metáfora e símbolo no cinema

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23 de setembro
metáfora e símbolo
O SIGNIFICADO
A significação de uma imagem no cinema depende tanto da criação do realizador quanto da imaginação do espectador. O espectador tem tanto poder nisso porque, como afirma Marcel Martin
(2003):
“[...] toda realidade, acontecimento ou gesto é símbolo ou, mais precisamente, signo - em algum grau.” (p. 92)
A significação das imagens, diz o autor, depende muito do confronto com as imagens vizinhas (ou seja, se dá pela justaposição).
A IMAGEM IMPLICA
As imagens, diz Martin (2003) mais IMPLICAM do que EXPLICITAM.
“[...] a maior parte dos filmes de qualidade admite vários níveis de leitura, conforme o grau de sensibilidade, imaginação e cultura do espectador.” (p. 92)
O símbolo, utilizado no cinema, tem o poder de oferecer ao espectador, diz ainda Martin (2003), mais do que a simples percepção do
conteúdo aparente. É por isso que o autor vai falar em:
conteúdo aparente/explícito
conteúdo latente/implícito
OS CONTEÚDOS:
aparente/explícito
Conteúdo imediata e diretamente legível
latente/implícito
Sentido simbólico dado à imagem pelo realizador e/ou reconhecido pelo espectador
SÍMBOLOS E METÁFORAS
Para usar um símbolo se substitui um objeto, um indivíduo, um
evento ou um gesto por um SIGNO, ou se produz uma segunda
significação. Segundo Martin (2003), isso pode ser feito:
metáfora
a) pela aproximação (justaposição, normalmente) de duas imagens (ou mais);
símbolo
b) pela construção arbitrária da imagem (ou das imagens) de
forma que lhe seja(m) conferida(s) uma outra (uma segunda)
dimensão expressiva.
metáforas
Se usa da montagem (justapondo as imagens) para produzir, na mente do
espectador, um “choque” psicológico que deve facilitar a percepção de uma
idéia (neste caso, uma que o realizador queira exprimir).
Funciona assim: a primeira imagem (ou as primeiras) seriam elementos próprios da ação; enquanto que as imagens seguintes podem ser elementos
da ação ou serem externas a ela. Essas segundas imagens é que provocam a
metáfora.
Segundo Martin (2003), as metáforas podem ser de três tipos:
plásticas
dramáticas
ideológicas
metáfora
plástica
Baseada em analogia de estrutura ou tonalidade psicológica, como quando
Eisenstein usa a estátua com a coroa de louros nas mãos para criar a idéia de coroação de Kerenski, em OUTUBRO (1927). O cinema da primeira metade do século XX
usou muito esse tipo de metáfora.
metáfora
dramática
Seu papel é direto na ação, fornecendo elementos explicativos que serão úteis
para o encaminhamento e compreensão da trama/enredo. Mais uma vez Eisenstein, que contrapôs, em A GREVE (1923), a imagem de operários executados pelo
exército do czar à imagem de animais sacrificados em um matadouro. Notem que
esse segundo elemento (os animais) não têm ligação com a ação, sendo colocados
metáfora
ideológica
no filme de forma arbitrária.
Se destina a provocar reflexão no espectador, algo que provoque uma tomada
de posição (normalmente de cunho social e humano). É antológico o exemplo de
TEMPOS MODERNOS (1936), onde a imagem de um pequeno rebanho de um gado
cordato (ovelhas, especialmente) é contraposto aos trabalhadores saindo do metrô.
símbolos
Aqui, a significação não surge da justaposição, mas está na imagem em si.
Sua ocorrência é sempre pertencente à ação. Os símbolos podem ser:
de composição simbólica da imagem
personagem diante de cenário
personagem com objeto
duas ações simultâneas
ação + elemento sonoro
texto verbal
elemento exterior incluso na ação
de conteúdo latente/implícito da imagem
símbolos plásticos
símbolos dramáticos
símbolos ideológicos
Ministry of Fear (1944, de Fritz Lang):
a sombra da faca simboliza a própria faca que
mata, também um símbolo dramático
Tempos Modernos
(1936, de Charles
Chaplin):
o homem como
engrenagem, no símbolo do personagem
+ cenário
Outubro (1927, de
Eisenstein):
o símbolo personagem + objeto que
mostra a bota como
opressão e ditadura
Cidadão Kane (1941,
de Orson Welles):
símbolo do personagem + cenário quando Kane está sobre
todos os jornais, ou
seja, acima de todos
os veículos de comunicação
Apocalypse Now (1979, de F. F. Coppola):
bombardeio para dizimar uma aldeia ao som de um compositor que era adepto da limpeza da raça (para não dizer nazista), Richard Wagner (em A cavalgada das Walkirias) é
um exemplo de símbolo que combina imagem e elemento sonoro
Little Miss Sunshine (2006,
de Jonathan Dayton):
Dwayne, o adolescente fã de
Nietzsche, usa uma camiseta
onde diz, em inglês, Jesus
estava errado. Além de simbolizar o tormento do menino,
esse texto verbal usado como
símbolo também fala sobre
uma idéia de filosofia que
questiona a religião. Afinal,
foi Nietzsche quem disse que
Deus havia morrido
Os incríveis (2004, da Pixar),
uma metáfora das famílias
comuns
O show de Truman (1998, de Peter
Weir):
O filme todo é uma metáfora, mas a
imagem da porta para o mundo real é
um símbolo de libertação da “cegueira”
da vida criada em laboratório. A escada
no céu é um símbolo plástico que nos
lembra de uma escadaria pro paraíso
(Stairway to heaven)
Tempos modernos:
Símbolo ideológico na imagem do Vagabundo que balança a bandeira vermelha
que caiu de um caminhão, indicando
sua adesão às causas comunistas ou
uma clara representação dessas lutas,
que sempre utilizaram a bandeira vermelha como símbolo também.
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