberdade do ensino e do acesso 9 ao saber tão “institucionalizado”. A educação deve ser vista como além do capital, e como uma forma de manifestação cultural, da troca, do diálogo, da forma de expressar em um determinado contexto social. Espera-se ainda que o trabalho contribua no campo da pedagogia social dentro dos diversos espaços de ações voltadas ao acesso ao conhecimento. Nesta perspectiva viu-se que trabalhos sociais voltados às ações a partir da metodologia de Paulo Freire propiciaram ao longo da história da pedagogia social no Brasil e no mundo uma reflexão sobre o saber, sobre o diálogo e acima de tudo sobre o processo de conscientização do existir no mundo e para mundo, e qual a importância dos educadores sociais nesse processo existencial que a partir da criação de pró-atividade e conhecimento individual e do coletivo, de si mesmo, do outro, do grupo, da sociedade, da comunidade e da nação, essa modalidade de educação tem como uma função crucial de propiciar o aprendizado da compreensão do mundo interno, frustrações, aspirações, e motivações diante de seus atos, bem como da influência e da construção de uma imagem cidadã e social que promove o convívio dos seus envolvidos visando desenvolver a autonomia, a criatividade, a análise e colocar os seus sujeitos a terem um posicionamento crítico, pautados na liberdade, para construir seu processo de emancipação nas sociedades atuais. 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