O texto dramático

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Viagens • Literatura Portuguesa •11.º ano
O texto dramático
Em cena… uma viagem
No teatro, a verdade é sempre esquiva. Nunca a encontramos por completo, mas procuramo-la
compulsivamente. Essa procura é claramente aquilo que guia os nossos esforços. A procura é a
nossa tarefa. Geralmente, é no escuro que tropeçamos na verdade, esbarramos nela, ou
vislumbramos uma imagem ou uma forma que parece corresponder à verdade, muitas vezes sem nos
darmos conta disso. Mas a verdade verdadeira é que, na arte do teatro, não há nunca uma verdade
única que possamos encontrar. Há muitas. Estas verdades desafiam-se mutuamente, fogem,
refletem-se, ignoram-se, espicaçam-se, são insensíveis umas às outras. Às vezes pensamos que
temos a verdade de um momento na mão, e depois ela escapa-se-nos por entre os dedos e
desaparece.
PINTER, Harold, “Discurso de aceitação do Prémio Nobel”,
in http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/2005/pinter-lecture-e.pdf
(tradução dos autores)
Texto dramático
O primeiro contacto que temos com uma obra escrita é de carácter físico.
Como alguém referia, uma viagem das mãos e dos olhos, que nos deixa uma
primeira impressão, quantas vezes determinante para a sua leitura. Se
acreditarmos que um texto significa não só pelo seu conteúdo, mas também
pela forma que o objetiva, consideraremos importante esta vertente icónica.
A mancha gráfica que delimita o texto dramático revela-nos um dispositivo
enunciativo próprio, formalmente marcado por dois tipos de discurso: dialógico,
ou texto principal, e não dialógico, ou texto segundo ou secundário, como lhe
chamam alguns teorizadores. Optando por este modo de representação escrita,
o autor materializa determinada construção ficcional, que irá desejavelmente
funcionar como real construído, uma unidade autónoma, então estruturada e
fora das mãos do seu criador. É nessa estrutura que notamos, desde logo, a
ausência explícita de narrador que conduza e explique o fio da ação. […]
Podemos desta forma afirmar que o texto dramático é, por excelência, o tipo
de texto em que se alargam os níveis de ambiguidade desse real. O leitor
encontra-se em situação privilegiada devido à possibilidade de tomar contacto
com as diversas conceções da realidade, consoante o ponto de vista da
personagem, aprofundando a sua perceção dos conflitos humanos. É o real
filtrado, mas com filtros diferentes, que proporciona diferentes ângulos de visão,
diferentes versões, e não o real como reflexo de verdades objetivas e eternas.
VASCONCELOS, Ana Isabel, e BASTOS, Glória,
“O texto dramático na disciplina de Português”, in Discursos, n.º 14, abril de 1997
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Pré-leitura
1. Distingue brevemente teatro de texto dramático.
2. Explicita os motivos que te levaram a ler um texto dramático.
3. Antecipa uma interpretação do título da obra que vais ler.
4. Elabora uma breve pesquisa acerca do autor e da obra que selecionaste, destacando o contexto
histórico em que foi redigida a peça e as circunstâncias em que ela foi representada pela primeira
vez.
Leitura
1. Durante a leitura da obra, toma notas sobre:
■
a estrutura externa do texto;
■
os diferentes momentos da estrutura interna da peça (exposição, conflito e desenlace);
■
a organização dos acontecimentos que constituem a ação;
■
as relações entre as personagens;
■
as informações fornecidas pelas didascálias;
■
as referências ao tempo da história e ao tempo histórico;
■
o(s) espaço(s) onde decorre a ação;
■
a existência e importância de apartes.
Pós-leitura
1. Identifica o género em que se integra o texto dramático que leste.
tragédia
drama
comédia
melodrama
tragicomédia
farsa
Outros: ________________________________________________________________________
1.1. Justifica a integração da obra no género que assinalaste.
2. Redige um relatório no qual apresentes a tua experiência de leitura da obra a partir da análise
dos elementos que registaste nas fases de leitura anteriores.
3. Pesquisa em suplementos literários ou culturais de publicações periódicas (em papel ou online)
um artigo de apreciação crítica sobre uma representação da peça que leste.
3.1. Analisa-o, considerando a estrutura e a linguagem típicas desta tipologia textual.
3.2. Considerando as informações do artigo e mobilizando os teus conhecimentos sobre o texto
que serviu de base à representação, dá a tua opinião sobre o modo como a peça foi
adequada ou desadequadamente encenada.
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4. Procura ver uma representação da peça que leste (ou investiga sobre a sua adaptação à
televisão ou ao cinema).
4.1. Redige um breve artigo de apreciação crítica da manifestação artística a que assististe.
5. Imagina-te “na pele” do encenador responsável por levar à cena a obra dramática que leste.
5.1. Aponta, fundamentadamente, as maiores dificuldades que a encenação poderia levantar.
5.2. Explica como organizarias o cenário, referindo algumas das orientações que darias ao
cenógrafo.
5.2.1. Enumera os adereços referidos no texto dramático e indica todos os outros que, na
tua opinião, seriam necessários ou significativos numa encenação da obra.
5.3. Menciona os/as atores/atrizes que escolherias para os papéis principais da peça,
apresentando as razões da tua escolha.
5.4. Descreve o guarda-roupa necessário durante a representação.
5.5. Comenta a importância da iluminação e do(s) som(ns) na construção de sentidos do
espetáculo. Destaca, em particular, os momentos em que, para ti, a luz e o som constituiriam
elementos da linguagem não verbal decisivos para a total configuração da mensagem.
6. Prepara a dramatização de uma cena ou de um conjunto de cenas da peça que leste.
6.1. Faz um registo vídeo da representação e arquiva-o no teu portefólio, como anexo desta ficha
de leitura.
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