2.METÁFORA E O PENSAMENTO A relação entre o

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2.METÁFORA E O PENSAMENTO
A relação entre o processamento cognitivo e neural da base de compreensão da linguagem
literal versus metafórica tem sido a questão-chave das pesquisas acerca do funcionamento do
cérebro. Pesquisas têm indicado que no processo de compreensão de metáforas há um relativo
aumento de áreas cerebrais, inclusive o predomínio do lado direito do cérebro, não utilizadas no
processo de compreensão literal da linguagem. Coulson (2008), seguindo a teoria da metáfora
conceitual sugere que a metáfora envolve áreas cerebrais por meio de conceitos concretos para o
uso de domínios abstratos. Sob esse aspecto, o pensamento metafórico seria um conjunto de operações neurais capazes de reconhecer a complexidade da abstração de linguagem, envolvendo a
ativação de diversas áreas cerebrais.
Alguns autores como Pynte, Bessonm Robichon e Poli (1996) apud Coulson (2008) investigaram a neurofisiologia do cérebro por gravações de potenciações cerebrais (ERP) que indica
pequenas oscilações de voltagens no encefalograma (EEG) que mede o tempo cíclico de percepção, motor ou eventos cognitivos como a leitura (Rugg & Coles, 1995). Os autores perceberam estágios no processamento da metáfora, o que sugere variações de tempo na interpretação
metafórica, considerando o grau de complexidade. Estudos de ERP de compreensão de metáfora
sugerem que significados metafóricos são ativados no mesmo espaço de tempo que os significados literais (Kazmerski et al (2003) apud Coulson (2008). Sendo assim, podemos inferir a existência
de variações de processamento cognitivo entre conteúdos metafóricos e não-metafóricos, partindo
do princípio de que o pensamento metafórico requer um esforço cognitivo maior.
Para Coulson (2008) enquanto a compreensão da metáfora alcança um aumento do processamento de fontes, é influenciada pelas mesmas variáveis que a compreensão literal da linguagem.
Medidas eletrofísicas têm sugerido que a compreensão da metáfora alcança áreas do hemisfério
direito não utilizadas no processamento da linguagem literal. Sob esse aspecto, a autora nos mostra que variações de tempo de percepção, bem como diferentes tipos de processamento cerebral
diante de conteúdos lingüísticos ocorrem no momento da interpretação de metáforas, concluindo
por meio de testes que manipulações experimentais que fazem uma integração semântica mais
difícil resulta em variações negativas de ondas cerebrais acima de N400ms, comparada àquelas
que facilitam resultam abaixo de N400ms, o que indica o esforço cognitivo. Ademais, Coulson e
Van Petten (2002) sugerem que N400 amplitude para as metáforas é dirigida pela complexidade do
mapa e de operações blending envolvidas na compreensão de metáforas, mas também na compreensão da linguagem literal.
A compreensão de metáforas envolve a construção de modelos cognitivos simples com o
estabelecimento de mapas ou correspondências entre objetos. Mapas são baseados na relação
tais como identidade, similiaridade, ou analogia. Para entender uma metáfora como “Todas as enfermeiras daquele hospital dizem que aquele cirurgião é um açougueiro”, requer uma associação
entre cirurgião, açougueiro e um blend dos dois. Segundo Coulson (2008), para entender essa
metáfora é necessário estabelecer mapas entre cirurgião e açougueiro, paciente e animal morto.
Portanto, o mapa é entre cirurgião, paciente e animal morto com faca afiada ou machadinha. A
inferência que o cirurgião é incompetente é levantada quando essas estruturas são integradas
para criar um agente hipotético com ambas características. Dessa forma, o pensamento metafórico
exige um esforço maior comparado ao literal, pelo fato da ativação ou complexidade de atividades
mentais associativas.
2.1 O Pensamento Abstrato
Quando pensamos em metáfora, logo nos vem à mente a compreensão de uma linguagem
não- literal. Porém, dentro da Linguística Cognitiva, o termo Metáfora é entendido como uma associação conceitual. Para Lakoff e Jonhson (1980, p.5): “a essência da metáfora é entendida e experienciada como um tipo de coisa no lugar de outra”.Quando Robert Frost se refere a “a estrada menos
viajada”, ele usa as palavras estrada e viagem de um modo metafórico, assim como podemos dizer:
“Ela é uma flor de pessoa”; Ele é frio nas palavras”; “Garantir um futuro de felicidade significa saber
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