© Jan Saedek Ojos de Ciervo Rumanos Teatro • 21h30 • Palco do Grande Auditório • Duração 1h20 4 e 5 Mar’04 Texto e Encenação Beatriz Catani Assistente de Encenação Jazmín García Sathicq Interpretação Ricardo González, Ximena Banus, Ariel Farace Cenografia Beatriz Catani, Andrea Schvartzman Luzes Gonzalo Cordova Música Carmen Balliero Co-produção Teatro General San Martín (Buenos Aires), Theaterformen 2002 (Hannover) Tradução e legendagem João Esquível Espectáculo falado em castelhano, legendado em português. romena), o olhar hostil do filho (mulher alcoólica de baixa condição social) e o olhar invejoso do marido (mulher obstinada e perigosa, para além de estrangeira). Esta é uma peça atravessada pela ideia constante dos limites dos espaços e dos sentidos. O futuro auspicia uma atmosfera redutora: plantações reduzem-se a laranjeiras em vasos; a mãe reduz-se a um olho; o parto à menstruação; um incêndio devastador a uma praga da natureza. A complexidade da necessidade humana (e a sua materialidade) reduz-se a uma obsessão pela alimentação (o sumo). O último reduto: o seio de uma mulher (filha-mãe-irmã). Em que consiste a ‘realidade’ específica do teatro? No modo como se constrói uma realidade (dramática), que não representa nem reproduz a vida real. Optámos aqui por introduzir elementos da natureza ‘real’ (laranjeiras verdadeiras, sumos) num enredo ficcionado (com laivos de natureza fantástica). No âmbito do dramático, a ‘realidade’ não depende necessariamente da acção. A narração cria-se através de elementos reais convertidos em imagens, através do tratamento das palavras e do tempo. Está-se perante a acção de diferentes olhares, convergindo para uma mesma realidade. O acontecimento real não se materializa plenamente em todos os seus contornos, mercê da intersecção de diferentes percepções: a imagem da mulher-mãe entrecruza-se com o olhar idealizante da filha (cantora Uma condensação de sentidos pressupõe uma transição do trágico para o natural (conta-se a história do mito de Dionísio e das Fúrias e do mito de Perséfone: rapto e alteração dos processos e ciclos naturais). O trágico é um elemento que se manifesta ao longo da peça num crescendo que atinge o auge na cena V, estacando em seguida, enquanto se constrói uma nova ordem (uma ordem natural). A história tende para a repetição, pontuada por algumas variações, algum elemento inovador que introduzirá sempre uma perspectiva redutora. Por esse motivo, mais do que seguir um enredo dramático linear (de causalidade), optamos por trabalhar as cenas enquanto unidades autónomas entre si. As cenas funcionam como categorias transversais. O que acontece no momento presente é uma mistura e uma espécie de síntese entre uma herança, algo previamente construído e um efeito de inovação. Esta transformação permite a passagem de uma configuração para outra. A ideia de uma possível simultaneidade de cenas (ou, pelo menos, do seu desenrolar numa determinada ordem), a aleatoriedade das suas correlações e a coexistência dos elementos do passado e a sua mutação levam-nos a experimentar a ruptura como mecanismo de construção cénica. As três personagens estão permanentemente em palco. Encontram-se e desencontram-se em dois lugares aprazíveis: uma árvore e um instrumento musical. Não existe exterior. O que está do lado de fora não passa de uma referência, um registo do passado, e que a ele pertence. Por seu turno, o momento presente é um tempo escasso, limitado, lento e deteriorado. De alguma forma, acaba por ser também uma irrealidade, um tempo inexistente, porque se encontra totalmente preenchido com histórias do passado. Conselho de Administração Presidente Manuel José Vaz Vice-presidente Miguel Lobo Antunes Vogal Luís dos Santos Ferro Director Artístico António Pinto Ribeiro Director Técnico Eugénio Sena Produção Margarida Mota da Costa, Paula Tavares dos Santos, António Sequeira Lopes, Catarina Carmona, Patrícia Blázquez, Marta Cardoso, Rute Sousa, Maria do Céu Jimenez, Filipe Folhadela Moreira, Cristina Ribeiro, Paulo Silva, Tiago Bernardo, Álvaro Coelho, Nuno Cunha, Teresa Figueiredo, Sofia Fernandes Direcção de Cena e Iluminação Horácio Fernandes Maquinaria de Cena José Luís Pereira Audiovisuais Américo Firmino, Paulo Abrantes Operador de Luzes Fernando Ricardo Técnicos de Palco Alcino Ferreira, Nuno Alves Bilheteira Manuela Fialho, Edgar Andrade Apoio: