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NEUROCISTICIRCOSE: A DIFERENÇA DO SISTEMA PRIVADO PARA O SITEMA
PUBLICO.¹
RIEGER, Erin John²; VARGAS, Amanda³; TEXEIRA, Andressa4; BICCA, Ana
Paula5; HAAG, Fabiana6; SANTOS, Jossana dos7; NICOLLI, Thalissa8.
RESUMO
A neurocisticercose é uma infestação do sistema nervoso central por embriões da Taenia solium
(lombriga solitária) de origem parasitária e potencialmente endêmica. Seus sintomas podem
ocorrer meses ou até mesmo anos depois de ter consumido alimentos contaminados pelo
parasita, como: dores de cabeça freqüentes, convulsões, transtornos de visão, vômitos, infecções
na coluna, demência e perda da consciência. O diagnostico baseia-se na história epidemiológica
do paciente, sendo realizado tomografia computadorizada de crânio(TC) e testes sorológicos no
liquor (LCR), com posterior tratamento clínico - etiológico e/ou sintomático. Relatamos o caso de
um paciente masculino, 78 anos que passou pela cirurgia de craniotomia para exerese de
cisticerco.
Descritores: Cisticerco; Idoso; craniotomia
1 Trabalho de Pesquisa. Centro Universitário Franciscano (UNIFRA).
2 Apresentador. Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail:
[email protected]
3 Aluna do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.
4 Aluna do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.
5 Aluna do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.
6 Orientadora. Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA.
7 Aluna do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.
8 Aluna do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.
1
1. INTRODUÇÃO
A neurocisticercose é uma infestação do sistema nervoso central por embriões da Taenia
solium (lombriga solitária) de origem parasitária e potencialmente endêmica. Os embriões,
chamados
cisticercos
podem
se
localizar
dentro
do
crânio,
ou
nos
espaços
liquóricos(ventrículos, cisternas, espaço subaracnóideo) ou dentro parênquima nervoso.1
A doença inicia pela ingestão de alimentos contaminados por ovos da Taenia solium,
quando no estômago, estes ovos atravessam a parede gástrica e passam para a circulação
sanguínea, sendo assim distribuídos para todo o organismo incluindo principalmente o
sistema nervoso central. Os ovos podem ser eliminados ou se desenvolverem até
cisticercos que se alojam principalmente na musculatura de bovinos e suínos que são
hospedeiros intermediários. Os porcos se infestam ao ingerir fezes humanas que contém
ovos da Taenia solium, os quais se transformam em larvas (cisticercos) e que no homem se
instalam no músculo
onde produzem cisticercose
e no cérebro onde produzem
neurocisticercoise. O homem quando contaminado com ovos de forma acidental leva ao
desenvolvimento de cistos no cérebro.2
A falta de higiene e de saneamento básico eficaz, a utilização de água contaminada com
fezes humanas sem tratamento adequando facilitam a propagação da doença. Este
processo pode acontecer de maneira assintomática ou com manifestações como
convulsões, hipertensão intracraniana, reações meníngeas, sinais neurológicos difusos ou
localizados. O quadro clínico da neurocisticercose é muito variado. Formas assintomáticas
existem, não sendo possível estimar a sua incidência; neste caso a neurocisticercose é
descoberta ao acaso, com a presença de calcificações nos exames de neuro-imagem. A
epilepsia é a manifestação clínica mais comum, geralmente do tipo parcial.3
Pela estimativa da Organização Mundial da Saúde, 50.000.000 de indivíduos estão
infectados pelo complexo teníase/cisticercose e 50.000 morrem a cada ano.
A neurocisticercose, atualmente, é infreqüente nos países desenvolvidos como Japão,
Canadá e na maior parte da Europa Ocidental. No Brasil, a neurocisticercose é encontrada
com elevada freqüência nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás. A
prevalência populacional, contudo, não é conhecida pela ausência de notificação da
doença.4
2
Quando diagnosticada além de difícil tratamento, pelo fato de geralmente necessitar de
intervenções cirúrgicas, pode trazer consigo várias outras complicações. Associada ao idoso
significa aumento das complicações, cuidado redobrado, atenção especial para outras
patologias próprias do envelhecimento e pós-operatório reservado.
O grande risco ocorre durante o pós-operatório, quando a resposta a agressão cirúrgica
pode desencadear alterações que aumentam a morbidez em até cinco vezes e são
responsáveis pela maior mortalidade do idoso.5
A
partir
dessas
considerações,
o
objetivo
deste
trabalho
foi
compreender
a
neurocisticercose, com enfoque para os principais achados clínicos e anatomopatológicos
apresentados pelo paciente, levando a um estudo detalhado sobre a patogenia, controle e
prevenção da doença.
2. RELATO DE CASO
E.L.R; 78 anos, passou pela cirurgia de craniotomia para exerese de cisticerco, no dia 19
de Janeiro de 2001, quando tinha 69 anos. Antes de ser diagnósticado a doença o paciente
vinha tendo crises de alucinações constantes, onde não reconhecia as pessoas, não sabia
onde estava e muitas vezes desmaiva. Foi internado para tratamento onde submeuteu-se a
TC de crânio, foi diagnósticado neurocisticercose com localização em três regiões cerebrais
causando hidrocefalia difusa. Encaminhado para craniotomia e introdução de uma válvula
em forma de “Y” em um dos ventrículos cerebrais para controle da hidrocefalia, essa valvula
forma um ducto que se estende até o peritônio para eliminação dos liquidos. Era uma
pessoa saudável, não apresentava nenhum problema de saúde, sem histórico de tabagismo
e etilismo. O pós-operatório foi satisfatorio, onde ficou cinco dias internado, no Hospital de
Caridade Astrogildo de Azevedo. Após a internação o paciente voltou para sua residencia,
onde não obteve os devidos cuidados, pois, fazia esforço, se expunha ao sol de forma
inadequada e sofreu uma queda na qual bateu a cabeça e entrou em coma, permanecendo
neste estado por dois meses segundo informações colhidas. Após a queda ele desenvolveu
encefalite (quadro infeccioso) e devido a este fato ficou internado em média por quatro
meses. Após as complicações o paciente saudável passou a se tornar acamado,
dependendo de um cuidador para se deslocar, passou a ter crises convulsivas, onde passou
a tomar continuamente hidental que é um anti-convulsionante. Ele foi internado duas vezes
3
uma para a cirurgia e a outra pelas complicações por não ter se cuidado como deveria. Nos
ultimos anos o paciente passou a obter doença de parkinson, com bastante tremores nos
membros superiores, onde foi prescrito a medicação akineton. Nos dias atuais o paciente
mantém-se estavel, sempre com o auxilio de um cuidador familiar, precisa de ajuda para
deambular, é um idoso tranquilo e não se comunica muito, e tem um sintomas sugestivo de
alzheimer.
4. DISCUSSÕES
A neurocisticercose é uma infestação do sistema nervoso central por embriões da Taenia
solium
(lombriga
solitária)
de
origem
parasitária
e
potencialmente
endêmica.
No Piauí, Ramos, observou uma frequência maior de soros reagentes em pessoas com
idade acima de vinte anos, o que pode sugerir que ela se comporta segundo o padrão das
doenças crônicas, em que quanto mais avançada à idade, maior chance da doença se
manifestar.6
Segundo Façanha, em um estudo feito no Ceará concluiu que a cisticercose é pouco
diagnosticada, o que sugere a necessidade de reforçar sua importância no diagnóstico
etiológico de crises convulsivas. A baixa prevalência pode ter sido resultado da falta de
diagnóstico e ter a contribuição da crise da suinocultura no estado.7
Em um estudo feito em Ribeirão Preto – SP, a neurocisticercose foi a causa direta do óbito
de 13 pacientes, por descompensação da síndrome de hipertensão intracraniana em 9 e
estado de mal epiléptico em 2. Foi responsável indireto em outros 2 pacientes, por meningite
bacteriana como complicação de derivação ventrículo-peritoneal.8
Agapejev, concluiu que o a forma assintomática é detectada em aproximadamente 50% dos
casos com o diagnóstico necroscópico de NCC, incluindo a forma racemosa e a de
localização ventricular e que na maioria das vezes os cisticercos são únicos, apresentam
diâmetro de 7,5 cm e localizam-se, preferencialmente, nos lobos frontais e parietais à
direita.9
Quando foi diagnosticada a doença no paciente, a equipe não deu a assistência correta à
família e ao paciente, ninguém soube explicar o verdadeiro quadro do paciente, devido a
falta de informação sobre a doença. Não foram encontrados dados sobre a incidência da
doença
no
RS,
pois
a
mesma
não
4
é
muito
comum
no
estado.
5. CONCLUSÃO
Nosso caso chama a atenção por relatar uma doença, chamada neurocisticercose onde não
se tem muito conhecimento no Rio Grande do Sul e também por ser pouco endêmica no
local. Esses fatores fizeram com que os profissionais da área de saúde não tenham dado
orientações aos familiares sobre como deveria ser o acompanhamento e tratamento correto
ao paciente. As informações que foram omitidas lhe fizeram uma grande falta nos cuidados
pós-operatórios, o que acabou resultando ao paciente um cuidado efetivo e contínuo, por
apresentar muitas sequelas e dificuldades. A cirurgia foi realizada em uma rede particular,
onde não obteve demora na cirurgia, mas pecou ao orientar incorretamente o paciente e
familiar. Ao pesquisarmos, pela rede do SUS a cirurgia demoraria a ser realizada, com o
caso de urgência o processo poderia ser mais rápido com a internação do paciente.
6. REFERENCIAS
1 Melo-Souza S E. Neurocisticercose. In: Melo-Souza S E. Tratamento das doenças
neurológicas. Ed. Guanabara Koogan 2000.
2 VOLLKOPFY, P. C., et al., Prevalência de cisticercose em bovinos abatidos sob
inspeção
sanitária
em
Campo
Grande
–
MS.
2007.
Disponível
em:
http://www.sovergs.com.br/conbravet2008/anais/cd/resumos/R1314-1.pdf
3 Melo-Souza S E. Neurocisticercose. In: Melo-Souza S E. Tratamento das doenças
neurológicas. Ed. Guanabara Koogan 2000.
4 Takayanagui O M, Jardim E. Therapy for neurocysticercosis: comparison between
albendazole and praziquantel. Arch Neurol 1992; 49: 290-294.
5 Petroianu, A., Pim enta, L.G.
Cirurgia Geriátrica. Medsi, Rio de Janeiro,
1998, 830 p
6 Ramos, A; Macedo, H; Rodrigues, M; Estudo soroepidemiológico da cisticercose
humana em um município do Estado do Piauí, Região Nordeste do Brasil. Cad. Saúde
Pública,
Rio
de
Janeiro,
20(6):1545-1555,
http://www.scielo.br/pdf/csp/v20n6/12.pdf
5
nov-dez,
2004
disponível
em:
7 Apejev, S. Aspectos clinico - epidemiológicos da neurocisticercose no Brasil. Arq
Neuropsiquiatr
2003;61(3-B):822-828.
Disponível
em:
http://www.scielo.br/pdf/%0D/anp/v61n3B/17302.pdf
8 Façanha, M. Casos de cisticercose em pacientes internados pelo Sistema Único de
Saude:
distribuição
no
Estado
do
Ceará.
Trop. vol.39 no.5 Uberaba Sept./Oct. 2006.
Rev.
Soc.
Bras.
Disponivel
Med.
em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822006000500012
9 Melli, L; Lovalho, A; Takayanagui, O. Neurocisticercose: contribuição da necropsia na
consolidação da notificação compulsória em Ribeirão Preto – SP. Arq. NeuroPsiquiatr. vol.56 n.3B São
Paulo Sept. 1998.
Disponivel
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-282X1998000400010&script=sci_arttext
6
em:
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